Usuário(a):Shu Nammu/Testes

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A Mitologia Egípcia[editar | editar código-fonte]

Embora hajam diferentes versões para cada passagem das histórias mitológicas do Egito, uma análise mais próxima demonstra que as diferentes formas como eram contadas as histórias eram complementares e podem ser reunidas na forma de uma síntese que englobe todos os diferentes aspectos das diferentes cosmologias Egípcias.

A Origem[editar | editar código-fonte]

Nun, o Oceano Primordial, representado em forma antropomórfica antes de tomar consciência de si mesmo.

No Início havia apenas o caos representado pelo oceano das Águas Primordiais. A Ogdóade, um grupo de oito deuses primordiais simbolizavam, cada um os aspectos desse princípio: Nun e sua contraparte feminina Naunet representavam a água Primordial em si; Huh e sua contraparte feminina Hauhet representavam as extensões infinitas da Água; Kuk e Kauket personificavam a escuridão presente; e Amon e Amonet representavam a natureza oculta e inescrutável em contraste com o mundo tangível dos vivos. Embora, à primeira vista, possa se pensar que, no início, existiam vários neteres, deve-se lembrar que , na verdade, todos juntos representam somente um conceito, o conceito da Unidade Primordial, quando ainda não havia diferenciação entre sujeito e objeto. Eles representam o Um impessoal do Início, quando não havia tempo nem espaço. Eles são os Oito que são Um. Este princípio era demonstrado numa inscrição no sarcófago de Pentamon onde se lê:

"Eu sou Um que se transforma em Dois

"Eu sou Dois que se transforma em Quatro"

"Eu sou Quatro que se transforma em Oito"

"Depois disso eu sou Um"[1][2]

Os quatro neteres masculinos com cabeça de serpente e as quatro neteres femininas com cabeça de rã formando a Ogdóade.

Esses oito neteres eram divididos em dois grupos: masculino e feminino. Os masculinos eram representados como homens com cabeça de serpente e as femininas como mulheres com cabeça de rã. Todos juntos podem ser chamados de a Ogdóade, Água primordial, ou , simplesmente Nun.

A Água Primordial, então, tomou consciência de si mesma. Este evento é narrado como sendo um momento em que os oito deuses e deusas da Ogdóade, impelidos pela vontade de Amon(segundo a cosmogonia de Tebas), se juntam e misturam seus atributos fazendo emergir do oceano do caos um monte em forma de pirâmide chamado benben. De dentro do benben surgiu a divindade Atum-.

Atum e Rá[editar | editar código-fonte]

Atum-Rá é uma entidade dupla pois segue o princípio místico numérico de que o Um se torna Dois. Atum e Rá são uma só entidade, mas possuem dois nomes pois devem ser entendidos como dois aspectos opostos dessa entidade, a saber: sujeito e objeto, isto é, aquele que conhece e aquele é é objeto do conhecimento.

Rá é o Sol que surgiu pela primeira vez mundo ao sair do monte benben e subiu para espalhar a Luz no mundo. Neste contexto, a Luz deve ser entendida como a Quintessência da existência: a Consciência. Ele era representado como um ser com cabeça de falcão carregando o Disco Solar rodeado pela serpente Ouroborus como coroa, sendo que o Ouroboros, neste caso, representa exatamente a natureza cíclica ou fechada de a consciência toma conhecimento de si mesma.

Portanto, as narrativas sobre atos ativos de criação realizados por Atum-Rá usam o nome Atum, enquanto que os atos passivos de tomada de consciências usam o nome de Rá, mas os dois são uma coisa só.

É importante salientar aqui que, apesar de os egípcios representarem comumente vários princípios utilizando formas antropomórficas e animais, a religião e filosofia egípcia não se baseava na crença de que tais criaturas realmente existissem na forma como eram representadas. Tais ilustrações não passavam de símbolos escolhidos com cuidado para falar sobre os fundamentos dos princípios específicos aos quais se referiam. Por exemplo: Rá, por representar o Sol, era representado com a cabeça, pois o falcão possui o que os egípcios chamariam de natureza solar: uma criatura que voa a grandes alturas, que enchera longe, que "tudo vê". Era uma representação do sol. Hórus também era representado com cabeça de falcão, mas sem o Disco Solar, pois ele evocava a imagem do senhor dos céus, mas não do sol. O corpo humano nas imagens dos deuses indicava que aquele princípio estava sendo representado como era visto no Microcosmo, ou seja, do ponto de vista pessoal, subjetivo e imperfeito inerente à condição humana.

Outro exemplo: quando se fala das Águas Primordiais, do Oceano do Caos que existia no Princípio, não se está falando de um oceano físico que existiu um dia num determinado lugar. As propriedades de um oceano físico e real é meramente o reflexo das características essenciais do Oceano ideal no sentido platônico, ou seja, infinito, indivisível, desconhecido e inescrutável.

Considerando que as Águas Primordiais do caos eram uma coisa só e que existiam antes de tudo, Atum- é considerado uma entidade que criou a si própria a partir do caos das Águas. Ele é a forma pessoal do universo em oposição à forma impessoal que era Nun. Ele representa o início da consciência e a diferenciação do Um em Dois, ou seja, em sujeito e objeto, aquele que conhece e aquele que é conhecido. Entretanto, Atum-Rá era o único ser que existia, então ele era sujeito e objeto, só conhecendo a si próprio.

Através de um ato de auto-procriação, Atum fez nascer Shu e Téfnis.

Shu e Téfnis[editar | editar código-fonte]

Shué associado ao ar e aos ventos que era comumente representado usando uma coroa de penas de avestruz. Téfnis, sua irmã/esposa era associada à umidade e à chuva.

As versões de como Atum criou seus dois filhos variam bastante. É dito que com um espirro ele criou Shu e depois botou Téfnis como se fosse um ovo. Essa versão faz trocadilhos com os nomes dos deuses. Outra versão diz que Atum se masturbou, sendo que a mão usada no ato representaria a parte de sua natureza feminina. Existem imagens mostrando Atum com o próprio pênis na boca formando uma variante do Ouroboros representando o ato de auto-procriação. Há ainda outros textos que dizem que ele casou-se com sua sombra, a deusa Iusaaset e que ela era a mãe e avó de todos os deuses. Também é dito que Atum-Rá retirou seu próprio coração e o atirou no ar onde ele se dividiu e formou seus filhos.

Shu e Téfnis tiveram dois filhos: Geb e Nut.

Geb e Nut[editar | editar código-fonte]

Geb era associado à terra e era representado como um homem cuja cabeça era uma serpente (criatura rastejante que possiu propriedades terrenas). Nut é associada ao céu em oposição à terra e é representada como uma mulher enorme estendida sobre Shu.

Quando os dois se casaram, Atum-Rá temeu que seus futuros filhos pudessem querer tomar seu trono e proibiu que Nut tivesse filhos em qualquer dia do ano. Ela então foi pedir ajuda de Tot.

Tot, então, desafiou Quespisiquis, deus da lua para um jogo. Cada vez que ele ganhasse, Quespisiquis deveria lhe dar um pouco de sua luz. Quando terminaram o jogo, Tot havia ganhado luz suficiente para fazer cinco dias e, como esses dias não faziam parte do ano, Nut pode usá-los para ter seus filhos: Osíris, Ísis, Seti e Néftis.

Quando Atum-Rá soube disso ele ficou tão furioso que obrigou Shu a separá-los.

Então, o céu (Nut) foi separado da terra (Geb) pelo ar (Shu). Téfnis, sendo a esposa de Shu, é às vezes retratada ajudando seu marido a separa os dois. Ela é a umidade que permeia o ar entre o céu e a terra e se manifesta na forma de chuva. Em épocas de seca, dizia-se que Téfnis havia ido embora, ou que havia brigado com Shu.

Posteriormente os cinco dias que Toth havia ganhado foram adicionado aos 360 dias do ano que passou a ter 365 dias.

Os Primeiros Reinados[editar | editar código-fonte]

Reinado de Osíris e a Revolta de Seti[3][editar | editar código-fonte]

Osíris e Ísis se casaram e, como Osíris era o primogênito de Geb, ele e Ísis tornaram-se o rei e rainha da Terra (Egito) quando Geb abdicou ao trono. Os dois ensinaram os fundamentos da civilização aos seres humanos levando aos povos primitivos o conhecimento das bases da agricultura, domesticação de animais e, estruturas de uma sociedade organizada, a adoração dos deuses e lhes deu leis. Tot ajudou grandemente com a criação das artes, das ciências e da escrita. Sob o reinado de Osíris, o povo Egípcio atingiu grande prosperidade e sabedoria[4].

Seti, o irmão de Osíris, era um neter invejoso que governava o deserto. Os motivos de seu ressentimento para com seu irmão eram vários. De acordo com os Textos das Pirâmides[5], além de almejar o trono do Egito, Set também queria se vingar por Osíris ter mantido relações sexuais com sua esposa/irmã Néftis (relação que resultou no nascimento de Anúbis) e queria revanche por um chute que teria levado de seu irmão. Com a ajuda de setenta e dois conspiradores, bolou um plano para eliminá-lo.

Set convidou Osíris para um banquete. No decurso da festa ele apresentou um sarcófago e disse aos convidados que era um presente que ele daria àquele que nele coubesse. Um a um, os comparsas de Set foram entrando no sarcófago e, como ele não serviu a ninguém, Osíris decidiu experimentar. Mas o que ele não sabia era que o objeto havia sido feito com sua medidas e, assim que ele entrou, Set e seus conspiradores fecharam e trancaram Osíris. Então eles jogaram o sarcófago no rio Nilo para que fosse levado até o Mar Mediterrâneo.

A Busca de Ísis[editar | editar código-fonte]

Desesperada com o ocorrido, Ísis sai em busca do marido/irmão. Ela segue o rio e chega à cidade de Kypt (Biblos) onde descobre que o sarcófago de Osíris havia se incrustado numa árvore que havia sido cortada e usada para fazer uma coluna do palácio real. Para poder retirá-lo dali, Ísis torna-se ama da rainha daquela cidade que, segundo algumas versões, era ninguém menos que Astarte[6] (lá ela era conhecida por "Baalate",forma feminina para Baal).

Em algumas versões, a rainha ajuda Ísis a retirar a coluna do palácio e, então, ela volta ao Egito com o sarcófago de seu marido. Em outras outra versões, no entanto, Astarte não estava tão disposta a ajudar a deusa egípcia e precisava ser persuadida. Tentando convencer a rainha a devolver-lhe o sarcófago de seu marido, Ísis tenta conceder imortalidade ao filho mais novo dela expondo-o ao fogo, mas acaba matando-o. Durante o caos que se seguiu à morte do príncipe, Ísis retirou a coluna do palácio onde estava Osíris, sequestrou o filho mais velho de Astarte e fugiu de volta para o Egito. Chegando lá, o rapaz a surpreendeu ao beijar o rosto de Osíris. O olhar que ela dirigiu a ele foi tão cheio de fúria que o matou com medo.

Seti ficou sabendo que Ísis havia recuperado o sarcófago de seu irmão. Ele o encontrou e o esquartejou picotando seu corpo em diversos pedaços (a quantidade de pedaços difere de acordo com as diferentes versões da história) e espalhou-o pelo deserto, com excessão de su p~enis que foi jogado no Nilo.

Ficheiro:Anc Egyp-Osíris.png
Osíris era comumente representado com o corpo mumificado e usando a coroa branca do Alto Egito

Ressurreição de Osíris[editar | editar código-fonte]

Mesmo após o esquartejamento de seu marido, Ísis não desistiu. transformou-se numa ave e, com a ajuda de sua irmã, Néftis, encontrou um por um os pedaços espalhados. Reuniu todos e, com sua magia, reconstruiu o corpo de Osíris que foi, então, embalsamado por seu filho Anúbis[7], criador das técnicas de embalsamento, tornando-se a primeira múmia da história. No entanto, faltava o pênis que havia sido comido por um peixe. Então ela fabricou um pênis que, de acordo com as diferentes versões da história, foi feito com diferentes materiais: galhos de árvore, ouro ou simplesmente com magia. Ela o preencheu com o sopro da vida trazendo-o de volta dos mortos. Pousou sobre seu ombro e, naquele, momento nasceu Hórus, o deus com cabeça de falcão.

A partir de então, Osíris foi viver no submundo tornando-se o rei daquela região e neter dos mortos.

A Contenda de Hórus e Seti[editar | editar código-fonte]

Uma estela de 1400 a.C., contém um hino sobre o nascimento de Hórus:

Oh benevolente Ísis
que protegeu o seu irmão Osíris,
que procurou por ele incansavelmente,
que atravessou o país enlutada,
e nunca descansou antes de tê-lo encontrado.
Ela, que lhe proporcionou sombra com suas calças
e lhe deu ar com suas penas,
que se alegrou e levou o seu irmão para casa.
Ela, que reviveu o que, para o desesperançado, estava morto,
que recebeu a sua semente e concebeu um herdeiro,
e que o alimentou na solidão,
enquanto ninguém sabia quem era...

Ísis criou seu filho em segredo escondido nas terras pantanosas do Delta do Nilo. Nesta fase, Néftis foi de grande ajuda na criação de Hórus. Ela é retratada em várias pinturas na forma de uma Vaca que amamenta o pequeno Hórus. Os Textos das Pirâmides se referem a Ísis como aquela que deu à luz e a Néftis como a mãe que o criou.

Hórus cresceu num Egito governado por seu tio, Seti, e, quando atingiu a idade adulta, foi perante os outros deuses afirmar que era verdadeiro herdeiro do trono e que Set devia ser deposto.

Depois de muita discussão na corte dos deuses, Set decidiu desafiar o sobrinho, o prêmio para o vencedor seria se tornar o novo Rei.

Os dois lutaram em muitas batalhas e Hórus. Nesta época começou a ser relacionado com o Baixo Egito (norte do Egito) enquanto que Set era o deus do Alto Egito (sul do Egito).

Várias disputas se seguiram. De acordo com o Papiro Chester Beatty[8] Set, para afirmar sua dominação sobre Hórus, seduziu-o e teve relações sexuais com ele. Sua intenção era ejacular seu esperma dentro do corpo de Hórus, mas Hórus o enganou e o fez ejacular em sua mão, capturou o sêmem de e jogou no rio para que ninguém pudesse dizer que Set o havia fecundado. Então, Hórus ejaculou secretamente seu próprio sêmem num pé de alface, que era o alimento preferido de Set. Depois que Set havia comido o alface, os dois foram novamente perante os deuses para uma nova audiência sobre a regência do Egito. Set disse que podia provar sua superioridade sobre Hórus e chamou pelo seu sêmem. Todos esperaram a resposta, mas quando ela chegou, perceberam que ela vinha do rio, invalidando sua afirmação. Então foi a vez de Hórus, e, quando ele chamou seu sêmem, ele respondeu de dentro de Set

No entanto, Set continuava se recusando a ceder o trono.

Hórus, representando em sua forma mais comum com a cabeça de falcão. Aqui ele usa a dupla coroa que une o Alto e o Baixo Egito conquistada após ter sua soberania reconhecida pelos deuses.

Cansada de ver seu filho lutando inutilmente contra o irmão, Ísis decidiu interferir e ajudar Hórus. Ela se disfarçou e seduziu Set para, então, aprisioná-lo. Ela podia tê-lo matado ali, mas ele implorou por sua vida e ela decidiu deixá-lo ir.

Quando descobriu que sua mãe havia libertado seu inimigo mortal, Hórus ficou furioso e decepou a cabeça de Ísis demonstrando aos outros deuses o quanto ele podia ser perverso. Ísis manteve-se viva através de sua magia.

Após oitenta anos de lutas e violência incessantes , os deuses decidiram que o impasse seria decidido numa corrida de barcos. E, para tornar as coisas mais interessantes Set sugeriu que os dois deveriam usar barcos feitos de pedra.

Hórus, para se vingar da desonestidade de Set, construiu um barco de madeira cobrindo o com uma pasta de calcário para fazê-lo parecer feito de pedra.

Enquanto os deuses se reuniam às margens do Nilo para assistir à corrida, Seth cortou o topo de uma montanha para fazer seu barco. Quando ele chegou ao local do início da corrida e atirou seu barco na água, ele afundou totalmente fazendo com que os deuses explodissem em gargalhadas.

Envergonhado e furioso, Seth se transformou num hipopótamo e atacou Hórus em seu barco. Os dois lutaram intensamente. Seth conseguiu arrancar o olho esquerdo olho de Hórus. Então, o neter Tot (ou Hator em algumas versões[9]) restaurou seu olho usando magia. Para complementar a visão deste olho, uma serpente foi colocada na cabeça de Hórus, então ele pôde reverter a situação. Esteve prestes a matar seu inimigo, mas os outros deuses os impediram e decidiram encerrar a disputa decretando o empate entre os combatentes.

Muitos dos deuses simpatizavam com Hórus, mas sentiam certo receio pelo modo como ele havia se enfurecido com o ato de bondade de Ísis e estavam incertos sobre apoiá-lo completamente. Eles decidiram escrever uma carta a Osíris no submundo para pedir conselhos. Hórus ofereceu-lhe, como tributo, seu olho mágico[10]. Osíris respondeu sem sombras de dúvidas que seu filho, Hórus, era o verdadeiro Rei e deveria ser colocado no trono. Ninguém, segundo ele, deveria tomar o trono do Egito através do assassinato. Seth havia matado Osíris, mas Hórus não matara ninguém e era a melhor escolha. O sol e as estrelas, que eram aliados de Osíris, desceram ao submundo onde agora ele era o rei, e deixaram o mundo em total escuridão aterrorizando os deuses que finalmente decidiram acabar com aquela disputa e concordaram em aceitar a reclamação de Osíris pelo trono concedendo-lhe a coroa do Egito.