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Prata

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(Redirecionado de Argentum)
 Nota: Para outros significados, veja Prata (desambiguação).
Prata
PaládioPrataCádmio
Cu
 
 
47
Ag
 
               
               
                                   
                                   
                                                               
                                                               
Ag
Au
Tabela completaTabela estendida
Aparência
branco metálico prateado


Um cristal de prata de alta pureza (>99,95%), feito eletrolitamente de massa 11g. Esta imagem foi feita a partir de 12 fotografias via empilhamento de foco.
Informações gerais
Nome, símbolo, número Prata, Ag, 47
Série química Metal de transição
Grupo, período, bloco 11, 5, d
Densidade, dureza 10490 kg/m3, 2,5
Número CAS 7440-22-4
Número EINECS
Propriedade atómicas
Massa atómica 107,8682 u
Raio atómico (calculado) 144 pm
Raio covalente 145±5 pm
Raio de Van der Waals 172 pm
Configuração electrónica [Kr] 4d10 5s1
Elétrons (por nível de energia) 2, 8, 18, 18, 1 (ver imagem)
Estado(s) de oxidação 1, 2, 3 (óxido anfótero)
Óxido
Estrutura cristalina cúbico de faces centradas
Propriedades físicas
Estado da matéria sólido
Ponto de fusão 1234,93 K
Ponto de ebulição 2435 K
Entalpia de fusão 11,28 kJ/mol
Entalpia de vaporização 258 kJ/mol
Temperatura crítica  K
Pressão crítica  Pa
Volume molar m3/mol
Pressão de vapor 1 Pa a 1283 K
Velocidade do som 2680 m/s a 20 °C
Classe magnética Diamagnético
Susceptibilidade magnética -2,4x10-5
Permeabilidade magnética
Temperatura de Curie  K
Diversos
Eletronegatividade (Pauling) 1,93
Calor específico J/(kg·K)
Condutividade elétrica S/m
Condutividade térmica 429 W/(m·K)
1.º Potencial de ionização 731 kJ/mol
2.º Potencial de ionização 2070 kJ/mol
3.º Potencial de ionização 3361 kJ/mol
4.º Potencial de ionização kJ/mol
5.º Potencial de ionização kJ/mol
6.º Potencial de ionização kJ/mol
7.º Potencial de ionização kJ/mol
8.º Potencial de ionização kJ/mol
9.º Potencial de ionização kJ/mol
10.º Potencial de ionização kJ/mol
Isótopos mais estáveis
iso AN Meia-vida MD Ed PD
MeV
105Agsintético41,2 dε
γ



-
0,344
0,280
0,644
0,443
105Pd
-



106mAgsintético8,28 dε
γ



-
0,511
0,717
1,045
0,450
106Pd
-



107Ag51,839%estável com 60 neutrões
108mAgsintético418 aε
IT
γ


-
0,109
0,433
0,614
0,722
108Pd
108Ag
-


109Ag48,161%estável com 62 neutrões
111Agsintético7,45 dβ

γ
1,036
0,694
0,342
111Cd

-
Unidades do SI & CNTP, salvo indicação contrária.

A prata ou argento[1] (do latim vulgar platta*,[2] argentum) é um elemento químico de símbolo Ag e de número atómico igual a 47 (47 prótons e 47 elétrons). Sua massa atómica é 107,87u. À temperatura ambiente, a prata encontra-se no estado sólido. No teste de chama, assume a cor lilás.

A origem da palavra "prata" é de indo-europeia, "arhhg", que significa brilhante e seria o equivalente em sânscrito a ar-jun que também significa brilhante.[3] Estima-se que tenha sido descoberta pouco depois do cobre e do ouro.[4][5]

Características

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A maior parte da prata é um subproduto da mineração de chumbo e está frequentemente associada ao cobre. Dentre os metais, é a que mais conduz corrente elétrica, superando o cobre. Em 2019, os cientistas descobriram um mecanismo, em nanoescala, que tornou a prata 42% mais forte do que qualquer coisa já feita antes, sem perder a condutividade elétrica.[6]

A prata normalmente ocorre em forma compacta como pepitas ou grãos, embora possa também ser encontrada em agregados fibrosos, dendítricos (em forma de árvore). Quando recentemente minerada ou polida, ela possui uma cor branco-prata brilhante característica e um brilho metálico. Este metal é estável em ar puro e água, mas recobre-se de uma película de sulfeto de prata quando exposto ao ozônio, gás sulfídrico ou ar com enxofre. Por causa disso e do fato de que ela é muito maleável para ser usada em joalheria na sua forma pura, a prata é frequentemente ligada a outros metais, ou recebe uma camada de cobertura de ouro.

A prata é tóxica. No entanto, a maioria dos seus sais não são venenosos devido às características de seus ânios. Estes compostos são absorvidos pelo corpo e permanecem no sangue até se depositarem nas membranas mucosas, formando uma película acinzentada. A intoxicação por prata chama-se argiria. Há, contudo, outros compostos de prata, como o nitrato, que têm um efeito anti-séptico. Usam-se soluções de nitrato de prata no tratamento de irritações de membranas mucosas da boca e garganta. Algumas proteínas contendo prata são poderosos agentes anti-irritantes das membranas dos olhos, ouvido, nariz e garganta.

O ouro era simbolizado pelos egípicios como um círculo,como a prata era considerada um metal quase perfeito deu-se o seu símbolo de uma lua

A prata tem sido utilizada por milênios na confecção de ornamentos e utensílios, assim como no comércio como base de muitos sistemas monetários. Seu valor como metal precioso há muito foi considerado, sendo superado somente pelo ouro. O símbolo químico Ag provém da palavra em latim argentum (compare com a palavra grega άργυρος, árgyros), de raiz indo-europeia *arg-, significando "branco" ou "brilhante". Mencionado no Livro do Gênesis, pilhas de escórias encontradas na Ásia Menor e em ilhas no mar Egeu indicam que a prata tem sido separada do chumbo desde pelo menos o quarto milênio a.C. usando a mineração de superfície.[7][8]

A estabilidade do sistema monetário romano foi baseado em uma grande quantidade de suprimentos de barras de prata que os mineradores romanos produziram em uma escala sem paralelo antes da descoberta do novo mundo. Alcançando um pico de produção de 200 t por ano, uma reserva estimada de 10.000 t de prata circulou na economia romana por volta do século II, quantidade cinco a dez vezes maior que a quantidade combinada de prata disponível durante a Idade Média europeia e o califado Abássida por volta do ano de 800.[9][10]

O Império Chinês utilizou a prata durante grande parte de sua história como um meio de câmbio. No século XIX, a ameaça ao balanço de pagamentos do Reino Unido para mercadores chineses demandando pagamento em prata pela troca por chá, seda e porcelana levou a Guerra do Ópio porque os britânicos tinham que encontrar um meio de realizar os pagamentos, e decidiram fazê-lo vendendo o ópio produzido nas colônias britânicas para a China.[11]

Silver mining and processing in Kutná Hora, Central Europe, 1490s

Sob certas circunstâncias, o Islamismo permite ao muçulmano utilizar joias de prata. O próprio Maomé utilizava um anel com sinete de prata.[12]

Nas Américas, a tecnologia de copelação em alta temperatura do chumbo-prata foi desenvolvida por civilizações pré-Inca ainda por volta do Século I.[13]

Segunda Guerra

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Durante a Segunda Guerra Mundial, o suprimento de cobre limitado levou a substituição pela prata em muitas aplicações industriais. O governo dos Estados Unidos tomou emprestado uma grande quantidade da reserva dos cofres de West Point para uma grande quantidade de usos industriais. Um uso muito importante foi para a produção de barramentos que as novas plantas de alumínio precisavam para construir aviões. Durante a guerra, muitos conectores elétricos e interruptores foram prateados. Outra aplicação foi para confecção de rolamentos. Uma vez que a prata pode substituir o estanho na solda em pequenas quantidades, uma grande quantidade de Estanho foi disponibilizada para outras aplicações pela substituição da prata do governo. Uma aplicação em tecnologia de ponta foi nos condutores do Oak Ridge National Laboratory usados no calutron para isolar o urânio como parte do projeto Manhattan. Após a guerra, a prata foi retornada aos cofres.[14] A prata também substituiu o níquel em moedas, disponibilizando este metal para uso em ligas metálicas.[15]

As principais áreas de mineração de prata do mundo se encontram na América do Sul, nos Estados Unidos, na Austrália e na antiga União Soviética. O maior produtor individual de prata é provavelmente o México, onde a prata tem sido minerada desde aproximadamente 1500 d.C. até hoje. A melhor prata natural, que ocorre na forma de arame torcido, é a de Kongsberg, na Noruega.

As maiores minas do mundo são Cannington (Austrália), Fresnillo (México), San Cristobal (Bolívia), Antamina (Peru), Rudna (Polônia) e Penasquito (México)[16]

Países produtores

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No mundo, o continente americano é o maior produtor de prata.

Onze países produziram cerca de 84% da prata de todo mundo, no ano de 2010:

País Toneladas % do total
México México 3 999 17,5
Peru Peru 3 611 15,8
China China 3 085 13,5
Austrália Austrália 1 863 8,1
Chile Chile 1 275 5,6
Bolívia Bolívia 1 275 5,6
Estados Unidos Estados Unidos 1 201 5,2
Polónia Polônia 1 173 5,1
Rússia Rússia 1 145 5,0
Argentina Argentina 641 2,8
Brasil Brasil 556 2,1
Total dos onze países 19 268 84,2
Total do mundo 22 889 100,0

Cifras de 2010, fonte : Silver Institute, 2010

A pureza da prata é normalmente medida em permilagem (base por mil), assim uma liga 95% pura é descrita como "0,950 fina". Logo, "Prata 950" quer dizer: 95% da joia é de prata legítima; os outros 5% são de outros metais, normalmente cobre.

Este conceito foi criado por Dom Afonso II para punir severamente quem alterasse a mistura.

Os números das Provas mais comuns são:

  • Ouro: 375, 500, 583, 585, 750, 958, 996, 999,9 (usa-se na indústria aeroespacial)
  • Prata: 750, 800, 875, 916, 925, 950, 995
  • Platina: 950
  • Paládio: 500, 850
Barra de prata
Utensílios de prata

A prata de lei tem esse nome graças a uma lei portuguesa, do século XV, que estabelecia que a prata deveria ter pelo menos 80% de pureza, a fim de prevenir excesso da mistura de outros metais na liga, diminuindo o valor.

Hoje em dia, a prata de lei no Brasil pode ser a 925 ou 950, dependendo do uso e da região.[17] São as ligas de prata com maior durabilidade e qualidade.

A prata é um metal precioso que historicamente vale entre 5 e 12 partes do valor do ouro. É uma fonte não renovável. A onça (31,1035 gramas) de prata valia algo em torno de 43 dólares em 2 de setembro de 2011, após ter chegado próximo dos 50 dólares na última semana de abril de 2011. Em 1981, a onça de prata chegou a valer mais ainda, próximo dos 50 dólares, devido ao movimento especulativo.

Moeda de prata e nióbio de 25 euros (Münze Österreich)

A prata é utilizada:

Referências

  1. [1]
  2. [2]
  3. Ernout, A. e Meillet A. (1939). Dictionnaire Étymologique de la langue latine. Histoire des mots. [S.l.]: Librarie C Klicksieck 
  4. 47 Silver
  5. «Silver Facts – Periodic Table of the Elements». Chemistry.about.com. Consultado em 12 de setembro de 2008 
  6. «Scientists have created the strongest silver ever». Tech Explorist (em inglês). 3 de outubro de 2019. Consultado em 3 de outubro de 2019 
  7. Hammond, C. R. (2000). The Elements, in Handbook of Chemistry and Physics 81st edition. [S.l.]: CRC press. ISBN 0-8493-0481-4 
  8. Nikitin, Pavel V.; Lam, Sander and Rao, K. V. S. (2005). «2005 IEEE Antennas and Propagation Society International Symposium» (PDF). 2B: 353. ISBN 0-7803-8883-6. doi:10.1109/APS.2005.1552015. Consultado em 23 de maio de 2014. Arquivado do original (PDF) em 21 de março de 2016  |capítulo= ignorado (ajuda)
  9. Patterson, C. C. (1972). «Silver Stocks and Losses in Ancient and Medieval Times». The Economic History Review. 25 (2): 205–235 (216, table 2; 228, table 6). doi:10.1111/j.1468-0289.1972.tb02173.x 
  10. de Callataÿ, François (2005). «The Greco-Roman Economy in the Super Long-Run: Lead, Copper, and Shipwrecks». Journal of Roman Archaeology. 18: 361–372 (365f.) 
  11. White, Matthew (2012) The Great Big Book of Horrible Things, New York: W.W. Norton, pp. 285–286, ISBN 978-0-393-08192-3.
  12. Diana Scarisbrick (2004). Historic Rings: Four Thousand Years Of Craftsmanship. [S.l.]: Kodansha International. pp. 283–. ISBN 978-4-7700-2540-1 
  13. «Direct evidence of 1,900 years of indigenous silver production in the Lake Titicaca Basin of Southern Peru». Pnas.org. Consultado em 22 de maio de 2013 
  14. Asimov, Isaac (1966). Building Blocks of the Universe. [S.l.]: Abelard-Schuman 
  15. «Coinflation: 1942–1945 Silver Jefferson Nickel Value». Consultado em 11 de março de 2013 
  16. CPM Group (2011). CPM Silver Yearbook. [S.l.]: Euromoney. 978-0-9826741-4-7 
  17. «Maria Guapa». Consultado em 7 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 18 de dezembro de 2010 
  18. «WebElements». Consultado em 15 de janeiro de 2012 
  19. Thomas D. (1998). The physics os musical instruments. [S.l.]: Springer. 0387983740 
  20. Meyers (2004). Musical instruments: history, technology, and performance of instruments of western music. [S.l.]: Oxford University. 0198165048 
  21. «How silver ions kill bacteria?» (em inglês). 9 de abril de 2020 

Ligações externas

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