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EnegreSer[editar | editar código-fonte]

Coletivo Negro do DF e Entorno
(EnegreSer)
Fundação 2001
Sede Universidade de Brasília

O EnegreSer (Coletivo Negro do DF e Entorno) foi criado em 2001 por estudantes da Universidade de Brasília (UnB), com o objetivo de construir um espaço de diálogo e reflexão acerca das temáticas étnico-raciais dentro da universidade, fortalecer a relação como coletivo entre os alunos e alunas negros e lutar diretamente contra o racismo. O coletivo surgiu a partir de um caso de racismo na universidade e desde então, o iniciou uma trajetória de lutas e reivindicações que desencadearam em políticas afirmativas na Universidade. Como a adoção da política de cotas raciais, foi a partir das discussões como as do EnegreSer que a UnB se tornou pioneira na aprovação das políticas afirmativas.

História[editar | editar código-fonte]

Fundação[editar | editar código-fonte]

O EnegreSer surgiu, em 2001, na Universidade de Brasília, como uma reação dos alunos negros da universidade ao descaso que estava ocorrendo com esses estudantes na instituição. Em 1998, por exemplo, o aluno Ariovaldo Alves Lima, mais conhecido como Ari Lima, denunciou que um professor do doutorado em Antropologia teria o reprovado na matéria obrigatória do curso não por questão de falta de conhecimento, mas por racismo do professor. Esse contexto influenciou o surgimento do EnegreSer, mas o caso que mais instigou para sua fundação foi, em 2001, quando a UnB recebeu o VIII Foro Estudantil Latino-Americano de Antropologia e Arqueologia (FELAA) em que na festa de encerramento, no Centro Comunitário, os seguranças da UnB barraram um grupo de alunos negros do evento afirmando que eles não eram alunos da instituição.[1]

A partir desse caso, um grupo de alunos fez uma carta pública expondo tal fato. Esse documento teve grande repercussão: trouxe o debate sobre o racismo na UnB e propiciou uma reunião com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade (NEAB-UnB). Diante dessa movimentação, os estudantes negros já se percebem unidos e, com isso, surge o primeiro coletivo estudantil negro da Universidade de Brasília.[1]

O  coletivo contou com um grupo de jovens que oscilou entre dez e vinte e cinco pessoas negras, sendo alguns universitários da Universidade de Brasília e outros trabalhadores. Aida Rodrigues Feitosa, mestre em comunicação pela Universidade de Brasília, foi um dos principais nomes na fundação do movimento, ela entrou na Universidade em 1997 e, em 2001, aos 21 anos, participou da criação do EnegreSer.[2]

Nome[editar | editar código-fonte]

O nome do grupo é um neologismo que faz um jogo de palavras, em que troca-se a letra c  pela letra s para formar o verbo ser. Isso para os fundadores enfatizava a necessidade de ter consciência da negritude tanto do grupo como individual. Além de trazer o sentido o sentido de escurecer a universidade, “transformando o negro de objeto de estudo em sujeito de conhecimento”.[1]

Atividades desenvolvidas[editar | editar código-fonte]

Inicialmente, o grupo conduzia estudos sobre a implantação de políticas afirmativas em diversos países, além de programas para combater o racismo não só na UnB, mas na sociedade em geral. Tempo depois, começam a participar e promover encontros e reuniões. O primeiro, ocorrido ainda em 2001, intitulado "(In)consciência Racial”, junto com o NEAB/UnB, discutiu-se as demandas das relações raciais, sobretudo no contexto afro-diaspórico. Nesse contexto, os ativistas realizavam reuniões semanalmente.[1]

Em 2005, o embasamento teórico e discussões aprofundadas no Coletivo auxiliaram na implementação da matéria do Decanato de Extensão “Pensamento Negro Contemporâneo”.[3] No mesmo ano, marcava uma década da primeira Marcha Zumbi dos Palmares. O EnegreSer convidou e participou, junto com cerca de 180 entidades do Movimento Negro, da Marcha Zumbi + 10. No panfleto de convocação, estão os dizeres: “Marcharemos contra o racismo, pelo direito à vida, e pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial com fundo orçamentário” [4]

Junto com outras entidades e instituições, organiza o I Encontro de Universitários Negros do Distrito Federal e Entorno, ocorrido nos dias 13, 14 e 15 de outubro de 2005. Até o segundo semestre de 2006, o EnegreSer era a única organização dos Movimentos Sociais Negros no DF e na UnB, e possuía cerca de 25 estudantes.[3]

Em 2007, diante do encaminhamento dado ao incêndio criminoso ocorrido em três apartamentos onde moravam estudantes africanos[5], o grupo, juntamente com lideranças africanas e o DCE (Diretório Central de Estudantes) encaminhou uma carta ao reitor da Universidade[6] repudiando o ato e reclamando melhora no acesso e permanência aos estudantes negros.  

Ao longo dos anos, em uma proposta de “Artivismo” (Arte, Política e Ativismo)[7], foram espalhadas pela Universidade cartazes, realização de semanas musicais e teatrais, e,também, eram realizadas atividades em torno de datas simbólicas[3]. Além da UnB, o grupo acompanhou o processo de implementação de cotas raciais em outras universidades do país.

Contribuição política de cotas[editar | editar código-fonte]

Em 2003, a política de cotas foi foi aprovada, na UnB, onde 20% das vagas do vestibular seriam destinadas a candidatos negros[8] e o EnegreSer teve participação ativa nessa aprovação. O coletivo, junto com NEAB-UnB organizou seis eventos, desde a fundação do coletivo até a aprovação das cotas, em que uma das pautas era as ações afirmativas. O coletivo trouxe o debate sobre o tema para dentro da universidade na tentativa de mostrar a importância das políticas para os docentes, discentes e para o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) - responsável pela aprovação.[3][9]

Além disso, o Enegreser esteve presente nas discussões, inclusive estavam presentes no auditório da reitoria na reunião do CEPE, quando ocorreu a aprovação. As falas dos participantes do coletivo, nessa reunião, comoveram e convenceram os conselheiros a votar pela aprovação. Depois disso, o EnegreSer teve participação atuante para garantir que os alunos cotistas se mantivessem na universidade, junto do Afroatitude[10]. Além da UnB, o grupo acompanhou o processo de implementação de cotas raciais em outras universidades do país.[3]

Referências[editar | editar código-fonte]