As Duas Máscaras de Clô
As Duas Máscaras de Clô foi um espetáculo musical, de gênero próximo ao teatro de revista, criado por Clodovil Hernandes e com direção musical de Leo Jaime. Estreou entre meados de 1988 e o final de 1989, tendo marcado o lançamento de Clodovil como cantor-intérprete.
Apresentações
[editar | editar código-fonte]Clodovil - então desempregado da Rede Manchete após chamar a Constituinte de 1988 de "prostituinte" ao vivo[1] - apresentou o espetáculo na casa-bar L'Onorabile Società, em São Paulo, acompanhado do quarteto do maestro Helio Capucci, formado por José Roberto Balbino (sopro), Sílvio Gomes da Silva (baixo), Carlos Antonio Malaquias (bateria) e Marcos Romero (teclados)[2], antes de apresentá-lo também no Teatro do SESC. O musical também teve breve apresentação no Rio de Janeiro (no Alô, Alô de Ricardo Amaral, em Ipanema) e em Santos.[3] Em novembro de 1989, Clodovil também apresentou sua peça em Bebedouro, no interior de São Paulo, em evento beneficente com desfile das coleções de joias Roberto Simon e Cartier, cuja renda foi revertida para a Fundação para o Livro do Cego do Brasil.[4]
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]A respeito do musical, Clodovil disse que "o texto é muito alegre e engraçado, fala mal do mundo, mas não tem compromisso com nada", tendo se baseado nas máscaras da alegria e da tristeza do teatro, citando-o como uma "vidinha dentro de uma vidona".[5] No musical, Clodovil "alfinetou" figuras nacionais como Hebe Camargo (sua amiga pessoal), o colunista Ibrahim Sued (que escreveu notícia falsa de que Clodovil era portador de HIV[6]), a ex-miss Brasil Martha Rocha e o então presidente da República José Sarney.[7]
Com o espetáculo, Clodovil objetivava revelar ao público facetas desconhecidas de sua personalidade, não demonstradas na televisão, falando palavrões, piadas sobre "homossexualismo, AIDS e cocaína", mostrando sua solidão e cantando canções tristes, além de exibir no show seu cachorro de estimação, Daniel. No espetáculo, Clodovil cantou Voltei pro Morro (de Vicente Paiva e Luís Peixoto), Folha Morta de Ari Barroso e Body and Soul de Billie Holiday.[8]
Um dossiê sobre o espetáculo As Duas Máscaras de Clô está presente na Biblioteca Jenny Klabin Segall, no Museu Lasar Segall.[9]
Referências
- ↑ Diário do Pará - Pauta. Por Paulo Branco. 9 de julho de 1988
- ↑ Jornal A Tribuna (SP) - Na Capital: Clodovil. 12 de setembro de 1989.
- ↑ Jornal A Tribuna (SP) - Variedades: A..., por Thereza Bueno Wolf. 28 de fevereiro de 1989.
- ↑ Bebedouro História e Memória - Clodovil Hernandes em Bebedouro em 1989.
- ↑ Jornal A Tribuna (SP) - Artes: "Talento e Sensibilidade. É Clodovil". Por Ivanir Fernandes Xavier, 12 de agosto de 1989.
- ↑ Rio Em Cena - ‘Não teria coragem de fazer se ele estivesse vivo’. Por Luiz Maurício Monteiro. 22 de maio de 2021.
- ↑ Correio de Notícias (Paraná) - Bom Domingo: Na boca do lobo. 30 de setembro de 1989.
- ↑ Jornal do Brasil (Rio de Janeiro): Clodovil, o showman prêt-à-porter. Por Chico Nelson. 25 de novembro de 1988.
- ↑ Catálogo da Biblioteca Jenny Klabin Segall - AS DUAS MÁSCARAS DE CLÔ (RIO DE JANEIRO, ALÔ ALÔ, e SÃO PAULO, L'ONORABILE SOCIETÀ) - JAN.-AGO. 1989.