Usuário(a):Ju rondinelli/Testes

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Alzira Soriano
Ju rondinelli/Testes
Posse de Alzira Soriano em 1929
Nascimento 29 de abril de 1897 Nome da Batismo -Luísa Alzira Teixeira de Vasconcelos
Jardim de Angicos, Rio Grande do Norte
Morte 28 de maio de 1963 (66 anos)
Jardim de Angicos, Rio Grande do Norte
Nacionalidade Brasileira
Ocupação política

Luísa Alzira Teixeira Soriano (Jardim de Angicos, 29 de abril de 1897 — Jardim de Angicos, 28 de maio de 1963) foi uma política brasileira.[1]

Alzira disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para prefeitura de Lajes, cidade do interior do Rio Grande do Norte, pelo Partido Republicano, vencendo o referido pleito com 60% dos votos. Foi a primeira mulher da América Latina a assumir o governo de uma cidade, segundo notícia publicada na época pelo jornal norte-americano “The New York Times[2].

Alzira exerceu o cargo por apenas um ano, pelo então Partido Republicano. Em 1930, descontente com a eleição de Getúlio Vargas, ela deixou a função. Apenas dois anos depois disso, em 1932, mulheres conquistariam o direito de votar. Em 1947, voltou a exercer um mandato de vereadora do município de Jardim de Angicos, cargo para o qual foi eleita três vezes. [5]

Primeiros anos e formação[editar | editar código-fonte]

Alzira Soriano nasceu em Jardim de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1897. Cresceu na mesma cidade.[3]

Casou-se aos 17 anos, em 29 de abril de 1914, com Thomaz Soriano de Souza Filho e herdeiro da Fazenda Primavera. Na época, seu marido era promotor em Pernambuco.[4]

Aos 22 anos de idade já era viúva do herdeiro da Fazenda Primavera, na qual residia com suas três filhas. Com pouca idade e com direitos reduzidos por ser uma mulher, Alzira ficou reconhecida por comandar com pulso firme a casa e as atividades da propriedade.[5]

Bertha Lutz, líder feminista brasileira, viu em Alzira o potencial necessário para o movimento e a recrutou.[6] Alzira não voltou a se casar e em 1928 foi a primeira mulher a ocupar um cargo de prefeitura no Brasil, assumindo o cargo antes mesmo das mulheres terem o direito de votar no país.[7]

Acontecimentos marcantes e sufrágio feminino no Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 1928, Alzira Soriano foi eleita primeira prefeita do Brasil na cidade de Lages, no Rio Grande do Norte.Ela tinha então 32 anos e disputou a prefeitura com Sérvulo Pires Neto Galvão.[8] O feito é relevante não só pela prefeitura em si, mas também por ser o primeiro cargo do Poder Executivo ser ocupado por uma mulher na América Latina.[9] Alzira conquistou 60% dos votos em uma época em que mulheres ainda não eram autorizadas a votar.[10]

Como prefeita, foi responsável pela construção de estradas, mercados públicos municipais e melhorias na iluminação pública da cidade de Lages.[11]

O Rio Grande do Norte, no entanto, foi pioneiro no país em relação a compatibilidade do direito das mulheres com relação ao voto. Mesmo que de maneira restrita, a partir de 1927, o estado permitiu que a primeira mulher brasileira votasse: Celina Guimarães Viana, que fez uma petição pelo direito após tomar conhecimento do artigo 17 da Lei Eleitoral do Rio Grande do Norte, de 1926, no qual se dizia: “No Rio Grande do Norte, poderão votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por lei”.[12]

O voto de Celina Guimarães Viana inspirou outras mulheres a buscarem o direito ao voto e a conquistá-lo no Rio Grande do Norte, mediante requerimento legal. Em 1932, o direito ao voto feminino foi dado a todos os estados da Federação. No dia 24 de fevereiro deste ano, durante o governo Vargas, foi concedido o direito a votar e a ser votada a todas as mulheres casadas do país, mediante autorização do marido. Mulheres viúvas e solteiras só poderiam votar caso tivessem renda própria.[13]

Somente em 1934 foram retiradas as limitações sobre o voto feminino e a partir de 1946 passou a ser obrigatório também às mulheres.[14]

Alzira Soriano permaneceu apenas um ano em sua tão significativa prefeitura. Assumiu em 1929 a posse pelo Partido Republicano e, em 1930, por discordar do governo vigente do então presidente Getúlio Vargas, afastou-se da vida política.[15] Sua curta duração, porém, foi uma conquista para o empoderamento feminino. Em seu discurso de posse, em 1929, Alzira afirma que tornara-se realidade “o sonho da igualdade política”. O discurso foi publicado no Jornal A República no ano da posse.[16]

A participação de Alzira na política tornou-se de conhecimento internacional e foi noticiado no jornal norte-americano The New York Times. Seu pioneirismo foi inspiração para outras mulheres que, depois dela, ocuparam cargos políticos no Brasil. Alguns exemplos disso: Maria Luiza Fontelene, tomou a primeira posse de uma prefeitura por uma mulher, em Fortaleza, em 1986; primeira governadora mulher, Iolanda Fleming, no Acre, também em 1986; e Luiza Erundina, em 1989, prefeita de São Paulo.[17]

No mesmo período histórico em que Alzira Soriano conquistou a prefeitura de Lages (RN), outras mulheres ganhavam destaque no cenário nacional a respeito do aumento dos direitos das mulheres na política. Entre elas, Berta Lutz, Leolinda de Figueiredo Daltro e Carlota Pereira de Queiroz.[18] Todas as três se candidataram a Constituinte de 1934, mas somente a última conseguiu se eleger por São Paulo e em seu discurso de posse como deputada, Carlota ressaltou a importância da participação da mulher no processo de reconstitucionalização do Brasil.[19]

Alzira Soriano permaneceu afastada da vida política até 1947, ano em que tornou-se vereadora de Jardim de Angicos, no Rio Grande do Norte, mesma cidade onde nasceu e cresceu. Para cargo de vereadora, exerceu três mandatos consecutivos pela União Democrática Nacionalista (UDN) e aposentou-se de vez da vida política.[20]

Realizações[editar | editar código-fonte]

Em seu período de prefeitura, Alzira foi responsável pela construção e manutenção de estradas na cidade de Lages, na qual foi eleita, além da construção de mercados municipais para a cidade e melhorias na iluminação pública.[21]

Como mulher, foi um exemplo de independência e de superação dos obstáculos políticos e machistas na participação política no país. Conquistou a prefeitura em 1928, com 60% dos votos, em uma época em que mulheres nem sequer podiam votar legalmente.[22]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Alzira é referenciada como pioneira quando se trata da participação política da mulher no Brasil e como exemplo diante do avanço dos ideais feministas e dos direitos das mulheres na política e sociedade.[23]

Referida como a primeira mulher prefeita no Brasil e na América Latina, Alzira recebeu homenagens em sua memória Câmara dos Deputados em 2018, em um momento de recordação a importância do papel político da mulher em virtude do assassinato da vereadora Marielle Franco, morta em março de 2018.[24]

Esta homenagem trata-se de um evento anual feito pela Câmara dos Deputados intitulado Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós, em memória da primeira deputada federal do Brasil. A homenagem, segundo site da Câmara dos Deputados, “é concedida a mulheres que tenham contribuído para o pleno exercício da cidadania e para a defesa dos direitos da mulher e das questões de gênero no Brasil”[25]

O município de Lages, em que Alzira se elegeu para prefeitura, também dispõe de uma homenagem na Semana Alzira Soriano para mulheres de relevância para a sociedade e para a cultura da cidade. Em 2018, quem recebeu o Título de Mulher Cidadã Alzira Soriano, foi Pollyana de Araújo Ferreira Brandão, diretora-geral do IFRN Campus Avançado Laje, entregue pela Câmara Municipal do Município de Lages.[26]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Biografia Alzira Soriano» 
  2. «82 anos antes de Dilma, Alzira Soriano abriu espaço feminino no Executivo» 
  3. «Biografia Alzira Soriano» 
  4. «Biografoa Alzira Soriano» 
  5. «Conheça Alzira Soriano, a primeira prefeita eleita na história da América Latina» 
  6. «Conheça Alzira Soriano, a primeira prefeita eleita na história da América Latina» 
  7. «Participação Política Feminina» 
  8. «Biografia Alzira Soriano» 
  9. «A conquista do direito ao voto feminino» 
  10. «82 anos antes de Dilma, Alzira Soriano abriu espaço feminino no Executivo» 
  11. «Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher - Câmara dos Deputados» 
  12. «O sufrágio e o voto no Brasil: direito ou obrigação?» 
  13. «A conquista do voto feminino, em 1932» 
  14. «A história do voto no Brasil» 
  15. «Conheça Alzira Soriano, a primeira prefeita eleita na história da América Latina» 
  16. «Discurso de Posse de Alzira Soriano» 
  17. «82 anos antes de Dilma, Alzira Soriano abriu espaço feminino no Executivo» 
  18. «Participação Política Feminina - FGV CPDOC» 
  19. «Carlota Pereira de Queirós - FGV CPDOC» 
  20. «Biografia Alzira Soriano» 
  21. «Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher - Câmara dos Deputados» 
  22. «82 anos antes de Dilma, Alzira Soriano abriu espaço feminino no Executivo» 
  23. «Conheça Alzira Soriano, a primeira prefeita eleita na história da América Latina» 
  24. «Câmara entrega Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós na quarta-feira (28)» 
  25. «Câmara entrega Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós na quarta-feira (28)» 
  26. «Diretora-Geral do IFRN Lajes recebe Título de Mulher Cidadã Alzira Soriano» 

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