Usuário(a):Maria Luiza Miserochi/Testes

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Maria Luiza Miserochi/Testes

Helena Pereira da Silva Ohashi (São Paulo,1895 - Campinas, 14 de dezembro de 1966) foi uma pintora, musicista e professora brasileira. É autora de obras que retratam paisagens, retratos e naturezas-mortas. Foi esposa do pintor Ryokai Ohashi[1] e filha do pintor Oscar Pereira da Silva. Helena seguiu inicialmente os passos da pintura acadêmica do pai, seu primeiro mestre, para aderir posteriormente ao modernismo. Morando, com a família, em São Paulo, num casarão da Rua Augusta, frequentou os melhores colégios da cidade.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Helena Pereira da Silva Ohashi nasceu em São Paulo, em 1895. Tinha cabelos escuros, lisos e compridos. Viveu os primeiros anos da sua vida na rua Augusta, 159, sendo filha única por muitos anos. Era filha do pintor Oscar Pereira da Silva, de olhos e cabelos pretos e fartos bigodes, com família no Rio de Janeiro. Sua mãe era Julie Pereira da Silva, francesa nascida em  Bordeaux, ainda tendo família lá; seus olhos verdes, e seu cabelo preto. [3]

Helena deu início às suas primeiras tentativas como artista aos cinco anos, quando começou a fazer desenhos de figuras de de perfil, com olhos de frente. Seu pai costumava rir desses primeiros desenhos, e dizia para ela: “um dia serás pintora".[3]

Na infância, Helena era tímida e anêmica, com grandes olhos escuros, sobrancelhas fartas unidas na testa, e morena. Quando criança, Helena constantemente ficava doente, com febre alta. Como tratamento, recebeu o remédio calomelano, droga que podia trazer problemas para o corpo e para os dentes. Chegava a ficar dois dias sem poder beber água, para que o remédio fizesse efeito.[3]

Seus avós, país de Julie, moravam em Dax, próximo a Bordeaux. Helena e seus pais foram então para Paris, no navio cargueiro Bretagne, movido metade a carvão e metade a velas. Saíram de Santos, e fizeram primeiro uma parada no Rio de Janeiro, onde Helena conheceu seus avós e famílias de parte de pai. No mesmo navio, seguiram para Marselha, em uma viagem que durou um mês, e de lá seguiram para Dax, na França. Lá, Helena conheceu seus avós maternos, antes de retornar para São Paulo.[3]

Helena ingresso então em sua primeira escola, o Colégio Inglês, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta.[3]

Um tempo depois nasceu sua primeira irmã, Margarida.[3]

Em um período de férias de três meses que passou em Santo Amaro com sua mãe, seu pai e Margarida, Helena começou a pintar com tinta. Fazia desenhos, aquarelas e pinturas a óleo de objetos, flores e frutos.[3]

Estudos na França[editar | editar código-fonte]

Em 1911, Helena expõe seus quadros no ateliê de seu pai.[4] O deputado paulista Freitas Valle, conhecido dele, gostou das artes, e por meio de sua iniciativa, Helena foi selecionada para participar do programa Pensionato Artístico, criado pelo Governo do Estado de São Paulo, que subsidiava estudos de artistas paulista na Europa. Com a bolsa, foi à Paris.

Pouco depois de chegar na capital francesa, Helena pegou a febre escarlatina. Com resfriado, manchas vermelhas no corpo inteiro, febre de quarenta graus, Helena quase morreu, perdeu todos os cabelos e ficou um mês de cama, tomando apenas leite.[3]

Depois de melhorar, começou a estudar na Academia Julian,[2] começando a estudar a pintura de modelos nus.[3]

Dia 23 de novembro de 1911 nasceu mais uma irmã de Helena, e no dia 30 do mesmo mês, sua mãe Julie morreu. Helena volta com seu pai e sua irmã Margarida para o Brasil, enquanto sua irmã recém-nascida ficou com uma ama, que a levou para a sua casa para ser criada numa aldeia perto de Guillancourt.[3]

Nos anos seguintes, vai e volta mais três vezes de Paris, estudando nas academias de Julian e de Colarossi, além da Academie de la Grand Chaumière, onde ingressou em 1920 e teve contato com técnicas pictóricas menos convencionais.[2]

Conseguiu entrar então na Escola de Belas Artes, no curso de Hebert, onde decidiu ficar alguns meses para progredir. Durante os estudos, não expôs em nenhum salão, pretendendo melhorar sua habilidade antes de tentar isso.[3]

Com o início da Primeira Guerra Mundial, Helena Ohashi se viu forçada a retornar ao Brasil, onde sofreu o preconceito de seu pai quanto ao estilo de pintura que havia aprendido. Enquanto Oscar lhe propunha fazer pinturas de fotografias, ela queria elaborar uma pintura mais livre, baseada no que tinha aprendido em Paris.[3]

Primeira exposição[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 1919, abriu minha primeira exposição, com dinheiro que reunira e economizara durante cinco anos. As obras expostas eram anteriores a sua ida para França e seus estudos mais extensos. Eram obras com técnicas diferentes, de natureza morta. Mesmo assim, os jornais elogiaram muito a pintora Helena. Monteiro Lobato, inclusive, escreveu um artigo sobre a mostra de Helena, na Revista do Brasil.[3]

A partir de 1920, Helena Ohashi conseguiu voltar a Paris, onde passou a morar definitivamente. Embarcou em junho daquele ano no vapor inglês Andes. Em Paris, participou ativamente da vida artística na cidade, enquanto fazia exposições tanto lá, quanto em São Paulo. E

Começou a estudar na Academia de la Grande Chaumière, onde fez curso livre. Nele, aprendeu composição sobre temas clássicos gregos, além da História da França, e sempre conseguia boas notas; em casa fazia telas de natureza morta, estas no intuito de expor.[3]

Em 1928, conheceu o pintor japonês Riokai Ohashi, seu colega em um dos cursos de pintura que fez em Paris.[2] Em 1931, já eram noivos,[3] e casaram em 1933.[2]

Durante a década de 30, foi a primeira brasileira a produzir comercialmente design de moda para exportação. Morava na França, e de lá desenhava roupas de estilo ocidental para a loja de departamentos japonesa Matsuzakaya.[2] Foi, inclusive, uma das precursoras femininas na área de artes plásticas reconhecidas no Brasil, além de ter feito fama internacional como artista do campo da moda, especialmente no Japão.[1]

Em 1933, casou-se com Riokai Ohashi, em Paris, onde ficou até 1935.[2]

Mudança para o Japão[editar | editar código-fonte]

Em 1935, Helena e Riokai Ohashi se mudaram para Ashiya, no Japão.[2]

Em 1940, com o início da Segunda Guerra Mundial, Helena retorna ao Brasil com Riokai Ohashi,[2] em uma missão de propaganda do Japão.[4] Em 11 de novembro, junto do marido, realiza a mostra de arte "Vernissage", promovida pela Embaixada do Japão no Brasil, sob patrocínio da Associação dos Artistas Brasileiros. Ambos, Helena e Riokai, são recebidos pelo presidente da época, Getúlio Vargas, ao chegarem ao Brasil, e Riokai presenteia Vargas com um quadro de sua autoria, uma pintura do Castelo de Nimeji.[5] Faz também, em dezembro, uma exposição junto com obras do marido no prédio Itá, na rua do Barão de Itapetininga, em São Paulo. O Museu Nacional de Belas Artes, ou apenas MNBA, adquire duas obras de Helena Ohashi. Depois, Helena e Riokai viajam para o Rio de Janeiro, Santos e São Paulo, sempre fazendo exposições. Participa da Sociedade Propagadora das Belas Artes.[4] Entre 1940 e 1941, passa um período na Argentina,[2] onde fez uma exposição em Buenos Aires.[4]

Voltam para o Japão em 1942, no meio da guerra. Em 31 de dezembro de 1943, morre Riokai Ohashi[4]. Mesmo assim, Helena continua no país por mais seis anos[2].

Volta ao Brasil[editar | editar código-fonte]

Helena Ohashi finalmente volta ao Brasil, em 1949, por estar em estado de penúria.[2]

Em 1951, faz uma exposição em Campinas, onde começa a lecionar em 1952, após vender o quadro Aclamação de Amador Bueno, de autoria de seu pai, Oscar Pereira da Silva. Expõe, ainda em 1952, em Mogi-Mirim e Itapira.[4] Retornou no final do ano, por um curto período, à França,[2] desta vez como dama de companhia de uma jovem.[4]

Em 1953, muda-se definitivamente para Campinas, e dá continuidade a sua carreira artística. No mesmo ano, tem seus trabalhos recusados pelo Salão Paulista.[2]

Em 1955, Helena promove uma exposição de quadros e obras do marido, Riokai Ohashi,[4] no do cine Niterói, que cedeu o salão do hotel por alguns dias. No meio dele, foram instaladas divisões com lonas para pendurar as telas de seu falecido marido. A maioria das obras foi comprada por japoneses, sendo que sua sobrinha, Isabel, adquiriu a tela Vins et liqueurs.[3]

Em 1958, mandou duas telas ao salão japonês de artes plásticas Seibi-Kai, que comemorava o cinqüentenário da imigração japonesa no Brasil. As duas obras foram aceitas, e Helena foi inclusive premiada; não pode, porém, ir na inauguração, por estar doente.[3]

Em setembro de 1963, Helena Ohashi recebe autorização de expor na sala térrea do Centro de Ciências e Letras, cedida por Marino Ziziatti. Lá, iria apresentar seu catálogo, fotografias e artigos de exposições que fez em Paris, no Japão e no Rio. A exposição foi inaugurada em 4 de setembro de 1963, repleta de convidados e amadores. Helena conseguiu boas vendas de suas obras no dia.[3]

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Helena Ohashi morreu em 14 de novembro de 1966, por velhice[4]. Em 1965, Helena Ohashi havia escrito a sua autobiografia, intitulada Minha Vida – Brasil – Paris – Japão. Ela só seria publicada, porém, somente em 1969,[2] três anos depois de sua morte, e mesmo assim, com tiragem reduzida, e apenas uma pequena repercussão.[2]

Cronologia[editar | editar código-fonte]

  • 1895 - Nasce em São Paulo Helena Pereira da Silva Ohashi, filha do pintor Oscar Pereira da Silva e da francesa Julie Pereira da Silva.
  • 1910 - Começa a estudar desenho e pintura com o pai
  • 1911 - Expõe seus quadros no ateliê de seu pai. Freitas Valle aprova seus quadros, e lhe confere uma bolsa para viajar para Europa. Viajam para França Helena, seu pai, sua mãe e sua irmã, no navio a vapor Frisia. Começa a estudar na Academia Julian. Em novembro morre sua mãe, ao dar à luz sua irmã Judith. Em dezembro, Oscar Pereira da Silva volta ao Brasil com as duas filhas maiores.
  • 1912 - Em março, Helena viaja com o pai para a Europa, e visitam a Itália. Ela volta então a estudar na Academia Julian; estuda também na Academia Colarossi e na Escola de Belas-artes, no curso de Hechet.
  • 1914 - Helena volta ao Brasil
  • 1915 - Em maio, vai de novo para paris, dessa vez no navio Flandres.
  • 1916 - Expõe na Sociedade Nacional de Belas Artes, ou apenas SNBA, em Lisboa, Portugal. Obtém menção honrosa de 1º grau com sua pintura Recanto de jardim de Luxemburgo
  • 1917 - Em janeiro, expõe na Loja Aurora, na rua São Bento
  • 1919 - Expõe 46 telas na rua Direita: naturezas-mortas e estudos
  • 1920 - Helena viaja novamente para Paris, no navio a vapor Andes, e se inscreve na Academia de La Grande Chaumière. Expõe no mesmo ano no Salon des Femmes Peintres et Sculpteurs.
  • 1922 - Participa da Exposição Geral de Belas-artes: Interior de Sala, No Museu Louvre, Porta do Museu de Cluny.
  • 1923 - Entra no Salão de Paris com Sale du Bureau Louis XV
  • 1924 - Helena mora em Paris, mas expõe na rua São Bento a Galeria Jorge, com 50 telas.
  • 1926 - Em janeiro, volta ao Brasil.
  • 1928 - Tem telas expostas na Exposição de Belas-artes Muse Italuche: duas naturezas-mortas e um pierrô.
  • 1929 - Inaugura uma exposição no salão do Club Comercial. Voltando a França, participa do Salão de Paris.
  • 1930 - Participa do Salão de Paris com Amours et fleurs.
  • 1932 - Em março, regressa ao Brasil e expõe na sede do Professorado Paulista, no Largo da Patriarca.
  • 1933 - Em julho, vai a Paris novamente, e se casa com o pintor japonês Riokai Ohashi. Juntos, viajam ao Japão. Chegam em setembro, e lá Helena faz desenhos de moda e cartazes para uma grande revista de Tóquio.
  • 1934 - Helena se muda para Osaka, onde apresenta uma exposição. Faz outra exposição em Nagoya. Além delas, expõe todos os anos em conjunto com seu marido.
  • 1940 - Vai ao Brasil com Riokai Ohashi, em uma missão de propaganda do Japão. Em 11 de novembro, participa junto do marido da mostra de arte "Vernissage", promovida pela Embaixada do Japão no Brasil, sob patrocínio da Associação dos Artistas Brasileiros. Ambos, Helena e Riokai, são recebidos pelo presidente da época, Getúlio Vargas, ao chegarem ao Brasil, e Riokai presenteia Vargas com um quadro de sua autoria, uma pintura do Castelo de Nimeji.[5] Faz também, em dezembro, uma exposição junto com obras do marido no prédio Itá, na rua do Barão de Itapetininga, em São Paulo. O Museu Nacional de Belas Artes, ou apenas MNBA, adquire duas obras de Helena Ohashi. Depois, Helena e Riokai viajam para o Rio de Janeiro, Santos e São Paulo, sempre fazendo pinturas. Participa da Sociedade Propagadora das Belas Artes, e fez uma exposição em Buenos Aires.
  • 1942 - Volta com o marido para o Japão, em meio a Segunda Guerra Mundial.
  • 1943 - Em 31 de dezembro de 1943, morre seu marido, Riokai Ohashi.
  • 1949 - Helena Ohashi volta ao Brasil.
  • 1951 - Em novembro, expõe obras em Campinas.
  • 1952 - Vende ao governo o quadro Aclamação de Amador Bueno, de autoria de seu pai, Oscar Pereira da Silva. No mesmo ano, começa a lecionar pintura. Expõe ainda em Mogi-Mirim e Itapira. Por fim, volta para a Europa, dessa vez como dama de companhia de uma jovem.
  • 1953 - Helena se muda para Campinas.
  • 1954 - Heleha Ohashi é recusada no Salão Paulista.
  • 1955 - Promove uma exposição de quadros e obras do marido, Riokai Ohashi, em uma sala de cinema.
  • 1958 - Expõe no Salão Seibi, onde é premiada.
  • 1963 - Em setembro, expõe novamente quadros do marido falecido, desta vez no Centro de Ciências Brasil-Japão. Neste ano, escreve suas memórias no livro Minha Vida.
  • 1966 - Helena Pereira da Silva Ohashi morre em 14 de novembro de 1966, em Campinas.
  • Anos 60 - Acontece uma exposição póstuma de suas obras na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa.[4]

Referências

  1. a b Formico, Marcela Regina (2012). «A "Escrava Romana" de Oscar Pereira da Silva: sobre a circulação e transformação de modelos europeus na arte acadêmica do século XIX no Brasil». Consultado em 18 de outubro de 2017 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p «OHASHI, Helena Pereira da Silva». brasilartesenciclopedias.com.br. Consultado em 18 de outubro de 2017 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r «Helena Pereira da Silva Ohashi - ABRADEMI - Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações». ABRADEMI - Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações. 14 de julho de 2004 
  4. a b c d e f g h i j Tarasantchi, Ruth Sprung (2002). Pintores paisagistas: São Paulo, 1890 a 1920. [S.l.]: EdUSP. ISBN 9788531405983 
  5. a b «RIOKAI OHASHI». A Noite. 8 de novembro de 1940. Consultado em 23 de outubro de 2017 

Categoria:Pintores do Brasil