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História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: História do Império Romano
A Batalha de Áccio, por Lorenzo A. Castro, (1672).

Roma iniciou a anexação de províncias no século III a.C., quatro séculos antes de alcançar a sua maior extensão territorial e, nesse sentido, constituía já um "império", apesar de ainda ser governado enquanto república.[1][2][3] As províncias republicanas eram administradas por antigos cônsules e pretores, que eram eleitos para um mandato de um ano com plenos poderes e autonomia.[4] A acumulação desproporcional de riqueza e poder por parte de alguns destes líderes provinciais foi um dos principais fatores que motivaram a transição de um regime republicano para uma autocracia imperial.[5]


O assassinato de Júlio César em 44 a.C. esteve na origem de um período de instabilidade e turbulência política. No ano seguinte, Augusto, um dos mais destacados generais republicanos, torna-se um dos três membros do Segundo Triunvirato, uma aliança política com Lépido e Marco António.[6] As tensões entre Augusto e Marco António no período que se seguiu à Batalha de Filipos levariam à dissolução do triunvirato em 32 a.C. e ao confronto entre ambos na Batalha de Áccio, da qual Marco António e a rainha Cleópatra saíram derrotados e que proporcionou a anexação do reino egípcio por Augusto.[7]

Sendo agora o único governador de Roma, Augusto iniciou uma série de reformas militares, políticas e económicas em larga escala. O senado atribuiu-lhe o poder de nomear os próprios senadores e autoridade sobre os governadores de província, criando de facto o cargo que mais tarde seria denominado imperador romano. Em 27 a.C., Augusto tentou devolver o poder ao senado, o qual recusou, confirmando assim o novo regime político. Otaviano recebeu do senado o título de Augustus e escolheu para si o título de princeps (o primeiro).[8]







Como o primeiro imperador, Augusto assumiu a posição oficial de que ele havia salvo a república e cuidadosamente elevou seu poder dentro dos princípios constitucionais republicanos. Ele rejeitou os títulos que os romanos associavam com a monarquia e em vez disso passou a referir a si mesmo como princeps, "cidadão de liderança". Cônsules continuaram a ser eleitos, tribunos continuaram a legislar e os senadores ainda debatiam na cúria. Foi Augusto, no entanto, que estabeleceu o precedente de que o imperador controlava as decisões finais, apoiado pela força militar.

O reinado de Augusto, que durou mais de 40 anos, foi retratado na literatura e na arte augustina como uma nova "Era Dourada". Augusto consolidou uma duradoura fundação ideológica para os três séculos do império conhecido como o Principado (27 a.C.-284 d.C.), os primeiros 200 anos do que é tradicionalmente considerado como a Pax Romana. Mas, mesmo durante esse período, várias revoltas foram controladas e sufocadas, como na Grã-Bretanha (revolta de Boadiceia) e na Judeia (Guerras judaico-romanas).

Os Tetrarcas, escultura porfírica saqueada do Filadélfio bizantino em 1204. Atualmente no tesouro de São Marcos, Veneza

O sucesso de Augusto em estabelecer princípios de sucessão dinástica foi limitado por uma série de talentosos herdeiros potenciais: a dinastia júlio-claudiana durou por mais quatro imperadores: Tibério, Calígula, Cláudio e Nero; antes produziu, em 69 d.C., o conflituoso ano dos quatro imperadores, a partir do qual Vespasiano emergiu como vencedor.

Vespasiano tornou-se o fundador da breve dinastia flaviana, seguida pela dinastia Nerva-Antonina, que produziu os "cinco bons imperadores": Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio. Na visão do historiador grego Dião Cássio, um observador da época, a adesão do imperador Cómodo em 180 d.C. marcou a queda "de um reino de ouro para um de ferrugem e ferro",[9] um famoso comentário de que tem levado alguns historiadores, como Edward Gibbon, a considerar o reinado de Cómodo como o início da queda do Império Romano.

Em 212, durante o reinado de Caracala, a cidadania romana foi concedida a todos os habitantes nascidos livres no império. Mas, apesar deste gesto de universalidade, a dinastia severa foi tumultuada, o reinado do imperador foi encerrado rotineiramente por seu assassinato ou execução e após a sua queda, o Império Romano foi engolido pela crise do século terceiro, um período de invasões, guerra civil, depressão econômica e pestes.[10] Na definição das épocas históricas, esta crise é por vezes vista como a marca da transição da Antiguidade Clássica para a Antiguidade Tardia.

A divisão do império após a morte de Teodósio I, ca. 395 d.C. sobreposta às fronteiras atuais.

A ilusão da antiga república foi sacrificada pela imposição da ordem: Diocleciano (reinou entre 284 e 305) trouxe o império de volta da crise, mas recusou o papel de princeps e se tornou o primeiro imperador a ser abordado regularmente como dominus, "mestre" ou "senhor".[11] O estado de absolutismo autocrático que resultou no Dominato, que durou até a queda do Império Romano do Ocidente em 476. O reinado de Diocleciano trouxe também um maior esforço concentrado do Império contra a ameaça do cristianismo, o que foi chamado de a "Grande" Perseguição.

Foi a partir desse ponto que a unidade do Império Romano se tornou uma ilusão, como ficou graficamente revelado pela divisão de poder implementada por Diocleciano entre quatro "co-imperadores", a chamada Tetrarquia.[12] A ordem foi novamente abalada logo depois, mas foi restaurada por Constantino, que se tornou o primeiro imperador a se converter ao cristianismo e que estabeleceu Constantinopla como a nova capital do Império Romano do Oriente. Durante as décadas das dinastias Constantina e Valentiniana, o império foi dividido ao longo de um eixo leste-oeste, com dois centros poder em Constantinopla e Roma. O reinado de Juliano, que tentou restaurar a religião helenística e romana clássica, apenas interrompeu brevemente a sucessão de imperadores cristãos. Teodósio I, o último imperador a governar Oriente e o Ocidente, morreu em 395 d.C., depois de tornar o cristianismo a religião estatal.[13]

No final do século IV, o império começou a se desintegrar com bárbaros do norte desafiando o controle da Roma cristã. A maioria das cronologias colocam o fim do Império Ocidental em 476, quando Rômulo Augusto foi forçado a se render ao chefe militar germânico Odoacro.[14] O Império do Oriente, hoje conhecido como o Império Bizantino, mas chamado no seu tempo como o "Império Romano" ou por vários outros nomes, terminou em 1453 com a morte de Constantino XI Paleólogo  e com a queda de Constantinopla para os turcos otomanos.[15]






Referências

  1. Kelly 2006, p. 4ff.
  2. Brennan 2000, p. 605.
  3. Ando 2011, pp. 39-40.
  4. Ando 2010, p. 179.
  5. Nicolet 1991, pp. 1,15.
  6. Eck 2003, p. 12.
  7. Davis 1999, p. 63.
  8. Abbott, pp. 267-269.
  9. Dio Cassius 72.36.4, Loeb edition translated E. Cary
  10. Brown, P., The World of Late Antiquity, London 1971, p. 22.
  11. Adrian Goldsworth, How Rome Fell: Death of a Superpower (Yale University Press, 2009), pp. 405–415.
  12. Potter, David. The Roman Empire at Bay. 296–98.
  13. Chester G. Starr, A History of the Ancient World, Second Edition. Oxford University Press, 1974. pp. 670–678.
  14. Isaac Asimov. Asimov's Chronology of the World. Harper Collins, 1989. p. 110.
  15. Asimov, p. 198.





Ando, Clifford (2011). «From Republic to Empire». The Oxford Handbook of Social Relations in the Roman World. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780195188004 

Ando, Clifford (2010). «The Administration of the Provinces». A Companion to the Roman Empire. [S.l.]: Blackwell 



Brennan, T. Corey (2000). The Praetorship in the Roman Republic. [S.l.]: Oxford University Press 



Kelly, Christopher (2006). The Roman Empire: A Very Short Introduction. [S.l.]: Oxford University Press 


Nicolet, Claude (1991). Space, Geography, and Politics in the Early Roman Empire. [S.l.]: University of Michigan Press 


Lintott, Andrew (1999). The Constitution of the Roman Republic. [S.l.]: Oxford University Press 

Eder, W. (1993). «The Augustan Principate as Binding Link». Between Republic and Empire. [S.l.]: University of California Press 

Eck, Werner (2003). The Age of Augustus. Oxford: [s.n.]  Parâmetro desconhecido |eitora= ignorado (ajuda)

Davis, Paul K. (1999). 100 Decisive Battles from Ancient Times to the Present: The World’s Major Battles and How They Shaped History. Oxford: [s.n.]  Parâmetro desconhecido |editira= ignorado (ajuda)

Abbott, Frank Frost (2001). A History and Description of Roman Political Institutions. [S.l.]: Adamant. ISBN 978-0543927491