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Acidente na Plataforma de Enchova em 1984

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Acidente na Plataforma de Enchova em 1984
Acidente na Plataforma de Enchova em 1984
Escombros da torre da sonda da Plataforma Central de Enchova 1 após o incêndio
Data 16 de agosto de 1984
Localização Bacia de Campos
 Rio de Janeiro
Causa Vazamento de gás seguido de explosão e incêndio
Resultado Parada da produção de petroleo pela plataforma por um mês
Mortes 37
Lesões não-fatais 23

O acidente na Plataforma de Enchova ocorrido em agosto de 1984 foi o maior (em número de fatalidades) já ocorrido em plataformas de petróleo no Brasil, tendo como resultado 37 óbitos e 23 pessoas feridas à época.[1] A plataforma, de propriedade da Petrobras, localiza-se no campo de Enchova na Bacia de Campos e estava passando pela perfuração de um poço quando ocorreu o vazamento acidental de gás. Este vazamento foi sucedido de incêndio e da evacuação do pessoal da plataforma por meio de baleeiras. Uma delas teve seus cabos rompidos e despencou de uma altura de 18 metros de altura, levando às fatalidades e ferimentos do incidente.[2] Este foi o primeiro acidente de grandes proporções da Bacia de Campos, cuja base operacional é a cidade de Macaé (RJ).[3]

Descrição do acidente

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O evento acidental iniciou no dia 16 de agosto de 1984, quando o poço de número 33 no campo de Enchova estava sendo perfurado e apresentou vazamento de gás, com consequente explosão e incêndio. As chamas atingiram uma altura de 20 metros,[1] o que fez o pessoal da segurança da unidade, segundo sobreviventes do evento ocorrido, abandonar a tentativa de combate ao incêndio e recomendar a evacuação das 220 pessoas presentes na unidade por meio das baleeiras (embarcações de fibra de vidro projetadas para fuga segura em caso de cenário acidental).[4]

A plataforma de Enchova continha 5 baleeiras com capacidade para 50 pessoas em cada e eram sustentadas por dois cabos de aço que, em caso de necessidade de evacuação, permitiam a descida destas embarcações. Porém, no dia do acidente durante a descida de uma dessas baleeiras, os cabos de sustentação não suportaram o peso e se romperam, fazendo-a despencar em queda livre por cerca de 18 metros de altura.[4] A queda repentina desse equipamento de fuga, possivelmente ocasionada pela quantidade excessiva de pessoas (57 tripulantes) durante a emergência, foi a causa das fatalidades ocorridas no evento.[4][5]

Segundo estudos, o motivo do incêndio foi um blowout ocorrido durante a perfuração, concretizando um vazamento de gás de forma descontrolada. Verificou-se que os alarmes de emergência e o Blowout Preventer (dispositivo conhecido como BOP e responsável por fechar um poço quando houver problemas durante a sua perfuração) não estavam funcionando corretamente durante o dia do evento, propiciando a ocorrência da explosão seguida de incêndio, que durou cerca de 16 horas,[1] e da necessidade de abandono da unidade.[3][6] O incêndio só foi debelado cerca de 16 horas após o sinistro, sendo totalmente extinto apenas no dia posterior ao início do evento.[5]

Consequências

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Segundo informações da Marinha do Brasil, além das vítimas envolvidas no acidente, o evento teve como consequência a parada de produção na plataforma por cerca de um mês, interrompendo a produção diária de cerca de 40 mil barris de petróleo. Essa paralisação afetou o fornecimento de gás destinado ao Rio de Janeiro pela Petrobras, gerando prejuízo de cerca de Cr$147 mil diários à época, ainda que não houvesse impacto à Companhia Estadual de Gás (CEG) do Rio de Janeiro.[5]

A repercussão do ocorrido gerou tensão na população da cidade de Macaé, que pedia por informações precisas sobre as consequências do evento acidental. Além disso, a Petrobras teve de lidar com quedas na bolsa de valores e a necessidade de reconstituir a plataforma danificada, que teve sua torre de perfuração derretida pelas chamas e caiu sobre as instalações, destruindo o guincho de um dos guindastes, a mesa rotativa e um dispositivo de segurança que poderia ter evitado a continuidade do vazamento de gás. Cerca de três dias após o evento, foram realizados testes de carga em todas as baleeiras de unidades de perfuração localizadas na Bacia de Campos.[7]

A decisão final do Tribunal Marítimo, no ano de 1989, foi de que o acidente havia sido consequência de problemas de manutenção dos equipamentos de abandono e falhas no treinamento e capacitação das equipes envolvidas em situações de emergência. Como conclusão da decisão, a empresa operadora da plataforma foi multada e decidiu-se que a Diretoria de Portos e Costas faria um estudo sobre a especificação de baleeiras e seus respectivos dispositivos associados ao lançamento durante situação de emergência.[7]

Referências

  1. a b c «Explosão em Vitória é 3º maior acidente em plataformas da Petrobras». Uol Notícias. 12 de fevereiro de 2015. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  2. Entini, Carlos Eduardo (12 de fevereiro de 2015). «Acidente em Vitória é o 3º maior em plataformas da Petrobras». Exame. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  3. a b Leite, Rose (Julho de 2006). «Dissertação de Mestrado. O trabalho nas plataformas marítimas de petróleo na Bacia e Campos: a identidade do trabalhador offshore». Centro de Filosofia e Ciências Humanas. UFRJ: 161 
  4. a b c Grillo, Cristina (18 de março de 2001). «Folha de S.Paulo - Operador não consegue esquecer acidente ocorrido em 84 - 18/03/2001». Folha de S.Paulo. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  5. a b c 80 anos do Tribunal Marítimo (1934-2014). Rio de Janeiro: Tribunal Marítimo (Brasil). 2014. p. 38 
  6. Silva, Jonathan; Silva, Samantha; Melo, Klismeryane (Agosto de 2016). «ACIDENTES EM PERFURAÇÕES OFFSHORE: ESTUDO DE CASOS ENCHOVA E MACONDO». Campina Grande: Realize Editora. Anais do II Congresso Nacional de Engenharia de Petróleo (CONEPETRO). Consultado em 23 de setembro de 2022 
  7. a b 80 anos do Tribunal Marítimo (1934-2014). Rio de Janeiro: Tribunal Marítimo (Brasil). 2014. p. 39