Usuário:JMagalhães/Notepad32

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Transmissão[editar | editar código-fonte]

Risco estimado de aquisição de VIH
por ato e por via de exposição[1]
Via de exposição Infeções estimadas
por cada 10 000 exposições
a um foco de infeção
Transfusão de sangue 9000[2]
Parto 2500[3]
Partilha de seringas em drogas intravenosas 67[4]
Perfuração percutânea com agulha 30[5]
Sexo anal recetivo* 50[6][7]
Sexo anal penetrativo* 6.5[6][7]
Sexo vaginal recetivo* 10[6][7][8]
Sexo vaginal penetrativo* 5[6][7]
Sexo oral recetivo 1[7]
Sexo oral penetrativo 0,5[7]
* assumindo que não é usado preservativo
§a fonte refere-se a sexo oral praticado no homem
estimativa

Estão identificadas três principais vias de transmissão do VIH: através de relações sexuais desprotegidas; por contacto sanguíneo, sobretudo através de feridas expostas, partilha de seringas ou transfusão de sangue que não tenha sido rastreado; e de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação. A infeção por VIH não proporciona imunidade adquirida, pelo que é possível ser infetado diversas vezes com estirpes diferentes do vírus.

Sexual[editar | editar código-fonte]

A maioria das infeções por VIH é adquirida através de relações sexuais desprotegidas. A transmissão por via sexual pode ocorrer quando as secreções sexuais infetadas de um dos parceiros entram em contacto com as membranas muscosas genitais, orais ou anais do outro. Em países desenvolvidos, o risco de transmissão da mulher para o homem é de 0,04% por ato, enquanto o risco da transmissão do homem para a mulher é de 0,08% por ato. Por várias razões, este risco é entre 4 a 10 vezes superior em países em desenvolvimento.[9]

A utilização correta e consistente de preservativos de látex reduz o risco de transmissão do VIH por via sexual em cerca de 85%..[10] No entanto, a utilização de espermicida é capaz de aumentar a probabilidade de contágio.[11][12][13]

Uma meta-análise de 27 estudos observacionais realizados até 1999 na África sub-Sariana indicou que a circuncisão masculina reduz o risco de infeção por VIH.[14] No entanto, uma revisão posterior indicou que a correlação entre a circuncisão e o VIH nestes estudos observacionais pode ter sido devido a factores de confusão.[15] Além disso, foram levantadas preocupações relativas ao potencial de disseminação do VIH que as lâminas não esterilizadas contituem durante a circunsição em rituais.[16] Foram posteriormente realizados outros ensaios, em África do Sul[17] no Quénia,[18] e no Uganda[19] nos quais homens não circuncisados eram aleatoriamente escolhidos para ser circuncisados em condições estéreis, e os resultados comparados contra um grupo não circuncisado, e que mostraram reduções na transmissão do VIH entre heterossexuais de 60%, 53% e 51%, respetivamente. Posteriormente, um painel de especialistas convocado pela OMS e pelo Secretariado da UNAIDS recomendou que a circuncisão masculina fosse reconhecida enquanto intervenção complementar na reduzir o risco de uma infeção de VIH adquirida por contacto sexual heterossexual.[20]

Sangue[editar | editar código-fonte]

Regra geral, há o risco de transmissão de VIH quando sangue infetado entra em contacto com qualquer ferida exposta. Esta via de transmissão é responsável por grande parte dos casos em toxicodependentes, hemofílicos e receptores de transfusões de sangue ou produtos derivados do sangue (embora nos países desenvolvidos as transfusões sejam despistadas para a presença de VIH). É também um motivo de preocupação em pessoas que recebam cuidados de saúde em regiões onde não sejam comuns as boas práticas de higiene no manuseio de equipamento de injeção, como a reutilização de agulhas em países sub-desenvolvidos. Indivíduos que realizem ou recebam tatuagem, piercings ou escarificações são também grupos de risco. Tem sido observado VIH em baixas concentrações em saliva, lágrimas e urina de indivíduos portadores; no entanto, não há qualquer caso registado de infeção através destas secreções e o risco potencial de transmissão é desprezível.[21] A transmissão de VIH através do mosquito não é possível.[22]

De mãe para filho[editar | editar código-fonte]

A transmissão do vírus de mãe para filho pode ocorrer durante a gravidez, no momento do parto ou através de amamentação. Na ausência de tratamento, a taxa de transmissão é de cerca de 25%. No entanto, caso estejam disponíveis tratamentos de combinação de antirretrovirais e a possibilidade de realizar uma cesariana, este risco pode ser reduzido para 1%.[3] A partilha da tarefa de amamentação entre mães deve ser evitada, já que é uma das causas de transmissão.[23]

Infeção múltipla e imunidade[editar | editar código-fonte]

Ao contrário de outros vírus, a infeção com VIH não proporciona imunidade contra novas infeções, sobretudo no caso de vírus geneticamente distantes. Têm sido relatados vários casos de infeções múltiplas inter- e intra-clado.[24] As múltiplas infeções têm sido ainda associadas a uma progressão mais rápida da doença.[25] As infeções múltiplas são divididas em duas categorias, dependendo do momento da aquisição da segunda estirpe. A "coinfeção" denomina duas estirpes que aparentam ter sido adquiridas em simultâneo, ou muito perto para se poder distinguir. A "reinfeção" ou "superinfeção" denomina a infeção com uma segunda estirpe num intervalo de tempo mensurável após a primeira. No caso do VIH, têm sido relatadas à escala global ambas as formas de infeção múltipla, tanto em infeções crónicas como agudas.[26][27][28][29]

  1. Smith DK, Grohskopf LA, Black RJ; et al. (2005). «Antiretroviral postexposure prophylaxis after sexual, injection-drug use, or other nonoccupational exposure to HIV in the United States: recommendations from the U.S. Department of Health and Human Services». MMWR Recomm Rep. 54 (RR-2): 1–20. PMID 15660015. Consultado em 31 de março de 2009 
  2. Donegan E, Stuart M, Niland JC; et al. (1990). «Infection with human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) among recipients of antibody-positive blood donations». Ann. Intern. Med. 113 (10): 733–739. PMID 2240875 
  3. a b Coovadia H (2004). «Antiretroviral agents—how best to protect infants from HIV and save their mothers from AIDS». N. Engl. J. Med. 351 (3): 289–292. PMID 15247337. doi:10.1056/NEJMe048128 
  4. Kaplan EH, Heimer R (1995). «HIV incidence among New Haven needle exchange participants: updated estimates from syringe tracking and testing data». J. Acquir. Immune Defic. Syndr. Hum. Retrovirol. 10 (2): 175–176. PMID 7552482 
  5. Bell DM (1997). «Occupational risk of human immunodeficiency virus infection in healthcare workers: an overview.». Am. J. Med. 102 (5B): 9–15. PMID 9845490 
  6. a b c d European Study Group on Heterosexual Transmission of HIV (1992). «Comparison of female to male and male to female transmission of HIV in 563 stable couples». BMJ. 304 (6830): 809–813. PMC 1881672Acessível livremente. PMID 1392708 
  7. a b c d e f Varghese B, Maher JE, Peterman TA, Branson BM,Steketee RW (2002). «Reducing the risk of sexual HIV transmission: quantifying the per-act risk for HIV on the basis of choice of partner, sex act, and condom use». Sex. Transm. Dis. 29 (1): 38–43. PMID 11773877 
  8. Leynaert B, Downs AM, de Vincenzi I (1998). «Heterosexual transmission of human immunodeficiency virus: variability of infectivity throughout the course of infection. European Study Group on Heterosexual Transmission of HIV». Am. J. Epidemiol. 148 (1): 88–96. PMID 9663408 
  9. Boily M-C, Baggaley RF, Wang L; et al. (2009). «Heterosexual risk of HIV-1 infection per sexual act: systematic review and meta-analysis of observational studies». Lancet Infect Dis. 9 (2): 118-129. PMID 19179227. doi:10.1016/S1473-3099(09)70021-0 
  10. National Institute of Allergy and Infectious Diseases; National Institutes of Health, Department of Health and Human Services (2001-07-20). Workshop Summary: Scientific Evidence on Condom Effectiveness for Sexually Transmitted Disease (STD) Prevention (PDF). Hyatt Dulles Airport, Herndon, Virginia. pp. pp.13–15. Consultado em 8 de janeiro de 2009 
  11. «Should spermicides be used with condoms?». Condoms and Sexually Transmitted Diseases, Brochure. United States Food and Drug Administration. 30 de abril de 2009. Consultado em 23 de julho de 2009 
  12. Global Campaign for Microbicides : Rectal Use of N-9 checked 2009-07-22
  13. Nonoxynol-9 Spermicide on HIV Risk List checked 2009-07-22
  14. Weiss, H.A.; M.A. Quigley, R.J. Hayes (2000). «Male circumcision and risk of HIV infection in sub-Saharan Africa: A systematic review and meta-analysis». AIDS. 14 (15): 2361–70. PMID 11089625. doi:10.1097/00002030-200010200-00018 
  15. Siegfried, N., Muller, M., Deeks, J., Volmink, J., Egger, M., Low, N., Walker, S. and Williamson, P. (2005). «HIV and male circumcision--a systematic review with assessment of the quality of studies». Lancet Infect. Dis. 5 (3): 165–73. PMID 15766651 
  16. Various (2005). «Repeated Use of Unsterilized Blades in Ritual Circumcision Might Contribute to HIV Spread in S. Africa, Doctors Say». Kaisernetwork.org. Consultado em 28 de março de 2006 
  17. Williams BG, Lloyd-Smith JO, Gouws E, Hankins C, Getz WM, Hargrove J, de Zoysa I, Dye C, Auvert B. (2006). «The Potential Impact of Male Circumcision on HIV in Sub-Saharan Africa.». PLoS Med. 3 (7): e262. PMID 16822094. doi:10.1371/journal.pmed.0030262 
  18. Bailey RC, Moses S, Parker CB; et al. (2007). «Male circumcision for HIV prevention in young men in Kisumu, Kenya: a randomised controlled trial». Lancet. 369 (9562): 643–56. PMID 17321310. doi:10.1016/S0140-6736(07)60312-2 
  19. Gray RH; et al. (24 February 2007). «Male circumcision for HIV prevention in men in Rakai, Uganda: a randomised trial». Lancet. 369 (9562): 657–66. PMID 17321311. doi:10.1016/S0140-6736(07)60313-4  Verifique data em: |data= (ajuda)
  20. WHO (2007). «WHO and UNAIDS announce recommendations from expert consultation on male circumcision for HIV prevention». WHO.int. Consultado em 13 de julho de 2007 
  21. Lifson AR (1988). «Do alternate modes for transmission of human immunodeficiency virus exist? A review». JAMA. 259 (9): 1353–6. PMID 2963151. doi:10.1001/jama.259.9.1353 
  22. http://www.rci.rutgers.edu/%7Einsects/aids.htm
  23. Cochrane Systematic Review on interventions for prevention of late postnatal mother-to-child transmission of HIV http://www.cochrane.org/reviews/en/ab006734.html
  24. Smith D, Richman D, Little S (2005). «HIV Superinfection». Journal of Infectious Diseases. 192: 438–44. PMID 15995957. doi:10.1086/431682 
  25. Gottlieb; et al. (2004). «Dual HIV-1 infection associated with rapid disease progression». Lancet. 363 (9049): 619–22. PMID 14987889. doi:10.1016/S0140-6736(04)15596-7 
  26. Smith; et al. (2004). «Incidence of HIV superinfection following primary infection». JAMA. 292 (10): 1177–8. PMID 15353529. doi:10.1001/jama.292.10.1177 
  27. Chohan B, Lavreys L, Rainwater SM, Overbaugh J (2005). «Evidence for frequent reinfection with human immunodeficiency virus type 1 of a different subtype». J. Virol. 79 (16): 10701–8. PMC 1182664Acessível livremente. PMID 16051862. doi:10.1128/JVI.79.16.10701-10708.2005 
  28. Piantadosi A, Chohan B, Chohan V, McClelland RS, Overbaugh J (2007). «Chronic HIV-1 infection frequently fails to protect against superinfection». PLoS Pathog. 3 (11): e177. PMC 2077901Acessível livremente. PMID 18020705. doi:10.1371/journal.ppat.0030177 
  29. Hu DJ, Subbarao S, Vanichseni S; et al. (2005). «Frequency of HIV-1 dual subtype infections, including intersubtype superinfections, among injection drug users in Bangkok, Thailand». AIDS. 19 (3): 303–8. PMID 15718841. Consultado em 31 de março de 2009