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Usuário(a):Katia Aguiar/Testes

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Presentes de casamento são os bens recebidos pelos noivos na ocasião de seu enlace. Podem ser ofertados em forma de utilidades domésticas, itens de enxoval, objetos de decoração, dinheiro vivo ou pequenos amuletos. Os parentes e convidados podem oferecer presentes antes, durante ou depois da data do casamento.

História[editar | editar código-fonte]

O costume de ofertar presentes de casamento tem suas origens na prática do pagamento de dote. Embora a palavra “dote”, em português, defina todas as trocas de bens entre os noivos e suas famílias, outros idiomas apresentam um termo distinto para cada tipo de transação. Na língua inglesa, por exemplo, há o conceito de “bride price” (preço da noiva), pago pela parte do noivo à família da noiva; “dowry”, um pagamento feito pela família da noiva ao noivo ou sua família, para prover estabilidade à noiva em caso de viuvez ou separação; e “dower”, um conjunto de bens também oferecido à noiva para sua previdência, porém, transferido a ela por seu marido na manhã seguinte ao casamento.[1]

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Fragmento de tábua cuneiforme documentando um diálogo sobre a conversão de um dote – babilônico ou aquemênida.

Os primeiros registros mencionando o pagamento de um dote datam de 3000 a.C., porém acredita-se que a prática seja bem anterior a esta época. O Código de Hamurabi (cerca de 1.700 a.C.) regula o reembolso do dote à família da noiva em caso de divórcio ou morte de um dos cônjuges.[2] O épico sânscrito hindu Ramayana, escrito provavelmente por volta de 300 a.C., narra como a noiva Sita trouxe um dote imenso para Rama quando eles se casaram.[3] O Alcorão, escrito em 600 d.C. também orienta aos homens islâmicos a prover um dote para suas esposas.[4]

Na Grécia Arcaica, segundo Homero, a família do noivo transferia bens aos pais da noiva, mas não como se praticassem o “preço da noiva”, era uma categoria de transação diferente onde os bens eram destinados à previdência e usufruto da noiva, mas ficavam sob a tutela de sua família e não de seu marido. Já na Grécia Clássica e no início do Império Romano, o dote principal era o pago pela família da noiva. No final do Império Romano, por volta do ano 200 D.C. volta-se a praticar o pagamento do “preço da noiva” pelos romanos, assim como pelos invasores germânicos, como vândalos e visigodos.[1]

Na África antiga, pagar o “preço da noiva” era a prática mais comum, porém, as outras modalidades também eram conhecidas. Na China, também havia alternância entre os tipos de dotes, o que dependia principalmente das mudanças nas leis referentes à herança e no controle que os homens exerciam sobre as propriedades. No final da Dinastia Han, por volta de 200 d.C., garotos pagavam o “preço da noiva” para se casarem, mas durante a Dinastia T’ang, nos anos 600 d.C. era o pai da noiva que provia o dote para a filha se casar.[1]

Idade Média[editar | editar código-fonte]

Girl Inspecting Her Hope Chest; 17 inches x 12 inches
Moça inspecionando seu baú de enxoval, de Poul Friis Nybo, circa 1900

Durante a Idade Média, o “preço da noiva” – modo corrente de se presentear na época – cai em desuso na Europa, fazendo com que os pais das noivas providenciem bens para que elas levem consigo ao se casarem. Nesta época, o dote normalmente incluía itens como terras, animais, dinheiro e outras formas de riqueza. No período da Renascença, baús ornados, eram fabricados aos pares especialmente para o casamento com a finalidade de transportar as riquezas da noiva e servir de mobiliário no quarto do casal. Na metade do século XV, esses baús faziam parte do cortejo dos noivos pelas ruas de Florença, Itália.[1]

Aos poucos, os baús passaram a ser utilizados para carregar tudo o que a noiva iria precisar para administrar seu novo lar, como tecidos e louças. Este conjunto de itens originou a palavra “parafernália” que significa “além do dote”.[5] A seleção da parafernália, mais tarde conhecida como enxoval, foi o embrião das atuais tradições de como e com o quê presentear noivos.[6] Por volta de 1850, especialmente na América do Sul, as noivas eram presenteadas com uma cesta de couro repleta de chaves, representando seu novo papel de autoridade nos afazeres da casa. Os cestos eram adornados com figuras delicadas e as chaves contidas nele abriam os quartos, gavetas, baús e armários da nova casa da mulher.[7] Até então, os convidados do casamento não levavam presentes aos noivos, uma vez que todos os presentes já haviam sido trocados entre os familiares antes do evento.[6]

Início Séc. XX[editar | editar código-fonte]

A tradição de convidados presentearem os noivos, como conhecemos atualmente, começou realmente em 1924 quando a loja norte-americana Marshall Field’s, comprada em 2006 pela Macy’s, investiu em uma campanha de rádio conclamando casais a registrarem listas de presente em suas lojas para que seus convidados os auxiliassem a arrecadar ítens de utilidade para o novo lar.[8][9]

Lista de Casamento[editar | editar código-fonte]

Logo após o sucesso da lista de casamento da Macy’s, outras lojas que vendiam itens que compunham o rol de “parafernália” – porcelana, cristais, talheres, roupas de cama, mesa e banho etc. – se utilizaram da mesma estratégia para aumentar as vendas de seus produtos.[10] Após a grande depressão, o número de casamentos nos EUA diminuiu 36%, causando grande impacto nas vendas de produtos das listas de casamento, porém, o advento da 2ª Guerra Mundial encorajou muitos casamentos. No início da guerra, alguns jovens buscavam motivação para encarar os anos duros que se apresentavam, outros queriam ter a experiência do casamento antes de marcharem para as trincheiras e, talvez, não retornarem. No final da guerra, jovens homens e mulheres se reencontravam e a esperança de um futuro pacífico e próspero os levava à decisão do casamento.[11]

De 1949 a 1975, a idade média dos homens que contraíam matrimônio era de 22.9 anos e a das mulheres era 20.5. Este foi um dado importante para a indústria das listas de casamento pois casais muito jovens montavam seus lares, necessitando de itens básicos para a casa, como louças, talheres e toalhas. A solução era lançar mão das listas de casamento e divulga-las entre seus convidados. Ao final dos anos 70, a idade média dos casais aumentou, crescendo também o número de homens e mulheres que saíam da casa de seus pais sem a motivação do casamento.[10]

Outro evento histórico concomitante foi a invenção, em 1974, do código de barras, que mudou a dinâmica do varejo para sempre. Após esta nova modalidade de codificação ganhar as prateleiras das grandes magazines, desenvolveu-se um sistema mais eficiente para que os noivos criassem uma lista de casamento focando em produtos que eles realmente desejavam. Desta forma, a compra, venda e rastreamento de produtos ficou mais fácil tanto para os casais quanto para seus convidados.[10]

Listas de casamento online[editar | editar código-fonte]

Enquanto alguns noivos optam por fazer seus registros em listas via internet/ listas online, outros tem procurado soluções para seus dilemas relativos à necessidades e desejos. Devido a esta demanda, surgiram as listas de casamento online, incentivando os convidados a dar presentes que construíssem e apoiassem o casamento ao invés de acumular bens que eles talvez já tivessem. Existem sites para arrecadar dinheiro, para ajudar na viagem de lua de mel, para prover experiências aos noivos no primeiro ano de casados, bla. ARRUMAR ESTE PARAGRAFO AQUI

Cultura ocidental contemporânea[editar | editar código-fonte]

Nos países da América e da Europa, os convidados providenciam os presentes com antecedência e os enviam à casa dos noivos ou de seus pais. Antigamente, o costume era levar os presentes para serem entregues durante a recepção do casamento. Ainda hoje há, no local da recepção, uma bancada destinada a acomodar os presentes que não foram entregues com antecedência, porém a prática mais comum é o uso das listas de casamento, registradas pelos noivos nas grandes magazines ou em sites de casamento.[12] Segundo a etiqueta, os presentes podem ser enviados até um ano após o casamento e os noivos devem enviar cartões de agradecimento o mais cedo possível, de preferencia dentro das duas semanas seguintes.[13]

Nos EUA, tradicionalmente, não há obrigatoriedade em se presentear os noivos. Mesmo assim, os convidados não deixam de oferecer, ao menos, algo simbólico como uma forma de desejar boa sorte ao casal. Em decorrência do crescimento e encarecimento do mercado de casamentos, já há noivos e familiares que acreditam que os presentes devam ter valor equivalente às despesas com alimentação e entretenimento gastas por cada convidado. [1]. Outros acreditam que este é o oposto da boa etiqueta. [Miss Manners Guide to Excruciatingly Correct Behavior: Freshly Updated, Judith Martin, 2007, p. 435, ISBN 0-393-05874-3] Presentes em dinheiro também são comuns em algumas regiões dos Estados Unidos LISTA DE CASAMENTO O casal cadastra sua lista de presentes – também chamada de lista de casamento – em uma – ou mais de uma – loja com bastante antecedência. Nesta lista constam itens de utilidade doméstica, geralmente incluindo porcelanas, talheres e cristais; lençóis, toalhas ou outros tecidos; panelas e frigideiras etc. A finalidade das listas de casamento é ajudar os convidados a escolher presentes que o casal realmente gostaria de ganhar, além de prevenir que itens repetidos sejam ofertados aos noivos. É um serviço suficientemente lucrativo às lojas, desde as populares até as luxuosas. [ Miss Manners Guide to Excruciatingly Correct Behavior: Freshly Updated, Judith Martin, 2007, p. 435, ISBN 0-393-05874-3] Há casais que adicionam (ou substituem) à lista de casamento serviços que proveem fundos para a lua de mel, aquisição da casa própria ou poupança para estudos. Alguns consideram as listas de casamento inapropriadas, pois vão contra o sentido tradicional dos presentes que deveriam ser opcionais, pessoalmente escolhidos pelo doador proporcionando uma surpresa aos destinatários. Para estes, as listas levam a um tipo de competição baseada em preços, uma vez que os noivos sabem de antemão o preço de cada presente. Tradicionalmente, casamentos eram considerados eventos pessoais e convidar pessoas que não fossem conhecidas por, pelo menos, um dos membros do casal – o suficiente para que elas pudessem escolher um presente adequado ¬– era considerado inapropriado. Listas de casamento eram, portanto, desnecessárias. [Miss Manners Guide for the Turn-of-the-Millennium, Judith Martin, 1990, p.643, ISBN 0-671-72228-X] Há, também, noivos que acreditam que o casamento é uma oportunidade para extrair fundos ou presentes específicos do maior número de pessoas possível. Neste caso, um simples convite traz consigo a expectativa de uma retribuição monetária, não apenas presentes simbólicos ou parabenizações. [Miss Manners Guide for the Turn-of-the-Millennium, Judith Martin, 1990, p.643, ISBN 0-671-72228-X]

  1. a b c d Carr, K.E. (16 de agosto de 2017). «What is a dowry? History of marriage». Quatr.us Study Guides. Consultado em 22 de junho de 2018 
  2. «Codigo Hamurabi Hammurabi História dos Direitos Humanos no Mundo - DHnet Direitos Humanos». www.dhnet.org.br. Consultado em 22 de junho de 2018 
  3. «Ramayana» (PDF). gutenberg.org. p. p94. Consultado em 22 de junho de 2018 
  4. Al-Munajjid, Sheikh Muhammed Salih (1 de janeiro de 1997). «The mahr (dowry) is the right of the wife - islamqa.info». islamqa.info (em inglês). Islam Question and Answer. Consultado em 22 de junho de 2018 
  5. Esteves, Maria Amanda (6 de setembro de 2006). «Parafrenia e parafernália - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa». ciberduvidas.iscte-iul.pt. Ciberdúvidas. Consultado em 22 de junho de 2018 
  6. a b «A Brief History of Wedding Gifts: From Cows to China Patterns». www.postconsumers.com (em inglês). Postconsumers. 4 de maio de 2015. Consultado em 22 de junho de 2018 
  7. Stacy C., Hollander (2001). American Radiance: The Ralph Esmerian Gift to the American Folk Art Museum. New York: American Folk Art Museum in association with Harry N. Abrams. pp. 178 e 463. Consultado em 22 de junho de 2018 
  8. Waggoner, Susan (2002). I do! I do!: The Origins of 100 Classic Wedding Traditions. New York: Rizzoli. 128 páginas. Consultado em 22 de junho de 2018 
  9. Howard, Vicki (2015). From Main Street to Mall: The Rise and Fall of the American Department Store. [S.l.]: PennPress. pp. p.60. Consultado em 22 de junho de 2018 
  10. a b c «The Evolution of Wedding Registries: A Brief History - VEBO». VEBO (em inglês). 14 de agosto de 2017. Consultado em 22 de junho de 2018 
  11. Rewolen (23 de março de 2014). «World War II – Marriage And Divorce». Families @ War--2014 Edition (em inglês). Consultado em 22 de junho de 2018 
  12. Martin, Judith (2007). Miss Manners Guide to Excruciatingly Correct Behavior: Freshly Updated. EUA: W. W. Norton & Company. pp. p.435. ISBN 0393058743 
  13. Martin, Judith (1990). Miss Manners Guide for the Turn-of-the-Millennium. EUA: Touchstone. pp. p.643. ISBN 067172228X