Usuário(a) Discussão:Ozalid/Ética jornalística

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Sei que você ainda não propôs, apenas gravou a edição, mas deixo a minha opinião, já que não ando acompanhando as páginas de discussão da Wikipédia com muita freqüência. Sinceramente, não vejo necessidade disso. Acredito que Wikipedia:Princípio da imparcialidade e Wikipedia:Nada de pesquisas inéditas já dão conta da maior parte da proposta. Seria a favor de serem pensadas páginas por aqui no estilo das en:Wikipedia:Biographies of living persons, reflexões quanto à en:Wikipedia:Recentism e tentativas de encontrar títulos menos adjetivisosos como o caso de Escândalo do mensalão, que além disso é tudo, menos um verbete enciclopédico. Cachorrinho está latindo lá no fundo do quntal 21:43, 17 Abril 2007 (UTC)

Caro Lugusto, a necessidade desta proposta está na recente discussão que teve lugar na esplanada e que o convido a ler em WP:EG#Espanto e indignação !. De facto, ainda não há nada que explicitamente proíba as fofocas e infiltrações do jornalismo sensacionalista na Wikipédia. Curiosamente ― tal como ficou demonstrado na discussão ― a própria Wikipédia anglófona, neste ponto, é ambígua. Para além disso, ainda havia (e, se este caso for esquecido voltará a haver) algumas dúvidas legítimas que, com esta proposta, ficam esclarecidas. Esta é a oportunidade de (uma vez na vida, pelo menos) podermos ir mais longe do que a wiki anglófona, estabelecendo critérios de qualidade que nos igualam (pelo menos, em termos de estatuto editorial, isto é, dos princípios) à imprensa de qualidade em qualquer parte do mundo. Abraço, Ozalid 17:59, 21 Abril 2007 (UTC)

Jornalista e ética...[editar código-fonte]

Creio que este caso deve-se por conta da jornalista portuguesa (auto-proclamada, aqui mesmo na wiki, grande jornalista). Espero trazer algum comentário de proveito...

  1. Um jornalista não é, de per si, "figura pública", que mereça notas acerca de sua vida particular e sentimental;
  2. Um político, ao invés, é "figura pública" - e toda sua vida interessa e importa;
  3. O relacionamento da imprensa - e os jornalistas aí incluídos - com as figuras públicas é de interesse público;
  4. A ética pressupõe a isenção. Na medida em que ocorre uma relação distante dessa isenção, o público deve ser informado. Está, eticamente, em jogo, a qualidade daquilo que informa a imprensa - e jornalistas aí incluídos.
  5. A "grita" da grande jornalista, portanto, ao ver desvelada suas relações íntimas com uma figura pública - em Portugal, no Brasil, ou em qualquer outra parte do mundo - colide com um preceito ético maior: o direito do público de mensurar a qualidade de sua imprensa e seus integrantes.

No mais, sendo essa proposta apenas e tão-somente a aplicação de princípios éticos de jornalismo, sequer temos como aditar ali algo; são códigos, devidademente aprovados pelas categorias (e, no caso brasileiro, em lei). Cumpre ressaltar, apenas, o seguinte:

  1. Não somos jornalistas, aqui.
  2. Somos, quando muito, enciclopedistas.
  3. As normas éticas aplicam-se aos profissionais da área específica;
  4. Apenas os jornalistas, como tal devidamente registados em seus órgãos de classe respectivos e nacionais, podem submeter-se a eles;
  5. A wikipédia não revela nada, nem o pode; mas, nada pode impedir que informe que algo tenha sido, pela imprensa, revelado - notem que ela - a imprensa - está sob os ditames directos e imediatos dos respectivos Códigos de Ética.

Ao trazermos para a Wiki lusófona preceitos alheios devemos ter o cuidado de atentar se as mesmas obedeceram aos ditames éticos - o que pode ser comprovado mediante a constatação de que o organismo veiculador da informação ou o jornalista que assinou a notícia, foi julgado e condenado por infração às mesmas - o que sempre é notícia.

A liberdade de informação passa, também, por aquilo que se procura colocar numa esfera aparente de privacidade, sem o sê-lo. Notemos que a maioria das "figuras públicas" o são justamente por fazerem-se notícias, não raro através da divulgação - justamente - das suas vidas particulares!

Imaginemos que o próprio biografado "desminta" publicamente algo; todo o mundo comenta este algo - mas a wiki silencia-se, apesar de o próprio vivo falar do assunto...

Concluo, dizendo que sou favorável à aplicação de regras para delimitar aquilo que seja informado, mas com todas as ressalvas que o caso apresenta - sobretudo o respeito ao interesse maior da informação.

E, quanto à grande jornalista - que escolha melhor seus amores, posto que política e imprensa não podem dormir em uma mesma cama... figurada ou literalmente. Conhecer Digaê 18:37, 21 Abril 2007 (UTC)


Puxo traço pois a mensagem ficou enorme, tento ajudar a localização visual de quem foir ler

Quando eu fiz meu comentário inicial me passavam pela cabeça mais ou menos as preocupações do André, mas resolvi não me estender pois correria o risco de ser interpretado como, hum, neurótico ou algum outro rótulo que agora meu sono não me permite pensar. O André cita o caso de políticos que enciclopedicamente se faz necessário informar certas coisas da vida privada e eu adiciono mais duas categorias de "profissionais", que podem vir a se tornar numa lista maior conforme o contexto.
  1. Papas da Igreja Católica — como que alguém pode conseguir compreender perfeitamente as centenas de rebeliões religiosas que a Europa teve durante séculos, culminando na bem-sucedida "encabeçada" pelo Martinho Lutero sem entender que, de forma comprovada por historiadores inclusive ligados à Igreja Católica Apostólica Romana, eles eram os últimos a levar em consideração mandamentos do credo que representavam? Nesse caso, para citar apenas um tipo de personalidade remota, dados pessoais são extremamente esclarecedores e passam longe da fofoca.
  2. Artistas plásticos e artistas literários, enfim, artistas que produzem ao invés de "apenas" reproduzir/representar e intelectuais — acredito que cada pessoa, por mais leiga que seja em um assunto, conhece no mínimo um artista ou intelectual que teve a sua produção da forma como ela foi por conta de sua história de vida, por conta dos dados menores de vida privada. Seria outro momento que suprimir esses pequenos detalhes da vida pessoal poderia vir a fazer com que um verbete perdesse a sua qualidade e quem o consultasse terminasse não se esclarecendo da forma como deveria.
A política da Wikipedia em inglês é, como você mesmo disse, Ozalid, vaga, porque se tem de ser vago nesse caso. Ao invés de produzir uma regra que proibisse determinados dados de figurarem em biografias, acredito que esta Wikipédia também deveria seguir o modelo de fazer o editor se perguntar no que esta informação contribui para compreender este assunto? Ela é apenas curiosidade para fãs ou é informação para se entender uma cadeia de fatores? Infelizmente esse não seria, a meu ver, dar um passo adiante, mas sim dar um passo em falso.
Soma-se a isso, ainda, outro fator, que acredito que deva ser levado em conta. Ao adotar uma ética profissional, você passa a pensar e agir como determinada carreira, mesmo sem perceber. Não sei em Portugal, mas no Brasil, para se exercer diversas atividades ou até mesmo montar um mero jornal, quer seja de um clube de bairro, quer seja de um sindicato, quer seja um de venda nacional, quer seja uma revista para divulgar as pesquisas de uma universidade, é obrigatório por lei ter um jornalista responsável pelo mesmo, dirigindo o mesmo, e em muitos cenários diversos textos podendo ser escritos apenas por jornalistas. É uma atitude que beira o desrespeito à liberdade de expressão e de informação, mas é uma atitude regulamentada por uma lei. A lei havia sido derrubada, mas foi reposta em prática daí a alguns meses. É a chamada reserva de mercado aos profissionais de comunicações sociais. A quantia de faculdades oferecendo cursos na área aumenta escandalosamente e, ao invés de se tentar avaliar tais profissionais pela qualidade e formação acadêmica (tal como é feito no Brasil com o exame de ordem para os advogados), tal classe prefere forçar que o mercado lhe dê emprego em diversos setores.
  • Existindo tal lei, e um wikipedista passando a ser virtualmente (no sentido que a palavra passou a ter com a Internet e em seu sentido original) um jornalista ao se adotar o código profissional de tal categoria, poderemos ter, em breve, um juiz proibindo dos editores brasileiros editarem na Wikipédia. Isso não é surreal. Estamos falando de um país que juízes foram comprados para proferirem sentenças transformando máquinas de jogos de azar em meros videogames. Do mesmo jeito que a categorização de inocentes videogames receberam um zoomem sua realidade, por que uma categoria profissional também não poderia receber outro zoom?
  • Cuidado similar eu estou tendo de tomar no Wikisource, com relutância. Me explicando: está novamente em tramitação no Brasil lei que regulariza a profissão de historiador. Regularizar a profissão não é nada de mais, desde que a regulamentação da mesma não tenha por detrás de si o conceito de reserva de mercado que exemplifiquei acima com os jornalistas. Mas o projeto para regularizar a profissão de historiador no Brasil está imerso em tal conceito. O Wikisource tem referência a atividades históricas desde em seu nome. Eu estou sendo forçado, já a quase duas semanas, a além de refletir em formas que deixe visível a quem se interessar por tal projeto o que ele é, as diferenças de outros acervos virtuais com relação à ele, que editar uma página com texto não é a grande chance da vida de re-escrever a obra que você mais odeia etc, a também refletir sobre como não fazer seus editores serem enquadrados em alguma espécie de historiadores, o que viria a causar conflito com tal regulamentação, com o adicional que não posso deixar serem enquadrados em espécies de arquivologistas e/ou de biblioteconomistas. Missão quase impossível. Mas lá eu sou forçado a ter esse esforço, aqui poderemos nem correr tal risco, mesmo porque, adotar tal código de ética, como exemplifiquei acima, poderá acarretar em perda editorial para muitos verbetes.
Cachorrinho está latindo lá no fundo do quntal 03:31, 23 Abril 2007 (UTC)

Porquê complicar, se a roda já foi inventada?[editar código-fonte]

É natural, por nunca ter havido essa reflexão, que surjam grandes receios e confusões quando se fala de jornalismo e de ética jornalística. E, no entanto, nada pode haver de mais seguro e prático do que adoptar normas que já foram reflectidas por outros até à exaustão. As próprias dúvidas que colocam sobre os códigos revelam bem como a Wikipédia está à deriva nesta matéria e como a roda já foi inventada há muito. Vejamos...

  • Primeira confusão. Tal como é dito na proposta, ela diz respeito unicamente a matérias da actualidade e a pessoas vivas. Não pretende esconder a vida privada dos Bórgia nem do rei Eduardo VII. Para além disso, decorre dos próprios códigos que a relação de peso entre o valor da privacidade e o da informação pública se inverta quando as pessoas morrem (e não só).
  • Segunda confusão. A proposta não pretende nem pode fazer dos wikipedistas jornalistas. O que pretende é que os wikipedistas, na sua actividade de tratamento de matérias da actualidade, tenham presente, enquanto princípios orientadores e não para cumprimento pormenorizado, aquilo que rege as pessoas que mais percebem de tratamento de matérias da actualidade, isto é, os jornalistas. Na prática, e isso está na proposta, os códigos de ética servirão para decidir que fontes são válidas e que fontes são inválidas para uso na Wikipédia, conforme os assuntos em causa.
  • Terceira confusão. Qualquer um dos códigos (curioso que sejam tão parecidos, não?) não fala apenas do direito à privacidade. Lendo os comentários acima, ficar-se-ia com a ideia de que quem escreveu os códigos nunca pensou no assunto do direito do público à informação. Dir-se-ia, mesmo, que aqueles códigos serviriam para justificar a sonegação de informação ao público. Se lerem os códigos com atenção, verão que, a par (ou acima) do direito à privacidade, também está o direito do público à informação. A verdadeira questão está sempre em procurar encontrar o equilíbrio entre um direito e outro. Isso só pode ser feito analisando caso a caso. O facto da vida privada que se vai revelar é informação de utilidade pública? Ou é uma mera fofoca? A resposta a essas perguntas só pode ser encontrada pela análise do caso. Os códigos de ética são apenas a ferramenta, os critérios (hoje inexistentes), com que se deve fazer essa análise.
  • Quarta confusão. Pelos comentários, dir-se-ia, também, que os códigos de ética jornalística são exclusividade dos jornalistas e que mais ninguém tem sequer o direito de usá-los. Perdoem-me a assertividade da negação, mas nada pode haver de mais errado. Seria como dizer que só os cozinheiros têm o direito a usar regras de higiene. Então, no Brasil não se escrevem jornais nas escolas e universidades? Então no Brasil só os jornalistas profissionais escrevem nos jornais? O problema em discussão no Brasil (e não só) é o do acesso à profissão, é o de saber quem pode e não pode ser jornalista profissional e se é ou não obrigatório que em cada jornal exista um número mínimo de jornalistas profissionais. Jornalismo amador existiu sempre, até antes do profissional, e vai existir sempre. A pergunta que pode ser feita é se ele quer ter, pelo menos enquanto objectivo, a mesma qualidade e verticalidade ética que deve ter o profissional, ou se não quer.

Acima de tudo, lembrem-se de que nós não estamos a inventar a roda. Todas as questões de que se possam lembrar, sobre tratamento da actualidade, ― não tenham a mínima dúvida sobre isso ― foram reflectidas e discutidas até à exaustão pelos autores dos dois códigos apresentados e por gerações sucessivas de pessoas que não fizeram mais nada na vida senão falar da actualidade. Abraços, Ozalid 13:21, 23 Abril 2007 (UTC)

Estou na linha do Lugusto, na primeira mensagem desta página. Acho que o corpo de políticas já existente, nomeadamente:

  1. Princípio da imparcialidade
  2. Verificabilidade
  3. Cite as fontes
  4. Nada de pesquisa inédita

são suficientes para lidar com casos que esta proposta se propõe tratar. Também sou da opinião que algo como en:Wikipedia:Biographies of living persons deva existir. Lijealso 13:53, 23 Abril 2007 (UTC)

Tem-se visto as maravilhas de resultados que as actuais políticas, sempre consideradas mais do que suficientes, têm dado. Ozalid 13:58, 23 Abril 2007 (UTC)

Se as pessoas não as entendem ou não as conseguem por em prática em casos concretos, isso agora é outro problema, que também pode ser analisado. Nunca fui da opinião que o corpo geral da documentação da wiki.pt fosse suficiente, muito pelo contrário. Mas sobre o assunto relativo a esta proposta em particular já dei a minha opinião acima. Lijealso 14:14, 23 Abril 2007 (UTC)

Bem, então, caro Lijealso, explique-me lá, porque eu ainda não percebi, como é que as políticas que me citou conseguem afastar as fofocas da wikipédia. Abraço, Ozalid 22:14, 23 Abril 2007 (UTC)