Usuário(a):Marina Ruiz Romano/Testes

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Marina Ruiz Romano/Testes

Beniamino Parlagreco, também conhecido como Benjamin Parlagreco, nasceu em Caltanissettacomuna italiana da região da Sicília, no ano de 1856. Foi um pintor, desenhistaaquarelista ítalo-brasileiro. Tio de Francesco Parlagreco e irmão mais velho de Carlo Parlagreco e do pintor Salvador Parlagreco (1871-1953), atuantes no Brasil nos séculos XIX e XX.[1]

O artista faz parte do numeroso grupo de pintores italianos que, no final do século XIX, vieram exercer sua profissão no Brasil, como Rosalbino Santoro, Antônio Ferrigno, Alfredo Norfini, Gustavo Dall’Ara e tantos outros que aqui se radicaram ou permaneceram algum tempo.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Iniciou seus estudos artísticos na Academia de Belas Artes de Nápoles e lá foi aluno dos pintores italianos e mestres famosos na época, Domenico Morelli (1826-1901) e Filippo Palizzi (1818-1899).[2]

Por ter estudado em Nápoles, ele seguia a escola italiana de pintura. Ao vir para o Brasil, já era artista consagrado na Itália.[3] Chegando ao Rio de Janeiro, em 1895, procurou integrar-se no meio artístico. No ano seguinte, realizou sua primeira exposição no ateliê fotográfico de J. Gutierrez (1859-1897), retratista que tornou-se famoso no Rio naquela época,[4] levando-a também para Petrópolis e São Paulo.[2]

Mestre dos pintores italianos Antônio Ferrigno e Bigio Gerardenghi,[5] Beniamino Parlagreco criou renome como paisagista e gênero realista na Europa e, simultaneamente, no Brasil, o que não acontecera até então pintando com cor e desenhos corretos, frutos da observação in loco.[2]

Nos poucos anos que passou no Brasil, viajou e pintou muito. Fixava trechos do Rio Paraíba, fazendas, casas de colonos, estábulos, praias, casas de pescadores e cenas urbanas.[3] Viajando pelo interior do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, destacou aspectos interessantes da vida campesina da região.[6]

Com apenas 46 anos, o artista faleceu no dia 13 de maio de 1902, no Rio de Janeiro, vitimado pela febre amarela, [2]

Obras e estilo[editar | editar código-fonte]

Beniamino Parlagreco tem papel significativo na representação do interior brasileiro no fim do século XIX. Chega ao Brasil já adulto, aos 39 anos, com predileção por quadros de pequenas dimensões[2] e temas regionais, em especial à pintura de paisagem e de cenas rurais.[1] Entusiasmado com os louvores do público e da crítica, o pintor começou a trabalhar com tenacidade, fazendo da paisagem sua especialidade.[6]

Seu estilo largo e seguro garantiu-lhe, desde a primeira demonstração, um lugar de destaque entre os pintores brasileiros. Ele pintou muito a óleo e seus desenhos feitos a bico de pena ou a lápis são, até hoje, procurados. Muitos alcançam até preços elevados.[6]

Na Itália, já demonstrava preferência pelos temas cotidianos, seguindo os passos de um de seus professores, Filippo Palizzi. O seu interesse pela vida rural e simples era evidente. Recebe formação de ideal classicizante na Academia de Belas Artes de Nápoles e atualiza a sua forma de pintar, empregando pinceladas rápidas. É provável que esse traço não seja herança impressionista, mas derivado de experiências desenvolvidas pelo grupo italiano conhecido como I Macchiaioli (termo que remete à palavra macchia, “mancha” em italiano). O grupo, antes dos franceses, também buscava a captação da luz e a cor natural.[1]

Muitos são os quadros em que focaliza caminhos e estradas onde o mato das beiradas recebe tratamento de grande liberdade e o colorido procura ser fiel ao local, especialmente quando se trata da terra avermelhada. Ao fixar casas de pau-a-pique, estudou suas paredes, destacando com maestria a textura do barro. Deu também às pedras um tratamento mais solto que, só mais tarde, os artistas aprenderiam na Europa.[3]

Parlagreco é rapidamente referenciado por José Maria Reis Júnior em seu livro “História da Pintura no Brasil” (1944),[7] reproduzindo dele dois quadros: “Auto-retrato” e “Na roça”, da Pinacoteca do Estado de São Paulo.[2]

O artista gostava de povoar seus quadros com animais, sempre corretamente colocados e estudados. Sua paleta era sóbria, mas estudava os claros-escuros. Gostava também de escolher paisagens ensolaradas onde a luz deixava algumas zonas iluminadas e outras na penumbra, como no quadro "Na Roça", cujo desenho é marcado e a pincelada solta. Os animais têm tratamento livre e o pintor capta com perfeição a expressão corporal.[3]

A pintura "Na Roça", citada acima, é um exemplo que sintetiza boa parte da produção do artista. O desenho bem acabado contrasta com o preenchimento mais solto e toda a obra se estrutura em diagonais que convergem para o lado direito. As figuras representam o ambiente interiorano pobre, intercalam-se animais e humanos dispostos na diagonal mais baixa, eixo da ação.[1]

Esta obra, assim como outras de Beniamino Parlagreco, aproxima-se das representações do artista Almeida Júnior (1850-1899), contemporâneas a ela. A inclinação pela temática realista faz que ambos os artistas sejam apontados como responsáveis pela popularização do tema rural brasileiro.[1]

No Museu Nacional de Belas Artes, estão expostas duas obras do artista: "Bela Vista" (Nápoles) e "Caminho do Vesúvio"[6], e na Pinacoteca do Estado de São Paulo, figuram alguns trabalhos seus.[8]

A obra "Velha Fazenda" é uma demonstração da sinceridade com que Beniamino Parlagreco mostrava os usos e costumes da vida rural. O caminho barrento, serpenteado através do descampado onde o carro de bois passa, preguiçoso e chiador, é um expressivo aspecto familiar às pessoas do campo.[6]

- Outras obras de Beniamino Parlagreco:

 Prêmios e exposições[editar | editar código-fonte]

Beniamino Parlagreco participou das Exposições Gerais de Belas Artes, no Rio de Janeiro, de 1897 a 1901.[9] Em 1897, participou da exposição IV EGBA com nove obras: “A seguir para a roça”, "A roda do moinho”, “A missa cantada”, “Brioso doente”, “Vaquinha”, “Margens do Rio Santo Antônio”, “Casa rústica”, entre outras.[2]

Em 1898, apresentou trabalhos no Salão Nobre do Constructor. No mesmo ano, apresentou também as obras "Cabeça" e "Carmem" na Exposição Geral de Belas Artes, conquistando a medalha de ouro de terceira classe na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA).[1]

Retorna em 1899 com sete pinturas: “Alger”, “De volta”, “O Paraíba”, “Paisagem”, “Poço de Imperador - Paisagem”, “Rua Nassau-Petrópolis” e “Vaca e Bezerro”. Apresenta-se no Salão de 1900, com treze obras: “A procura de parasitas”, “Cabeça de estudo”, “Efeito de neve”, “Marina em Copacabana”, entre outras.[2]

Continuou expondo em 1901, exibindo catorze telas. Algumas delas foram: “Pastel”, “Cavalo Marinheiro”, “Copacabana” e “Igrejinha”. Em 1944, na exposição de Auto-retratos do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) apareceram duas dessas obras, na ocasião nas coleções Álvaro Moscoso e Carlos B. Silva Araújo.[2]

Na exposição “Dezenovevinte - Uma virada no século”(PESP, São Paulo), em 1986, estiveram expostos trabalhos de Parlagreco, reproduzidos no catálogo: “Piteiras” e o seu “Auto-retrato”.[2]

Parlagreco é cobiçado pelo colecionismo aparecendo raramente na leiloaria, como por exemplo no Acervo Galeria de Arte: Cabeça de velho, em 1985; no Leone (37º grande leilão), em 1987, com os quadros “Trecho pitoresco” e “Conversa entre frades” (aquarela sobre papel). Mais recentemente, no leilão da Coleção Onestaldo de Pennafort (Ernani, julho 1988), foram vendidos: “Menino com carneiro” (óleo sobre tela) e “Nápoles” (óleo sobre tela colada sobre madeira).[2]

Em 1901, ainda expôs no Salão.[10] Após sua morte, o Salão de 1902, exibiu quatro quadros: “Auto-retrato”, “Em demanda do curral”, “Estábulo” e “Vegetação brasileira”.[2]

Em 1912, seu irmão Salvador Parlagreco, em uma mostra póstuma, expôs os últimos trabalhos de Beniamino em São Paulo.[3]

Na exposição "A Paisagem Brasileira", realizada em São Paulo em 1980 pela SOCIARTE, havia um quadro de sua autoria.[11]

Testemunhos[editar | editar código-fonte]

pintorescritorcrítico de artecaricaturista e professor brasileiro Quirino Campofiorito deixou registrado que:

"É indiscutível a forte sensibilidade com que Parlagreco manejava tintas e cores, estas em tonalidades finamente matizadas, com planimetria regularmente desenvolvida."[2]

O jornalistaprofessorpolíticocrítico de arte e autor brasileiro Laudelino Freire considera Beniamino Parlagreco "um artista de merecimento”.[12] O autor, em sua obra "Um século de pintura", após reconhecer que Parlagreco era um artista que possuía um estilo muito avançado, dizia que seus desenhos a bico de pena lembravam os do espanhol Mariano Fortuny, "que no gênero, produziu maravilhas, notadamente orientais." [6]

Laudelino Freire acrescenta, ainda, sua admiração por Beniamino Parlagreco: "Parlagreco é um artista que, se tivesse tido maior coragem, poderia ter fixado grandes telas, pois técnica não lhe faltava, porém era muito modesto e parecia ter receio de voar alto. Daí a sua obra ser relativamente pequena e toda feita, na maioria, de estudos, o que é de lamentar num homem do talento e valor como o seu." [6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f Cultural, Instituto Itaú. «Benjamin Parlagreco | Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural 
  2. a b c d e f g h i j k l m n GULLAR, Ferreira. 150 anos de pintura no Brasil. São Paulo: Colorama, 1989. Página 172. [S.l.: s.n.] 
  3. a b c d e TARASANTCHI, Ruth Sprung. Pintores Paisagistas: São Paulo 1890 a 1920. São Paulo: Edusp : Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002. Páginas 159 e 160. [S.l.: s.n.] 
  4. ACQUARONE, Francisco e VIEIRA, Queiroz. Primores da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: FA&AQV, 1942. [S.l.: s.n.] 
  5. O OLHAR italiano sobre São Paulo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993. [S.l.: s.n.] 
  6. a b c d e f g ACQUARONE, Francisco e VIEIRA, Queiroz. Primores da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: FA&AQV, 1942. [S.l.: s.n.] 
  7. REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo:1944. [S.l.: s.n.] 
  8. LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. Página 386. [S.l.: s.n.] 
  9. O olhar italiano sobre São Paulo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993. Página 84. [S.l.: s.n.] 
  10. LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. Página 386. [S.l.: s.n.] 
  11. SÃO PAULO (ESTADO). SECRETARIA DA CULTURA. Pintores Italianos no Brasil. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado da Cultura/Sociarte, 1982. Página 136. [S.l.: s.n.] 
  12. GULLAR, Ferreira. 150 anos de pintura no Brasil. São Paulo: Colorama, 1989. Página 172. [S.l.: s.n.] 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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