Aileen Moreton-Robinson

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Aileen Moreton-Robinson é uma acadêmica australiana, feminista indígena, escritora e ativista pelos direitos indígenas. Ela é uma mulher Goenpul do povo Quandamooka de Minjerribah (North Stradbroke Island), em Queensland. Moreton-Robinson obteve seu PhD na Universidade Griffith, em 1998, com a tese intitulada Talkin' up to the white woman: Indigenous women and feminism in Australia,[1] publicada como livro em 1999[2] e pré-selecionada para o New South Wales Premier's Literary Awards e para o Stanner Award.[3] Uma edição do 20º aniversário foi lançada em 2020 pela University of Queensland Press.[4] Sua monografia de 2015, The White Possessive: Property, Power, and Indigenous Sovereignty, recebeu o prêmio da Native American and Indigenous Studies Association (NAISA) em 2016.

Moreton-Robinson foi a primeira pessoa aborígine a ser nomeada para um cargo de palestrante em estudos femininos na Austrália, a primeira Distinguished Professor indígena da Austrália e a primeira estudiosa indígena de fora dos Estados Unidos a ser eleita membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciências.[5][6] Ela trabalhou com estudos das mulheres na Universidade Flinders e com estudos indígenas na Universidade Griffith, na Universidade de Tecnologia de Queensland e no Instituto Real de Tecnologia de Melbourne. Moreton-Robinson foi diretora da Rede Nacional de Pesquisas e Conhecimentos Indígenas e presidente do Consórcio Nacional de Educação Superior para Aborígines e Nativos das Ilhas do Estreito de Torres (NATSIHEC). Atualmente, ela é Professora de Pesquisa Indígena na Universidade de Queensland e no Centro de Excelência do ARC para Futuros Indígenas, o primeiro Centro de Excelência da Austrália liderado por indígenas.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Moreton-Robinson é do povo Goenpul (Koenpul), que faz parte da nação Quandamooka, da Ilha Stradbroke em Queensland, Austrália.[3] Após se mostrar uma estudante promissora no Ensino Médio, recebeu uma oferta de bolsa de estudos para um internato católico, que recusou.[7] Por conta de sua experiência de racismo e discriminação no Ensino Médio, Moreton-Robinson não se formou, envolvendo-se politicamente em movimentos pelos direitos à terra dos aborígines e pelos direitos humanos dos aborígenes.[7]

Mais tarde, Moreton-Robinson foi aceita na Universidade Nacional da Austrália, sendo, à época, a única estudante aborígine na universidade. Ela obteve um diploma de primeira classe em Sociologia, doutorando-se pela Universidade Griffith.[7]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Moreton-Robinson lecionou Estudos Indígenas na Universidade Griffith, em Brisbane, e Estudos das Mulheres na Universidade Flinders, em Adelaide.[3] Ela foi bolsista de pós-doutorado do Australian Research Council no Australian Studies Centre, Universidade de Queensland. Entre 2006 e 2019, Moreton-Robinson foi professora de Estudos Indígenas e Reitora de Pesquisa e Engajamento Indígena na Universidade de Tecnologia de Queensland.[3] Em junho de 2016, ela se tornou a primeira professora aborígine a receber o título de Distinguished Professor.[6] Moreton-Robinson atuou ainda como professora de Pesquisa Indígena no IRTM, em Melbourne.[8]

Contribuições teóricas[editar | editar código-fonte]

A pesquisa e a escrita de Moreton-Robinson se concentram na experiência dos aborígines australianos desde o assentamento colonial e nas questões de raça e estudos de branquitude, pós-colonialismo, estudos das mulheres e feminismo indígena, estudos indígenas, lei de título nativo e direitos aborígines à terra.[3]

Considera-se que Moreton-Robinson contribuiu significativamente para o campo dos estudos indígenas por meio do seu livro The White Possessive, compilado a partir de uma série de artigos publicados em periódicos.[9] O acadêmico maori, Hemopereki Simon, refere-se a esta coleção de artigos e à teoria derivada deles como "A Doutrina Possessiva Branca" em sua aplicação da teoria de Moreton-Robinson a Aotearoa/Nova Zelândia.[10]

Reconhecimento e prêmios[editar | editar código-fonte]

  • 2020, Fellow da Academia Americana de Artes e Ciências, sendo a primeira acadêmica indígena de fora dos EUA a ser escolhida.[5]
  • Prêmio do Conselho Australiano de Aprendizagem e Ensino de 2010 por Excelência em Educação Indígena, pelo desenvolvimento da Aula Magna de Metodologias de Pesquisa Indígena[11]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

Outras publicações[editar | editar código-fonte]

  • 2004. Aileen Moreton-Robinson, "Whiteness, epistemology, and indigenous representation", in Whitening Race: Essays In Social And Cultural Criticism, ed. Aileen Moreton-Robinson, Aboriginal Studies Press, ISBN 978-0-8557-5465-5.
  • Moreton-Robinson, A., 2004. Treaty Talk: Past, Present and Future. Ngunnawal Centre, University of Canberra, pp. 18
  • Moreton-Robinson, A. 2003. I Still Call Australia Home: Indigenous Belonging and Place in a White Postcolonizing Society in Ahmed, S., Castaneda, C., Fortier, A and Sheller, M., (Eds) Uprootings/Regroundings: Questions of Home and Migration. Berg: Oxford. pp. 23–40 (QUT). ISBN 978-0-8166-9214-9ISBN 978-0-8166-9214-9.
  • Moreton-Robinson, A., 2003a, 'Resistance, Recovery and Revitalisation', in M Grossman (ed.), Blacklines: Contemporary Critical Writing by Indigenous Australians, Melbourne University Press, Melbourne
  • Moreton-Robinson, A., 2000. "Troubling Business: Difference and Whiteness within Feminism". Australian Feminist Studies
  • Moreton-Robinson, A., 2001. "A Possessive Investment in Patriarchal Whiteness: nullifying native title?", in P Nursey-Bray and CL Bacchi (eds), Left Directions: Is There a Third Way?, UWA Press, Crawley
  • Moreton-Robinson, A., 1999. "Unmasking Whiteness: A Goori Jondal's look at Some Duggai Business", Queensland Review
  • Moreton-Robinson, A., 1999, 'Wrestling Whiteness, on the Journey to Truth, Justice and Reconciliation', Graduate
  • Moreton-Robinson, A., 1998. Witnessing Whiteness in the Wake of Wik. Social AlternativesWomen
  • Moreton-Robinson, A., 1998, 'When the Object Speaks, A Postcolonial Encounter: anthropological representations and Aboriginal women's self‐presentations, Discourse: Studies in the Cultural Politics of Education, vol. 19, no. 3, pp. 275–289, doi=10.1080/0159630980190302.

Referências

  1. Moreton-Robinson, Aileen (1998). Talkin' up to the white woman : Indigenous women and feminism in Australia (PhD) 
  2. Moreton-Robinson, Aileen (2000). Talkin' Up to the White Woman : Indigenous Women and Feminism. St. Lucia: University of Queensland Press. ISBN 978-0-7022-3134-6 
  3. a b c d e «Moreton-Robinson, Aileen». Universidade de Tecnologia de Queensland. Consultado em 18 de julho de 2023 
  4. «Talkin' Up to the White Woman: Indigenous Women and Feminism (20th anniversary edition)». University of Queensland Press. 2020. Consultado em 12 de julho de 2023 
  5. a b Latimore, Jack (28 de abril de 2020). «Aboriginal scholar elected to leading global intellectual society». NITV. Consultado em 18 de julho de 2023 
  6. a b «QUT awards Aileen Moreton-Robinson title of Distinguished Professor». Universidade de Tecnologia de Queensland. 17 de junho de 2016. Consultado em 18 de julho de 2023 
  7. a b c Reuss, Annie (8 de julho de 2014). «An inspiring woman – Professor Aileen Moreton-Robinson». ABC Brisbane (em inglês). Consultado em 18 de julho de 2023. Arquivado do original em 5 de junho de 2017 
  8. «Professor Aileen Moreton-Robinson». RMIT University. Consultado em 10 de fevereiro de 2023. Arquivado do original em 4 de março de 2021 
  9. Moreton-Robinson, A (2015). The White Possessive. Minneapolis: Minnesota Press. ISBN 978-1-8597-3629-6 
  10. Simon, Hemopereki (2017). «Te Arewhana Kei Roto i Te Rūma: An Indigenous Neo-Disputatio on Settler Society, Nullifying Te Tiriti, 'Natural Resources' and Our Collective Future in Aotearoa New Zealand». Te Kaharoa. 9:1 
  11. Australian Learning and Teaching Council. «2010 Australian Awards for University Teaching» (PDF). Consultado em 7 de dezembro de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]