Andreas Stocklein
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![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/37/Andreas_Stocklein_com_azulejos_2.jpg/220px-Andreas_Stocklein_com_azulejos_2.jpg)
Artista plástico, nascido na Alemanha, em 1957, aí viveu até a mãe se mudar com ele para Angola, onde trabalhava o pai; até 1962, viveu em Luanda.
Formou-se em escultura e pintura, de 1977 a 1982, na Academia de Belas Artes de Dusseldorf [1]; nesse último ano, no âmbito de duas viagens escolares de alguns meses, fez pesquisa sobre Land Art na serra da Arrábida e aí se exercitou na pintura explorando materiais naturais.
No ano seguinte, inicia-se na aprendizagem de técnicas de azulejaria e estabelece-se em Portugal. Trabalha em restauro e reprodução de azulejo tradicional em Lisboa, na empresa Azularte.
A par da execução de trabalhos de restauro – de que são exemplo os desenvolvidos nos jardins do Palácio de Queluz (primeiro trabalho), na igreja do castelo de Sesimbra ou nas igrejas dos Cardaes e de Marvila -, explora as suas próprias formas de expressão através da arte azulejar, numa perspectiva contemporânea e conceptual, dominando materiais, cores, figurações, texturas, cores e ornatos. Em 2005, numa entrevista à RTP afirma «gosto de adequar os materiais que uso àquilo que quero transmitir (…) o material tem peso na comunicação»[2].
Em 1987, criou, na praia de Odeceixe, o marcante projecto temporário Membrana — Da Transparência do Solo, «uma estrutura construída em madeira, de 30 m de diâmetro, em forma de espelho parabólico, mas que aparenta ter o seu ponto focal no subsolo»[3], que integrava instalações e objectos em azulejo no subsolo. A intervenção artística, que demorou 2 anos a concretizar, foi habitada por pessoas que iam à praia e foi criada com o fim de alterar os caminhos das pessoas que por aí circulavam.
Em 1988, instala o seu atelier em Setúbal e cria obras de pintura e cerâmica.
A partir de 1990, passa a ser representado pela Galeria Ratton, e aí realiza a sua marcante exposição individual Do Barroco à Subversão, na qual é clara a sua opção pela reinvenção do azulejo. Destacou do barroco, por exemplo, os querubins, recriados em diversos tondo. É artista residente da galeria, com a qual manteve forte vínculo, e onde expôs com regularidade e realizou projectos para diversos locais privados e públicos.
Em 1992, desenvolve um projecto na Alemanha que «culmina com a apresentação da exposição 3,1416º K, Artcore, em Monchengladbach.»[4]
Em 2001, recebeu, com a Galeria Ratton, o Prémio Jorge Colaço de Azulejaria da cidade de Lisboa 2000, pelo seu trabalho na Faculdade de Direito de Lisboa (produção Ratton Cerâmicas).
Em 2017, recebeu o prémio anual da SOS-Azulejo de melhor obra artística pela sua criação no Túnel do Quebedo em Setúbal. Nessa encomenda da Câmara Municipal de Setúbal, são homenageados cinco poetas/escritores com forte ligação à cidade do Sado: José Afonso, Luiz Pacheco, Manuel Maria Barbosa du Bocage, Sebastião da Gama e Vasco Mouzinho de Quevedo.
Obras em destaque
Diversas obras na sua carreira, sobretudo em azulejo – em arte pública e em imóveis privados -, mas também em instalação, tela e desenho a carvão e tinta da China, merecem destaque:
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/35/Quatro_Esta%C3%A7%C3%B5es.png/220px-Quatro_Esta%C3%A7%C3%B5es.png)
- o mural «Quadro Estações», no Largo da Boavista, em Palmela, de 1989, com um «efeito ilusório de trompe l’oeil, tão apreciado pelo espírito barroco[5]»;
- três painéis azulejares As estruturas virtuais do silêncio para o edifício Embaixador (Lisboa), do arquitecto Armando Fernandes[6];
- o interior da Cervejaria Ribadouro, em Lisboa, datado de 1993;
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b4/A_justi%C3%A7a_%C3%A9_cega_pormenor.jpg/220px-A_justi%C3%A7a_%C3%A9_cega_pormenor.jpg)
- a intervenção «A justiça é cega» na Faculdade de Direito de Lisboa, de 1999/2000;
- em Alfragide, o painel para o altar-mor da Igreja da Divina Misericórdia[7], de 2010;
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/Andreas_Stocklein_Campolide.jpg/220px-Andreas_Stocklein_Campolide.jpg)
- os painéis na estação ferroviária de Campolide (Lisboa), em 1999;
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/ce/Metro_Rathaus_Essen.jpg/220px-Metro_Rathaus_Essen.jpg)
- a estação de Metro Rathaus em Essen (Alemanha) de 2014–2016, processo de criação e execução/produção demorado e exaustivo[8];
- Túnel do Quebedo[9], Setúbal.
Acerca da obra para a Estação de Campolide, onde se encontra um Ícaro contemporâneo, Stöcklein afirmou que o tema era a «viagem sem fim» e «O que eu queria era tornar esse “não-lugar” num lugar, torná-lo num espaço identificável, e penso que isso vai acontecer com o tempo. (…) O meu objetivo era partir de um espaço despersonalizado e dar-lhe um pouco mais de cor, ou melhor, dar-lhe um carácter lúdico.[10]»
Em 2023, os 40 anos de presença do artista em Portugal, foram comemorados com duas exposições: a Sobre a Linha do Horizonte – Andreas Stöcklein na Colecção Ratton no Museu Nacional do Azulejo e, na Galeria Ratton, a exposição O Outro Lugar. Conversas Interiores.
Nesse mesmo ano, foi-lhe atribuído pelo SOS-Azulejo o Prémio Obra de Vida 2022.
Andreas Stöcklein faleceu em Lisboa (Portugal), a 13 de Julho de 2024. Era doutorando no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.[11]
Referências
- ↑ MECO, José (1990). Andreas Stöcklein: Do Barroco à subversão. Lisboa: Galeria Ratton. p. desdobrável
- ↑ Aberta, Universidade (21 de Junho 2005). «Entre Nós: entrevista a Andreas Stöcklein». Consultado em 21 de Julho de 2024
- ↑ CABRAL, Rosa Coutinho (s/d). «Membrana - Da transparência do solo | Andreas Stöcklein, 1987». Homeless Monalisa, revista do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Consultado em 21 de Julho de 2024
- ↑ Portugal, Infraestruturass de (15 de Julho de 2024). «Homenagem a Andreas Stöcklein (1957-2024)». Consultado em 21 de Julho de 2024
- ↑ SERRÃO, Vitor, MECO, José (2007). Palmela Histórico-Artística. Um inventário do Património concelhio. Lisboa/Palmela: Edições Colibri/ Câmara Mun. Palmela. p. 260. ISBN 978-972-772-765-0
- ↑ FERNANDES, Armando, STÖCKLEIN, Andreas (1997). «Edifício Embaixador». Lisboa. Jornal de Arquitectos. ISSN0870-1504 (N. 176-177): 27
- ↑ Alfragide, Paróquia de (17 de Julho de 2024). «Faleceu o autor do painel da Igreja da Divina Misericórdia». Consultado em 21 de Julho de 2024
- ↑ ARTIS – Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Az – Rede de Investigação em Azulejo | (8 de Novembro de 2023). «AzLab#89 | Podcast | Andreas Stöcklein». Consultado em 21 de Julho de 2024
- ↑ Ratton Cerâmicas, Tiago Montepegado (13 de Julho de 2016). «Galeria Ratton apresenta trabalho de Andreas Stöcklein TÚNEL DO QUEBEDO, Setúbal 2016». Consultado em 21 de Julho de 2024
- ↑ FERNANDES, Francisco Vaz (2000). Sem margens : intervenções plásticas nas estações da travessia ferroviária Norte-Sul. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional, REFER EP. pp. 127–128. ISBN 972-98557-1-4
- ↑ PARENTE, Catarina, NOGUEIRA; Cristiana (2022). Motel Coimbra N.5. Coimbra: Colégio das Artes Universidade de Coimbra. p. 17-19. ISBN 978-989-54713-5-5
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- CABRAL, Rosa Coutinho in Homeless MonaLisa, Revista do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra (consultado a 21 de Julho de 2024)
- FERNANDES, Armando, STÖCKLEIN, Andreas (1997). «Edifício Embaixador». Lisboa. Jornal de Arquitectos. ISSN 0870-1504 (N. 176-177): 27
- FERNANDES, Francisco Vaz (2000). Sem margens: intervenções plásticas nas estações da travessia ferroviária Norte-Sul. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional, REFER EP.
- MECO, José (1990). Andreas Stöcklein: Do Barroco à subversão (desdobrável da exposição), Lisboa: Galeria Ratton
- MECO, José - Andreas Stöcklein: entre Setúbal e a Ratton, in Artes Plásticas, Lisboa – A.1, N.1. (Julho 1990), p. 55
- PEREIRA, Fernando António Baptista - «Do lugar e dos espaços. Uma reflexão sobre os azulejos de Andreas Stöcklein», in O Quadrado é Branco – Azulejos (desdobrável da exposição), Lisboa: Galeria Ratton Cerâmicas, 2000
- SERRÃO, Vítor; MECO, José (2007) - Palmela Histórico-Artística. Um inventário do Património concelhio, Palmela/Lisboa: C.M. Palmela/Ed. Colibri ISBN 978-972-772-765-0