Usuário(a):YasminBL/Testes/Artigo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Panegírico[editar | editar código-fonte]

Panegírico (do latim : panegyrîcus - festival, assembléia geral, do grego: panegyrikos, πανηγυρικός - reunião )[1]. É um discurso público feito em formato de prosas e versos, de carácter laudatório , exalta os méritos dos reis, príncipes, imperadores e cidadãos eminentes das comunidades gregas e romanas, também aborda as vidas e as obras dos santos católicos, as orações fúnebres e ainda a origem, a história e as virtudes das grandes cidades do mundo Antigo e da Era Medieval.[Notas 1]

Os Panegíricos também alcançam as canções de guerra e de vitória, podem se referir aos cânticos e as orações feitas durante um ritual de sacrifício ou de casamento.

Além das características laudatórias, os panegíricos eram veículos de disseminação do poder imperial, faziam uma propaganda das vontades do imperador, era ele que determinava o que ia ser dito ou não pelo panegirista .[Notas 2]

Panegírico Grego[editar | editar código-fonte]

Busto de Isócrates, orador e professor ateniense.

Na Grécia, os panegíricos eram recitados em grandes assembléias solenes, como durante as Panatenaicas e os Jogos Olímpicos.

Nas primeiras décadas após a Guerra do Peloponeso em 380 a.C., Isócrates, orador e professor ateniense, escreveu um panegírico exaltando a hegemonia do poder marítimo de Atenas sobre Esparta e a relação de inimizade entre gregos e bárbaros.[2]

[3]

Tucídides, historiador da Grécia Antiga, em seu livro sobre a História da Guerra do Peloponeso, relata a oração fúnebre que Péricles, político ateniense, recitou para as vítimas dessa guerra.[4]

Busto de Tucídides em mármore.


[5]

Helena de Tróia, pintura de Evelyn De Morgan (1898, London).






Górgias, retórico e filósofo grego, escreve um discurso de defesa e elogio a Helena de Tróia, Encomium of Helen[6].

Nesse panegírico, Górgias apresenta vários motivos para justificar o adultério de Helena, a história mitológica conta que Menelau, rei de Esparta, era casado com Helena, considerada a mulher mais bonita do mundo, enquanto Menelau está em sua viagem para a ilha de Creta, Helena foge com Páris, um guerreiro que estava fazendo uma expedição cidade de Esparta, juntos eles se instalem na cidade de Troia, este foi um dos motivos para dar inicio a Guerra de Troia.[Notas 3]




[7]




Panegírico Romano[editar | editar código-fonte]

Os Panegíricos Romanos, assim como os Panegíricos Gregos, possuem em uma de suas função a de disseminar os assuntos políticos imperiais para o público. É pronunciado em múltiplas ocasiões, como por exemplo, no Aniversário da fundação de Roma e no Nascimento do Imperador Maximiano[8]. Entre os períodos de governo de Diocleciano (248 d.C.) e Teodósio I (389 d.C.), houve a compilação de 12 panegíricos de diferentes autores, com o intuito de servirem como exemplos para o estudo da retórica, essa compilação ganhou o nome de Panegíricos Latinos ou XII Panegíricos Latinos.[9]

Alguns dos 12 Panegíricos Latinos:

Autor Conteúdo Ano
Plínio, o Jovem Discurso de agradecimento para o imperador Trajano no momento de ascensão de Plínio ao consulado. 100 d.C.
Depranio Discurso mostrando que a eleição de Teodósio I foi a mais adequada, ele elogia a espiritualidade e a virtude física do imperador. 389 d.C.
Cláudio Mamertino Discurso de agradecimento ao imperador romano Juliano por ser elevado à dignidade de cônsul do Império. 362 d.C.
Nazário Comemora em forma de discurso os 15 anos de reinado de Constantino, e foi proferido em Roma. 321 d.C.

Retórica dos Panegíricos[editar | editar código-fonte]

A retórica é a arte do bem dizer, de utilizar os meios mais eficazes para a persuasão de qualquer assunto, não é uma ciência, é uma técnica, uma arte. A retórica através do discurso tem o poder de formar ou informar, de convencer ou persuadir, instruir ou motivar ,a partir do uso das palavras.[Notas 4]

Os panegíricos embora tivessem caído em desuso desde o XIX, possuem um papel muito importante na retórica antiga, tanto grega como romana.

Segundo Aristóteles, filósofo grego, há uma tipologia de discursos, 03 gêneros de eloquência, são eles:[10]

- Discurso Deliberativo, aquele que tem a característica de aconselhar ou convencer o público perante todas as questões referentes à cidade, é um discurso que se projeta para o futuro, para os caminhos políticos que aquela comunidade irá seguir.

- Discurso Judiciário, aquele que acusa ou defende, nesse tipo de discurso há uma ligação entre os homens e as leis, é vinculado ao passado, as obras e feitos de pessoas ou cidades.

- Discurso Epidítico, tem sua característica no louvor ou na ofensa, muito comum nos panegíricos, há uma valorização e importância de uma cidade, de um homem ou de um grupo de homens. O panegirista vai despertar a admiração ou a repulsa do público em alguma dessas áreas, está ligado ao presente, são fatos já conhecidos pelo público que ganham uma amplificação.

O Panegírico se constituiu em um gênero literário, caracterizado pelo estilo hiperbólico e cheio de analogias, usa o jogo de palavras, as expressões poéticas e a musicalidade na expressão.

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Born, L.K.: The Perfect Prince According to the Latin Panegyrists, 1934.
  2. OLIVEIRA, M. A. M. (2005). O Império Romano e o Reino dos Céus: a construção da imagem sagrada do imperador em De Laudibus Constantini, de Eusébio de Cesaréia. Espírito Santo: Universidade Federal do Espírito Santo. pp. 1–176
  3. GEORGE, Margaret (2006). Helen Of Troy. New York: Pan Books. pp. 1–757
  4. PEREIRA e VÁRZEAS. Retórica e teatro: a palavra em ação. Porto: Universidade do Porto. pp. 1-365

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Verbete "panegirico" in: Vocabolario Treccani
  2. BERTACCHI, André Rodrigues (22 de maio de 2014). «O Panegírico, de Isócrates: tradução e comentário». Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
  3. BERTACCHI, André Rodrigues (22 de maio de 2014). «O Panegírico, de Isócrates: tradução e comentário». Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
  4. BAPTISTA, Lyvia Vasconcelos (1 de maio de 2015). «A NARRATIVA DE TUCÍDIDES:ENTRE EROS E POLÍTICA». Pricípios, Revista de Filosofia. V.22, N.38 
  5. TUCÍDIDES (1987). História da Guerra do Peloponeso. São Paulo: Universidade de Brasília. pp. 1–628 
  6. DILLON, John (2003). The Greek Sophists. London: Penguin Books. pp. 76–84 
  7. DINUCCI, Aldo (10 de fevereiro de 2009). «APRESENTAÇÃO E TRADUÇÃO DO ELOGIO DE HELENA DE GÓRGIAS DE LEONTINOS.». ETHICA. V.16 (N.02) 
  8. GERVÁS, Manuel J. Rodríguez (1991). Propaganda política y opinión pública en los panegíricos latinos del Bajo Imperio. Salamanca: Universidade de Salamanca. pp. 1–119 
  9. NIXON and RODGERS, C. E. V. and Barbara. (1994). In Praise of Later Roman Emperors: The Panegyrici Latini. Los Angeles: University of California Press. pp. 1–735 
  10. FERREIRA org. FURTADO, Luís Gomes org. Júnia Ferreira (2002). Erário Mineral. Minas Gerais: FIOCRUZ e Fundação João Pinheiro. pp. 1–819