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Usuário(a):Stela Maik/Testes

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Audiometria[editar | editar código-fonte]

Conceito[editar | editar código-fonte]

A audiometria é um exame audiológico padrão que permite determinar os limiares auditivos dos indivíduos[1]. Esse exame tem como objetivo principal apontar a integridade do sistema auditivo, além de identificar tipo, grau e configuração da perda auditiva em cada orelha[2].

Equipamentos utilizados[editar | editar código-fonte]

Anteriormente à realização da audiometria, são necessários procedimentos como: anamnese ou entrevista que contribuem para a avaliação e o dignóstico audiológico, além da inspeção do meato acústico externo, para conferir se não há nada impedindo a passagem do som, assim o exame pode ser realizado [2].

O teste é realizado dentro de uma cabina tratada acusticamente com o objetivo de privação sonora, também é utilizado um audiômetro onde fones estão conectados, para pesquisa de limiares tonais por via aérea (orelha) e um vibrador ósseo, para pesquisa de limiares tonais por via óssea (mastóide) [1]. São importantes tanto os limiares por via aérea, quanto de via óssea, pois com esses valores conclui-se se existe ou não uma perda auditiva, se existir eles demonstram se a perda é na orelha externa, orelha média ou orelha interna.

Os fones de ouvido utilizados geralmente são o TDH39 ou o fone de inserção. Neles há uma marcação, onde um dos lados é de cor vermelha e o outro de cor azul, indicando as orelhas esquerda e direita consequentemente. Essas cores são padronizadas, dessa forma, todas as marcações em vermelho se referem a orelha direita e em azul a orelha esquerda [1]. Por fim, a marcação dos limiares das orelhas testadas são feitas em um audiograma.

Tipos de audiometria[editar | editar código-fonte]

Os principais tipos de audiometria são:

A audiometria tonal liminar é fundamental para o processo diagnóstico audiológico, ela determina os limiares auditivos e compara os valores obtidos com os padrões de normalidade, utilizando para isso o tom puro.  Os limiares audiométricos encontrados ficam dispostos e representados graficamente no audiograma, onde na vertical estão as intensidades (dB) e na horizontal as frequências (Hz), utilizando símbolos padronizados [3].

Avaliação audiológica[editar | editar código-fonte]

A realização da avaliação da audiometria tonal limiar é realizada com o paciente sentado dentro da cabina e instruído a levantar a mão cada vez que ouvir um som, geralmente o tom puro, mesmo que este esteja fraco. A primeira orelha testada, normalmente é a melhor orelha, porém se o paciente não perceber diferenças entre elas convencionou-se começar pela orelha direita[1].

Os limiares auditivos podem ser obtidos pelos métodos: ascendente, descendente ou ascendente/descendente: [1]

No método ascendente inicia-se apresentando um som audível para o paciente. A partir da resposta do mesmo, a intensidade é diminuída de 10 dB em 10 dB até que não seja mais audível. Neste momento deve-se aumentar 10 dB e diminuir-se de 5 dB em 5 dB, identificando a menor intensidade que o paciente é capaz de perceber (limiar auditivo)[1].

O método descendente, por sua vez, parte de uma intensidade inaudível para o indivíduo e vai aumentando o tom puro de 10 dB em 10 dB. Quando o paciente ouvir precisa-se diminuir 10 dB e aumentar novamente em episódios de 5 dB, até que o som seja percebido [1].

Considera-se o limiar auditivo a intensidade em que o indivíduo perceber o som em 50% das vezes em que for apresentado [1].

A avaliação por via aérea é iniciada, normalmente, pela frequência de 1000 Hz. Após a determinação dos limiares auditivos deve-se avaliar as outras frequências, na seguinte ordem: 2000 Hz, 3000 Hz, 4000 Hz, 6000 Hz, 8000 Hz, 500 Hz e 250 Hz [1]. O vibrador ósseo, por sua vez, tem limitações para as frequências de 250 Hz e 4000 Hz, além de sons fortes acima de 60 dB de intensidade, levando isso em consideração, testa-se as frequências de 1000 Hz, 2000 Hz, 3000 Hz, 4000 Hz e 500 Hz para intensidades de até 60 dB.

O fonoaudiólogo ou audiologista possui amparo legal que garante sua atuação profissional de forma plena, ética e autônoma na realização da audiometria, ou seja, o fonoaudiólogo é um profissional especializado que pode realizar essa avaliação [2].

Resultado da avaliação auditiva[editar | editar código-fonte]

O resultado audiológico deve conter, tipo, grau, configuração e lateralidade da perda auditiva, de acordo com a literatura adotada [2].

a) Tipo de perda auditiva[editar | editar código-fonte]

A classificação do tipo de perda auditiva tem por objetivo sugerir a causa da alteração. Será usado a descrição dos autores Silman e Silverman (1997)[4]

  • Perda auditiva condutiva: a perda auditiva condutiva é caracterizada por qualquer problema na da orelha externa e/ou média que impeça o som seja conduzido até a cóclea de maneira adequada, geralmente envolve uma redução do nível do som ou da capacidade de ouvir sons fracos. (Limiares de via óssea menores ou iguais a 15 dB NA e limiares de via aérea maiores que 25 dB NA, com gap aéreo-ósseo maior ou igual a 15 dB).
  • Perda auditiva neurossensorial/sensório neural: a perda auditiva sensório neural é caracterizada pela falta ou dano de células sensoriais (células ciliadas) na cóclea e/ou no nervo auditivo, geralmente é permanente. (Limiares de via óssea maiores do que 15 dB NA e limiares de via aérea maiores que 25 dB NA, com diferença aéreo-óssea de até 10 dB no máximo e/ou acopladas).
  • Perda auditiva mista: a perda auditiva mista é uma combinação de uma perda auditiva sensório neural e condutiva. É o resultado de problemas na orelha interna, média e/ou externa. (Limiares de via óssea maiores do que 15 dB NA e limiares de via aérea maiores que 25 dB NA, com gap aéreo-ósseo maior ou igual a 15 dB).

b) Grau da perda auditiva[editar | editar código-fonte]

A classificação de perda auditiva quanto ao grau varia de acordo com as classificações validadas cientificamente e escolha da classificação adotada fica a critério do profissional.

Classificação de Lloyd e Klapan (1978)[5]
Média tonal de 0,5, 1k e 2kHz Denominação Habilidade para ouvir a fala
≤ 25 dB NA Audição normal Nenhuma dificuldade significativa
26 - 40 dB NA Perda auditiva de grau leve Dificuldade com fala fraca ou distante
41 - 55 dB NA Perda auditiva de grau moderado Dificuldade com fala em nível de conversação
56 - 70 dB NA Perda auditiva de grau moderadamente severo A fala deve ser forte; dificuldade para conversação em grupo
71 - 90 dB NA Perda auditiva de grau severo Dificuldade com fala intensa; entende somente fala gritada ou amplificada
≥ 91 dB NA Perda auditiva de grau profundo Pode não entender nem a fala amplificada; depende da leitura labia
Classificação de Davis (1970-1978) [1]
Limiar auditivo (média de 0,5 a 2kHz) Grau de handicap Habilidade para compreender a fala
25 dB não significativo sem dificuldade
26 a 40 dB leve dificuldade somente na fala fraca
41 a 55 dB moderado frequente dificuldade com fala normal
56 a 70 dB marcado (tradução literal) frequente dificuldade com fala intensa
71 a 90 dB severa só entende fala gritada/amplificada
+ de 91 dB profunda não entende a fala mesmo com amplificação
Classificação BIAP (1996)[2]
Denominação Média tonal (500 Hz, 1 kHz, 2 kHz e 4 kHz) Características
Audição normal ≤ 20 dB NA Audição normal
Deficiência auditiva leve 21 – 40 dB NA Percebe a fala com voz normal, mas tem dificuldade com voz baixa ou distante; a maioria dos ruídos familiares são percebidos
Deficiência auditiva moderada Grau I: 41 – 55 dB NA

Grau II: 56 – 70 dB NA

A fala é percebida se a voz é elevada; o sujeito entende melhor quando olha a pessoa que fala; percebe alguns ruídos familiares
Deficiência auditiva severa Grau I: 71 – 80 dB NA

Grau II: 81 – 90 dB NA

A fala é percebida se a voz é elevada e próxima à orelha; percebe ruídos intensos
Deficiência auditiva muito severa Grau I: 91 – 100 dB NA

Grau II: 101 – 110 dB NA Grau III: 111 – 119 dB NA

Nenhuma percepção da fala; Somente os ruídos muito fortes são percebidos
Deficiência auditiva total/ Cofose > 120 dB NA Não percebe som
Classificação de Organização Mundial da Saúde- OMS (2020)[2]
Grau de perda auditiva Média entre as frequências de 500 Hz, 1 kHz, 2 kHz e 4 kHz Desempenho
Audição normal < 20 dB Nenhum problema em ouvir sons
Leve 20 < 35 dB Pode apresentar dificuldade em ouvir o que é falado em locais ruidosos
Moderado 35 < 50 dB Pode apresentar dificuldade em ouvir conversa particularmente em lugares com ruidosos
Moderadamente severo 50 < 65 dB Dificuldade em participar de uma conversa especialmente em locais ruidosos. Mas pode ouvir se falarem com a voz mais alta sem dificuldade
Severo 65 < 80 dB Não ouve a maioria das conversas e pode ter dificuldade em ouvir sons elevadas. Dificuldade extrema para ouvir em lugares ruidosos e fazer parte de uma conversa
Profundo 80 < 95 dB Dificuldade extrema em ouvir voz em forte intensidade
Perda auditiva completa/surdo >95dB Não consegue escutar nenhuma conversa e a maioria dos sons ambientais

c) Configuração audiométrica[editar | editar código-fonte]

A configuração está relacionada à disposição dos limiares auditivos de via aérea dispostos no audiograma em cada uma das orelhas.


Classificação de Silman e Silverman (1997) adaptada de Carhart (1945) e Lloyd e Kaplan (1978)[2]

Tipo de configuração Características
Ascendente Melhora igual ou maior que 5 dB por oitava em direção às frequências altas
Horizontal Limiares alternando melhora ou piora de 5 dB por oitava em todas as frequências
Descendente leve Piora entre 5 a 10 dB por oitava em direção às frequências altas
Descendente acentuada Piora entre 15 a 20 dB por oitava em direção às frequências altas
Descendente em rampa Curva horizontal ou descendente leve com piora ≥ 25 dB por oitava em direção às frequências altas
Em U Limiares das frequências extremas melhores que as frequências médias com diferença ≥ 20 dB
Em U invertido Limiares das frequências extremas piores que as frequências médias com diferença ≥ 20 dB
Em entalhe* Curva horizontal com descendência acentuada em uma frequência isolada, com recuperação na frequência subsequente

d) Lateralidade[editar | editar código-fonte]

A audição pode ser classificada pela lateralidade: Bilateral ou Unilateral. Na perda auditiva bilateral, as duas orelhas estão afetadas. Já na unilateral, apenas uma delas, podendo ser a direita ou a esquerda [2].

e) Outra descrição associada à curva audiométrica[editar | editar código-fonte]

As perdas auditivas também são classificadas em simétricas, quando as orelhas esquerda e direita possuem o mesmo grau de perda e a mesma configuração audiométrica; e assimétricas, quando as duas orelhas tem grau de perda e configuração diferentes [2].


ABORDAGEM AURIORAL[editar | editar código-fonte]

Princípios da Abordagem Aurioral[editar | editar código-fonte]

A abordagem aurioral é uma proposta criada para desenvolver as habilidades auditivas da criança com deficiência auditiva que utiliza dispositivos eletrônicos aplicados à surdez, por exemplo o aparelho de amplificação sonora individual (AASI) e o implante coclear. Diante disso, garantir que essas crianças tenham acesso e usem a linguagem oral através da audição, é o propósito dessa abordagem.

Existem oito princípios que norteiam esse projeto, definidos em: detecção e intervenção precoce, dispositivos eletrônicos, desenvolvimento da função auditiva, integração, comunicação, etapas das habilidades auditivas, avaliação, escola.

Detecção e intervenção precoce: o cérebro nos primeiros anos de vida está apto a desenvolver linguagem e isso só é possível de ocorrer se houver integridade do sistema auditivo. Enquanto o cérebro sofre maturação, as informações advindas do ambiente— chamadas de "Input"— são facilmente processadas e culminam na obtenção da linguagem oral. Levando isso em consideração, o diagnóstico precoce de perda auditiva em uma criança é muito importante, pois propicia uma intervenção rápida e um melhor prognóstico.

Dispositivos eletrônicos: a criança com deficiência auditiva, como qualquer outra criança, precisa ouvir os sons da fala e do meio que as rodeia para que consigam reproduzi-los. Logo, o uso frequente e correto dos dispositivos eletrônicos deve ser uma realidade.

Desenvolvimento da função auditiva: ambientes benéficos para interações usando a fala e boas condições para ouvir são favoráveis para o indivíduo com deficiência auditiva adquirir a linguagem oral.

Integração: a audição deve ser integrada à criança, isso ocorre quando ela não necessita realizar leitura labial, atribui significado ao que escuta, processa as informações e têm domínio da comunicação. A função auditiva fortalece aprendizados e experiências, isso auxilia na construção da personalidade da criança. É necessário integrá-la há vários ambientes linguísticos, por meio da conversação em situações corriqueiras para que a construção da linguagem oral alcance um alto nível, sendo possível a compreensão de sintaxe, semântica e pragmática. Essas habilidades são fundação para alfabetização, compreensão da leitura, realização de inferências, compreensão de palavras de função, além de habilidades para discussão de ideias.

Comunicação: para uma boa comunicação é importante que emissor e receptor troquem turnos na fala, ou seja, a criança deve ser estimulada a trocar turnos (ouvir e falar), de forma que a interação seja efetiva.

Etapas das habilidades auditivas: as habilidades auditivas, como detecção, discriminação, reconhecimento, compreensão, atenção e memória auditiva devem ser introduzidas aos poucos, unindo linguagem e cognição, ampliando, consequentemente, audição, fala e linguagem da criança.

Avaliação: durante o processo terapêutico, muitas avaliações devem ser realizadas para diagnóstico da criança.

Escola: para que o desenvolvimento da criança com deficiência auditiva seja completo é necessário que haja uma parceria entre terapeutas e professores. Audição, fala, linguagem, comunicação e comportamento são garantidos com acesso e equidade dentro do ambiente escolar.

Por fim, a família é considerada um agente modificador da realidade da criança, então deve estar presente em todos os princípios. Empoderar os pais de bebês com deficiência auditiva é a chave para garantir que o processo terapêutico seja eficaz e que no futuro possam viver normalmente.


G6: Ana Laura Garcia Ribeiro de Oliveira

Lara Gabrielle Caetano Lemes

Stela Malkieli da Silva Maik

Vitória Ferreira Torrezam

Verbete: Príncípios


Referências (audioeduc): BEVILACQUA, Maria Cecília e FORMIGONI, Gisela Maria Pimentel. Audiologia educacional: uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. Carapicuiba: Pró-Fono. Acesso em: 01 nov. 2022, 1998

Referências

  1. a b c d e f g h i j DAVIS, H. Hearing Handicap, Standards for Hearing, and Medicolegal Rules. In Hearing and Deafness. Hallowell Davis e S. Richard Silverman. Holt, Rinhhart and Winston, 1978 p 271
  2. a b c d e f g h i «Guia de Orientação na Avaliação Audiológica – Conselho Federal de Fonoaudiologia». Consultado em 30 de setembro de 2022 
  3. «Audiometric Symbols». American Speech-Language-Hearing Association. 1990. Consultado em 30 de setembro de 2022 
  4. SILMAN, S.; SILVERMAN, C. A. Basic audiologic testing. In: SILMAN, S.; SILVERMAN, C. A. Auditory diagnosis: principles and applications. San Diego: Singular Publishing Group; 1997. P.: 44-52.
  5. LLOYD, L. L.; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual of basic audiometry. University Park Press: Baltimore; 1978. p. 16.