Saltar para o conteúdo

Apovipcenes de Otmus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Apovipcenes
Nascimento século V
Otmus
Morte 515/6
Nacionalidade Império Sassânida
Etnia Armênio
Ocupação Bispo
Religião Igreja Armênia

Apovipcenes (em latim: Apovipcenes; em grego: Απουιπχένης; romaniz.: Apouipchénes)[1] ou Babequém de Otmus (em armênio: Բաբկեն Ոթմսեցի; romaniz.: Babken Otmsetsi; m. 515/6) foi o católico da Igreja Apostólica Armênia de 490/1 a 515/6.

Nome[editar | editar código-fonte]

O nome armênio Babequém (Բաբկեն, Babken) tem origem iraniana e pode ter derivado do persa médio Babe / Pape (Bāb / Pāp, "pai") ou do armênio Babico (Բաբիկ, Babik), que é formado por Babe junto ao sufixo -ik (-իկ).[2] Hrach Martirosyan afirmou que esse sufixo associa-se ao iraniano *-ika-,[3] que era utilizado para construção de adjetivos e substantivos, bem como formava nomes de países. No armênio, em particular, era comumente empregado para formar diminutivos.[4][5] Em sua forma final, perdeu o -i- e ao nome foi acoplado a partícula -ēn (-են).[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Apovipcenes nasceu na vila de Otmus, no cantão de Vananda, na região de Cars no noroeste da Armênia.[6][7] Sucedeu em 490/1[8] o católico João I Mandacúnio e, como seu antecessor, trabalhou em estreita colaboração com o marzobã Baanes I.[9] Em sua morte, em 515/6, foi sucedido por Samuel de Arzeque.[10] É conhecido por convocar o Primeiro Concílio de Dúbio em 505/6, que reuniu em Dúbio, a sede catolicossal, armênios, ibéricos e albaneses.[10] A razão para esta reunião era a recepção do Henótico do imperador Zenão (r. 474–475; 476–491),[11] enquanto a Igreja Armênia e a Igreja Bizantina ainda estavam em comunhão,[12] de modo a combater as mudanças recentes na Igreja do Oriente, nomeadamente a introdução do nestorianismo por Barsauma.[13] O ato sinodal do conselho indica:

Os sínodos foram realizados em vários lugares, às vezes Bendosabora e às vezes em Assuristão pelos líderes desta seita sacrílega: Acácio, Barsauma, Mir-Narses (bispo de Zabe), João (bispo de Carca de Bete Seloque, metropolita de Bete Garmai), Paulo (bispo de Carca de Ledã), Mica (bispo de Lasom) e outros em comunhão com eles, que concordaram com os discursos e a impiedade de Nestório, Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuéstia.[14]

O concílio, que não é documentado diretamente por uma carta de Apovipcenes preservada no Livro das cartas da Igreja Armênia,[15] condenou veementemente o nestorianismo.[16] Embora esta carta não mencione uma única vez o nome "Calcedônia",[15] alguns historiadores, principalmente armênios, com base na História da Armênia do católico João V de Drascanacerta (século X), consideram que o concílio marca o rompimento da Igreja Armênia com o calcedonismo, enquanto outros autores, principalmente ocidentais, datam este evento no Segundo Concílio de Dúbio em 555; a historiadora Nina Garsoïan argumenta que o fato remonta a 518, quando o imperador Justino I (r. 518–527) abandonou o Henótico de Zenão,[17] diferente de Anastácio I (r. 491–518) que o seguiu.[18]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
João I Mandacúnio
Católico da Armênia
490/1-515/6
Sucedido por
Samuel de Arzeque

Referências

  1. Lequien 1740, p. xliii.
  2. a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 352.
  3. Martirosyan 2021, p. 21.
  4. J̌ahukyan 1998, p. 5–48.
  5. Schmitt & Bailey 1986, p. 445-465.
  6. Hovannisian 1997, p. 111.
  7. Boisson-Chernorhokian 1996, p. 38.
  8. Garsoïan 1996, p. 100.
  9. Grousset 1973, p. 230.
  10. a b Grousset 1973, p. 236.
  11. Garsoïan 1996, p. 104.
  12. Boisson-Chernorhokian 1996, p. 39.
  13. Fortescue 2001, p. 81.
  14. Garsoïan 1996, p. 187.
  15. a b Garsoïan 1996, p. 105.
  16. Dédéyan 2007, p. 199.
  17. Garsoïan 1996, p. 111.
  18. Grousset 1973, p. 234.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Բաբկեն». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Boisson-Chernorhokian, Patricia (1996). «Vision chalcédonienne et non chalcédonienne de la liste des patriarches de l'Église arménienne jusqu'au xe siècle». In: Nina Garsoïan. L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publicações da Sorbona. ISBN 2-85088-017-5 
  • Fortescue, Adrian (2001). Eastern Churches Trilogy: The Lesser Eastern Churches. Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press. ISBN 0971598622 
  • Garsoïan, Nina (1996). L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN 9782859443009 
  • Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Hovannisian, Richard G. (1997). Armenian People from Ancient to Modern Times vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • J̌ahukyan, Geworg (1998). «-իկ». Hin hayereni verǰacancʻneri cagumə [The Origin of Old Armenian Suffixes]. Erevã: Anania Širakacʻi 
  • Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Lequien, Michel (1740). Oriens Christianus, in quatuor patriarchatus digestus. Paris: Tipografia Régia 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências