1.º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque
1.º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque | |
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Par de AH-11A Super Lynx | |
País | Brasil |
Corporação | Marinha do Brasil |
Subordinação | Comando da Força Aeronaval[1] |
Denominação | “Lince”[2] |
Sigla | HA-1 |
Criação | 17 de janeiro de 1979 |
Logística | |
Aeronaves | 9 SAH-11 (1979)[3] 12 AH-11A (2012)[3] 5 AH-11B (2023)[4] |
Efetivo | 26 oficiais e 296 praças (2018)[5] |
Sede | |
Guarnição | São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro[2] |
O 1.º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (HA-1) é uma unidade da Força Aeronaval da Marinha do Brasil sediada na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia. Desde sua ativação em 1979, ele opera aeronaves da família do Westland Lynx, sob as designações de SAH-11 Lynx (original), AH-11A Super Lynx (pós 1995) e AH-11B Wild Lynx (pós 2019). Inicialmente responsável pelas operações antissubmarino a partir das fragatas da classe Niterói, suas missões e a lista de navios onde suas aeronaves podem embarcar foram ampliados nos anos seguintes. Suas missões básicas são atualmente o esclarecimento marítimo, ataque a alvos de superfície ou vetorado a submarinos, acompanhamento de alvos, designação de alvos além do horizonte e guerra eletrônica.
Helicópteros
[editar | editar código-fonte]O esquadrão foi criado em 15 de maio de 1978 e ativado em 17 de janeiro de 1979 sob o nome de “1.º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque Antissubmarino”. Ele contava inicialmente com nove aeronaves Westland Sea Lynx Mk-21, designadas SAH-11,[3] tornando o Brasil um dos primeiros clientes de exportação desse modelo.[6] Dois dos helicópteros foram perdidos em acidentes quando operavam a partir da fragata Niterói (F-40), respectivamente em 1984 e 1992.[7]
Cinco aeronaves remanescentes do lote inicial foram enviadas ao fabricante em 1995 para a atualização à versão Westland Super Lynx 100 Mk-21A, e outras nove desse modelo foram adquiridas. A nova frota recebeu a designação de AH-11A Super Lynx,[3] cuja principal diferença foi a instalação dos radares Ferranti Seaspray 3000 Mk.3.[8] As missões do esquadrão foram ampliadas, e seu nome alterado para a forma atual.[3] Mais um helicóptero foi perdido num acidente em 2003.[9] Até 2009 as aeronaves haviam acumulado 50 mil horas de voo, com mais de 46 mil pousos a bordo e 12 mil dias embarcados.[10] A partir de 2010 os helicópteros receberam o sistema estabilizado multisensor de vigilância FLIR Star SAFIRE III.[11]
Em 2012 o HA-1 tinha doze helicópteros em operação.[3] Oito deles foram escolhidos para a modernização ao padrão AH-11B,[5] também chamado WildLynx. O serviço é realizado pela Leonardo Helicopters UK, em Yeovil, Reino Unido. As duas primeiras unidades, o N-4001 e N-4004, chegaram em 22 de janeiro de 2019, seguidos pelo N-4005, em 10 de janeiro de 2020, N-4003, em 26 de janeiro de 2021,[6] e N-4010, em maio de 2023.[4]
A modernização aproxima os Lynx da tecnologia de um modelo mais recente do mesmo fornecedor, o WildCat. Os motores Rolls-Royce Gem 42-1, de 900 hp de potência cada, foram substituídos por dois LHTEC CTS800-4N, de 1 281 hp, com controle Full Authority Digital Engine Control (FADEC). A cabine recebeu um painel completamente digital, com com três displays multifunção, compatibilidade com óculos de visão noturna, alerta anticolisão TCAS, novos computadores de missão e instrumentos para auxiliar o pouso. O guincho hidráulico foi substituído por um elétrico. Houve também mudanças nos sistemas de guerra eletrônica. 52 pilotos e mecânicos do esquadrão fizeram cursos de duas a sete semanas no Reino Unido. Planejava-se, em 2020, reativar o intercâmbio de pilotos com a Royal Navy; um militar britânico especializado nas missões táticas ficaria na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia por um ano, enquanto um militar brasileiro serviria no Reino Unido.[12]
Até dois torpedos Mk 46 ou quatro mísseis antinavio Sea Skua podem ser carregados por um helicóptero numa missão.[8] Eles também podem empregar bombas de profundidade e uma metralhadora .50.[13] O primeiro lote de 16 unidades do Sea Skua foi adquirido em 1987. Em 2022 os remanescentes haviam passado por uma remotorização e aguardavam um substituto,[14] possivelmente o Sea Venom [en], que substituiu o Sea Skua na Royal Navy.[12]
Missões e capacidades
[editar | editar código-fonte]Os primeiros Lynx brasileiros foram comprados como helicópteros orgânicos antissubmarino das novas fragatas da classe Niterói, que representavam um salto tecnológico para a Marinha do Brasil. Essa opção ainda era pouco reconhecida nas marinhas ocidentais para navios desse porte, e exigiu um grande esforço para desenvolver as normas e doutrinas de emprego. O Lynx serviria de plataforma de busca visual, detectando navios ou mastros de radar, esnórquel, periscópios e antenas de submarinos inimigos. As fragatas poderiam então ordenar um lançamento de torpedo pelos helicópteros ou engajar o alvo diretamente com seus mísseis Ikara [en], cujo alcance excedia o limite do sonar dos navios (20 quilômetros), exigindo a integração com outra plataforma.[15][8]
Os mísseis Sea Skua, recebidos no final dos anos 1980, eram para a guerra antissuperfície.[15] Seu primeiro teste foi em 31 de agosto de 1989, com três disparos contra o casco do ex-contratorpedeiro Santa Catarina.[14] O Sea Skua é adequado apenas para enfrentar pequenas embarcações, como lanchas de patrulha, e os helicópteros não devem ser usados contra navios com armamento antiaéreo, como fragatas. O radar implementado na modernização de 1996, por ser de 360°, permite atacar e se afastar do alvo imediatamente, e pelo mesmo motivo, permite um voo de reconhecimento lateral ou se afastando dos alvos. Através do radar do helicóptero, o navio obtém uma visão do cenário tático.[8]
A missão original de operar nas fragatas da classe Niterói foi ampliada após a chegada do Super Lynx. O HA-1 passou a atender a todos os meios de superfície da Esquadra com plataforma de pouso.[11] O Lynx pode operar no NAM Atlântico (A140), NDM Bahia (G40), Navios de Desembarque de Carros de Combate (NDCC), fragatas, corvetas e navios polares, oceanográficos e hidrográficos,[16] e será o helicóptero orgânico padrão das corvetas da classe Tamandaré.[17]
O HA-1 contribuiu um helicóptero à maioria das missões brasileiras na UNIFIL, de 2011 a 2020, na qual foi usado principalmente para estender o alcance de radar dos navios.[5][18] Este helicóptero servia de Destacamento Aéreo Embarcado (DAE) ao navio capitânia da missão.[3] Em 2011 ele operou com uma metralhadora FN M3M emprestada da Marinha Alemã enquanto a Marinha do Brasil aguardava receber seu próprio armamento.[19]
As missões principais do esquadrão são atualmente o esclarecimento, ataque a alvos de superfície, acompanhamento de alvos, designação de alvos além do horizonte, ataques vetorados a submarinos e guerra eletrônica. Suas missões secundárias incluem a evacuação aeromédica, busca e salvamento, tarefas humanitárias, levantamento fotográfico, espotagem de tiro, recolhimento de drones e torpedos, apoio à varredura e caça de minas e operações especiais.[17] O HA-1 reveza mensalmente com o 1.º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1) uma aeronave em serviço de alerta do navio de serviço, disponível para decolar em até duas horas a qualquer navio da frota.[8]
Referências
- ↑ «Estrutura Organizacional». Marinha do Brasil. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b «Força Aeronaval, organização atual» (PDF). Revista Asas (Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil). 2020. p. 41.
- ↑ a b c d e f g Galante, Alexandre (17 de maio de 2012). «Esquadrão HA-1 completa 34 anos -». Consultado em 12 de janeiro de 2023
- ↑ a b Wiltgen, Guilherme (1 de junho de 2023). «Esquadrão HA-1 recebe o quinto Super Lynx modernizado». Defesa Aérea & Naval. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b c Moury, Taciana (12 de junho de 2018). «Brazilian Navy modernizes Lynx aircraft». Diálogo Américas. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b Wiltgen, Guilherme (29 de setembro de 2022). «WildLynx completa 5 anos do primeiro voo». Defesa Aérea & Naval. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ «F Niterói - F 40». Navios de Guerra Brasileiros. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b c d e Leite, Humberto (2020). «Olhos, ouvidos e garras da esquadra» (PDF). Revista Asas (Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil). p. 48-50.
- ↑ «F Constituição - F 42». Navios de Guerra Brasileiros. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ Galante, Alexandre (17 de maio de 2009). «Aniversário do Esquadrão HA-1». Poder Naval. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b Wiltgen, Guilherme (19 de agosto de 2014). «Especial 98 anos da Aviação Naval: Esquadrão HA-1 (Esquadrão Lince)». Defesa Aérea & Naval. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b Leite, Humberto (2020). «No radar da Marinha» (PDF). Revista Asas (Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil). p. 83.
- ↑ «Aeronaves da Força Aeronaval» (PDF). Revista Asas (Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil). 2020. p. 63.
- ↑ a b Galante, Alexandre (3 de maio de 2022). «O primeiro teste de míssil Sea Skua na Marinha do Brasil». Poder Naval. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b Coelho, Hélio Guilherme José (2016). O desenvolvimento tecnológico da indústria naval de defesa: uma questão estratégica (PDF) (Dissertação). Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense. Arquivado do original (PDF) em 5 de julho de 2016. p. 77-78.
- ↑ «Os navios da Marinha do Brasil e a Força Aeronaval» (PDF). Revista Asas (Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil). 2020. p. 53.
- ↑ a b Caiafa, Roberto (4 de fevereiro de 2021). «Leonardo completa entrega de helicópteros Wild Lynx modernizados a Brasil». InfoDefensa. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ Wiltgen, Guilherme (11 de janeiro de 2021). «Regresso do último WildLynx do Esquadrão HA-1 da UNIFIL». Defesa Aérea & Naval. Consultado em 3 de janeiro de 2024
- ↑ Galante, Alexandre (28 de janeiro de 2012). «Lince 11 operando com metralhadora .50 na UNIFIL». Poder Naval. Consultado em 13 de janeiro de 2024