Usuário(a):Mariana T. Menezes/Potencial evocado auditivo de tronco encefálico

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PEATE em idosos[editar | editar código-fonte]

Contextualização do PEATE[editar | editar código-fonte]

O Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) é um método de avaliação audiológica de curta latência, não invasivo, objetivo, e simples, pode ser realizado em todas faixas etárias  e detecta a atividade elétrica (resposta eletrofisiológica) gerada pelo sincronismo das estruturas da via auditiva, desde o nervo auditivo, até o tronco encefálico(1).

É um teste considerado objetivo, pois independentemente da quantidade de vezes que se realiza o exame em um mesmo indivíduo, não há diferença significativa em seus resultados de latência, pois são marcadas por temporalidade(2).

Com relação ao registro do exame, observa-se principalmente um conjunto de  cinco ondas, sendo cada uma delas a representação de uma região cerebral, e são anotadas por números romanos. Para a análise dos resultados são considerados os valores de latência absoluta das ondas I, III, e V, sendo a onda V a mais importante clinicamente, pois tem maior amplitude é a mais consistente, e também a única onda observada próxima ao limiar de audição do indivíduo(1).  

Estudos demonstram que aspectos relacionados à idade, sexo e estado hormonal interferem nos resultados do PEATE, sendo observados geralmente um aumento na latência das ondas. Entretanto, alguns estudos não demonstraram estes resultados, tornando esta uma área que necessita ser mais explorada(3).

PEATE Idosos[editar | editar código-fonte]

Diversos são os estudos realizados com a temática exploratória dos resultados obtidos no PEATE em idosos. Entretanto, estes apresentam os mais diversos resultados.

Uma pesquisas realizada sobre o PEATE em idosos com e sem presbiacusia (perda de audição relacionada ao envelhecimento) comparou as latências absolutas das ondas I e V e dos intervalos I-III, I-V, e III-V encontradas nessa população, com as de indivíduos jovens. Como resultado obteve-se latência das ondas I e V maiores em indivíduos com presbiacusia, demonstrando que esta pode ter uma etiologia periférica(4). Corroborando com este estudo, evidenciaram(5,6),que a presbiacusia é descrita no PEATE como aumento dos limiares eletrofisiológicos, aumento das latências e/ou diminuição da amplitude das ondas tanto em humanos quanto em animais.

Entretanto, alguns autores apontam(7) que o fator idade influencia na latência dos componentes dos potenciais evocados auditivos, havendo aumento da mesma com o envelhecimento, mesmo na ausência de alteração neurológica. Com o envelhecimento do organismo, ocorrem diversas modificações estruturais no nervo auditivo, tronco encefálico e no lobo temporal.

  • Segundo Bess et al. (2001)(8) a degeneração das células retrococleares associa-se com a perda da sincronia nas vias auditivas centrais. Estas podem ser demonstradas pela alteração de processamento auditivo, e pelo envolvimento cognitivo, acarretando em dificuldades na aprendizagem, atenção, memória e cognição(9). Essas alterações são caracterizadas principalmente pela diminuição da quantidade e tamanho de neurônios presentes na região auditiva do TE (10).
  • Parra et al (2004)(11) apontam que idosos com sistema auditivo periférico íntegro podem apresentar dificuldades no processamento de informações do tipo verbal e/ou não verbal, em função a uma assimetria cerebral que influencia na transferência inter-hemisférica da informação. No estudo de Jerger e Hall (1980)(12), os autores verificaram um aumento na latência absoluta da onda V e consequentemente no interpico I-V em indivíduos idosos.
  • Portanto, encontra-se na literatura diversos achados no PEATE de idosos, desde o aumento da latência absoluta da onda V (cerca de 0,2ms) e uma diminuição da amplitude da onda V(12), até um atraso na latência absoluta de todos os componentes do PEATE abordado por Munhoz et al. (2003)(13).
  • Estas diversidades de resultados presente no PEATE em indivíduos idosos poderia justificar-se como efeito da degeneração da via auditiva no tronco encefálico, nela pode-se encontrar desde uma atrofia do nervo auditivo no giro basal da cóclea consequente de perda auditiva periférica que levaria a alterações nas primeiras ondas do PEATE, até um atraso na transmissão sináptica, redução de neurônios e mudança na permeabilidade da membrana neuronal(14) podendo acarretar tanto um atraso nas latências absolutas como uma diminuição das amplitudes das ondas que compõem o PEATE. Além disso, Para Anias et al. (15)as controvérsias identificadas na literatura podem ser decorrentes aos diferentes critérios de seleção dos indivíduos para estudo, particularmente em relação ao estado de saúde, critérios de seleção auditiva, sexo, e unidade de estímulo utilizada.

Referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]

1. ESTEVES M.C, DELLARINGA A.H., ARRUDA G.V., DELLARINGA A.R., NARDI J.C. Estudo das latências das ondas dos potenciais auditivos de tronco encefálico em indivíduos normo-ouvintes. Braz J Otorhinolaryngol. 2009; 75(3): 420-5.

2. MATAS C.G., MAGLIARO F.C. Introdução aos Potenciais Evocados Auditivos e Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico. In: Bevilacqua MC, Martinez MAN, Balen SA, Pupo AC, Reis ACMB, Frota S. Tratado de Audiologia. São Paulo: Livraria Santos Editora Ltda; 2011. P. 181-95.

3. BOETTCHER, F. A. Presbiacusis and auditory brainstem response. J. Speech Lang. Hear. Res., Rockville, v. 45, n. 6, p. 1249-1261, dec. 2002.

4. FREITAS, M. R.; OLIVEIRA, J. A. A. Audiometria de respostas evocadas de tronco cerebral em indivíduos idosos com e sem presbiacusia. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São Paulo, v. 67, n. 2, p. 171-178, 2001.

5. ROSENHALL U., BJURKMAN G., PEDERSEN K., Kall A. Brain-stem auditory evoked potentials in different age groups. Electroencephalogr Clin Neurophysiol. 1985;62 (6):426-30.

6. OTTAVIANI F., MAURIZI M., DALATRI L., ALMADORI G. Auditory brainstem responses in the aged. Acta Otolaryngol. 1991;476:110-3.

7. ALVARENGA, K.L. et al. Estudo eletrofisiológico do sistema auditivo periférico e central em indivíduos afásicos. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v.63, n.1, p. 104-109, 2005.

8. BESS, F. H.; HEDLEY-WILLIAMS, A.; Lichtensteins, M. J. Avaliação audiológica dos idosos. In: MUSIEK, F. E.; RINTELMANN, W. F. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. Barueri: Manole, 2001. cap. 12, p. 343-370.

9. CALERO, M. D.; NAVARRO, E. Relationship between plasticity, mild cognitive impairment and cognitive decline. Arch. Clin. Neuropsychol., United States, v. 19, n. 5, p. 653-660, aug. 2004.

10. COSER, M. J. S. et al. Potenciais Auditivos Evocados Corticais em Idosos com Queixa de Dificuldade de Compreensão da Fala. Arq. Int. Otorrinolaringol. São Paulo, v. 11, n. 4, p. 396-401, 2007.

11. PARRA, V. M.; IORIO, M.C.; MIZAHI, M.M. e BARALDI, G.S. Testes de padrão de frequência e de duração em idosos com sensibilidade auditiva normal. Rev. Bras. Otorrinolaringol. [online], vol.70, n.4, p. 517-523, 2004.

12. JERGER, J.; HALL, J. Effect of age and sex on the auditory brainstem response. Arch. Otolaryngol., Chicago, v. 106, n. 7, p. 387-391, maio 1980.

13. MUNHOZ, A. S. L.; SILVA, M. L. G.; CAOVILLA, H. H.; FRAZZA, M. M.; GANANÇA, M. G.; CÂMERA, J. L. Z. Respostas auditivas de tronco encefálico. In: MUNHOZ, M. S. L.; CAOVILLA, H. H.; SILVA, M. L. G.; GANANÇA, M. M. Audiologia clínica. São Paulo: Atheneu, 2003. cap. 12, p. 191-220.

14. JOHANNSEN, H. S.; LEHN, T. The dependence of early acoustically evoked potentials on age. Arch. Otorhinolaryngol., Germany, v. 240, n. 2, p. 153-158, 1984.

15. ANIAS R., LIMA M.A.M.T., KÓS A.O.A. Avaliação da influência da idade no potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Rev Bras Otorrinolaringol. 2004;70(1):84-9.