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Fundação Calouste Gulbenkian[editar | editar código-fonte]

A Fundação Calouste Gulbenkian é uma instituição portuguesa de direito privado e utilidade pública, cujos fins estatutários são aArte, a Beneficência, a Ciência e a Educação. Criada por disposição testamentária de Calouste Sarkis Gulbenkian, os seus estatutos foram aprovados pelo Estado Português a 18 de Julho de 1956. Com mais de 50 anos de existência, a Fundação Calouste Gulbenkian é uma das mais importantes fundações europeias, desenvolvendo uma vasta atividade em Portugal e no estrangeiro através de projetos próprios, ou em parceria com outras entidades, e através da atribuição de subsídios e bolsas. A Fundação tem delegações em Paris e em Londres, cidades onde Calouste Gulbenkian viveu. Desde as suas primeiras atividades, na década de 50, a Fundação respondeu às necessidades mais prementes da sociedade portuguesa. Foi a época das primeiras intervenções em matérias de educação, de investigação científica, de formação artística, de expressão cultural, de saúde pública e de assistência aos mais carenciados. Com o desenvolvimento progressivo do país, a sua democratização e integração na Comunidade Europeia, o papel da Fundação foi redefinido: as novas prioridades deixaram de ser apenas portuguesas ou lusófonas, mas inscrevem-se num quadro internacional em mudança e dizem respeito a questões globais, como o diálogo intercultural, as migrações e a mobilidade, e o ambiente. É neste contexto que são criados os Programas Gulbenkian, para refletir sobre temas da sociedade contemporânea, procurando respostas inovadoras para os problemas do mundo atual. Estes programas estendem-se num quadro temporal limitado e englobam ações de natureza diversa (projetos-piloto, ciclos de conferências, cursos de formação, edições de obras, espetáculos, etc.) sobre um mesmo tema, fruto de iniciativas próprias da Fundação ou criados em parceria com outras instituições No plano internacional, a Fundação pertence ao European Foundation Centre (EFC) e está presente em diversos fóruns internacionais no campo artístico, de ajuda ao desenvolvimento, científico e educativo.[1]

Obra: Impactos Sociais[editar | editar código-fonte]

Nessa medida a Sede e Museu da Fundação marca um entendimento novo, visto também num quadro internacional, dos valores da monumentalidade. De uma monumentalidade que comporta o sentido da representação, o valor do símbolo, a imagem capaz de expressar um programa cívico e cultural. A verdade é que a imagem da Fundação está ligada à sua arquitetura: um espaço organizado como uma paisagem urbana, ou melhor, como uma paisagem cultural, porque se trata de uma paisagem construída entre jardim e edifício.“Como uma escultura topográfica capaz de conciliar modernidade e monumentalidade”. No seu esforço para encontrar uma síntese entre expressão monumental e ideologia progressista, os arquitetos modernos começavam dar-se conta da necessidade de refundir a nova estética com conteúdos coletivos e simbólicos, procurando recuperar a monumentalidade como “a expressão humana dos mais elevados desejos culturais coletivos”. Os próprios CIAM passam a debater questões ligadas à comunidade, valorizando pontes com a tradição, como a recuperação da importância do “coração da cidade”. Havia que inventar um novo sentido para os equipamentos públicos da vida moderna, uma nova monumentalidade. Este impulso seria transformado fora do velho continente, nas novas capitais, nos casos de Brasília e de Chandigarh. [2]

Em Portugal, no ano 1959, o concurso para o projecto da Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian apresentava um desafio inesperado à arquitetura de grande escala. A escolha do lugar foi importante: encontrar um espaço capaz de receber uma nova construção e de se transformar em pólo da cidade de Lisboa. Essa nova construção seria o pretexto para a criação consciente da imagem da Fundação interpretando o gosto e desejo íntimo de Calouste Gulbenkian (1869 - 1955) de unir arte e natureza. Assim o local eleito, com cerca de sete hectares arborizados, se situavan no futuro conjunto da Praça de Espanha. O método de trabalho constituiu uma inovação que garantia a participação de um extenso grupo de intervenientes: técnicos de diferentes especialidades. Eles deviam representar homenagem à memória de C. Gulbenkian, em cujas linhas se adivinhassem os traços fundamentais do seu carácter; espiritualidade concentrada, força criadora e simplicidade de vida. [3]

As três propostas apresentadas traduzem, a crise de valores no final dos anos 50. Revelavam tendências do Movimento Moderno conduzidas pela releitura da espacialidade de Frank Lloyd Wright (1867-1959). Os trabalhos do concurso iniciam-se em Abril de 1959, por um período de nove meses, em que se estabeleciam as directrizes fundamentais da orgânica da Instituição e se definiam as necessidades gerais do espaço, flexibilidade e articulação dos meios previstos: sede, museu, auditórios e biblioteca. O museu destinava-se a reunir em Lisboa as obras de arte que Calouste Gulbenkian coleccionara. A equipe de Arnaldo Araújo, Frederico George e Manuel Laginha concebe o conjunto das instalações dispersando-as no parque ao longo do arvoredo através de uma construção de sentido orgânico. Desenvolvido em torno do centro do jardim protagonizado pelo anfiteatro ao ar livre, cria uma série de pátios. O museu articulava-se de um modo confuso, apesar de “traduzir letra a letra o programa com um excesso de rigidez, de percursos, de desníveis”. Mas a intenção de integrar a construção no parque não foi suficientemente controlada. Daí resultou o uso excessivo da área de construção, e o natural sacrifício do espaço verde do parque. As duas otras soluções reflectem uma abordagem mais racionalista do programa com uma intenção clara de concentração das massas construídas. [4]

Obra: aspectos gerais, edifício sede.[editar | editar código-fonte]

A equipe vencedora reunirá um grupo de profissionais da geração nascida em 20, todos eles activos em Lisboa a partir do pós-Congresso e claramente apostados na afirmação de uma arquitectura referenciada à pureza dos conceitos seminais do Movimento Moderno: Alberto Pessoa (1919-1985), Pedro Cid (1925-1983) e Ruy Jervis d’ Athouguia (1917-2006). O júri foi unânime em considerar a excelente articulação do conjunto, a sobriedade da expressão plástica, concluindo que “as condições de um bom projeto estavam cumpridas ou expressas potencialmente”. O projecto de licenciamento terminava-se em Julho de 1961, reafirmando a ideia de manipulação estético-funcional da natureza porque “no conjunto da solução arquitectónica o arranjo paisagístico tomava uma posição da maior importância para a sua valorização”. A percentagem de terreno livre permitia um amplo envolvimento da construção pela vegetação, que tomava em conta a localização das árvores mais valiosas. É neste sentido que se adequa uma distribuição dos volumes que obedeceu a uma insistente horizontalidade capaz de deixar “ler para além das construções e em todas as direcções a continuidade do espaço verde”. Assim, a construção é fragmentada num conjunto de volumes secos e racionais. [5]

A solução articula basicamente dois corpos dispostos em T, com entradas diferenciadas, mas com hipóteses de ligação através do espaço das exposições temporárias, argutamente situado na ligação do corpo do museu e biblioteca com o volume maciço, longamente horizontal, tratado de administração, dos serviços e dos auditórios, congregados num espaço de entrada única. O grande Auditório é acusado no exterior por um volume de grande presença, o terceiro corpo do conjunto, penetrando com naturalidade sobre o lago, superfície de reflexão e de ampliação que faz a articulação com o Anfiteatro ao Ar Livre, o todo formando um conjunto ligado visualmente, já que o Grande Auditório pressupõe a hipótese de abertura directa sobre o lago através “da parede transparente de vidro duplo” que o limita comunicando com o parque, com o arvoredo e o lago iluminado. A simplicidade revelada na escolha e utilização dos materiais fala do desejo de inspiração no local, do respeito pela natureza do sítio, da intimidade entre interior e exterior, escolhendo as mais belas árvores como referências projectuais potenciadoras do diálogo com o preexistente e à volta delas trabalhando na procura de um entendimento sensível com o contexto. A sobriedade e carácter, a discrição e afirmação desta obra anunciam o caminho ao moderno; um racionalismo silencioso transformado em brutalismo, que busca o organicismo.[6]

O processo do edifício da Fundação Gulbenkian é o exemplo da maioridade atingida pela arquitectura moderna portuguesa a partir do final dos anos 50. É por isso o símbolo da situação de contemporaneidade, entretanto atingida. Desenvolvido como um “objeto arquitetónico”, a obra da Sede da Fundação atinge uma simbiose entre a monumentalidade e a representatividade desejadas e os valores da escala humana que serviram de módulo à configuração deste espaço moderno e civilizado. [7]

Jardins Gulbenkian[editar | editar código-fonte]

O jardim da Fundação fecha o trabalho de uma década intensa de trabalho e luta na afirmação da arquitetura paisagista baseada num desenho naturalista contemporâneo adaptado ao conceito de “estrutura ecológica” da paisagem. Um trabalho colectivo único no país, em que solução arquitetónica, localização e funcionamento do próprio edifício se ligam intimamente ao parque através de uma continuidade entre os espaços exteriores e interiores “feita de equilibrio e harmonia”. Também experimentam novas técnicas de construção de espaços verdes urbanos. Inovadoramente não se integrava apenas uma edificação numa zona verde, nem se construía um jardim para servir um edifício. Ao contrário, construía-se uma relação íntima entre construção e jardim, de tal modo que a vida do edifício se prolonga naturalmente para os espaços exteriores e destes para os interiores. O jardim Gulbenkian é a confirmação de uma apurada sensibilidade estética e de um modo humanizado de ver o mundo capaz de potenciar as qualidades de arquitectura através da criação da paisagem. Uma paisagem que trabalha com as memórias do lugar, construindo o “elo entre matéria e ideia”. Finalmente, se a função do espaço verde na cidade contemporânea é “resolver problemas de ordem salutar indo ao encontro das aspirações da população”, a paisagem surge então como “valor que serve o interesse humano em toda a sua plenitude”. [8]

Ficha Tecnica[editar | editar código-fonte]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Conjunto de edifícios integrados num espaço murado, delimitado pela Avenida de Berna (N.), Avenida António Augusto de Aguiar (O.), Rua Marquês de Sá da Bandeira (E.) e pelo Centro de Arte Moderna (S.), adaptado à modelação natural do terreno em que se inscreve e delimitado por uma cortina arbórea que o protege.

Acessos:[editar | editar código-fonte]

Avenida de Berna; Rua Dr. Nicolau Bettencourt. Protecção: MN - Monumento Nacional / ZEP, Decreto nº 18/2010, DR, 1.ª série, n.º 250 de 28 dezembros 2010.

Enquadramento[editar | editar código-fonte]

Urbano, destacado, isolado.

Utilização Inicial[editar | editar código-fonte]

Política e administrativa: sede de fundação / Cultural e recreativa: museu

Utilização Actual[editar | editar código-fonte]

Política e administrativa: sede de fundação / Cultural e recreativa: museu

Propriedade[editar | editar código-fonte]

Privada:

Cronologia[editar | editar código-fonte]

1957 abrís - data de aquisição a Vasco Maria Eugénio de Almeida, de parte do Parque de Santa Gertrudes, para construção dos edifícios necessários à instalação da Fundação Calouste Gulbenkian e reconstrução na parte sobrante de um parque para uso próprio e público; 1959 - lançamento do concurso para o projecto da Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbernkian, que viria a ser ganho pela equipa Alberto J. Pessoa, Pedro Cid e Ruy Jervis d'Athouguia (1917-2006), participando como consultores da equipa os arquitectos paisagistas António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Telles, para a concepção de um parque que envolvesse o edifício; surgiu, ainda, como consultor Francisco Caetano Keil do Amaral; Frederico Henrique George integrou uma equipa que planeou um projecto para o edifício; 1961 Dezembros - anteprojecto do parque; 1962 - início das obras com a adjudicação das terraplanagens e muros de suporte; colocação no edifício sede de um painel escultórico da autoria do arquitecto Artur Rosa; 1967 - começaram a serem adjudicadas as empreitadas de acabamento de interiores; 1968 - conclusão da obra; 1969 2 outubro - inauguração dos edifícios e jardins; 1970 setembro - 12º Congresso da Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas nas instalações da Fundação Gulbenkian; 1975 - o imóvel é distinguido com o Prémio Valmor; 1983 - construção do Centro de Arte Moderna, conforme projecto do arquitecto John Leslie Martin; 1985 - construção de um pavilhão para crianças pelos arquitectos John Leslie Martin e Yvor Richards; 2002 22 abril - despacho do Vice-Presidente do IPPAR determinando a abertura do procedimento administativo relativo à eventual classificação do conjunto do Parque, edifício-sede, Museu, Centro de Arte Moderna e jardins da Fundação; 2003 - início das obras de remodelação do Parque por Gonçalo Ribeiro Telles; 2006 07 junho - Despacho de classificação do edifício pelo Ministro da Cultura; 2008 23 setembro - após obras de melhoria da qualidade do ar interior e de optimização de utilização de energia, o edifício foi considerado "Edifício Saudável";

Intervenção Realizada[editar | editar código-fonte]

DGEMN: 1961 - estudo da penetração solar através dos envidraçados do museu e galeria de exposição temporária, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil; PROPRIETÁRIO: 2007 / 2008 - substituição dos materiais dos pavimentos dos gabinetes, sala de congressos e outros espaços; remodelação das instalações eléctricas, de segurnaça, ar condicionado e revestimentos; substituição de lâmpadas incadescentes por fluorescentes, instalação de detectores de movimento para accionar a iluminação. [9]

  1. Calouste Sarkis Gulbenkian O Homem e Sua Obra. Lisboa: Serviço das Comunidades das Americas. 2010. pp. 60 – 70  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  2. Tostões, Ana (2006). Sede e Museu Gulbenkian. A arquitectura dos anos 60. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp. 20 – 23 
  3. Tostões, Ana (2006). Sede e Museu Gulbenkian. A arquitectura dos anos 60. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp. 24 – 26 
  4. Tostões, Ana (2006). Sede e Museu Gulbenkian. A arquitectura dos anos 60. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp. 28 – 30 
  5. Tostões, Ana (2006). Sede e Museu Gulbenkian. A arquitectura dos anos 60. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp. 31 – 32 
  6. Becker, Annette (1998). Arquitectura do Século XX. Lisboa: Ministerio da Cultura 
  7. Tostões, Ana (2006). Sede e Museu Gulbenkian. A arquitectura dos anos 60. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 41 páginas 
  8. Tostões, Ana (2006). Sede e Museu Gulbenkian. A arquitectura dos anos 60. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp. 39 – 41 
  9. Bandeira, Filomena (1998). «Sistema de informação para o patrimonio arquitetonico»