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Educação 4.0 designa a abordagem educacional e o conjunto de estratégias que seriam desejáveis para contemplar as necessidades da chamada Quarta Revolução Industrial, um termo cunhado por Klaus Schwab[1] para descrever toda esta nova geração de avanços tecnológicos que estamos presenciando e que estão se integrando para constituir a próxima onda de inovação, incluindo Internet das Coisas (IoT), Big Data, Robótica, Inteligência Artificial, impressão 3D, Medicina de Precisão, dentre outros.

De fato, Schwab[1] afirma que as Revoluções Industriais são históricas, no sentido em que, devido ao seu tamanho, velocidade e escopo, elas reformulam governos, instituições e sistemas de educação, entre muitas outras coisas. Assim, na trilha de uma Indústria 4.0, termo que surgiu na Feira de Hanôver (Alemanha) em 2011[2], esperam-se também inovações em várias áreas, tais como Trabalho 4.0, Vida 4.0, Cidade 4.0, Saúde Pública 4.0 e, naturalmente, Educação 4.0.

Desde então, a expressão Educação 4.0 vem emergindo e se tornando um chavão no meio educacional, sendo muitas vezes utilizada para designar abordagens bem distantes da proposta inicial.

Uma comparação com a Indústria 4.0[editar | editar código-fonte]

Para se compreender melhor o que se pretende com Educação 4.0, pode ser útil ter em conta as oito características da Indústria 4.0, tal como descritas por Tanriogen[3]:

  1. Sistemas cyber-físicos. Prevê-se uma interconexão mais profunda e extensa entre todos os subsistemas e objetos, tanto externos como internos, incluindo os seres humanos envolvidos, tais como fornecedores e clientes.
  2. Integração vertical e horizontal. Com dramática redução da hierarquização e aumento da distribuição de processos, com todas as partes envolvidas tendo seu próprio endereço IP e interconectadas.
  3. Internet das Coisas. Na sequência do item anterior, máquinas, sistemas e seres humanos, conectados pelo protocolo da Internet poderão trocar informações digitais. Até mesmo produtos já em utilização poderão se comunicar com o fabricante e fornecer feedback.
  4. Big Data e analítica (Analytics). Como consequência de toda essa troca de informação, ocorre a geração de uma quantidade gigantesca de dados que precisam ser analisados, em busca de padrões ocultos, tendências de mercado e preferências de utilizadores, para que as empresas possam tomar decisões mais concretamente embasadas em dados.
  5. Computação em nuvem. Essa quantidade enorme de dados implica em novas formas de armazenamento e processamento, sendo a nuvem a estratégia mais adotada no momento.
  6. Cibersegurança. Com as informações vitais sobre transações, processos e pessoas armazenados externamente e acessados pela Internet e, portanto, sujeitos a ciberataques cada vez mais sofisticados, todas as etapas desse acesso têm de ser repensadas, em termos de hardware, software e, principalmente, de utilizadores humanos.
  7. Robôs autônomos. Os robôs já vêm gradualmente substituindo mão de obra humana desde 2004. Agora, vêm se tornando cada vez mais inteligentes, adaptáveis, comunicativos e interativos. No entanto, em vez de causar desemprego, espera-se uma cooperatividade crescente entre seres humanos e entidades com graus variados de autonomia e inteligência.
  8. Realidade aumentada. A superposição de imagens geradas por computador à visão do utilizador do mundo concreto permitirá um acesso mais eficaz a instruções de operação, relatórios em tempo real, verificações de qualidade e direções de atuação em situações de emergência.

No entanto, como discutido por Tanriogen[3], citando estudo realizado pelo Conselho de Ensino Superior da Turquia, dentre as oito características acima da Indústria 4.0, apenas Realidade Aumentada, armazenamento em nuvem e Big Data têm sido objeto de pesquisa adequada em Educação para transposição para a Educação 4.0.

Tendências para a Educação 4.0[editar | editar código-fonte]

Além das características apontadas por Tanriogen[3], Peter Fisk[4] aponta também para a necessidade de mudanças para que se atinja, de fato, a Educação 4.0, sobretudo com respeito ao modelo de currículo que não deve ser engessado nem ter seu foco em estabelecer conteúdos específicos, mas sim, ser construído com base nos interesses dos alunos que agora tem a possibilidade de aprender fazendo, exercitando sua criatividade, bem como, capacidade de solucionar problemas.

Neste sentido, Fisk[4] acredita que uma das premissas da Educação 4.0 é que nós não precisamos aprender tudo, mas sim, saber como buscarmos as informações de que precisamos para então utilizá-las para determinado fim, sem que seja necessário antes ter passado por etapas desgastantes que apenas atrasam o processo. O mesmo aponta nove tendências que se destacam dentre as mudanças que irão ou devem ocorrer em futuro próximo no que se refere ao aprendizado, que são:

  1. Tempo e local diversos. Trata da possibilidade de os alunos poderem aprender em momentos distintos e em lugares diversos de forma mais individualizada.
  2. Aprendizado Personalizado. Esta tendência encontra a anterior no sentido de lidar com a particularidade oriunda de cada indivíduo.
  3. Livre Escolha. Vislumbra-se a possibilidade de os alunos delinearem o caminho que os levará ao aprendizado, tornando possível modificar o processo do mesmo com ferramentas diversas.
  4. Aprendizado Baseado em Projetos. Aprendem a aplicar suas habilidades às situações variadas.
  5. Experiência em Campo. Os currículos abrirão espaço para habilidades que requerem muito mais conhecimento humano e interação entre os mesmos.
  6. Interpretação de dados. A habilidade humana de interpretar dados se tornará parte muito importante dos currículos futuros.
  7. Novas formas de avaliar. É preciso pensar que estas mudanças na Educação exigirão diferentes maneiras de avaliar o aprendizado dos alunos, de modo que apenas decorar determinado conteúdo para reproduzi-lo em uma prova, não é mais suficiente.
  8. Participação dos alunos. Os estudantes se envolverão cada vez mais na formação de seus currículos.
  9. Tutoria. O papel dos professores irá sofrer muitas modificações, pois os alunos estarão cada vez mais independentes, contudo, para que os mesmos possam obter sucesso, é necessário que exista orientação adequada.

Para Hussin[5], todas estas tendências colocam os alunos em destaque em relação aos professores que agora devem desempenhar um papel de apoio para contribuir com a transição sem considerar que tais mudanças representam ameaça a profissão docente.

Sendo assim, destas nove tendências, uma das que merece destaque, certamente é a última, pois será agora cada vez mais necessário o incentivo à Formação de Professores, de modo que estes estejam preparados a exercer suas profissões alinhados às transformações que vêm ocorrendo na sociedade, neste sentido, é preciso que os mesmos compreendam que já não é suficiente conhecimento técnico de sua área de atuação, nem mesmo basear sua prática pedagógica na transmissão de conceitos já prontos.

Para viabilizar a Educação 4.0, Hussin[5] enfatiza que é necessário adotar metodologias que estimulem o aprender fazendo, a descoberta, o trabalho em equipe, primando pelo desenvolvimento de competências valorizadas no modelo de sociedade atual. Portanto, há a necessidade de cursos de formação superior estarem atentos a modificar também os currículos voltados à Formação inicial de professores, sobretudo em relação as metodologias de ensino que serão utilizadas por estes.

Como exemplo, Hussin[5] aponta que algumas mudanças já vêm sendo percebidas na Austrália, como a configuração da sala de aula que agora prima por espaços que permitam a colaboratividade entre os indivíduos e que facilitem a interação entre pares. A autora observa ainda que as tarefas dos alunos também estão menos passivas, contando mais com a participação dos mesmos.

Educação 4.0 não é, portanto, apenas sobre incluir tecnologia em sala de aula, mas sim, trazer para o cotidiano dos estudantes o que eles precisam apreender desta que poderá ser essencial em suas vidas.


Referências

  1. a b SCHWAB, Klaus. (2015). The Fourth Industrial Revolution: What It Means and How to Respond? Foreign Affairs.
  2. DRATH, Rainer; HORCH, Alexander. (2014). Industrie 4.0: Hit or Hype? [Industry Forum]. IEEE Industrial Electronics Magazine, v. 8, n. 2, pp. 56–58, 18 jun. 2014.
  3. a b c TANRIOGEN, Zeynep Meral. (2018). The Possible Effects of 4th Industrial Revolution on Turkish Educational System. Eurasian Journal of Educational Research, v. 18, n. 77, p. 1–22.
  4. a b FISK, P. Education 4.0 … the future of learning will be dramatically different, in school and throughout life. 2017. Disponível em: <https://www.thegeniusworks.com/2017/01/future-education-young-everyone-taught-together/>. Acesso em: 12 out. 2018.
  5. a b c HUSSIN, A. A. Education 4.0 Made Simple: Ideas For Teaching. International Journal of Education & Literacy Studies. Austrália, p. 92-98. jul. 2018.