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Amarna

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Mapa mostrando a cidade de Amarna.

Amarna, El Amarna ou Tell el-Amarna (em árabe: العمارنة; romaniz.: al-'amārnah) é o nome atual em árabe de uma localidade que funcionou como capital do Antigo Egito construída pelo faraó Aquenáton (anteriormente Amenófis IV), sendo então designada como Aquetáton (em árabe: أخاتون; lit. "O horizonte de Áton"). Está situada na margem oriental do rio Nilo na província egípcia de Al Minya, a cerca de 312 quilômetros a sul da cidade do Cairo.[1][2]

Aquenáton, faraó da XVIII Dinastia egípcia, decidiu pouco tempo depois de subir ao trono, introduzir mudanças religiosas que faziam do deus Áton a única divindade digna de receber culto. Para alguns, ele teria sido o primeiro a professar o monoteísmo, embora alguns investigadores considerem que este culto a Aton seria mais uma forma de henoteísmo.[3] Após instituir o culto à Aton como sendo o único culto permitido em todo seu reino, Aquenáton ordenou sistemática destruição aos templos dos demais deuses egípcios, em especial Amom, já que seus sacerdotes e preceptores eram seus maiores rivais, do ponto de vista político e religioso.

O faraó decidiu fundar uma nova cidade que funcionasse como sede para o novo culto religioso, tendo escolhido uma região entre Mênfis e Tebas, duas importantes cidades do Antigo Egito. Aquenáton declarou que tinha sido o próprio deus Aton a informar-lhe o local onde deveria ser construída a nova cidade.

Sabe-se que a cidade abarcou uma extensão de catorze quilómetros ao longo da margem do Nilo com treze quilómetros de largura. A cidade estava limitada por várias estelas (catorze) que simbolicamente limitavam o espaço da cidade sagrada.

Com a morte de Aquenáton, a cidade deixou de ser capital, sendo essa novamente Tebas.

Estrutura da cidade

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Tumba de Tel el-Amarna no Egito.

Amarna estava dividida em vários setores que estavam ligados por uma avenida paralela ao rio, designada nos textos como "Caminho Real". Era neste caminho que Aquenáton e Nefertiti passeavam no carro perante os seus súditos, acompanhados pela comitiva real.

O bairro norte

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Esta área estava estruturada em torno de um palácio cercado por uma muralha que servia como residência do soberano, o Palácio da Margem Norte. Eram localizado atrás da Residência Real estava o Bureau de Correspondência do Faraó, onde as Cartas de Amarna foram encontradas.[4]

O bairro central

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Grande Templo de Áton

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Representação do Grande Templo de Áton.

O Grande Templo de Aton, orientado no sentido leste-oeste, estava cercado por uma muralha de 760m x290m. Ao contrário de outros templos egípcios, não era coberto por um telhado devido à própria natureza do deus Aton, que não habitava numa estátua situada numa sala escura do templo, mas que se manifestava através dos raios solares. A entrada principal era formada por dois pilones que conduziam a um edifício chamado Per Hai. Seguiam-se seis pátios ao ar livre, cada um com dimensões inferiores ao precedente, que formavam o Gem Aten, o lugar onde Áton morava. Este edifício tinha 365 altares quadrangulares construídos em pedra que serviam para realizar as oferendas a Áton, estando o número relacionado com o número de dias do calendário egípcio.

O bairro do sul

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Ao sul da cidade ficava a área agora conhecida como Subúrbios do Sul. Esta área também abrigou o ateliê do escultor Tutemés, onde o famoso busto de Nefertiti foi encontrado em 1912.[5]

Cronologia das investigações

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  • 1714Claude Sicard, um jesuita francês, é o primeiro a descrever uma estela fronteiriça de Amarna.
  • 1798 – O grupo de "sábios" da expedição de Napoleão ao Egipto elabora o primeiro mapa de Amarna, mais tarde publicado na Description de l'Égypte entre 1821 e 1830.
  • 1824 – Sir John Gardiner Wilkinson explora e cartografa as ruínas da cidade.
  • 1833 – O copista Robert Hay e G. Laver visitam a localidade e descobrem vários dos túmulos da região sul, gravando os baixos-relevos. As cópias dos baixos-revelos permaneceram durante muito tempo British Library sem serem por publicadas.
  • 1843 e 1845– A expedição da Prússia liderada por Karl Richard Lepsius faz o registo dos monumentos e da topografia de Amarna em duas visitas distintas num período total de doze dias. Os resultados são em publicados entre 1849 e 1913 na obra Denkmäler aus Ægypten und Æthiopien.
  • 1887 – Uma mulher de Amarna descobre acidentalmente cerca de 400 tabuinhas de barro com inscrições cuneiforme. Estas tabuinhas são hoje denominadas de "Cartas de Amarna" e eram correspondência diplomática do tempo de Aquenáton.
  • 18911892– Sir Flinders Petrie trabalha durante uma época em Amarna, num trabalho independente em relação ao Fundo de Exploração Egípcia. Petrie realizou escavações na região central da cidade, tendo investigado o Grande Templo de Aton, o Grande Palácio, a Casa do Rei, o Arquivo de Registos e casas privadas.
  • 19031908Norman de Garis Davies publica desenhos e fotografias dos túmulos privados e das estelas fronteiriças.
  • 19071914 – Liderada por Ludwig Borchardt, a Deutsche Orientgesellschaft (Sociedade Oriental Alemã) escava as regiões norte e sul da cidade. É descoberto o famoso busto de Nefertiti, agora em Berlim, entre outros objectos que pertenciam ao atelier do escultor Tutemés. O começo da Primeira Guerra Mundial em agosto 1914 põe fim às escavações alemãs.
  • 19211936 – A Sociedade Egípcia de Exploração realiza escavações em Amarna sob a direcção de T.E. Peet, Sir Leonard Woolley, Henri Frankfort e John Pendlebury. As novas investigações centram-se nos edifícios reais e religiosos.
  • 1960s – A Organização Egípcia das Antiguidades realiza um conjunto de escavações em Amarna.
  • 1977 – presente – A Sociedade Egípcia das Antiguidades regressa às escavações em Amarna, agora sob a direcção de Barry Kemp.
  • 1980 – Uma segunda exploração de duração mais curta liderada por Geoffrey Martin descreve e copia os baixos-relevos do túmulo real, tendo as descobertas sido publicadas com objectos que se julga serem oriundos do túmulo.

Referências

  1. David, A. Rosalie (Ann Rosalie) (1998). Handbook to life in ancient Egypt. [S.l.]: New York : Facts on File 
  2. Tell-el-Amarna britannica.com
  3. Grundon, Imogen (2007). The Rash Adventurer: A Life of John Pendlebury (em inglês). [S.l.]: Libri. p. 89 
  4. Phillips Academy, Oliver Wendell Holmes Library (1992). The Amarna letters. [S.l.]: Baltimore : Johns Hopkins University Press 
  5. Barbara Waterson (1999). Amarna: Ancient Egypt's Age of Revolution.
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