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Rede Escolar de Bibliotecas Interativas de São Bernardo do Campo[editar | editar código-fonte]

Em 2019, a Rede Escolar de Biblioteca Interativas de São Bernardo do Campo (REBI) é composta por 103 Bibliotecas Escolares e 67 Adequações e conta com um acervo de aproximadamente 709.000 exemplares[1]. A REBI é subordinada à Seção de Biblioteca Escolar (SBE) da Divisão de Incremento ao Ensino do Departamento de Ações Educacionais da Secretaria de Educação do município de São Bernardo do Campo.

Histórico[editar | editar código-fonte]

A REBI tem origem oficialmente em 23 de agosto de 1999, a partir do convênio de cooperação técnico-acadêmico firmado entre a Prefeitura de São Bernardo do Campo e a Universidade de São Paulo (USP), com a proposta de oferecer um novo conceito de biblioteca, para além da sobreposição da conservação dos materiais em relação ao seu uso e que tampouco se limita apenas a oferecer acesso a acervo e equipamentos de qualidade[1].

Se a REBI nasce do referido convênio, a situação que a gesta reporta ao ano de 1997, quando a então Secretaria de Educação e Cultura (atual Secretaria de Educação) realiza uma grande compra de livros gerando demandas por parte das escolas e dos atores envolvidos por um sistema organizacional eficiente de gerenciamento de acervo e de práticas educacionais consistentes para sua utilização[2].

No contexto da municipalização do ensino em nível nacional[3], quando a prefeitura de São Bernardo do Campo assume a responsabilidade pelas escolas de ensino fundamental e inicia a reforma e construção de edifícios, atendendo as reinvindicações, decide incluir na planta das escolas um espaço destinado à biblioteca nos moldes inovadores propostos.

Em diálogo com a concepção sócio-interacionista que fundamenta o ensino da Rede Municipal de Ensino de São Bernardo do Campo, a proposta da REBI busca o estabelecimento de relações dinâmicas do sujeito com a informação por meio do desenvolvimento de autonomia, criticidade e criatividade.

O conceito de Biblioteca Escolar Interativa[editar | editar código-fonte]

A primeira biblioteca escolar construída sob o conceito de biblioteca escolar interativa (BEI), o qual norteou a implantação da REBI, foi a BEI da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEF) Professor Roberto Mange (zona oeste da cidade de São Paulo), resultado de uma parceria entre a USP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Uma vez estabelecido o convênio entre a Prefeitura de São Bernardo do Campo e a USP, foram organizadas várias visitas à EMEF Professor Roberto Mange para que os profissionais da rede de ensino e demais envolvidos conhecessem um exemplo concreto[2].

O projeto conceitual da BEI, e da REBI, é de autoria do professor Doutor Edmir Perrotti da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, com a cooperação de pesquisadores do PROESI (Programa Serviços de Informação em Educação), e o projeto arquitetônico e de mobiliário da professora Cibele Haddad Taralli da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP[1].

Podem ser destacados três elementos que sustentam a concepção de Biblioteca Escolar Interativa, são eles:

  • Proposta dialógica: o processo de construção do conhecimento dá-se em interação, em diálogo entre os sujeitos e a informação.
  • Espaço de comunicação: que garante a diversidade de suportes, de usos, e, por conseguinte, de acesso à informação e ao conhecimento.
  • Apropriação da biblioteca: enquanto espaço planejado para que seja convidativo à leitura e à pesquisa e para que os usuários possam apropriar-se dos recursos informacionais, o que passa pela organização dos materiais de maneira acessível e pela existência de profissionais capacitados para atuarem na mediação entre o usuário e os suportes de informação.

Implantação[editar | editar código-fonte]

O planejamento inicial da REBI previa a criação de cinco bibliotecas escolares interativas no município: uma em escola de educação infantil, outra de educação especial e três de ensino fundamental. Uma sexta escola de ensino fundamental foi agregada e acabou sendo a primeira a ter sua biblioteca finalizada. Após a inauguração desta que foi a unidade pioneira da rede, foi elaborado um programa regular de visitas, para que os profissionais da educação envolvidos conhecessem a biblioteca, o que foi determinante para a aceitação e expansão da REBI para a rede de escolas. Foram nove anos de trabalho para que se atingisse a conformação de uma rede de bibliotecas escolares interativas articuladas, conforme previa a política pública e o convênio[2].

A proposta era de articulação, mas também de autonomia de cada unidade em consonância com seu contexto particular. Pois, entendia-se que a consolidação das bibliotecas e da própria rede dar-se-ia pela criação de vínculos com os alunos e com a comunidade. Neste sentido, uma das estratégias foi a escolha do nome das bibliotecas pelos alunos, a partir de eleição interna. Outra estratégia, promovida pela SBE, foi incluir os alunos no processo de organização do acervo[1].

O público das REBI compreende, portanto, Educação Infantil, Educação Especial, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos e tanto a Comunidade Escolar (gestores, docentes, etc.) quanto a Comunidade Local.

Projeto Arquitetônico[editar | editar código-fonte]

De autoria da professora e arquiteta Cibele Haddad Taralli, trata dos aspectos de concepção, organização e funcionamento das atividades no ambiente, considerando os elementos arquitetônicos e construtivos, o mobiliário e o sistema de comunicação visual pensados especialmente para as bibliotecas interativas[4]. Uma das preocupações centrais do projeto arquitetônico da REBI era criar um ambiente favorável aos diferentes modos de produção e expressão - cognitivas, orais ou gestuais - no desenvolvimento de competências informacionais e na construção de significados pelos sujeitos em interação com a informação.

A composição da biblioteca escolar interativa é intencional e visa garantir a autonomia do usuário, o espaço é projetado para que se identifique facilmente onde realizar as diferentes atividades (leitura, pesquisa, etc.), o mobiliário é construído para promover acesso ao acervo e recursos pelos diferentes públicos e até mesmo as cores (das paredes, do mobiliário) têm a função de informar.

Um dos elementos conceituais do projeto arquitetônico é o de flexibilidade da organização original do espaço interno da biblioteca, pensada para que possa ser modificada – por meio de desmontagem e remontagem dos objetos - de forma prática e eficiente atendendo a uma multiplicidade de usos.

Espaços da Biblioteca[editar | editar código-fonte]

Arquibancada[editar | editar código-fonte]

A arquibancada é um dos espaços diferenciais do projeto arquitetônico da REBI e exemplo do compromisso em criar um ambiente favorável aos diferentes modos de produção e expressão de conhecimento.

Trata-se de uma estrutura em anfiteatro, em desnível, com bancos fixos revestidos por pisos de madeira maciça aparafusada e os pufes e almofadas de vinil contribuem para uma melhor acomodação dos usuários[4].

Com capacidade para cerca de 35 pessoas é identificado como espaço cênico e de oralidade, destinado à leitura individual, ouvir música, fazer anotações, leitura em grupos ou compartilhada, discussões, assistir a vídeos e realizar apresentações artísticas e culturais. Para potencializar este último uso, há uma demarcação de palco em frente à arquibancada, além de refletores e spots para iluminação especial[1].

Mobiliário[editar | editar código-fonte]

O mobiliário é composto por estruturas metálicas que se combinam a peças de madeira formando estantes, mesas, armários, carrinhos para acervo, racks, baús, escaninhos e cadeiras. O sistema de móveis é original, foi especialmente desenhado para atender aos conceitos do projeto, e preza pela segurança e conforto de todos os usuários, durabilidade e estabilidade, funcionalidade e também pela composição da beleza do conjunto para que atraia o indivíduo a entrar e permanecer no espaço. Nas palavras da arquiteta responsável:

“Além de atendimento a requisitos de ergonomia, alguns dos móveis possuíam dimensão simbólica. Exemplo disso eram as cadeiras, ‘mais que objetos para sentar adequada e confortavelmente. Remetem ao imaginário do abraço, do colo, sensações agradáveis e convidativas à leitura’” (TARALLI, 2007, p. 30)[4].

Adequações de espaços existentes ao projeto arquitetônico[editar | editar código-fonte]

Relativo às unidades escolares que não puderam ter suas bibliotecas escolares interativas implementadas desde a planta, foram realizadas adequações do espaço físico à linguagem da REBI, de forma que pudessem contar com um espaço onde os princípios básicos da rede - diversidade de suportes informacionais, organização do acervo, acesso a sua base de dados, alguns de seus elementos físicos - estivessem presentes[1].

Acervo[editar | editar código-fonte]

Seleção[editar | editar código-fonte]

Pode-se afirmar que o critério de seleção de acervo da REBI pauta-se pela diversidade e qualidade[1]. A Seção de Biblioteca Escolar mantém no Portal da Educação a Lista REBI[5], uma compilação de obras já analisadas que orientam a aquisição de acervo pelas unidade escolares; também há indicação para assinatura de periódicos. A listagem é atualizada semestralmente e inclui títulos relativos às diferentes áreas do conhecimento, considerando o perfil dos públicos atendidos, as diretrizes pedagógicas da Rede Municipal de Ensino de São Bernardo do Campo e o Plano Político Pedagógico das unidades escolares. Desta forma, garante-se que todas as unidades escolares da rede disponham de um acervo comum e títulos adequados.

Organização[editar | editar código-fonte]

Para a organização do acervo, a REBI utiliza uma versão adaptada da CDD (Classificação Decimal Dewey) – classificação adotada na maioria das bibliotecas do mundo – e uma classificação por cores, a qual permite um reconhecimento geral da organização tanto para usuários não alfabéticos como para os demais públicos.

O acervo de literatura infantil também dispõe de uma sinalização específica e os livros são expostos com as capas viradas para frente de modo a facilitar a localização e a escolha. A identificação dos assuntos, com diversas subdivisões das áreas de conhecimento, nas prateleiras das estantes destina-se a buscas mais específicas. A organização também permite o destaque de acervo para composição de estantes, mesas ou carrinhos temáticos.

Gerenciamento[editar | editar código-fonte]

Para o gerenciamento e recuperação das informações disponíveis em seu acervo, a REBI utiliza a base de dados KOHA[6]. O Koha Library Software é um software neozelandês livre, de código aberto e utilizado em diversos países. Ele possibilita o trabalho em rede, a codificação de informações catalográficas em formato internacional MARC (Machine Readable Cataloging ou Catalogação Legível por Computador), é ágil no processamento técnico, possui uma interface amigável para uso pelos alunos, professores e comunidade e permite acesso online.

Equipamentos[editar | editar código-fonte]

Os equipamentos visam garantir o acesso à informação através dos diversos recursos disponíveis na atualidade e a compreensão das variadas linguagens.

Os equipamentos básicos de som, imagem e informática são: televisor, aparelho de DVD (digital video disc ou disco óptico digital), aparelho de som e microcomputadores[1].

A aquisição dos equipamentos, e também de acervo, é realizada pelas Associação de Pais e Mestres (APM) sob orientação da Seção de Biblioteca Escolar. As APM têm sido atuantes desde o processo de implantação das bibliotecas e esse modelo - de repasse de verbas e participação ativa dos pais nos processos decisórios e financeiros - não se desenvolveu a partir das bibliotecas, mas já vinha sendo adotado, com sucesso, para as escolas da rede de ensino de São Bernardo do Campo[2].

Funcionamento[editar | editar código-fonte]

É estabelecido que todas as turmas da escola tenham no mínimo um horário semanal de uso da biblioteca. Uma vez no espaço da biblioteca, a professora de apoio à biblioteca escolar desenvolve ações específicas com os estudantes – pesquisa, roda de histórias, uso de vídeo, práticas de construção de memória, etc. - , planejadas previamente e articuladas aos conteúdos da sala de aula[2]. Para além da articulação com as atividades educativas, a perspectiva é que os alunos criem vínculos e passem a utilizar a biblioteca em suas horas livres.

São também definidas a disponibilização de uso noturno para Educação de Jovens e Adultos (EJA) e um dia para atendimento exclusivo à comunidade.

A escola deve garantir que a biblioteca permaneça aberta e com seu funcionamento normal e as bibliotecas localizadas em uma mesma região devem oferecer dias de atendimento diferentes, ampliando as possibilidades de uso principalmente da comunidade externa[1].

Atendimento à comunidade local[editar | editar código-fonte]

O uso pela comunidade local é um dos princípios fundamentais das bibliotecas escolares interativas, cuja perspectiva é transformar a biblioteca em um espaço de referência cultural e social. Inclusive, um dos eixos de atuação das bibliotecas é voltado à Memória e se desdobra, entre outros, no sentido de promover o resgate das memórias da comunidade.

Empréstimos[editar | editar código-fonte]

Deve-se garantir o empréstimo do acervo aos alunos, professores, funcionários e comunidade. A realização do empréstimo domiciliar é questão essencial e constitui uma diretriz, a qual visa o estabelecimento de relações afetivas com os livros.

Quadro Profissional[editar | editar código-fonte]

A proposta da REBI é de trabalho em rede, na perspectiva de articular profissionais da área da Educação e da Informação e também de articular as bibliotecas, para que não funcionem como unidades isoladas.

Conforme previa o projeto de implantação, o quadro profissional foi tanto ampliado quanto inovado. Para dar conta da coordenação de uma extensa rede de bibliotecas, além da bibliotecária-chefe da Seção de Biblioteca Escolar, foram incluídas na estrutura administrativa outras quatro bibliotecárias e ainda uma profissional especializada incumbida da seleção de acervo.

Para a atuação diretamente nas bibliotecas escolares foram concebidas, formadas e introduzidas as Professoras de Apoio a Biblioteca Escolar (PABE). Estes novos postos foram preenchidos por professores que já trabalhavam no sistema de ensino de São Bernardo do Campo, por meio de processo de seleção interna. A função destes profissionais é atuar como elos de ligação entre a sala de aula e a biblioteca, os alunos e o acervo, em parceria com os professores e de maneira articulada aos conteúdos por eles desenvolvidos e na resolução de adversidades relativas às bibliotecas[2].

As PABES são, portanto, responsáveis pela mediação e negociação, sendo peça fundamental na implementação e funcionamento da REBI conforme as premissas da biblioteca escolar interativa.

Com relação à formação dos profissionais envolvidos, ações de formação continuada foram desenvolvidas pela equipe da USP, antes mesmo da inauguração das bibliotecas e ocorreram até o fim do convênio.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i REBI: Gerenciando a Biblioteca Escolar Interativa (PDF). São Bernardo do Campo: SE/SBE. 2019  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  2. a b c d e f VIANA, Lilian (2014). Bibliotecas escolares: políticas públicas para a criação de possibilidades. São Paulo: [s.n.] doi:10.11606/D.27.2014.tde-18122014-094444 
  3. «Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional» (PDF). BRASIL. 1996. Consultado em 11 de dezembro de 2020 
  4. a b c TARALLI, Cibele Haddad (2007). Espaço, mobiliário e comunicação visual. Col: Cadernos REBI. São Bernardo do Campo: Secretaria de Educação e Cultura 
  5. «Lista Geral - REBI». Secretaria de Educação de São Bernardo. Seção de Biblioteca Escolar. Consultado em 11 de dezembro de 2020 
  6. «Manual do Funcionário KOHA» (PDF). Prefeitura de São Bernardo do Campo. Seção de Biblioteca Escolar. 2017. Consultado em 11 de dezembro de 2020