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Antônio Pereira

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 Nota: Para outros significados, veja Antônio Pereira (desambiguação).
Antônio Pereira vista da Cachoeira da Lajinha. Fotografia de Jorge Guerra Pires.

Antônio Pereira é um distrito do município de Ouro Preto.[1][2] Localiza-se na latitude 20º18'14" Sul e longitude 43º28'53" Oeste e possui altitude média de 860 metros. Dista 16 km de Ouro Preto e 9 km de Mariana. É conhecido pela exploração agressiva de recursos ambientais, realizadas pelos garimpos ilegais e mineradoras.[3][4]

Posição geográfica do distrito de Antônio Pereira, entre Ouro Preto, Mariana, Santa Barbara e São Bartolomeu.

Faz fronteiras com o distrito-sede ouro-pretano e São Bartolomeu, e com as cidades de Santa Bárbara e Mariana.[5]

Fundado entre 1700 e 1710, o distrito foi criado após a descoberta de minas de ouro pelo bandeirante Antônio Pereira, tendo sido um dos primeiros núcleos mineradores de Minas Gerais.[6] Muitos pesquisadores acreditam que Padre João Anhaia foi o verdadeiro fundador do povoado, pois o bandeirante Antônio Pereira, por conta dos animais selvagens, acabou abandonando a região. Chamou-se inicialmente Bom Fim do Mato Dentro, sendo local de intensa atividade mineradora, com as ricas minas de Romão, Mata-Mata, Macacos, Manoel Teixeira, Capitão Simão, Barbaçal, Mateus das Moças, e Rocinha.[7][8]

Em 1716 foi fundada a primeira Igreja, em louvor a Nossa Senhora da Conceição, que tornou-se Matriz em 1720. Por volta de 1800, a dita Matriz pegou fogo. Mais tarde foi construida uma capela de madeira em invocação a Nossa Senhora das Mercês, onde realizava-se os principais oficios religiosos e festas. A mais importante era a festa de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, que reverbera até os dias atuais.[7]

Centro Cultural de Antônio Pereira. O centro conta a história local e possui artefatos que remontam ao tempo da escravidão.

Com a diminuição do ouro, a região estagnou-se economicamente. Somente por volta da década de 1950 que inicia-se um novo ciclo minerador, agora dedicado ao minério de ferro. Em 1984, foi descoberto grandes jazidas de minério, que chamaram a atenção de mineradoras como a Samarco, Samitri, C.V.D.R. Por conta da mineração, diversos problemas assolam o distrito atualmente, como o aumento dos índices de criminalidade e violência, tráfico de drogas, exploração sexual de crianças e adolescentes, gravidez precoce e prostituição, dentre outros.[9]

Atualmente foi instalado o pólo industrial de Antônio Pereira para atrair indústrias de pequeno e médio porte na tentativa de sanar parte dos problemas da área mais pobre do distrito, e diversificar a economia.[7]

Entre seus pontos turísticos estão as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, destruída por um incêndio em 1800, e a Gruta de Nossa Senhora de Conceição da Lapa, um local de peregrinação. O Parque Natural Municipal das Andorinhas, com suas cachoeiras e a nascente do Rio das Velhas, destaca-se no ecoturismo. Antônio Pereira oferece uma combinação única de atrações históricas, culturais e naturais.[10]

Turismo religioso

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Igreja Nossa Senhora da Lapa

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Nossa Senhora da Lapa é uma figura central na tradição religiosa do distrito. A devoção começou há mais de 300 anos, quando crianças tiveram visões da santa em uma gruta no alto do distrito. Desde então, anualmente, a comunidade celebra o Jubileu de Nossa Senhora da Lapa dos dias 1 a 15 de agosto, com uma festa que atrai muitos fiéis. Segundo estimativas, o distrito recebe mais de 30 mil peregrinos todos os anos.[11][12][13]

Igreja das Mercês, principal templo católico de Antônio Pereira. Visto de frente.

A capela de Nossa Senhora da Lapa localiza-se dentro de uma gruta natural, possuindo sete salões.[carece de fontes?] Em 1881, D. Pedro II, Imperador do Brasil, visitou o local. Pelo fato de sua visita ter sido em abril, ele não vislumbrou o tradicional jubileu.[carece de fontes?]

Igreja de Nossa Senhora das Mercês

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A Igreja de Nossa Senhora das Mercês, construída após a destruição da imponente Matriz de Nossa Senhora da Conceição por volta de 1800, é um marco importante em Antônio Pereira. Inicialmente tratava-se de uma capelinha de madeira, ela serviu como local para os ofícios religiosos e festas dedicadas a São Sebastião, Nossa Senhora do Rosário e das Mercês.[14] É o principal templo religioso católico utilizado atualmente.[15]

Igreja Queimada, frente, de Antônio Pereira.

Igreja queimada

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A igreja queimada, localizada na principal entrada de Antônio Pereira, é datada do século XVIII. É um importante marco histórico do do distrito. A igreja é cercada de mitos locais, o mais acentuado está em volta do fato que foi criada em devoção de Nossa Senhora da Lapa. Segundo lendas, a santa milagrosamente saiu da igreja e apareceu na gruta da lapa, demonstrando sua vontade de que ali fosse criado um local de peregrinação.[16] Depois, misteriosamente, a Igreja pegou foto. Há outra versão que afirma que uma pessoal de origem aparentemente da Bahia, roubou a igreja que na época era coberta de metais preciosos, então colocou fogo na mesma para destruir quaisquer provas de seu furto.[carece de fontes?]

Turismo ambiental

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Parque das andorinhas

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Localizado na estrada que liga Antônio Pereira a Ouro Preto,[17] o Parque Natural Municipal das Andorinhas abrange mais de 11 quilômetros de Mata Atlântica e Cerrado, com mais de 300 espécies de plantas. O parque é famoso por suas cachoeiras, como a das Andorinhas, mirantes fabulosos e a nascente do Rio das Velhas. É um destino popular para ecoturismo, oferecendo uma rica diversidade natural e paisagens deslumbrantes.[carece de fontes?]

São três cachoeiras naturais cuja estrutura é mantida por formações rochosas naturais. A primeira, Cachoeira da Pedreita, é rasa, com altura máxima de aproximadamente um metro e a queda de água baixa. A segunda, Cachoeira da Escuridão, devido ao fato de que o sol não alcança a mesma todo o tempo, é funda, tendo aproximadamente dois metros de profundidade em alguns pontos, com uma queda d'água alta. A terceira, Cachoeira da Lajinha, é praticamente plana, como uma área de piscina, possuindo profundidade maior. Até o momento, boa parte da área não sofreu relevantes alterações por ação humana.[carece de fontes?]

Existem outros pontos, como a Lagoa Azul, ou mesmo a Cachoeira da Vila, atualmente tomadas pela empresa Vale.[carece de fontes?]

A população do distrito gira em torno de 3.500 habitantes, embora exista uma gigantesca população flutuante, por conta da extração mineradora, que não entra nos censos.[18]

Sobre a religiosidade da população, os dados apontam que a maioria é católica, sendo o evangelicalismo a segunda religião predominante. Em torno de 10% não possuem religião. Tem ocorrido uma grande expansão de igrejas evangelicas para a região.[carece de fontes?]

A principal atividade economica do distrito é a mineração. Na região existem dois principais complexos, o Complexo do Timbopeba, da mineradora Vale, e também parte do Complexo da Samarco, neste caso suas cavas, Unidades de Tratamento de Minérios e administração. Por conta da mineração, diversos problemas assolam o distrito atualmente, como o aumento dos índices de criminalidade e violência, tráfico de drogas, exploração sexual de crianças e adolescentes, gravidez precoce e prostituição, dentre outros.[9]

Desde os rompimentos das barragens de Fundão, em Mariana, e Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, a população de Antônio Pereira vive sob o risco de rompimento da Barragem Doutor e dos impactos do seu descomissionamento.[9] Constatemente famílias são obrigadas a deixar suas casas e vivem com o medo constante de rompimentos. "São deslocamentos compulsórios que apavoram, destroem modos de vida e geram caos em comunidades inteiras".[19]

Garimpo tradicional

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Também existe, em menor escala, a extração de pedra para a construção civil, na Pedreira Santa Efigênia; o garimpo de ouro no Córrego da Água Suja e de topázio imperial na subida da Lapa, todas atividades artesanais, tradicionais, com origens no período colonial.[9]

Meio Ambiente

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Antônio Pereira conta com uma fauna bem rica, feita principalmente de aves.[20] Importantes espécies são achadas em Antônio Pereira, como o Casaca-de-Couro-da-Lama,[carece de fontes?] Beija-Flor, Bem-Te-Vi e os Periquitões, espécies classificadas como endêmicas. A Oxyrhopus guibei, comumente conhecido como falsa coral, também habita a região.[21]

Por conta da mineração diversas especies animais estão sendo ameaçadas, e pela degredação ambiental, são obrigadas a se deslocar e invadir os centros urbanos.[22]

A flora tem sido constatemente ameaçada pelos anos de exploração agressiva dos recursos naturais por parte de mineradoras. Algumas espécies vegetais ainda existem na região, nomeadamente especies do Cerrado e da Mata Atlântica. Destacadamente a Quaresmeira-mirim, Arnica, Cipó-de-leite, Asteraceae, entre outros.[23]

Referências

  1. www.ouropreto.com.br. «Antônio Pereira - Ouro Preto». Consultado em 13 de dezembro de 2014. Cópia arquivada em 3 de setembro de 2011 
  2. Prefeitura de Ouro Preto. «Antônio Pereira». Consultado em 13 de dezembro de 2014. Cópia arquivada em 13 de dezembro de 2014 
  3. Manuelzão, Projeto (16 de julho de 2024). «Dores e luta da população de Antônio Pereira são registradas em documentário». Projeto Manuelzão. Consultado em 10 de setembro de 2024 
  4. Guaicuy, Instituto (19 de maio de 2023). «Pessoas atingidas identificam e discutem danos causados pela Vale em Antônio Pereira». Instituto Guaicuy. Consultado em 10 de setembro de 2024 
  5. Da Silva Gonçalves Ferreira, D. et al. Antônio Pereira: na visão dos jovens que fazem a diferença. Projeto Jovens de Ouro e Terezinha Lobo Leite. http://www.ouropreto.com.br/secao/artigo/terezinha-lobo-leite. Acessado em 23 04 2017
  6. Antônio Pereira e Turma de letras 91/2 ICHS-UFOP, Florentina Gomes, e Lázaro Francisco da Silva. Aspectos folclóricos III: historia de Antonio Pereira. Editora UFOP: Ouro Preto, 1993.
  7. a b c «ouropreto.com.br :: Distritos - Antônio Pereira». www.ouropreto.com.br. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  8. Vasconcellos, Diogo Luiz de Almeida Pereira de (1904). «Historia antiga das minas gerais, Diogo Luis de Almeida Pereira de Vasconcelos». Consultado em 25 de setembro de 2024 
  9. a b c d «Mineração predatória». Instituto Guaicuy. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  10. Seletti, Fábio (16 de fevereiro de 2019). «Distritos de Ouro Preto: Antônio Pereira». outrosrelatos.com.br. Consultado em 6 de setembro de 2024 
  11. Minas, Estado de (15 de agosto de 2022). «Fiéis homenageiam Nossa Senhora da Lapa no distrito de Antônio Pereira». Estado de Minas. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  12. Perucci, Hellen (20 de julho de 2023). «Antônio Pereira: programação do Jubileu de N. Sra da Lapa». Jornal Galilé. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  13. «Comunidade católica de Antônio Pereira celebra 300 anos de devoção à Nossa Senhora da Lapa - Jornal Voz Ativa». jornalvozativa.com. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  14. «ouropreto.com.br :: Distritos - Antônio Pereira». www.ouropreto.com.br. Consultado em 13 de setembro de 2024 
  15. «ANTÔNIO PEREIRA (DISTRITO)». Portal Aventuras. 14 de outubro de 2023. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  16. Antônio Pereira e Turma de letras 91/2 ICHS-UFOP, Florentina Gomes, e Lázaro Francisco da Silva. Aspectos folclóricos III: historia de Antonio Pereira. Editora UFOP: Ouro Preto, 1993.
  17. Seletti, Fábio (16 de fevereiro de 2019). «Distritos de Ouro Preto: Antônio Pereira». outrosrelatos.com.br. Consultado em 13 de setembro de 2024 
  18. «ouropreto.com.br :: Distritos - Antônio Pereira». www.ouropreto.com.br. Consultado em 31 de maio de 2024 
  19. Marques, Ellen Joyce (10 de maio de 2024). «O que Antônio Pereira tem a ver com a Barragem de Fundão?». Instituto Guaicuy. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  20. Fauna e Flora de Antônio Pereira. «Fauna e Flora de Antônio Pereira». Consultado em 22 de fevereiro de 2024 
  21. «Diario de Fauna e Flora de Antônio Pereira · ArgentiNat». ArgentiNat (em espanhol). Consultado em 25 de setembro de 2024 
  22. Pereira, Lui (22 de março de 2021). «Moradores convivem com animais silvestres, peçonhentos e pragas urbanas após remoções em Antônio Pereira e Vila Samarco». Agência Primaz de Comunicação. Consultado em 25 de setembro de 2024 
  23. Messias, Maria Cristina Teixeira Braga; Tonaco, Auria Cordeiro; Meira Neto, João Augusto Alves; Leite, Mariangela Garcia Praça (2012). «Levantamento florístico de um campo rupestre ferruginoso na Serra de Antonio Pereira, Ouro Preto, Minas Gerais.». ISSN 1983-3687. Consultado em 25 de setembro de 2024