V Congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo

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Igreja da Irmandade em Southgate Road, em Londres, onde foram realizadas sessões do congresso

O V Congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) foi realizado em Londres ente 13 de maio e 1 de junho de 1907.[1] O V Congresso teve a maior participação dos congressos do partido unificado.[2] Trinta e cinco sessões do Congresso foram realizadas na Igreja da Irmandade em Hackney, durante as quais ocorreram debates tempestuosos.[3][4]

Delegações[editar | editar código-fonte]

338 delegados participaram do Congresso. Havia:

300 dos delegados tinham direito a voto.[3][5] Vladimir Lenin foi um delegado, representando a região do Alto Kama.[1]

Debates[editar | editar código-fonte]

Fotografia de polícia de Vladimir Lenin, dezembro de 1895

Durante o Congresso, as facções bolchevique e menchevique do partido entraram em conflito. Os bolcheviques argumentaram a favor dos preparativos para uma revolta armada contra o domínio czarista, que o líder menchevique Julius Martov denunciou como "golpista". Outra discordância foi como o partido deveria se relacionar com o movimento sindical.[6] Os mencheviques defenderam a criação de um 'Congresso dos Trabalhadores', como um primeiro passo para transformar a agremiação em um partido social-democrata legal, no estilo da Europa Ocidental.[2]

Em ambas as questões, os bolcheviques foram apoiados pelos social-democratas poloneses e letões, garantindo uma maioria revolucionária no Congresso.[1]

Nos confrontos entre os lados bolchevique-polonês-letão e menchevique-bundista, Leon Trótski (que havia escapado do cativeiro) atuou como intermediário (participando como delegado sem direito a voto). Tendo adotado uma posição "centrista", era a única pessoa no Congresso que podia mediar entre os dois lados.[2][3]

Outra questão debatida foram "expropriações". Para apoiar suas atividades políticas, o POSDR e outros grupos revolucionários na Rússia (como o Partido Socialista Revolucionário e várias facções anarquistas) usaram "expropriações", um eufemismo para assaltos à mão armada de escritórios do governo ou empresas privadas.[7][8] Lenin e os bolcheviques mais militantes apoiaram "desapropriações" contínuas, enquanto os mencheviques defendiam uma abordagem não violenta da revolução. O V Congresso aprovou uma resolução que condenava a participação ou assistência a todas as atividades violentas, incluindo "desapropriações", como "desorganizadoras e desmoralizantes", e pedia que todas as milícias partidárias fossem desfeitas.[9][10] Esta resolução passou com 65 por cento de apoio e 6 por cento de oposição (outros se abstiveram ou não votaram). Todos os mencheviques e até alguns bolcheviques votaram a favor.[9] Ironicamente, uma das "expropriações" mais famosas (o assalto ao banco de Tíflis em 1907, organizado por um pequeno grupo de bolcheviques) ocorreu apenas algumas semanas após essa votação.

Disputa de nomes[editar | editar código-fonte]

Outra controvérsia surgiu sobre a nomeação do Congresso. Os bolcheviques referiram-se à reunião como o "Quinto Congresso". Um delegado, Fyodor Dan, se opôs a esse nome. Em 1905, os bolcheviques realizaram um "Terceiro Congresso", que os mencheviques e a Bund não reconheceram como uma reunião oficial do partido. Portanto, eles objetaram que a reunião de 1907 fosse designada como "Quinto Congresso". O delegado da Bund L. G. Shapiro propôs o nome "Congresso de Londres do Partido Social-Democrata da Rússia", que foi adotado.[1]

Eleição[editar | editar código-fonte]

Embora o Congresso tenha visto várias vitórias para os bolcheviques, nas eleições para o Comitê Central e o conselho editorial do jornal, Sotsial-Demokrat, nenhuma das facções russas obteve a maioria. Os social-democratas poloneses e letões, que estavam preocupados com a divisão bolchevique-menchevique, apoiaram os dois lados em vários momentos.[2] O recém-eleito Comitê Central tinha doze membros efetivos e 22 suplentes:[1]

Facção Membros plenos Membros suplentes
Bolcheviques 5 10
Mencheviques 4 7
SDKPiL 2 3
Social-democracia letã 1 2

O Comitê Central eleito estava fortemente dividido em linhas faccionais e não podia funcionar como uma liderança do partido unificado. No final do congresso, os delegados bolcheviques elegeram um centro da facção liderado por Lenin.[1]

Mais tarde, dois membros da Bund foram incluídos no Comitê Central, Raphael Abramovitch e Mikhail Liber.[1][6]

Notas

  1. a b c d e f g V. I. Lenin. The Fifth Congress of the R.S.D.L.P.
  2. a b c d Thatcher, Ian D. Trotsky. Routledge Historical Biographies. Londres: Routledge, 2003. p. 49
  3. a b c Souvarine, Boris. Stalin: a Critical Survey of Bolshevism. Gardners Books, 2007. p. 107
  4. Service, Robert. Stalin: A Biography. Cambridge, Massachusetts: Belknap Press of Harvard University Press, 2005. p. 65
  5. Minczeles, Henri. Histoire générale du Bund: un mouvement révolutionnaire juif. Paris: Editions Austral, 1995. p. 475
  6. a b Minczeles, Henri. Histoire générale du Bund: un mouvement révolutionnaire juif. Paris: Editions Austral, 1995. pp. 194–195
  7. Trótski 2009, Chapter IV: The period of reaction
  8. Geifman 1993
  9. a b Nicolaevsky 1995
  10. Souvarine 2005, pp. 94

Bibliografia[editar | editar código-fonte]