Usuário:DAR7/Testes/História de Curitiba/História do Boqueirão, do Alto Boqueirão e do Hauer

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1693[editar | editar código-fonte]

Em 1693, as primeiras menções às regiões do Boqueirão, Alto Boqueirão e Hauer, vêm da metade do século XIX, momento em que as propriedades dos primeiros exploradores passaram a compreender um território na época ocupado por campos, capões de araucárias e pela formação vegetal de pântanos dos rios Iguaçu e Belém.[1]

1856[editar | editar código-fonte]

Em 1856 se possui a primeira menção à Fazenda Boqueirão, como herdade de Manuel Antônio Ferreira. Velhos residentes se referem a um enorme pântano em uma superfície que atingia mais de mil alqueires. Os limites da propriedade compreendiam regiões do Alto Boqueirão, Xaxim e porção da ex-Vila Hauer. em 1862, em um documento da Câmara Municipal, se diz que ela tinha 400 cabeças de gado e 100 cavalos. Naquele momento, parte das fazendas e das propriedades da região cultivavam milho e feijão. Com o falecimento de Manoel Antônio Ferreira, em 1885, a propriedade foi subdividida em três porções: a maior competiu ao seu herdeiro, major Theolindo Ferreira Ribas, outra à sua herdeira, Ubaldina de Sá Ribas e a terceira, e menor porção, foi concedida Amélia Ferreira do Valle, filha testamentária associada à família por uniões afetivas ou de parentesco isolado. Todas as três denominadas Boqueirão. Aos demais descendentes sobraram uma residência no Largo do Chafariz, atual Largo da Ordem, e os animais de criação da propriedade. Em 1871, um dos maiores caminhos da região, hoje Avenida Marechal Floriano Peixoto, era acessível, desde o início como uma extensão da Rua do Rosário. No desfecho do século XIX Já era conhecido em Curitiba e na região o colono alemão José Hauer, que veio ao Brasil em 1865, e em pouco mais de duas décadas, se converteu em um dos homens mais endinheirados da cidade.[2]

1900[editar | editar código-fonte]

Em 1910, o major Theolindo cedia sua porção da propriedade a Victor Ferreira do Amaral, Homero Ferreira do Amaral e Alexandre Harthey Gutierrez. Conforme o documento, o preço da cessão era de 50 contos de réis. Consoante depoimentos, a matriz principal da propriedade, na porção elevada do terreno, era uma residência bastante linda, de alvenaria e com dois pavimentos. No seu entorno, diversas árvores frutíferas ocupavam toda a paisagem. A outra residência da propriedade se encontrava situada na porção baixa das terras, perto da fazenda da família Hauer. Ainda em 1910, José Hauer decidia retornar à Alemanha em consequência de dificuldades de família, acabando de ceder todo o seu patrimônio. Pouco antes já havia cedido o famoso “Castelinho Hauer”, na Rua do Rosário, para as irmãs do Colégio da Divina Providência.[3]

1915[editar | editar código-fonte]

Conforme o mapa do município de 1915, arrolado pelos engenheiros Francisco Gutierrez Beltrão e Arthur Martins Franco, a região do Boqueirão representava, até então, prevalentemente constituída por pântanos e várzeas. As escassas áreas de florestas ou capão se encontravam centralizadas no decorrer do rio Belém e na porção meridional do bairro. Hauer e Alto Boqueirão na época não eram mencionados no mapa. O atual território do Hauer está localizado na parte conhecida por Xaxim Cercado e Alto Boqueirão no interior do território do Boqueirão.[4]

1930[editar | editar código-fonte]

Em 1933, as famílas Amaral e Gutierrez, as quais naquele tempo empregavam a propriedade para se hospedar, criaram a Companhia Territorial Boqueirão. Esta empresa tinha a incumbência da divisão em lotes da propriedade, que começou em 1934, no momento que foram cedidos os primeiros quinhões. Os militares ganharam uma concessão de terras da sociedade, o que provocou a mudança da unidade militar do Bacacheri ao Boqueirão em 1938. Naquele janeiro, somente dois pavilhões se encontravam edificados. A existência de um quartel fora de suma importância para trazer novos residentes como as primeiras obras infraestruturais, realizadas pelos mesmos militares, como a construção de mais uma parte da Marechal e o abastecimento, mesmo que limitado, de eletricidade.[5]

1934[editar | editar código-fonte]

Em 1934, afiliados de um grupo evangélico, exerceria grande influência sobre o passado do bairro e arrabaldes, se instalaram em uma propriedade próxima ao Boqueirão. Chamados de menonitas, eles haviam vindo da Rússia, em que o governo apreendeu suas fazendas após a instalação do comunismo, em 1917. Em 1936, a Escola Boqueirão, mais instituição educacional do bairro, procedência do atual Colégio Erasto Gaertner, foi erguida pelos menonitas. Com o aumento da população, nasciam opções de diversão. No segundo meado da década de 1930 já eram tradicionais os bailes da Sociedade 5 de Julho, fundada precisamente em 5 de julho de 1933. Outro lazer, embora proibido, eram as corridas de carroça, na região do Xaxim e Boqueirão. No desfecho da década, era determinado o projeto da Marechal Floriano, no interior da divisória em lotes da fazenda Boqueirão e a região recebia seu mais antigo armazém, pertencente ao Sr. Paulo Augusto.[6]

1940[editar | editar código-fonte]

Quando começou o método de divisão em lotes da fazenda Boqueirão, a Companhia Territorial liberou uma superfície para a edificação de uma ermida no bairro. No começo da década de 1940, o povoado — que naquela época estava subordinada à Paróquia do Imaculado Coração de Maria — foi agraciado com a Capela do Carmo. Embora haja acolhido seu santuário e passado a se desenvolver, a região estava excluída no momento que foi terminado, em 1943, o "Plano Agache" (transformação urbana da cidade mandada fazer ao arquiteto francês Alfred Agache). Neste projeto, Hauer, Boqueirão foram mencionados como área pantanosa do baixo Belém. Para resolver as questões, os incumbidos do projeto presumiram que seria importante a irrigação de parte dos rios Iguaçu e Belém, o que causaria elevados dispêndios. A conclusão mostrada fora a de que, para essa região, não se expandissem construções e caminhos, isto já que, para os profissionais, a região possuía vocação agrária e não iria progredir muito. Os janeiros posteriores provariam o oposto.[7]

1945[editar | editar código-fonte]

Em 1945, a Cooperativa Mista do Boqueirão foi criada pelos menonitas. Era o começo das leiterias que se transformaram em um das marcas da região. A cooperativa surgia com o objetivo de fazer do trabalho mais eficiente e de dominar os problemas em grupo. Entretanto, como eram alemães, e a Segunda Grande Guerra até então não havia acabado, a gestão da cooperativa não pôde estar sob responsabilidade de seus fundadores. Apenas como o arrolamento determinado, em 1947, David Tows, começou a comandá-la. David permaneceu somente três janeiros com a administração dos empreendimentos, porque morreu no começo dos anos 1950. Até então, os problemas eram vários, especialmente as enormes distâncias que isolavam o bairro de outras regiões, principalmente do centro, em que era comercializado o quinhão. A transportação era realizada em charretes e o leite vendido era o cru (não pasteurizado), que era envasado e cedido para a freguesia. No entanto, já que era inferior a qualidade do caminho até o centro, era uma constante os charretes acharem buracos, fragmentando em pedaços grande parte das garrafas.[8]

1950[editar | editar código-fonte]

No decorrer da década de 1950, a região passava a alterar os prognósticos realizados no Plano Agache, desenvolvendo suas fontes de renda. Nasceram clubes de futebol, como o Tupinambá Futebol Clube e a Associação Atlético Boqueirão. A Marechal Floriano Peixoto vinha a ser pavimentada e a energia elétrica começava a trazer luz a várias casas. Em 1957, abria as portas o ginásio Erasto Gaertner, em tributo ao prefeito da cidade, morto em 1953. No dia 6 de setembro de 1957, era criada a Sociedade Recreativa Beneficente Boqueirão. Em 1959, outro ponto comercial fora erguido no Boqueirão, a Casa Blumenau, subordinada à família menonita Heinrichs. No mesmo janeiro, era fundada a Paróquia do Carmo, não no mesmo lugar da ermida, mas na avenida Marechal Floriano Peixoto. Ainda no desfecho da década fora proibida a comercialização de leite cru em Curitiba. O acontecimento conduziu ao nascimento, na região, da Cooperativa de Laticínios de Curitiba, atual Clac, congregando os leiteiros da cidade.[9]

1960[editar | editar código-fonte]

Em 1961, o Alto Boqueirão passa a sofrer o mesmo processo de divisão em lotes vivenciado por Hauer e Boqueirão no decorrer da década de 1940. Era o início de um forte crescimento populacional que o bairro experimentaria nos decênios posteriores. Além das dificuldades como habitação, distribuição de água e saneamento básico, o sistema de transporte coletivo era de qualidade inferior. Antigos residentes recordam que havia transporte somente a cada momento e que várias ocasiões ele apresentava erros. Para grande parte dos moradores da região ir ao centro da cidade, continuava a ser uma ação arriscada.[10]

1965[editar | editar código-fonte]

A região progredia e, a cada jornada, as fábricas, que se uniam ao panorama de pradarias e residências. Em agosto de 1965, uma superfície de 106 305 m² do bairro Hauer convertida em propriedade da empresa Placas do Paraná. Vinha ao Hauer uma tecnologia moderna na fabricação e reutilização de madeiras para a indústria de móveis. As notícias e as excelentes novidades vieram de maneira acelerada. Às 18 horas de 22 de novembro de 1966, uma prensa com 3,70 m por 1,70 partia a mais antiga placa de partículas produzida no Brasil. Hauer e Placas do Paraná passavam à história da indústria madeireira e moveleira do Brasil.[11]

1973[editar | editar código-fonte]

Com o progressivo desenvolvimento fabril e encarecimento da região, novas fábricas a foram indicando para se implantar. Em abril de 1973, uma pequena companhia denominada Velas Guanabara começava a funcionar em um barracão o qual naquela época havia sido utilizado como estrebaria para os animais dos leiteiros alemães que povoaram a ex-fazenda Boqueirão. No começo, a indústria fabricou somente velas para iluminação. Apesar disso, em 1975, os fazendeiro José Wlodkovski começava o erguimento de primeira matriz própria, no Alto Boqueirão. Bairro e fábrica se expandiam juntos. Na década de 1980, a fábrica já beneficiava cera para assoalho, querosene, sabão em pó, detergentes, cera líquida e água sanitária. Além disso, do Alto Boqueirão passavam a ser vendidas parafinas para todo o Brasil, porque a fábrica havia se transformado uma das comercializadoras das refinarias da Petrobrás.[12]

1976[editar | editar código-fonte]

Em 1976, um rapaz de somente dezesseis anos ganhava um desafio em um dos escritórios os quais já integravam o bairro Hauer: ser empossado gradativamente de toda a transportação de produtos da empresa Placas do Paraná, já até então a maior fábrica da região. O jovem não tardou muito para trabalhar e, no mesmo ano de 1976, a Transesp — denominação que concedeu à companhia — realizava o descarregamento dos pátios das Placas do Paraná toneladas de cola com somente um caminhão-tanque. Os excelentes trabalhos foram recebendo credibilidade. Em 1977, a companhia começa a se responsabilizar da condução de aglomerados para as regiões sul, sudeste e centro-oeste e, em 1979, já carregava 100% dos aglomerados, em condições de completa proteção contra a insolação e a pluviosidade. Em 1981, a companhia levava ao extremo sua especialidade na transportação de produtos químicos, vindo à década de 1990 como uma das companhias mais seguras na área.[13]

1981[editar | editar código-fonte]

A região iniciou a década de 1980 acolhendo a chegada do papa João Paulo II, que participava de desfile pela avenida Marechal Floriano. A chegada aparenta ter benzido os bairros. No decorrer da década, o transporte coletivo se apresentava bem melhor, com a edificação de terminais e a operação do Sistema Expresso. O mais antigo terminal da região foi o do Boqueirão, aberto oficialmente em setembro de 1980. Transcorrido um janeiro, abriu as portas o terminal da "Vila" Hauer. Em julho de 1989 teve suas portas abertas o terminal do Carmo. Em 29 de março de 1982 era aberto pela primeira vez o zoológico do Parque Iguaçu. A região recebia novos ares. Com a expansão e o desenvolvimento, um grupo de residentes fundou um movimento para alterar a denominação do bairro Boqueirão. A campanha explicava-se na premissa de que a designação Boqueirão poderia ter uma associação pejorativa com a gíria "boca" conduzindo a provocações a respeito dos "inferninhos" que há certo momento se espalhavam na região. Dentre as propostas para novas denominações se encontravam Jardim Pinheiros, Jardim Europa e Interlagos. Apesar disso, habitantes da mesma região se responsabilizavam com demais problemas.[14]

1995[editar | editar código-fonte]

Em consequência do desenvolvimento da cidade, sua urbanização, troca de hábitos e comércio, a Cooperativa Mista do Boqueirão foi à falência em 1992. As leiteiras foram pouco a pouco sendo sucedidas por demais fontes de renda, como as lojas e companhias de vestidos, várias delas baseadas na área de malhas e tecidos. Em 1992, nascia o Polo das Malhas, que viria ao término da década com cerca de duzentas lojas. Três janeiros mais tarde, abria as portas a mais antiga Rua da Cidadania da cidade, complexo o qual compreende, em apenas um endereço, comércio, lazer e serviços municipais. No Hauer, os habitantes mais antigos até então não haviam perdido o hábito de denominar o bairro de vila. No Alto Boqueirão, milhões de residências já formavam o cenário, decorrência direta das divisões em lotes e das ocupações ilegais de terras que, a partir dos anos 1970, aconteciam na região.[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

Referências

  1. Fenianos 2000, p. 17.
  2. Fenianos 2000, p. 18.
  3. Fenianos 2000, p. 19.
  4. Fenianos 2000, p. 20.
  5. Fenianos 2000, p. 21.
  6. Fenianos 2000, p. 22.
  7. Fenianos 2000, p. 23.
  8. Fenianos 2000, p. 24.
  9. Fenianos 2000, p. 25.
  10. Fenianos 2000, p. 26.
  11. Fenianos 2000, p. 27
  12. Fenianos 2000, p. 28.
  13. Fenianos 2000, p. 29.
  14. Fenianos 2000, p. 30.
  15. Fenianos 2000, p. 31.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fenianos, Eduardo Emílio Fenianos (2000). Boqueirão, Alto Boqueirão e Hauer: Gigantes pela própria natureza. Curitiba: UniverCidade