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Bandeira do estado de Santa Catarina.

A História de Santa Catarina é uma série de conhecimentos da história do Brasil, dirigida para a investigação dos fatos históricos a partir das primeiras expedições exploradoras, no século XVI, até os dias de hoje. Como em toda a costa do Brasil, várias expedições exploraram o litoral de Santa Catarina a partir do começo do século XVI. Em 1532, uma delas, a de Sebastião Caboto, nomeou a ilha dos Patos de Santa Catarina. O interior encontrava-se fora da linha divisória lusitana do Tratado de Tordesilhas. Em 1534, o território foi concedido a Pero Lopes de Souza, irmão de Martim Afonso de Souza, donatário da capitania de São Vicente. Só um século depois é que, realmente, se iniciaram os primeiros trabalhos de colonização na região, com a fundação de pouquíssimas povoações, como o de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco e o de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis.[1]

Para impulsionar ainda mais o povoamento na região e consolidar toda a Região Sul do Brasil depois do Tratado de Madri, a metrópole começou a estimular a imigração açoriana, tanto para Santa Catarina quanto para o Rio Grande do Sul, ambos elevados à categoria de capitanias. Eram esses colonizadores que lançaram as bases da colonização e da exploração da terra, principalmente do litoral. O planalto catarinense permaneceu pouco desbravado. Por meio de Lages, dava-se mais oportunidade ao percurso dos tropeiros, que viajavam entre o sul, São Paulo e Minas Gerais.[1]

Na época da Regência, a província estava envolvida na Guerra dos Farrapos (1835-1845), em que liberais federalistas e republicanos se revoltaram contra o governo imperial, devido ao encarecimento da exportação de charque para outros mercados. No Segundo Reinado e na República Velha, com o incentivo da política de imigração oficial, Santa Catarina acolheu grande número de alemães, italianos e eslavos, que se fixaram nas colônias do Vale do Itajaí. Estruturados em propriedades familiares pequenas e produtivas, os imigrantes aumentaram a colonização do território. Percorreram o planalto acima e foram para o oeste. Dessa forma assentaram as bases de uma economia rural e urbana variada, que tornaria a agroindústria de Santa Catarina uma das mais desenvolvidas do Brasil. Esse desenvolvimento, porém, não foi realizado sem guerras, seja com as populações indígenas, muitas delas exterminadas, seja com migrantes e posseiros provenientes de outras regiões. Durante a Guerra do Contestado, de 1912 a 1916, agricultores empobrecidos entram em conflito armado devido às abundantes reservas de terras férteis e florestas do noroeste do estado.[1]

Da década de 1940 para frente, a base social, econômica e cultural criada pelos imigrantes não foi modificada pela modernização do país. Nas cidades mais próximas à costa, como Joinville, Brusque, Blumenau e Criciúma, o artesanato familiar se desenvolveu para a inovadora e variada atividade industrial. No interior, as pequenas e médias propriedades familiares contribuem para o sustento e a expansão de enormes indústrias de madeira e alimentos em Lages, Chapecó, Joaçaba, Concórdia e demais cidades.[1]

Expedições marítimas europeias[editar | editar código-fonte]

Navegantes de uma série de países visitaram a região litorânea das terras que formam o atual estado de Santa Catarina. Com exceção da debatida versão da participação do francês Binot Palmier de Gonneville, o qual aí estaria durante seis meses, em 1504, não há dúvida quanto à chegada dos portugueses, Nuno Manuel e Cristóvão de Haro, os quais por ali percorreram, em 1514, e denominaram a ilha de Santa Catarina de ilha dos Patos. Um ano depois, Juan Diaz de Solis dirigiu-se ao rio da Prata. Os índios carijós receberam muito bem os onze náufragos daquelas expedições e começaram a se miscigenar intensamente com eles. Estes aborígenes caçavam e pescavam, costumavam ser excelentes tecelões de redes de dormir, esteiras e cestos e desenvolviam objetos feitos de rochas.[2]

Uma série de expedições aportaram na costa de Santa Catarina em rumo ao rio da Prata: D. Rodrigo de Acuña, em 1525, havia deixado 17 tripulantes na ilha, onde se estabeleceram como voluntários. Sebastião Caboto, entre 1526 e 1527, aí se abasteceu, rumou para o rio da Prata e voltou. Depois de Caboto, nela chegaram Diego Garcia e, em 1535, Gonzalo de Mendoza. Em 1541, Álvar Nuñez Cabeza de Vaca saiu da ilha de Santa Catarina para cruzar a Serra do Mar e alcançar por via terrestre o Paraguai.[2]

Mantendo sempre o propósito de tomar posse do Brasil meridional, o governo espanhol nomeou Juan Sanabria governador do Paraguai, com a missão de colonizar o rio da Prata e povoar também o porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Com a morte de Juan Sanabria, tomou posse seu filho Diogo. Alguns navios da expedição lograram chegar à ilha de Santa Catarina, onde os espanhóis permaneceram dois anos. Dividiram-se em dois grupos: um deles rumou para Assunção; o outro, chefiado pelo piloto-mor Hernando Trejo de Sanabria, estabeleceu-se em São Francisco, de onde, após as maiores privações e sempre sob a ameaça de ataque pelos silvícolas, seguiu para Assunção.[2]

Merecem destaque na passagem da expedição de Sanabria o fato de tê-la integrado Hans Staden, que legou interessante narrativa da viagem, e o nascimento, em São Francisco, do filho de Hernando, Herdinando Trejo de Sanabria futuro bispo e fundador da Universidade de Córdoba, na Argentina. Ainda em 1572, Ortiz de Zarate, a caminho de Assunção, esteve sete meses em Santa Catarina, onde praticou incríveis e inúteis violências. Foi esta a última expedição espanhola à região.[2]

Os aborígines da região foram catequizados, a partir de 1549, por jesuítas que viajaram em companhia do governador-geral Tomé de Souza, sob a chefia do padre Manuel da Nóbrega. Os jesuítas empenharam-se com ardor nessa missão, colocando-se como obstáculo às tentativas dos colonizadores portugueses de escravizarem os índios. Não conseguiram, contudo, levar a bom termo sua tarefa e, já em meados do século XVII, desistiram da catequese no sul.[2]

Com a divisão do Brasil em capitanias hereditárias, a costa catarinense até a altura de Laguna, e mais tarde dois terços da do Paraná, formaram a capitania de Santana, o último quinhão do sul, doado a Pero Lopes de Sousa. Nem o donatário nem seus herdeiros providenciaram a colonização. O território, após um litígio de dois séculos entre os herdeiros de Pero Lopes e os de seu irmão Martim Afonso de Sousa, foi, no começo do século XVIII, comprado pela coroa, juntamente com as terras do Paraná e grande parte de São Paulo. Ao mesmo tempo, a Espanha considerava indiscutível seu direito a esses territórios e recomendava aos adelantados a conquista e povoamento não só da ilha como do litoral.[2]

Ocupação portuguesa e fundações litorâneas[editar | editar código-fonte]

Os aborígenes da região foram catequizados, a partir de 1549, por jesuítas que viajaram em companhia do governador-geral Tomé de Souza, sob a chefia do padre Manuel da Nóbrega. Os jesuítas empenharam-se com ardor nessa missão, colocando-se como obstáculo às tentativas dos colonizadores portugueses de escravizarem os índios. Não conseguiram, contudo, levar a bom termo sua tarefa e, já em meados do século XVII, desistiram da catequese no sul.[2]

Com a divisão do Brasil em capitanias hereditárias, a costa catarinense até a altura de Laguna, e mais tarde dois terços da do Paraná, formaram a capitania de Santana, o último quinhão do sul, doado a Pero Lopes de Sousa. Nem o donatário nem seus herdeiros providenciaram a colonização. O território, após um litígio de dois séculos entre os herdeiros de Pero Lopes e os de seu irmão Martim Afonso de Sousa, foi, no começo do século XVIII, comprado pela coroa, juntamente com as terras do Paraná e grande parte de São Paulo. Ao mesmo tempo, a Espanha considerava indiscutível seu direito a esses territórios e recomendava aos adelantados a conquista e povoamento não só da ilha como do litoral.[2]

Na década de 1640, Manuel Lourenço de Andrade, um português que vivia em São Vicente, fundou uma povoação no rio de São Francisco, para onde se mudou com a família. Mais tarde foi designado capitão-mor dessa povoação, que em 1660 foi elevada a vila com o nome de Nossa Senhora da Graça do Rio de São Francisco, constituindo a primeira fundação estável da costa catarinense.[2]

Por volta de 1675, estabeleceu-se na ilha de Santa Catarina o paulista Francisco Dias Velho, que ergueu uma igreja em louvor de Nossa Senhora do Desterro. A ele se atribui a mudança do nome da ilha dos Patos para ilha de Santa Catarina, de quem, ao que consta, uma filha dele tinha o nome. (Entretanto, outros atribuem a autoria do nome a Sebastião Caboto, que teria consagrado a ilha a santa Catarina ou, antes, prestara homenagem a sua mulher, Catarina Medrano.) Francisco Dias Velho dedicava-se à cultura da mandioca e da cana-de-açúcar, à pesca e à procura de ouro. Quinze anos mais tarde, Dias Velho e sua gente aprisionaram um navio pirata que arribara na ilha e mandaram homens e cargas para São Vicente. Passaram-se dois anos e os corsários voltaram; Dias Velho foi morto e sua família, maltratada e em desespero, retornou a São Vicente. A povoação ficou abandonada.[2]

Laguna foi outro ponto do litoral povoado na mesma época. Domingos de Brito Peixoto, também paulista, organizou uma bandeira para tomar conta de terras desabitadas ao sul e, em 1676, fundou Santo Antônio dos Anjos de Laguna. A povoação teve vida incerta e o bandeirante despendeu nela toda sua fortuna, com o objetivo de dar-lhe estabilidade. Buscou recursos no aprisionamento do gado nativo e na caça ao gentio e, só em 1696, deu início à construção da matriz local. No início do século XVIII, Laguna, pequena e pouco habitada, vivendo de uma agricultura rudimentar e da exportação de peixe seco para Santos e o Rio de Janeiro, era o mais importante núcleo da costa catarinense.[2]

Primeira metade do século XVIII[editar | editar código-fonte]

A abertura, em 1728, do caminho que ligaria as pastagens do Rio Grande do Sul ao planalto paulista representou sério abalo para Laguna, que perdeu progressivamente sua posição proeminente, e foi deixando de ser entreposto único de comércio e foco de expansão do Sul.[2]

A grande era da história catarinense ia começar com o governo do brigadeiro José da Silva Pais. Em 1726, o povoado de Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, foi elevado a vila. A atenção dada à ilha aumentou e em 1737 chegaram as primeiras forças de linha. No ano seguinte foi nomeado governador Silva Pais, que chegou em 1739, diretamente subordinado ao Rio de Janeiro. As primeiras providências tiveram caráter militar. Do uniforme das milícias, e especialmente da cor do colete, deriva, para os habitantes da terra, o apelido de "barriga-verde", que nada tem de pejorativo.[2]

Os interesses portugueses no Sul aconselhavam a manutenção e o fortalecimento dos povoados litorâneos. Com tal objetivo, Laguna foi elevada em 1774 à categoria de vila, passando a exercer o papel de posto avançado para a conquista do Rio Grande do Sul. Dali partiram expedições que atingiram a colônia do Sacramento e Montevidéu e, de passagem, arrebanharam gado e aprisionaram indígenas. Enquanto isso, Desterro, onde se haviam instalado os povoadores, ia vivendo como "mera pescaria" -- lugar procurado para refresco de navios piratas, que eram recebidos sem nenhuma hostilidade.[2]

Desde o começo do século XVIII, Santa Catarina esteve sob a jurisdição da capitania de São Paulo. As lutas no Prata representaram pesado encargo para os catarinenses, que não só tiveram seus filhos convocados às armas, como foram obrigados a suprir tropas estacionadas ou de passagem, em troca de vales como pagamento. Nessa ocasião, toda a costa meridional brasileira, até a ilha, passou à jurisdição direta do Rio de Janeiro, por razões estratégicas que também aconselharam a ocupação eficaz do mesmo território.[2]

Com esse objetivo, recorreu-se à imigração açoriana. De 1748 até 1756, em sucessivas levas, chegaram cerca de cinco mil açorianos, a maior parte dos quais fixou-se em Santa Catarina. Os novos colonos foram distribuídos pelos pontos já mencionados, recebendo doações de terras na ilha e no continente fronteiro. As dificuldades que tiveram de ser vencidas foram inúmeras, desde as péssimas condições da viagem até a inadaptação à terra onde deveriam fixar-se.[2]

Segunda metade do século XVIII[editar | editar código-fonte]

O governo de Santa Catarina, na segunda metade do século XVIII, abrangia as três fundações litorâneas. O sertão não era explorado nem povoado: essa seria mais tarde a missão de D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, morgado de Mateus, governador da capitania de São Paulo, interessado em garantir o domínio português sobre a região e o escoamento do gado do Rio Grande do Sul para São Paulo. Com tal finalidade, encarregou um abastado paulista, Antônio Correia Pinto, de estabelecer povoação na paragem denominada Lajes. Houve protestos contra a invasão de território fora de sua jurisdição, mas o morgado não lhes deu atenção. Guaratuba, no litoral, foi povoada também por ordem sua, e em 1775 fundou-se a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Lajes.[2]

Esse foi o primeiro núcleo de povoação da serra. Perdida no interior, sem comunicação com o litoral, tendo precária ligação com Curitiba e São Paulo, Lajes vegetou durante todo o século. Em seus campos, ocupados por uma população escassa, estabeleceram-se fazendas de criação de gado. De Lajes partiram mais tarde os povoadores de Campos Novos e Curitibanos, que estenderam a fronteira pastoril.[2]

Quando irrompeu a guerra entre Portugal e Espanha, a ilha de Santa Catarina, mal defendida apesar de sua importância estratégica e abandonada pela esquadra portuguesa, que não queria pôr em risco seus navios, foi tomada em 1777 por Pedro de Zeballos, sem que o invasor desse um só tiro ou perdesse um único homem. Dali estendeu-se a conquista de povoado em povoado, com exceção de Laguna, que ofereceu resistência. Um ano depois, a ilha voltou às mãos portuguesas.[2]

Ao lado de uma agricultura de subsistência, da fabricação de farinha de mandioca e da salga de peixe, atividades todas de pouca importância, que não propiciavam oportunidade de enriquecimento, instalaram-se na ilha armações para pesca de baleia, monopólio da coroa concedido a comerciantes reinóis. A extinção do privilégio, no começo do século XIX, desestimulou a atividade, que entrou em decadência.[2]

Toda a capitania, de modo geral, enfrentou, na segunda metade do século XVIII, um período de estagnação, com a agricultura em retrocesso e sua gente onerada com a requisição de produtos para as tropas. Nas primeiras décadas do século XIX, porém, a situação da capitania tinha melhorado um pouco. Pelo testemunho de viajantes, as vilas eram habitadas por pessoas de recursos medianos, não havendo nem grandes fortunas nem miséria gritante.[2]

Independência, primeiro reinado e República Juliana[editar | editar código-fonte]

Em 1820, Lajes passou à jurisdição do governo da ilha, dando a Santa Catarina uma configuração aproximada da atual e retirando da alçada de São Paulo toda a região chamada da serra, seja, o planalto. Devido à precariedade das comunicações, a notícia da independência do Brasil só chegou a Desterro nos primeiros dias de outubro de 1822. O juiz-de-fora e presidente da Câmara, Francisco José Nunes, no dia 11, fez a aclamação do imperador.[2]

Durante o império, a província sofreu, como outras, os prejuízos da descontinuidade administrativa. Teve no período mais de setenta presidentes, entre titulares e substitutos. Sob o governo do brigadeiro Francisco de Albuquerque Melo, em 1829, iniciou-se a colonização de Santa Catarina com imigrantes alemães.[2]

Em 1831, após a abdicação de D. Pedro I, o presidente da província, Miguel de Sousa Melo e Alvim, português de nascimento, foi forçado a renunciar em conseqüência de um levante da tropa. Nesse mesmo ano, em 28 de julho, foi lançado o primeiro jornal publicado na província, com o título de O Catarinense, dirigido pelo capitão Jerônimo Francisco Coelho.[2]

O movimento farroupilha teve considerável repercussão em Santa Catarina, sobretudo na região mais próxima ao Rio Grande do Sul. De 24 de julho a 15 de novembro de 1839, Laguna foi ocupada pelos revolucionários, que ali proclamaram a República Juliana, aliada à de Piratini. Nessa ocasião, Ana de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi, uniu sua vida à de Giuseppe Garibaldi. No planalto, Lajes aderiu à revolução, mas submeteu-se no começo de 1840. Em 1845, a província, já inteiramente pacificada, recebeu a visita de D. Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina.[2]

De 1850 a 1859, Santa Catarina foi governada por João José Coutinho, que demonstrou grande zelo administrativo e particular interesse pela instrução e a cultura, esforçando-se também no incentivo à atividade das colônias de imigrantes. Em 1849 foi fundada Joinville; no ano seguinte, Blumenau; e, em 1860, Brusque.[2]

Colonização estrangeira[editar | editar código-fonte]

Em Santa Catarina, a posse da terra não era base para grandes fortunas e obtenção de títulos de nobreza. Observava-se uma preferência pelo enriquecimento nas atividades urbanas. Em pleno século XX, grandes extensões de terras, no oeste, estavam por desbravar. A sociedade e as lides campeiras do planalto constituíam um tipo de vida quase sem contato com o litoral.[2]

Desde o começo do século XIX, havia planos para a ocupação dos espaços vazios com a vinda de colonos estrangeiros. A primeira tentativa data de 1829, com a instalação de 166 famílias alemãs, oriundas de Bremen, no lugar depois chamado São Pedro de Alcântara.[2]

Quer por iniciativa oficial, quer aliciados por companhias particulares que acenavam com uma nova Canaã, acorreram imigrantes para a província, principalmente alemães e italianos, durante todo o século XIX. Embora muitos tenham sido absorvidos pelas comunidades tradicionais, e em várias colônias situadas nas matas tenha ocorrido o fenômeno da "caboclização" do imigrante, na maioria da colônias criaram-se ambientes próprios, com características marcadas. Desde o início, mantinham uma lavoura de policultura e dedicavam-se a atividades de transformação artesanal-familiar que seriam a origem de futuras fábricas.[2]

Em 1850, os primeiros colonos, reunidos pelo doutor Hermann Blumenau, ocuparam seus lotes à margem do rio Itajaí-Açu. Era o começo da colônia, que o farmacêutico e doutor em filosofia pela universidade alemã de Erlangen decidira levar avante, encarando toda sorte de dificuldades e contratempos. Anos mais tarde, o governo comprou a colônia e manteve o doutor Blumenau à frente dela. Vinte anos após sua criação, contava com seis mil habitantes e 92 núcleos fabris, espraiando-se pela zona do Itajaí-Açu e seus tributários.[2]

Ao norte, nas terras que a princesa D. Francisca recebera como dote de casamento, foi organizado um núcleo pela Sociedade Hamburguesa de Colonização, com o nome da princesa. Os imigrantes ali chegados a partir de 1851 eram alemães, suíços e noruegueses. A colônia D. Francisca possuía regulamento próprio, o qual, entre outras cláusulas, garantia aos colonos o direito de se constituírem em comunas livres e autônomas. Com dez anos de vida contava com três mil habitantes, setenta engenhos de mandioca, trinta de açúcar e mais de trinta fábricas. Joinville também prosperou, em breve ocupando faixas de mata ao longo dos rios Negro e Iguaçu.[2]

A colonização no sul da província, na bacia do Tubarão, foi levada a efeito no final do século XIX. Os colonos eram na maior parte italianos e se dedicavam à lavoura e à vitivinicultura. Foi também nessa área que, mais acentuadamente a partir da segunda guerra mundial, a exploração de carvão de terra constituiu mais tarde importante fator na economia catarinense.[2]

República[editar | editar código-fonte]

A partir de 1870 as idéias republicanas ganharam impulso em Santa Catarina, sobretudo entre os moços. Criaram-se clubes e jornais de propaganda, mas os republicanos não chegaram a conseguir representação na assembléia. Entretanto, a cidade de São Bento elegeu em 1888 a primeira câmara de vereadores no país formada somente de elementos republicanos. A república tomou a província de surpresa, pois em geral se esperava apenas a queda do ministério. Confirmada a proclamação do novo regime, em 17 de novembro, comemorou-se o acontecimento e um triunvirato assumiu o governo.[2]

O primeiro governador do estado de Santa Catarina, nomeado por Deodoro, foi o tenente Lauro Severiano Müller. Mais tarde confirmado pela constituinte de 1891, foi logo deposto com a saída de Deodoro. Uma vez deflagrada, a revolução federalista do Rio Grande do Sul teve pronto reflexo em Santa Catarina.[2]

Seguiu-se uma época de instabilidade política, com sérios entrechoques provocados por motivos locais ou mesmo municipais, e agravados pelos acontecimentos no resto do país. Após a revolta da armada, Santa Catarina foi palco de numerosos episódios da revolução federalista, sendo Desterro proclamada capital provisória da república. Em 17 de abril de 1894, a esquadra ali aportava e ocupava a cidade. Pouco depois, o coronel Antônio Moreira César assumia o governo do estado para exercê-lo com mão de ferro. Entre as incontáveis vítimas desse período de violenta repressão, destaca-se o chefe do governo revolucionário, almirante Frederico Guilherme de Lorena, fuzilado por ordem de Moreira César. Serenados os ânimos, elegeu-se governador Hercílio Luz. Nessa ocasião, a capital do estado passou a chamar-se Florianópolis.[2]

A vida política decorreu a partir daí sem acontecimentos de grande relevo. Havia problemas e cisões dentro do Partido Republicano Catarinense, que, contudo, sempre conseguia recompor-se. Personalidades catarinenses com projeção nacional apareceram neste período, como Vidal Ramos, Adolfo Konder e Vítor Konder. O domínio político, então, não era mais exercido exclusivamente pelas famílias tradicionais do litoral, mas dividido com figuras influentes do planalto e descendentes de imigrantes.[2]

Revolução de 1930. Apenas iniciado, no Rio Grande do Sul, o movimento revolucionário de 1930, Santa Catarina foi o primeiro estado a ser invadido pelas forças que conduziram Getúlio Vargas ao poder. Muito embora fossem sendo vencidas as forças legais, Florianópolis resistiu ao avanço gaúcho, até que a revolução viesse a triunfar em todo o território nacional. De 1930 a 1945, o estado foi governado por interventores federais.[2]

Ao longo desses 15 anos, houve um breve período, de 1935 a 1937, em que o poder executivo estadual esteve entregue ao governador eleito, Nereu Ramos, mantido como interventor pelo Estado Novo, em 1937. O governo de Nereu Ramos distinguiu-se pela preocupação com o setor educacional e com a assistência médico-hospitalar. A infiltração nazista entre os colonos de ascendência alemã radicados no estado foi um dos problemas mais graves enfrentados pelo interventor.[2]

Revolução de 1930[editar | editar código-fonte]

Apenas iniciado, no Rio Grande do Sul, o movimento revolucionário de 1930, Santa Catarina foi o primeiro estado a ser invadido pelas forças que conduziram Getúlio Vargas ao poder. Muito embora fossem sendo vencidas as forças legais, Florianópolis resistiu ao avanço gaúcho, até que a revolução viesse a triunfar em todo o território nacional. De 1930 a 1945, o estado foi governado por interventores federais.[2]

Ao longo desses 15 anos, houve um breve período, de 1935 a 1937, em que o poder executivo estadual esteve entregue ao governador eleito, Nereu Ramos, mantido como interventor pelo Estado Novo, em 1937. O governo de Nereu Ramos distinguiu-se pela preocupação com o setor educacional e com a assistência médico-hospitalar. A infiltração nazista entre os colonos de ascendência alemã radicados no estado foi um dos problemas mais graves enfrentados pelo interventor.[2]

Depois de 1945[editar | editar código-fonte]

O Partido Social Democrático (PSD), estruturado em torno de Nereu Ramos, e a União Democrática Nacional (UDN), formada por antigos republicanos, foram os partidos que dominaram a vida política de Santa Catarina de 1945 a 1964. Em 1946 elegeu-se governador Aderbal Ramos da Silva, do PSD; depois dele o predomínio foi da UDN, com Irineu Bornhausen e Jorge Lacerda. Em 1960, foi eleito Celso Ramos, do PSD.[2]

Nesse período, uma grande área do estado, que vivia semimarginalizada e escassamente povoada -- o meio e o extremo oeste -- passou a ter importância cada vez maior. Essas glebas foram sendo ocupadas por gente vinda do Rio Grande do Sul, colonos estrangeiros e seus descendentes, que nelas vislumbraram um novo eldorado.[2]

Em 1960, a criação da Universidade Federal de Santa Catarina representou grande avanço no setor educacional. Florianópolis tornou-se centro de atração para estudantes também de outros estados. Em 1965, fundou-se a Universidade para o Desenvolvimento do Estado, ao que se seguiu a criação de vários institutos de ensino superior em municípios do interior. No ano seguinte, tomou posse o governador Ivo Silveira, eleito por voto direto. Depois, dois governadores foram escolhidos pela Assembléia Legislativa do estado -- Colombo Sales e Antônio Carlos Konder Reis -- e um por um colégio eleitoral -- Jorge Bornhausen.[2]

Durante a gestão do governador Espiridião Amin, eleito por voto direto em 1982, o estado foi atingido por uma das mais graves enchentes de sua história, em julho de 1983. Em Blumenau, que fica às margens do rio Itajaí-Açu, setenta por cento do centro urbano ficou submerso. Dos 199 municípios que integravam o estado na época, 136 foram declarados em estado de calamidade pública e quase cem ficaram totalmente isolados. O fenômeno se repetiu de forma menos violenta em 1984. As enchentes foram causadas em parte pela destruição das matas catarinenses e afetaram a produção industrial e agrícola do estado.[2]

Em 1986, elegeu-se governador Pedro Ivo Campos, ex-prefeito de Joinville. Desde meados da década de 1980, ocorriam no campo graves conflitos entre lavradores e proprietários rurais pela posse da terra. Geralmente acompanhadas de violência, as invasões de fazendas por dezenas e até centenas de famílias de lavradores eram geralmente mediadas pelo governo estadual. Em 1990, após a morte de Pedro Ivo Campos, tomou posse o vice-governador Casildo Maldaner. No mesmo ano, elegeu-se para ocupar o cargo Vilson Kleinübing (PFL), a quem se seguiu, em 1995, Paulo Afonso Vieira (PMDB).[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

Referências

  1. a b c d Toscano, Fernando (2020). «Santa Catarina». Portal Brasil. Consultado em 18 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 21 de fevereiro de 2020 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai aj ak al am an ao ap aq ar as Garschagen 2000, pp. 84–89.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Garschagen, Donaldson M. (2000). «Santa Catarina». Nova Enciclopédia Barsa. 13. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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