Zumbi do Mato

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Zumbi do Mato
Informação geral
Origem Rio de Janeiro, RJ
País  Brasil
Gênero(s) Rock experimental, noise rock, rock cômico, math rock, rock psicodélico, música minimalista
Período em atividade 19892013
Gravadora(s)
  • Qualé Maluco Records
  • Tamborete Records
  • Deckdisc
Afiliação(ões) Rogério Skylab
Ex-integrantes Ver abaixo

Zumbi do Mato foi uma banda brasileira de rock experimental/noise rock do Rio de Janeiro famosa por suas canções bem-humoradas e surreais, escritas num estilo de fluxo de consciência e repletas de alusões mordazes à cultura popular – focando particularmente em aspectos como a literatura/filosofia ocidental, a vida cotidiana no Brasil, e figuras públicas da vida real e personagens fictícios de diversas formas de mídia –, technobabble, escatologia, nonsense, e elaborados jogos de palavras e trocadilhos. Tendo amealhado um forte séquito cult ao decorrer dos anos 1990 e 2000 que dura até os dias atuais, o grupo teve diversas formações durante sua existência; os únicos membros a terem permanecido com maior regularidade foram o vocalista/trombonista/único letrista Löis Lancaster, o baixista Zé Felipe[Nota 1] (o único membro fundador restante até sua partida em 2009), o baterista Henrique Ludgero e o tecladista Marlos Salustiano, com a notável ausência de um guitarrista. Algumas de suas composições mais conhecidas são "Potinho de Anhanha", "Tiroteio do Esqueleto sem Cabeça", "O Buraco do Jabor", "O Alien que Veio pro Espaço" e "Primo Pobre do Kassin", e entre suas vastas influências musicais contam Frank Zappa, King Crimson, Arrigo Barnabé, Daminhão Experiença (com quem já tocaram num show in 2009), John Cage e Tom Waits.

O Zumbi do Mato formou-se em 1989, e lançou duas fitas demo entre meados dos anos 1990, a epônima Zumbi do Mato (1992) e Macacomóvel (1995),[1] que os catapultaram à fama no circuito underground. Macacomóvel em particular chamou a atenção do produtor BNegão (também membro do grupo de rap rock Planet Hemp), que lhes deu um contrato para a sua gravadora Qualé Maluco Records em 1997; seu álbum de estreia, Menorme, saiu pelo selo no ano seguinte e foi elogiado por figuras como o cantor e poeta Rogério Skylab e o crítico musical Alexandre Matias.[2][3] Dois sucessores, Pesadelo na Discoteca e Adorei a Mesinha, saíram em 2000 e 2005 respectivamente pela Tamborete Records.[4][5]

Em 2008 a banda lançou por conta própria seu único álbum ao vivo, Toma, Figurão, gravado num show em Niterói e inicialmente disponibilizado para download gratuito em seu atualmente extinto site oficial; desde então, o álbum pode ser comprado em sua página no Bandcamp. Em 2010 saiu o EP Saideira do Zé, seu último lançamento com o baixista original Zé Felipe (e último lançamento como um todo), contendo gravações em estúdio das sessões de Toma, Figurão; datadas de 2008–09, estas gravações seriam originalmente incluídas numa edição física de luxo de Toma, Figurão que nunca se materializou. Um DVD da performance do Zumbi do Mato foi cogitado em algum ponto, mas tais planos também foram eventualmente cancelados.[6]

O Zumbi do Mato realizou seu último show em 13 de janeiro de 2013,[7] após o qual Löis Lancaster anunciou o fim da banda.[8]

Legado[editar | editar código-fonte]

O Zumbi do Mato é conhecido por sua associação com outro famoso músico da cena underground do Rio de Janeiro, Rogério Skylab; ele afirmou ser uma de suas bandas favoritas e maiores influências,[9] e já colaborou ocasionalmente com membros da banda. Skylab e Löis Lancaster cantam o dueto "Samba", incluído em seus álbuns ao vivo Skylab II (2000) e Skylab IX (2009), e ele foi um músico convidado no álbum de 2000 da banda Pesadelo na Discoteca (na faixa "São Abdul"). Zé Felipe e Marlos Salustiano foram coautores de algumas faixas do álbum de 2007 de Skylab Skylab VII, e em 2009 Felipe e Skylab lançaram um álbum conjunto, Rogério Skylab & Orquestra Zé Felipe, originalmente concebido como uma colaboração completa entre ele e o Zumbi do Mato.[10] Lancaster também já foi um dos entrevistados do talk show de Skylab Matador de Passarinho.

Um documentário sobre a história do Zumbi do Mato, intitulado Quem É Mais Idiota do que Eu?, foi dirigido por Vítor Rocha e lançado no YouTube em 2017.[11] Para celebrar o lançamento do filme, o catálogo da banda foi remasterizado e relançado digitalmente pela Deckdisc.[12][13]

Lancaster lançou seu álbum solo de estreia, Malva, em 2017.[14] Além de sua carreira musical, publicou em 2003 a curta antologia de poemas Ceneida, e em parceria com Eliana Pougy também foi coautor do romance experimental Palmyra, lançado pela Confraria do Vento em 2011.[15]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Álbuns de estúdio
  • Menorme (Qualé Maluco Records, 1998)
  • Pesadelo na Discoteca (Tamborete Records, 2000)
  • Adorei a Mesinha (Tamborete Records, 2005)
Álbum ao vivo
  • Toma, Figurão (independente, 2008)
Extended play
  • Saideira do Zé (independente, 2010)
Compilações
Fitas demo
  • Zumbi do Mato (independente, 1992)
  • Macacomóvel (independente, 1995)

Membros[editar | editar código-fonte]

Última formação[editar | editar código-fonte]

  • Löis Lancaster – vocais, trombone (1994–2013), baixo (2010–2013)
  • Gustavo Jobim – teclado (2005–2013)
  • Sandro Rodrigues – bateria (2010–2013)

Ex-membros[editar | editar código-fonte]

  • Tadeu Aor – vocais (1989)
  • Alessandro "Fumê" Camacho – vocais (1989–1994)
  • Zé Felipe – baixo (1989–2009)
  • André Mansur – baixo (2010)
  • Luciano Callado – teclado (1989)
  • Marlos Salustiano – teclado (1990–2001)
  • Ricardo Dias – teclado (2001–2005)
  • Érico Garcia – bateria (1989–1992)
  • Bernardo Carvalho – bateria (1995–1998)
  • Marcelo Pancinha – bateria (1998)
  • Henrique Ludgero – bateria (1998–2005)
  • David Oliveira – bateria (2006)
  • Renzo Braz – bateria (2006–2010)
  • Fábio Bola – bateria eletrônica (2010)

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Não confundir com o cantor goiano de sertanejo universitário de mesmo nome.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Zumbi do Mato - Macacomóvel
  2. Zumbi do Mato "Menorme"
  3. Menorme - Zumbi do Mato
  4. Zumbi do Mato - Pesadelo na Discoteca
  5. Zumbi do Mato - Adorei a Mesinha
  6. 2008 - Toma, Figurão (Ao Vivo)
  7. «Zumbi do Mato encerra atividades com a formação mais recente». Olho Vivo. 19 de janeiro de 2013. Consultado em 28 de setembro de 2019 
  8. Eduardo Rodrigues (16 de janeiro de 2013). «O fim do Zumbi do Mato». O Globo. Consultado em 23 de setembro de 2019 
  9. Bate-papo com Rogério Skylab | Bate-papo UOL
  10. Rogério Skylab & Orquestra Zé Felipe (2009; s/g, Brasil)
  11. Quem É Mais Idiota do que Eu?
  12. Júlia Amin (13 de dezembro de 2016). «Zumbi do Mato e seu rock experimental são relembrados em filme». O Globo. Consultado em 23 de setembro de 2019 
  13. «Cópia arquivada». Consultado em 26 de junho de 2017. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2017 
  14. Amanda Cavalcanti (10 de abril de 2017). «Löis Lancaster brinca com os limites da canção em 'Malva'». Noisey. Consultado em 23 de setembro de 2019 
  15. «PALMYRA». Confraria do Vento. Consultado em 23 de setembro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]