Zemarco (mestre dos soldados)

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Zemarco (em latim: Zemarchus; em grego: Ζήμαρχος) foi um oficial bizantino do século VI, ativo durante o reinado do imperador Justino II (r. 565–578).

Vida[editar | editar código-fonte]

Zemarco era nativo da Cilícia e membro do senado de Constantinopla. Em 569, foi registrado como mestre dos soldados do Oriente. Em agosto desse ano, foi enviado numa embaixada ao dos goturcos, Sizábulo (r. 552–576), acompanhando a viagem de retorno de uma embaixada turca sob Maníaco.[1] A embaixada, cuja descrição está preservada em Menandro Protetor, chegou em territórios soguedianos e os viajantes receberam ofertas de ferro à venda e foram solenemente exorcizados; fez-se Zemarco "passar através do fogo" (ou seja, entre duas fogueiras), e cerimônias foram realizadas sobre a bagagem da expedição, um sino sendo tocado e uma bateria sendo batida sobre ela, enquanto folhas de incenso flamejantes foram conduzidas no entorno dela, e encantamentos foram murmurados em "cita".[2]

Após estas precauções, os emissários dirigiram-se ao campo de Sizábulo num "vale circundado pela Grande Montanha", que estava aparentemente em alguma localidade das montanhas Altai ou Tião Chão. Encontraram o cã cercado por fantástica pompa bárbara: tronos dourados, pavões dourados, pratos de ouro e prata e animais de prata, cortinas e roupas de seda figurativa. Eles acompanharam-no em sua marcha contra a Pérsia, passando através de Talas ou Turquestão no vale do Sir Dária, onde Xuanzangue, em seu caminho da China à Índia 60 anos depois, encontrou-se com outro dos sucessores de Sizábulo.[2]

Zemarco esteve presente num banquete em Talas, onde o grão-cã turco e o emissário persa trocaram injúrias; mas não parece que testemunhou a discussão de fato. Próximo do rio Oeque (possivelmente Sir Dária), foi enviado de volta para Constantinopla com uma embaixada turca sob Tagma e com emissários de várias tribos sujeitas aos turcos. Parando perto da "vasta e ampla lagoa" (possivelmente o mar de Aral), enviou o mensageiro Jorge para anunciar seu retorno ao imperador. Jorge apressou-se pela rota mais curta, "sem água e deserta", aparentemente as estepes ao norte do mar Negro, enquanto seu superior, movendo-se mais vagarosamente, marchou doze dias pelas costas arenosas da lagoa. Cruzou o rio Emba, os montes Urais, o rio Volga e Cubã (onde quatro mil persas tentaram emboscá-los). Então, atravessou a extremidade ocidental do Cáucaso, chegando em segurança em Trebizonda e Constantinopla.[2]

A embaixada de Zemarco e sua viagem de retorno durou cerca de dois anos, sendo concluída em 571/2. Menandro Protetor afirma que durante sua viagem de retorno foi recebido hospitaleiramente pelos alanos sob Saroes, que indicaram-nos a rota mais segura. João de Epifânia relata que os persas subornaram os alanos para tentarem assassinar os emissários e que essa foi uma das causas da eclosão da guerra entre bizantinos e persas em 572.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Desconhecido
(último citado: Valeriano)
Mestre dos soldados do Oriente
569
Sucedido por
Desconhecido
(próximo citado: Marciano)

Referências

  1. Martindale 1992, p. 1416-1417.
  2. a b c Beazley 1911.
  3. Martindale 1992, p. 1417.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Beazley, Charles Raymond (1911). «Zemarchus». Enciclopédia Britânica. 28. Chicago, Ilinóis: Encyclopædia Britannica, Inc. 
  • Martindale, John Robert; Arnold Hugh Martin Jones; J. Morris (1992). «Zemarchus 3». The Prosopography of the Later Roman Empire, Volume III: A.D. 527–641. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 978-0-521-20160-5