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Como ler uma infocaixa de taxonomiaElefante-marinho-do-sul
Macho
Macho
Fêmea
Fêmea
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Ordem: Carnivora
Superfamília: Pinnipedia
Família: Phocidae
Género: Mirounga
Espécie: M. leonina
Nome binomial
Mirounga leonina
Linnaeus, 1758
Distribuição geográfica
Localização do elefante-marinho-do-sul em azul
Localização do elefante-marinho-do-sul em azul

O elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina), também chamado de foca-elefante e elefante-marinho-austral é um mamífero marinho semi-aquático da família Phocidae. É a maior de todas focas, com machos de até 6 m de comprimento e 4 toneladas de peso. Ele é encontrado no Hemisfério Sul e desde a Antártida até o sul de outros continentes. Reproduz em terra nas praias de ilhas subantárticas. É ao mesmo tempo o maior dos pinípedes e membro da ordem Carnivora vivendo hoje, bem como o maior carnívoro da Antártida. O animal recebeu o nome devido ao seu grande tamanho e o nariz em forma tromba dos adultos do sexo masculino, que é usado para fazer ruídos e rugidos extraordinariamente altos, especialmente durante a época de acasalamento. O elefante-marinho é o maior carnívoro atualmente vivo com machos ainda maiores que o urso-polar (Ursus maritimus)[carece de fontes?]

Estudos feitos a partir de imagens de satélite revelaram a sua capacidade extraordinária como viajante oceânico e mergulhador. Os elefantes-marinhos passam cerca de 80% das suas vidas a nadar nos oceanos, se alimentando de moluscos cefalópodes e peixes, e podem ficar até 80 minutos sem respirar e mergulhar até 1700 metros de profundidade.

Foi caçado intensamente ao longo do século XIX e em menor escala no século XX[1]. Ameaçado de extinção, os efeitos negativos foram parcialmente sanados, mas as flutuações populacionais ainda não foram devidamente explicadas.

Descrição física[editar | editar código-fonte]

O elefante-marinho-do-sul é distinguido do seu parente do norte, o elefante-marinho-do-norte (Mirounga angustirostris) por ser maior e mais corpulento e por ter uma menor, porém mais larga, narina. Os machos do sul também parecem mais altos quando combatem entre si, devido à sua tendência para curvar a coluna com mais força e por se elevar quase que totalmente do que as espécies do norte. O dimorfismo sexual é muito marcante: os machos são de 3 a 4 vezes maiores que as fêmeas. Os maiores podem pesar até 4 toneladas e medir mais de 6 metros[2], mas, geralmente, os machos têm cerca de 2 toneladas e 4 metros, ao passo que as médias das fêmeas são de 500 kg e 2,70 m.

As narinas se desenvolvem entre os machos dominantes na forma de trombas, uma particularidade que dá origem ao nome elefante-marinho[1]. Esta tromba (ou probóscide) fica evidente e se expande para formar uma caixa de ressonância quando o animal se irrita ou quando ruge para afirmar sua autoridade e dominância.

Os olhos são grandes, redondos e negros. O tamanho dos olhos gera uma grande concentração de pigmentos adaptados a favorecer a visão ou favorecer a luminosidade, tornado possível indicar os melhores caminhos para a captura de presas em profundidade.

Como todas as focas, os elefantes-marinhos têm os membros posteriores atrofiados e as extremidades são desenvolvidas para formar a nadadeira caudal. Cada um dos "pés" pode ser bem diferenciado e pode se desdobrar para mostrar os cinco dedos de sua palmura, uma membrana dupla, muito ágil, que facilita a propulsão aquática. O animal nada geralmente em posição vertical, da mesma forma que os peixes. As nadadeiras peitorais são, ao contrário, pouco empregadas para o nado.

Os membros posteriores se tornaram impróprios a locomoção em terra e, por isso, os elefantes-marinhos utilizam os membros anteriores, que são nadadeiras bem desenvolvidas, para a locomoção sobre as praias, que lhes permitem se arrastar com mais mobilidade. Eles são capazes de impulsionar-se rapidamente (como apenas 8 km/h) desta forma para viagens de curta distância, para voltar à água, para cortejar uma fêmea, ou para perseguir um intruso.

Os membros anteriores são capazes de favorecer desde curtas distâncias a movimentos rápidos, de forma a chegar ao mar, atrair as fêmeas ou de espantar os intrusos. O deslocamento em terra pode chegar a 8 km/h.[3]

Os filhotes nascem como uma pelagem própria, o lanugo, inteiramente preta[4], que não é adaptada à água, mas que tem uma densidade suficiente para protegê-los do frio e do meio ambiente. A transformação da voz acompanha o desmame.

A cor das pelagens é mantida ao longo de suas vidas, sendo raras as alterações para cores como o cinza ou marrom, e acontecem de acordo com a espessura e umidade dos pelos. Entre os machos mais velhos, adquire um aspecto de pele descolorida e várias cicatrizes geradas pelos combates com rivais.

Os elefantes-marinhos ficam corpulentos, o que os protege do frio e constitui também uma forma de sobrevivência ao ser uma forma de reserva energética ao longo de deslocamentos oceânicos ou períodos em terra.

Elefante-marinho-do-sul jovem. Em detalhe, os "bigodes sensíveis"

As reservas de gordura variam conforme a estação climática e a idade fisiológica do animal. Elas podem caracterizar a insuficiência de recursos alimentares e influem sobre a capacidade de flutuabilidade de um indivíduo (os mais pesados tendem a voltar à superfície e os mais magros tendem a afundar).

A camada de gordura pode passar dez centímetros e um adulto pode ultrapassar 1 milhão de calorias em sua massa corporal, um convite atrativo para predadores como orcas e aos caçadores de focas em busca desse óleo. Porém um elefante-marinho adulto pode se defender de seus predadores; um macho adulto pode morder e arranhar a cabeça de uma orca, causando ferimentos feios ou então podem detectar a presença desses predadores à distancia, pois seus bigodes e ouvidos são supersensíveis, assim permitindo que eles consigam fugir para praia ou então mergulham profundamente, já que um elefante-marinho pode ficar até 30 minutos debaixo de água sem respirar.

Assim como as demais focas, os elefantes-marinhos têm uma circulação sanguínea adaptada ao frio. A particularidade é que a circulação é feita sobre a derme por uma mistura de pequenas veias em torno de artérias, o que reduz as perdas de calor. Esta estrutura é particularmente presente em lugares menos isolados do corpo, como as partes posteriores.

Como vários outros membros da ordem dos carnívoros, os elefantes-marinhos têm "bigodes" sensíveis, as vibrissas. Eles permitem perceber as vibrações da água ou mesmo indicar áreas mais sombreadas e onde há mais visibilidade.

Alimentação[editar | editar código-fonte]

O elefante-marinho-do-sul tem sua dieta baseada principalmente em lulas, polvos, pequenos crustáceos e peixes bioluminescentes. Os olhos desses mamíferos são grandes e a retina possui pigmentos que permitem enxergar a fraca luz emitida pelos animais dos quais se alimentam.[5]

A fêmea adulta pode fazer mergulhos com até 1255 metros de profundidade em busca de alimento. Pelo dia, as fêmeas mergulham, em média, 500 a 800 metros, enquanto pela noite, 300 a 400 metros. Os machos, por sua vez, mergulham 400 ou 500 metros de profundidade, com mergulhos que podem durar quase 30 minutos. Houve um caso em que uma fêmea foi monitorada e teve um mergulho que durou 2 horas. Além disso, o tempo de permanência na superfície entre um mergulho e outro é de 2 a 3 minutos apenas.[5][6]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

O ciclo reprodutivo dos elefantes-marinhos-do-sul são anuais e contam com duas fases terrestres, definidas pela muda e acasalamento e as pelágicas, quando os animais se alimentam. A primeira fase ocorre após o acasalamento e tem duração entre 2 a 3 meses, enquanto a segunda ocorre após a muda e dura 7 meses.

Na primavera austral (agosto e setembro), os machos chegam às colônias e ficam à espera das fêmeas já grávidas, que chegam entre os meses de setembro e outubro. Os machos criam uma espécie de harém na colônia em que chegam, estabelecendo uma relação de dominância sobre 40 a 50 fêmeas e competem pelo acesso às que estão em estro (época de reprodução). Entretanto, foram encontrados casos em que haviam 300 fêmeas em um harém com no máximo 2 machos.

A hierarquia da colônia é definida pela idade e tamanho do macho, respectivamente, levando em conta, também, a experiência prévia do animal. Os machos desafiam-se pela vocalização do rugido, que é mais lento e pausado que o rugido do elefante-marinho-do-norte, A competição pelo acasalamento é alta, visto que apenas 2 ou 3% dos machos adultos se reproduzem por estação e fecundam até 100 fêmeas. Devido a essa competição e a taxa de mortalidade que também é alta, alguns machos nunca se reproduzem e os que assim conseguem, assim o fazem por apenas 3 estações.

A colônia é o principal fator que decide a maturidade sexual do elefante-marinho-do-sul. Os machos costumam atingir essa maturidade entre os 3 e 6 anos de vida, mesmo que só se reproduzam a partir dos 10 anos; enquanto as fêmeas alcançam a sexualidade entre os 2 e 4 anos. Geralmente, 17% dos machos sobrevive até os 8 anos de vida, 6% chegam aos 11 anos e 1,2% vive até os 13 anos.

Uma fêmea pode ter um filhote por ano a cada 12 anos, visto que o período de gestação dura 11 meses e cada fêmea dá à luz a um único filhote no máximo 8 dias após sua chegada na colônia, além de permanecer até 27 dias em terra firme para desmame. 19 dias após o parto, as fêmeas entram em estro e acasalam poucos dias após o parto, partindo e deixando os filhotes desmamados, que ficam na praia por mais 50 dias sem se alimentar. Quando perdem 70% do peso, os filhotes vão para o mar, onde permanecem se alimentando por 105 dias e depois retornam à praia por até 20 dias para fazer a troca de pelo do outono.

Durante o período reprodutivo, as fêmeas jejuam por cerca de um mês, enquanto os machos chegam a jejuar por até 3 meses. Logo após o abandono dos filhotes na colônia, as fêmeas se alimentam no mar por 70 dias e depois vão para a terra realizar a troca de pelo.[6]

População[editar | editar código-fonte]

Elefantes-marinhos-do-sul na Antártida

A população mundial compreende de 600 mil[7] a 740 mil[8] animais.

Os estudos que mapeiam populações do elefante-marinho-do-sul mostram populações diferentes em diferentes áreas geográficas e em cada um dos três oceanos.[9]

As subpopulações mais importantes são as do Atlântico Sul que envolvem 400 mil indivíduos, sendo que 350 mil se reproduzem na Geórgia do Sul. Outras colônias estão situadas nas Ilhas Malvinas até a Península Valdés na Patagônia argentina; Ilhas Sandwich do Sul, Ilhas Órcades do Sul, Ilhas Shetland do Sul, Ilha Bouvet e na Ilha de Gonçalo Álvares (do grupo da Ilha de Tristão da Cunha).

A segunda subpopulação, do sul do Oceano Índico, compreende no máximo 200 mil indivíduos, dos quais três quartos estão nas Ilhas Kerguelen e o restante nas ilhas Crozet, Marion (na África do Sul), Ilha do Príncipe Eduardo e Heard. Outros ainda se reproduzem na Ilha de Amsterdã.

A terceira subpopulação, de cerca de 75 mil elefantes-marinhos, é encontrada nas ilhas subantárticas do Oceano Pacífico ao sul da Tasmânia e Nova Zelândia, principalmente na Ilha Macquarie.

Outras colônias podem existir na Tasmânia, Santa Helena (território) e no Arquipélago Juan Fernández[10], no Chile.

Alguns indivíduos isolados da espécie chegam ao Brasil[2], África do Sul e Austrália. Outros também são encontrados nas Ilhas Maurício e nas Ilhas Reunião[11][12].

No Brasil, o elefante-marinho-do-sul já foi avistado em alguns lugares, como o litoral e o extremo sul. Constatou-se a presença da espécie na praia de Tororão, no município de Prado e no litoral de Salvador[13], ambos na Bahia[14], além de serem vistos também no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.[15]

Ameaças[editar | editar código-fonte]

Antigamente, o elefante-marinho-do-sul era muito caçado pelo homem devido ao óleo produzido com a sua gordura. Entretanto, com a descoberta do petróleo, esse óleo deixou de ser usado e a espécie não sofria tanta ameaça direta. Hoje, apesar de o homem não realizar mais a caça destes animais, eles ainda sofrem com a interferência humana, principalmente no que diz respeito à poluição dos mares.[5]

Além dessa ameaça, os machos e filhotes desgarrados do elefante-marinho-do-sul têm um índice de mortalidade muito chamativo pelos altos números, visto que a orca e a foca-leopardo são os principais predadores dessa espécie.

As orcas podem matar tanto os filhotes como os indivíduos mais adultos, ao contrário das focas-leopardo, que predam apenas os filhotes. No entanto, apesar de se constituírem como predadores naturais do elefante-marinho-do-sul, estes animais não afetam a população de Mirounga leonina.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Elefante marinho

Referências

  1. a b Institut polaire français - Paul Émile Victor. L'éléphant de mer austral, acesso em 27 de maio de 2010
  2. a b Parajara, Fabiana. (19 de junho de 2007). Elefante-marinho de 3ton aparece em Ubatuba. O Globo, acesso em 27 de maio de 2010
  3. Bost, Charles-André; Guinet, Christophe; Guinet, Dominique; Lequette, Benoît; Weimerskirch, Henri. Sous les quarantièmes rugissants: un sanctuaire sauvage. Éditions du Gerfaut, setembro de 2003, 208 p. (ISBN 2914622376), p. 85
  4. Jefferson, Thomas A.; Leatherwood, Stephen; Webber, Marc A. Marine mammals of the world: FAO species identification guide, Food and Agriculture Organization of the United Nations (col.). United Nations Environment Programme, 1993, 320 p. (ISBN 9251032920 e ISBN 9789251032923), p. 287
  5. a b c «Mirounga leonina» 
  6. a b c Hadel, Valeria Flora (1 de abril de 2008). «Elefante marinho». Centro de Biologia Marinha Universidade de São Paulo - CEBIMar. Consultado em 1 de julho de 2018 
  7. Seal Conservation Society (SCS). Southern Elephant Seal (Mirounga leonina), acesso em 27 de maio de 2010
  8. Southern elephants seals as oceanographic samplers (SEaOS). History: The life of the Southern Elephant Seal animais. School of Biology - University of St Andrews, acesso em 27 de maio de 2010
  9. Guinet, Christophe Guinet. Les éléphants de mer sondent l'océan Austral, Mercator Océan, acesso em 27 de maio de 2010
  10. Péron, François; Lesueur, Charles Alexandre; Freycinet, Louis. Voyage de découverte aux Terres australes : exécuté sur les corvettes le Géographe, la Naturaliste et la goëlette le Casuarina pendant les années 1800, 1801, 1802, 1803 et 1804, t. 2, Imprimerie royale, Paris, 1816, p. 38
  11. Association Globice. Alan le solitaire, acesso em 27 de maio de 2010
  12. Antenne Réunion. (6 de agosto de 2008). Un éléphant de mer prend ses quartiers à la Réunion, acesso em 27 de maio de 2010
  13. Bastos, Bruno Lopes; Norberto, Bruno Lopes Gerson de Oliveira; Maia-Nogueira, Rodrigo; Guimarães, José Eugênio (1 de fevereiro de 2006). «Avaliação hematológica e dosagem bioquímica de ALT, AST e creatinina em elefante-marinho-do-sul, Mirounga leonina (linnaeus, 1758), encontrado no litoral de Salvador, Bahia». Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. 43 (1): 18–23. ISSN 1678-4456. doi:10.11606/issn.1678-4456.bjvras.2006.26513 
  14. «Lista de mamíferos para área de estudo, aspectos bio-ecológicos das espécies e locais de ocorrência comprovada» (PDF). Lista vermelha da Bahia 
  15. Drehmer Jaeger, César; Ferigolo, Jorge; Sérgio Borsato, Eduardo. «Ocorrência de Mirounga leonina Linnaeus (Pinnipedia, Phocidae) no extremo sul do Brasil: agressão e patologias» (PDF). Revista Brasileira de Zoologia. Consultado em 4 de julho de 2018 
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