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Astisata

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Astisata
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Astisata (em latim: Astisata; em armênio/arménio: Աշտիշատ; romaniz.: Ashtishat) era uma cidade da Armênia do cantão de Taraunitis, na província de Turuberânia. Foi um importante centro religioso pagão na Armênia e sua primeira sede cristã oficial.[1]

Expansão dos Mamicônios. Taraunitis está ao sul

Astisata estava situada no cantão de Taraunitis, na província de Turuberânia,[2] mas sua posição exata é incerta. Geralmente é associada ao sítio do Convento de São Isaque, destruído por Tamerlão no século XIV, sobre uma colina ao norte da confluência do rio Murade e o Carasu, a norte de Muche, perto da vila de Terque. Etimologicamente, o nome significa “a felicidade de Asti” (Astarte ?), mas sua etimologia popular era "[lugar de] muitos sacrifícios" (yašt + šat, "muitos").[1] Os Vanúnios, descendentes de Vaagênio, reinaram como sumo sacerdotes da Armênia pré-cristã em Astisata, onde havia o célebre templo dedicado a ele.[3] Astisata também tinha templos dedicados a Anahit e Astlik.[4]

O templo de Vaagênio foi destruído por Gregório, o Iluminador, que recebeu lá o "apostólico" e construiu a Igreja de João Batista e São Atenógenes, com os altares dos nomes da glória de Cristo e da Santíssima Trindade. Ele batizou lá 190 mil pessoas.[1] Em 314,[5] os gregóridas, descendentes de Gregório, obtiveram Astisata dos Vanúnios e incorporaram-na, junto de outros territórios, num Estado patriarcal próprio.[6] Robert H. Hewsen propôs que o cantão de Aspacúnia pertencia a Astisata.[5] Vertanes, filho de Gregório, foi vítima de tentativa de assassinato na igreja de Astisata por membros da casta pagã.[7] Segundo Fausto, pouco após 353, o eunuco Cílaces visitou Astisata para orar e receber as bênçãos do católico Narses (r. 353–373) Ao chegar, Narses e ele abençoaram um ao outro e Cílaces perambulou da residência episcopal às capelas dos santos. Quando voltou, entrou na sala de jantar, sentou-se e começou a comer e beber. Quando estava saciado e bêbado, falou arrogante e presunçosamente, insultando o rei Tiridates III (r. 298–330) e os reis mortos e vivos da dinastia arsácida:[8]

Por que locais como esse foram dados não a homens, mas pessoas vestidas com trajes de mulheres? Devemos demolir esses lugares, pois uma mansão real deveria ser construída aqui. E se eu, hair mardepetes [Cílaces], retornar vivo ao rei, substituirei o que está aqui, removerei as pessoas daqui e construirei um aposento real.

Narses retrucou e Cílaces deixou os lugares sagrados.[8] Fausto ainda diz que estava no topo da colina Carque e suas igrejas já traziam o título anacrônico de "Igreja Matriz" (Mayr Ekełecʿi). Narses reuniu um concílio em Astisata ca. 353 que organizou a Igreja Apostólica Armênia; o zoroastrismo, paganismo, os casamentos consanguíneos e ritos funerários antigos foram proibidos e muitas instituições voluntárias (leprosários, orfanatos, etc.) foram criadas,[9] as "bases da benevolência caridosa" na Armênia.[10] O primeiro católico não-gregórida da Armênia, Farnarses (r. 348–352), era nativo de Astisata.[1] Desde as primeiras décadas do século V, com a morte de Isaque I, o Grande, o último gregórida masculino, a família Mamicônio sob Amazaspes I recebeu a propriedade gregórida devido ao casamento do último com Isaacanus.[6] Segundo João Mamicônio, as relíquias de Narses foram levadas para Astisata, mas a igreja foi destruída pelos árabes. O Mosteiro de Glaco, seis horas a oeste de Terque, é celebrado por Zenóbio Glaco como fundação de Gregório, mas Fausto diz que a igreja de João Batista e Atenógenes estava em Matravanque, no sul do rio Arsânias.[1]

Referências

  1. a b c d e Esbroeck 1987.
  2. Toumanoff 1963, p. 209.
  3. Toumanoff 1963, p. 215.
  4. Kurkjian 1958, p. 301; 303.
  5. a b Hewsen 1992, p. 311, nota 18.
  6. a b Toumanoff 1963, p. 218.
  7. Mahé 2007, p. 166.
  8. a b Fausto, o Bizantino 1989, IV.14.
  9. Garsoïan 2004, p. 88.
  10. Bellier 1996, p. 34.
  • Butler, Alban (1997). Butler's Lives of the Saints: November. Nova Iorque: Continuum International Publishing Group. ISBN 978-0860122609 
  • Esbroeck, M. Van (1987). «Aštišat». Enciclopédia Irânica Vol. II, Fasc. 8. Nova Iorque: Columbia University Press 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Garsoïan, Nina (2004). «The Aršakuni Dynasty (A.D. 12-[180?]-428)». In: Richard G. Hovannisian. Armenian People from Ancient to Modern Times, vol. I : The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • Hewsen, Robert H. (1992). The Geography of Ananias of Širak. The Long and Short Recensions. Introduction, Translation and Commentary. Wiesbaden: Dr. Ludwig Reichert Verlag 
  • Kurkjian, Vahan M. (1958). A History of Armenia. Nova Iorque: Armenian General Benevolent Union of America 
  • Mahé, Jean-Pierre (2007). «Affirmation de l'Arménie chrétienne (vers 301-590)». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Éd. Privat. ISBN 978-2-7089-6874-5 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press