William E. Woods
William E. Woods | |
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Woods no anuário do ensino médio de 1967 | |
Nascimento | 9 de outubro de 1949 Decatur, Illinois |
Morte | 28 de setembro de 2008 (58 anos) Honolulu, Havaí |
Nacionalidade | norte-americana |
Cônjuge | Lance W. Bateman |
Alma mater | Universidade do Havaí |
Ocupação | Ativista dos direitos LGBT |
William Everett Woods (Decatur, 9 de outubro de 1949 — Honolulu, 28 de setembro de 2008) foi um psicólogo norte-americano, mestre em saúde pública e ativista dos direitos dos homossexuais. Em 1990, levou três casais do mesmo sexo para preencher licenças de casamento, movimento que abriu precedente para uma série de eventos que levaram à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados Unidos.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Infância e educação[editar | editar código-fonte]
William nasceu em 9 de outubro de 1949 em Decatur, Illinois. Estudou no ensino médio em Arthur, Illinois e transferiu-se da Millikin University para a Universidade do Hawai, onde graduou-se em Bachelor of Arts em Psicologia e depois obteve mestrado em Saúde Pública.[1]
Atividades[editar | editar código-fonte]
Em 1972, Woods fundou a Sexual Identity Center, uma organização de serviço social para atender especificamente o público homossexual, mas o nome não continha uma referência à homossexualidade porque ele não queria impedir que especialistas heterossexuais fossem envolvidos. Woods esteve presente na primeira Parada do Orgulho LGBT do Havaí em 1974.[2]
Em 1979, Woods participou como um dos quatro representantes do Havaí no Comitê Diretor da Marcha Nacional em Washington pelos Direitos das Lésbicas e Gays.[3]
Em maio de 1981, quando Jerry Falwell esteve no Havaí para abrir uma sede estadual da organização Moral Majority, Woods liderou um grupo para registrar o nome antes que Falwell o fizesse. A organização foi registrada pelo nome de Moral Majority of Havaii e publicou anúncios de jornais proclamando apoio ao "planejamento familiar, direitos civis para todas as pessoas, pró-escolha ao aborto, programas de cuidados infantis, liberdade de expressão e religião, e a separação entre igreja e Estado". A Moral Majority of Havaii processou Falwell por usar o nome Moral Majority, que com receio de sofrer litígio, cancelou os outros locais que estavam reservados para seu discurso. Falwell retornou então à Virgínia depois de proferir um discurso de despedida em que havia apenas dois nomes citados, o de Jesus Cristo e de William Woods.[2]
Em junho de 1990, Woods foi eleito para o Conselho Nacional da Associação Gay and Lesbian Press. Em paralelo, atuava como Diretor-executivo e Gerente geral do Gay Community News, que tinha circulação de 40.000 cópias, 23.000 no Havaí e 17.000 no restante do território norte-americano.[4]
1990: tentativa de casamento entre pessoas do mesmo sexo[editar | editar código-fonte]
Em 17 de dezembro de 1990, Woods trouxe três casais do mesmo sexo ao escritório principal do Departamento de Saúde Pública do Havaí em Honolulu para preencher as licenças de casamento.[2] Os casais foram Ninia Baehr e Genora Dancel, Patrick Lagon e Joseph Melillo e Antoinette Pregil e Tammy Rodrigues. Se os casais fossem impedidos de casar, Woods tinha planos para levá-los até a sede do Havaí da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU). Os advogados da ACLU já haviam menosprezado outras tentativas semelhantes às de Woods, mas a atenção da mídia a esta tentativa os forçou a levá-lo a sério. Depois que os três casais foram informados de que seus pedidos passariam pela decisão do Produrador-geral, o grupo foi ao escritório da ACLU no Hotel Blaisdell, onde preencheram pedidos de assistência jurídica.[2]
Em 29 de dezembro, o procurador-geral Warren Price apoiou a decisão do Departamento de Saúde de não emitir as licenças. Woods acionou o advogado Dan Foley, que entrou com o processo contra o Estado que posteriormente se tornou o Baehr v. Miike.[2]
Depois que o Tribunal de Pimeira Instância de jurisdição geral do Havaí decidiu contra o processo, foi apelado à Suprema Corte do Havaí, onde o Juiz Associado Steven Levinson escreveu a decisão do Tribunal de 1993 que, sob a cláusula de proteção igualitária do Estado, negar licenças de casamento para casais do mesmo sexo constituía discriminação baseada em sexo que exigia justificativa do Estado sob a norma conhecida como escrutínio rigoroso, e, portanto, tinha que ser permitido a menos que o Estado pudesse fornecer uma razão contrária convincente. O Estado tentou provar que havia “interesse estadual imperioso” em justificar a proibição, e o caso seguiu amarrado em litígio por três anos.[5][6]
Em resposta à decisão do tribunal do Havaí de 1993 em Baehr v. Miike, o Congresso dos EUA em 1996 aprovou a Lei de Defesa do Matrimônio (DOMA), que o presidente Bill Clinton sancionou. O DOMA não proibiu totalmente o casamento gay, mas especificou que apenas casais heterossexuais poderiam receber benefícios federais de casamento. Apesar do ato ter sido um grande revés para o casamento igualitário, três meses depois o juiz do Havaí, Kevin S. C. Chang, ordenou que o estado parasse de negar licenças a casais do mesmo sexo. Porém, em 1998, os eleitores do Havaí aprovaram uma emenda constitucional proibindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo no estado, permitindo que os legisladores estaduais definissem o casamento como a união de um homem e uma mulher.[5][6]
A jornalista Sasha Issenberg escreveu mais tarde que "Nenhum grupo de direitos dos homossexuais abraçou formalmente os direitos matrimoniais para seu eleitorado principal até que a Suprema Corte do Havaí, em maio de 1993, deu uma bênção inesperada à causa, o resultado inesperado do processo legal que Bill Woods começou". Issenberg descreveu os eventos de 17 de dezembro de 1990, como o início de "uma cadeia de eventos" que culminou na legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados Unidos.[2]
Campanha política[editar | editar código-fonte]
Em 2006, Woods concorreu à Câmara Estadual dos Deputados do Havaí, mas não foi eleito.[7]
Outras atividades[editar | editar código-fonte]
Woods foi a primeira pessoa abertamente gay a testemunhar perante a Assembleia Legislativa do Estado do Havaí e a dirigir-se a uma convenção estadual do Partido Democrata.[2] Também fundou o Hawaii Gay and Lesbian Center e a Gay and Lesbian Education and Advocacy Fundation e foi presidente distrital do Partido Democrata do Havaí e líder de sua bancada LGBT.[7]
Vida pessoal e falecimento[editar | editar código-fonte]
Em 2003, Woods casou-se em Vancouver com Lance W. Bateman e faleceu em 28 de setembro de 2008, aos 58 anos. Nancy Kern, coordenadora de prevenção de DST/AIDS do Departamento de Saúde do Havaí na época, lembrou-se dele como "um defensor incansável".[7][1]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b «William Everett Woods obituary 2008». Mattoon, Illinois. Journal Gazette. 27 páginas. 8 de novembro de 2008. Consultado em 20 de dezembro de 2021
- ↑ a b c d e f g Issenberg, Sasha (8 de novembro de 2008). «The Surprising Honolulu Origins of the National Fight Over Same-Sex Marriage». POLITICO (em inglês). Consultado em 20 de dezembro de 2021
- ↑ «Isle gays in D.C. march». The Honolulu Advertiser. (em inglês): 104. 24 de junho de 1979. Consultado em 20 de dezembro de 2021
- ↑ «Making news». Honolulu Star-Bulletin: 58. 13 de junho de 1990. Consultado em 20 de dezembro de 2021
- ↑ a b Star-Advertiser Staff (12 de novembro de 2013). «Timeline of how SB1 became a law». Honolulu Star-Advertiser (em inglês). Consultado em 20 de dezembro de 2021
- ↑ a b «Casamento Gay». MastersChamps. Consultado em 20 de dezembro de 2021
- ↑ a b c «Hawaii Gay Rights Activist Dies». www.advocate.com (em inglês). 1 de outubro de 2008. Consultado em 20 de dezembro de 2021