Arrobe
As referências deste artigo necessitam de formatação. (Maio de 2020) |
O arrobe[1][2] (também grafado arroube[3][2], arrobo[4], arroubo[3][2] e uvada[5][2][3]) é uma espécie de xarope, doce ou geleia que é obtido através da concentração ao lume do mosto da uva até ficar reduzido ao terço do seu volume inicial.[6][2] Historicamente, também lhe podia ser adicionado, em partes iguais, várias frutas da época cozidas, como figos, maçãs, pêras, pêssegos, melão, etc.[7][3]
Trata-se de um produto tradicional da região de Lisboa e Vale do Tejo. [3][2]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O substantivo «arrobe», bem como as suas variantes gráficas, provém do étimo árabe ar-rub, que significa «sumo de fruta» ou xarope.[1]
Usos
[editar | editar código-fonte]Serve para se beber nesse estado, para temperar outros vinhos ou até para barrar no pão [2][8], como presigo[9] ou conduto.
A concentração do mosto de uva, antes do fabrico caseiro, faz-se hoje em regime industrial (em aparelhos apropriados, pela acção directa do fogo, pelo frio ou até por vácuo) como forma de escoamento de produções vitícolas. O arrobe usa-se como alimento (substitui o açúcar corrente), na confecção de bebidas e refrigerantes e na correcção de mostos.[10]
História
[editar | editar código-fonte]Historicamente, o arrobe era um doce feito, por volta das vindimas, e que ao longo do ano servia de conduto ou presigo, para barrar no pão, numa região que tinha poucas tradições de consumo de mel ou manteiga e era, sobretudo, produtora de vinho e fruta.[3][2]
Crê-se que este doce seja bastante antigo, remontando ao período histórico em que o açúcar ainda era escasso em Portugal.[3][2]
Durante a 2.ª Guerra Mundial, o arrobe ainda gozava de significativa popularidade entre os lisboetas e estremenhos que habitavam na região saloia e nas suas cercanias.[3][2]
Noções essenciais de confecção
[editar | editar código-fonte]Sendo certo que as receitas variam de concelho para concelho, as noções mais consensuais da confecção do arrobe passam por pôr o primeiro mosto ao lume, juntamente com as frutas da época cortadas aos pedaços, se for o caso, mexendo-se continuamente, até formar uma pasta grossa.[3][2] A grossura da pasta averigua-se quando esta atinge o ponto de estrada, como o açúcar[11], isto é, arrastando-se uma colher de pau no fundo do recipiente onde se ferve, por molde a formar-se como que um rasto ou uma estrada no fundo do recipiente.[3]
Referências
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ a b c d e f g h i j k Soeiro, Ana (2001). Produtos Tradicionais Portugueses vol. II. Lisboa: Direcção-Geral do Desenvolvimento Rural. pp. 88–89. ISBN 972-9175-96-9
- ↑ a b c d e f g h i j Barroqueiro, Deana (1 de janeiro de 2020). História dos Paladares Volume 1 (em Portuguese). Lisboa: Prime Books. pp. 378–379. ISBN 978-989-655-429-3
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ Fernandes, Daniel. «Produtos Tradicionais Portugueses». Produtos Tradicionais Portugueses. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ SABORES. «Arrobe da zona dos vinhos». Consultado em 1 de maio de 2010[ligação inativa]
- ↑ Barroqueiro, Deana (1 de janeiro de 2020). História dos Paladares Volume 1 (em Portuguese). Lisboa: Prime Books. pp. 378–379. ISBN 978-989-655-429-3
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 13 de janeiro de 2024
- ↑ SOUZA, João de. «Vestigios da lingoa arabica em Portugal». Consultado em 1 de maio de 2010
- ↑ Modesto, Maria de Lourdes (2012). Cozinha Tradicional Portuguesa (em Portuguese). Lisboa: Verbo. p. 329. 342 páginas. ISBN 9789722230896