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Usuário(a):RafaeleSDCarvalho/Testes

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Instrumentos de ferro usados no período da escravidão brasileira[editar | editar código-fonte]

Diversas ferramentas foram utilizadas no período escravista no Brasil como instrumentos de manutenção da violência. Os objetos de coerção em ferro possuíram grande participação durante esse cenário e suas variações de forma adequaram-se aos diversos tipos de brutalidades cometidas com o intuito de impor aos cativos a relação de submissão. Dentre alguns dos instrumentos de tortura dentre os que imobilizavam a cabeça, haviam: gargalheiras, golilhas e libambo [1].

Aos cativos que tivessem um comportamento reprobatório, eram atribuídos a eles gargalheiras prendidas ao pescoço. O objeto possuía um corpo de ferro fundido, com arcos unidos por elos alongados e arredondados nas partes externas para prender o pescoço do cativo, além de orifícios para amarrá-lo ao próprio corpo ou a outros escravos em momentos de deslocamento[2]. Essa peça tinha como objetivo manter os escravos intitulados como indolentes, contidos e submissos[3].

Para esse mesmo propósito, além de também ser um artefato de captura e punição, haviam as golilhas. Constituída por duas tábuas que se uniam por uma abertura para o pescoço[4], o castigado podia ficar suspenso por correntes e mantido acima do solo pelos pés.

Ao passo que frear as tentativas frequentes de fuga dos escravos era uma necessidade presente durante o período,  o libambo, uma ferramenta de contenção, foi amplamente utilizado. A peça de ferro era presa no pescoço do escravo, de onde saía uma haste longa que ultrapassa a cabeça da vítima[2]. As pontas do libambo possuíam duas variações e ambas visavam denunciar a localização do cativo em caso de fuga: bifurcações retorcidas para que, em caso de escapada pela mata, se prendessem em galhos, ou um chocalho na ponta da haste visando denunciar a presença e a localização do cativo.

Instrumentos de tortura de ferro nas partes inferiores dos cativos dificultavam a locomoção e consequentemente possíveis fugas. Tais objetos também poderiam ser acoplados nas mãos dos escravos dependendo da punição a ser aplicada. Objetos como algemas, machos e peias eram usados ora nos pés, ora nas mãos[2]. O vira-mundo, por outro lado, prendia, em simultâneo, os pés e os pulsos para imobilizar o cativo, constituindo-se de um corpo de ferro com dois círculos, um maior e outro menor em cada extremidade[5].

Muito além de tortura física como punição e tormento, os proprietários mutilavam os cativos como forma de estabelecimento de domínio. Com isso, utilizavam ferro em brasa para a deformação do corpo do escravo[6] visando castigo, como o corte de um pedaço da orelha, ou identificação. Ao utilizar um ferrete, uma haste de madeira com cerca de 30 cm ligada a uma peça de metal no formato de iniciais ou símbolos, o senhor indicava o cativo como propriedade[7], facilitando a localização em caso de fuga, além de um domínio psicológico de pertencimento. Geralmente era aplicado no peito, braço ou até mesmo no rosto.

Outra forma de deformar o corpo do escravo[6] ao tratá-lo como um animal era a utilização dos Anjinhos, anéis de ferros presos nos polegares da vítima e compressos gradualmente por um parafuso ou chave. Apesar de tal instrumento ser criado na Europa Medieval como forma de fazer criminosos confessarem seus crimes, na escravidão brasileira era utilizado com o intuito de tormento e tortura, quase sempre utilizado em conjunto com outros instrumentos durante uma sessão de punição[7] ou até mesmo em práticas comuns ao sadismo[2].

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. GUALBERTO, Tiago (2016). «Corrente de Castigo» (PDF). Museu Afro Brasil. Consultado em 3 de abril de 2022 
  2. a b c d LARA, S.H. (1988). «"O castigo exemplar" em campos da violência» (PDF). Consultado em 3 de abril de 2022 
  3. «Prefeitura Municipal da Campanha - Gargalheiras – instrumento de castigo». www.campanha.mg.gov.br. Consultado em 3 de abril de 2022 
  4. ARAÚJO, C. E. M (2004). «O duplo cativeiro. Escravidão urbana e o sistema prisional no Rio de Janeiro 1790 – 1821» (PDF). Consultado em 3 de abril de 2022 
  5. Design, Villa Dev. «63.35.1 - VIRAMUNDO». villadigital.fundaj.gov.br. Consultado em 3 de abril de 2022 
  6. a b MOURA, Clóvis (2004). «Dicionário da Escravidão Negra no Brasil». São Paulo: Edusp 
  7. a b Santos, Vilson (2013). «Técnicas da tortura: punições e castigos de escravos no Brasil escravista» (PDF). Centro Científico Conhecer. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA (9 (16)). Consultado em 4 de abril de 2022