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Fátima Patriarca (Monte do Sol Posto, Coruche, 19 de janeiro de 1944 - Lisboa, 11 de março de 2016) foi uma historiadora e socióloga portuguesa que se especializou nos movimentos operários e sindicais durante o Estado Novo. Foi investigadora principal no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, onde criou, em conjunto com Maria Filomena Mónica, o Arquivo de História Social.[1][2]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Monte do Sol Posto, Coruche, em 1944, e em 1949 partiu com a família para Benguela, em Angola, onde cresceu.[1][3] Em 1961 voltou para Portugal para estudar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1963 mudou para o Instituto Superior de Serviço Social, onde se formou com 17 valores em 1967.[3]

Foi bolseira da Fundação Gulbenkian em Paris entre 1970 e 1972, onde obteve o Diplôme d’Études Approfondies en Sciences Sociales (DEASS). Até 1975 trabalhou como técnica de serviço social em várias instituições públicas, como a Direcção-Geral de Previdência e Habitações Económicas. Em 1980 obteve a licenciatura em Sociologia no ISCTE, com 18 valores e especialização em sociologia industrial.[3]

Em 1979 criou, juntamente com Maria Filomena Mónica, o Arquivo Histórico das Classes Trabalhadoras, mais tarde Arquivo de História Social do Instituto de Ciências Sociais.[3] Foi responsável científica do arquivo entre 1999 e 2005.[4]

Participou em vários projetos de investigação e defendeu, em janeiro de 1992, a dissertação de doutoramento Processo de implantação, lógica e dinâmica de funcionamento do corporativismo em Portugal – os primeiros anos do salazarismo, que obteve nota máxima e foi mais tarde publicada em livro, com o título A questão social no salazarismo, 1930-1947.[5] O projeto de doutoramento foi realizado sob a orientação de Maria Filomena Mónica, Manuel de Lucena e Adérito Sedas Nunes.[3]

Em 2000 editou o seu segundo livro, Sindicatos contra Salazar: A Revolta do 18 de Janeiro de 1934, onde fez uma cronologia ao minuto da revolta que é vista como o "mito fundador da imagem revolucionária do proletariado português". Neste livro, Fátima Patriarca desmantelou o mito do soviete da Marinha Grande. A pesquisa envolveu a elaboração de um ficheiro onomástico de cerca de 400 pessoas referidas na imprensa.[3] Foi investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais desde 1999 até à sua jubilação, em outubro de 2015.[4]

Aquando da sua morte, em 2016, o então Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa declarou: "Portugal perde uma académica de excepção, que de forma tão discreta quanto admirável deu um contributo fundamental para a compreensão da História Contemporânea do nosso País".[4]

Obra[editar | editar código-fonte]

É autora de vários artigos[6]:

  • Operários portugueses na Revolução: a manifestação dos operários da Lisnave de 12 de Setembro de 1974, Análise Social (1978)[7]
  • Taylor no Purgatório: O trabalho operário na metalomecânica pesada, Análise Social (1982)[8]
  • A institucionalização corporativa — das associações de classe aos sindicatos nacionais (1933), Análise Social (1991)[9]
  • A regulamentação de trabalho nos primeiros anos do regime corporativo, Análise Social (1994)[10]

Publicou os seguintes livros[11]:

  • A Questão Social no Salazarismo, vols. I e II , INCM (1995) ISBN: 978-972-270-714-5[12]
  • Sindicatos contra Salazar: A revolta do 18 de Janeiro de 1934 , ICS (2000) ISBN: 978-972-671-062-6[13]
  • Estado, Regimes e Revoluções: Estudos em Homenagem a Manuel de Lucena (org.) , ICS (2012) ISBN: 978-972-671-304-3[14]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Salema, Isabel. «Morreu Fátima Patriarca, historiadora dos conflitos laborais». PÚBLICO. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  2. «Morreu a historiadora Maria de Fátima Patriarca». TVI24. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  3. a b c d e f Araújo, António (2016). «Fátima Patriarca (1944-2016)» (PDF). Análise Social 
  4. a b c Renascença (13 de março de 2016). «Marcelo lamenta morte da historiadora Maria de Fátima Patriarca - Renascença». Rádio Renascença. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  5. Nunes, João Paulo Avelãs (1995). «[Recensão a] Fátima Patriarca — A questão social no salazarismo». Revista Portuguesa de História 
  6. «Google Académico». scholar.google.com. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  7. de Fátima Patriarca, Maria (1978). «Operários portugueses na Revolução: a manifestação dos operários da Lisnave de 12 de Setembro de 1974». Análise Social (56): 695–727. ISSN 0003-2573. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  8. Patriarca, Fátima (1982). «Taylor no Purgatório: O trabalho operário na metalomecânica pesada». Análise Social (71): 435–530. ISSN 0003-2573. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  9. Patriarca, Fátima (1991). «A institucionalização corporativa — das associações de classe aos sindicatos nacionais (1933)». Análise Social (110): 23–58. ISSN 0003-2573. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  10. Patriarca, Fátima (1994). «A regulamentação de trabalho nos primeiros anos do regime corporativo». Análise Social (128): 801–839. ISSN 0003-2573. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  11. «Página de autor no Instituto de Ciências Sociais» 
  12. «A Questão Social no Salazarismo 1930-1947 - 2 Volumes - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  13. «Sindicatos contra Salazar - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  14. «Estado, Regimes e Revoluções Estudos em homenagem a Manuel de Lucena». www.almedina.net. Consultado em 23 de novembro de 2020