Saltar para o conteúdo

Batalha de Kulbiyow

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Batalha de Kulbiyow
Guerra Civil da Somália
Data 27 de janeiro de 2017
Local Kulbiyow, Somália
Desfecho Vitória do Al-Shabaab.[1]
Beligerantes
Al-Shabaab AMISOM Somália Governo Federal da Somália
Comandantes
desconhecido Quénia Maj. Denis Girenge (ferido em ação)[2]
Quénia Maj. Mwangi [3]
Quénia Capt. Silas Ekidor [3]
Somália Capt. Nur Muhidin[4]
Unidades
Batalhão Saleh al Nabhan [5] Quénia Exército do Quênia Somália Forças Armadas da Somália
Forças
150 - Centenas[6][a] 250[2]
  • Quénia 120[4]
  • Somália desconhecido
Baixas
desconhecido[b] Quénia 40–67+[c] soldados quenianos mortos, vários capturados[5]
Somália Vários mortos[4]

Batalha de Kulbiyow ocorreu em 27 de janeiro de 2017, quando militantes da Al-Shabaab atacaram e tomaram o controle da base militar e da cidade de Kulbiyow, mantida pelas Forças Armadas da Somália e pelas Forças de Defesa do Quênia.

Em 25 de janeiro, as tropas quenianas de Kulbiyow atacaram uma base da Al-Shabaab em Badhadhe, embora o ataque tenha sido repelido. [8] No dia seguinte, os quenianos receberam informações sobre um contra-ataque iminente pelos jihadistas, de modo que soldados foram enviados em missões de reconhecimento para ajudar a reunir mais informações e preparar as defesas de Kulbiyow. [3] Na época, a base era mantida por 250 soldados quenianos e somalis. [2][4] O núcleo da guarnição da base era formado pela Companhia C do 15 Kenya Rifles [2] de 120 homens, [4] organizados em quatro pelotões. [9] A companhia queniana também incluía uma bateria de obus e vários morteiros. [2]

Quando o ataque finalmente começou na noite de 26 a 27 de janeiro, foi lançado de Badhadhe,[8] e foi liderado pelo Batalhão de Saleh al-Nabhan, uma unidade da Al-Shabaab que já havia conquistado fama por sua participação na grande vitória islamista de El Adde no ano anterior. [5] Além disso, vários dos atacantes eram mujahideen árabes estrangeiros, que pareciam ser sobretudo bem treinados e aguerridos. [7]  

Quando as forças da Al-Shabaab começaram a se mover em direção a Kulbiyow, foram avistadas por um drone de vigilância da AMISOM por volta da meia-noite; em resposta, os quenianos em Kulbiyow começaram a disparar morteiros e artilharia contra os militantes. Esse bombardeamento durou cerca de 50 minutos, após isso, os defensores da base assumiram que haviam repelido os combatentes da Al-Shabaab e retomaram suas rotinas normais. [3][2]

Apenas 20 minutos depois, no entanto, o drone avistou mais militantes se aproximando da base. Esse ataque renovado surpreendeu em grande parte os defensores, incapacitando-os de deter um caminhão carregado de explosivos, que era conduzido por um homem-bomba da Al-Shabaab, que adentrou na base. Embora o carro-bomba tenha sido destruído por um soldado queniano que disparou uma arma antitanque de 84 mm, o veículo já havia ultrapassado o perímetro externo da base a essa altura. [3] Uma força de ataque de infantaria, entre 150 e algumas centenas de militantes, invadiu a base, apoiada por artilharia móvel. [6][a] Começou um tiroteio brutal e confuso. O capitão Silas Ekidor, o segundo no comando queniano, tentou reorganizar as defesas e reuniu vários soldados em sua posição, mas foi morto por um segundo carro-bomba. O comandante da Bateria de Artilharia, Major Mwangi, também foi morto em algum momento durante os combates. [3] Enquanto isso, dois dos quatro pelotões quenianos presentes começaram a recuar sob as ordens de seus comandantes, deixando os outros dois pelotões sozinhos para enfrentar os atacantes.[9]

Logo depois, as defesas internas da base foram rompidas por um terceiro caminhão carregado de bombas, cuja explosão permitiu que os combatentes da Al-Shabaab superassem os defensores remanescentes; as forças pró-governo sobreviventes foram forçadas a fugir para o mato, enquanto os militantes as perseguiam. [4][10] A batalha durou cerca de 90 minutos, [8] com a Al-Shabaab mais tarde reivindicando ter matado mais de 67 soldados da Forças de Defesa do Quênia e capturado vários outros. [5][c] Consequentemente, os dois pelotões que recuaram sobreviveram, enquanto as duas unidades que permaneceram na base e continuaram a lutar foram quase completamente destruídas. [9]

Com a retirada das forças pró-governo, a Al-Shabaab ficou no controle total da base, bem como da cidade vizinha, e os insurgentes começaram a apoderar-se de veículos e suprimentos enquanto incendiavam os veículos militares que não podiam usar.[5][8][4][10] Enquanto isso, os helicópteros de ataque quenianos Harbin Z-9 chegam ao local da batalha e começaram a disparar contra os militantes, forçando-os a se dispersarem, [3] embora os insurgentes parecessem capazes de se retirar com muita pilhagem em boas condições. [5] Horas depois, as forças terrestres do Quênia chegaram a Kulbiyow e tomaram posse da base militar. [3]

Mais tarde, as Forças de Defesa do Quênia negaram o elevado número de soldados quenianos mortos como propaganda da Al-Shabaab, inclusive com um porta-voz das forças armadas quenianas se recusando a admitir que a base havia caído a princípio: "Os soldados [quenianos] repeliram os terroristas, matando vários".[5][4] O governo queniano até tentou retratar a batalha como uma vitória das Forças de Defesa do Quênia, o que foi refutado, assim que surgiram relatos de testemunhas oculares. [6] Um oficial somali que sobreviveu ao ataque, todavia, descreveu a batalha como "desastre"[4], enquanto um oficial queniano que chegou a Kulbiyow após a batalha declarou que "era uma cena horrenda" em relação aos muitos soldados mortos ao redor.[9]

Os analistas acreditam que o ataque tenha sido principalmente um golpe de propaganda da Al-Shabaab, que pretendia não apenas provar que ainda era "uma força a ser reconhecida", mas possivelmente também influenciar as próximas eleições no Quênia, onde a missão na Somália era cada vez mais questionada devido as elevadas baixas entre as Forças de Defesa do Quênia. Imediatamente após o raide a Kulbiyow, o líder da oposição queniana, Raila Odinga, mais uma vez reafirmou sua posição de que as Forças de Defesa do Quênia deveriam ser retiradas da Somália.[1][6]

  1. a b As Forças de Defesa do Quênia afirmaram que 1.000 militantes atacaram o campo.[2]
  2. Moradores disseram que "dezenas" de militantes foram mortos,[8] enquanto as Forças de Defesa do Quênia afirmaram que a Al-Shabaab tinha perdido 70 combatentes.[1] Um cabo das Forças de Defesa do Quênia afirmou ter visto pelo menos 200 insurgentes mortos na base.[2]
  3. a b As Forças de Defesa do Quênia reivindicaram inicialmente que apenas nove quenianos haviam morrido durante os combates,[1] mas depois admitiu que pelo menos 21 soldados foram mortos e 44 feridos.[2] Por outro lado, os residentes locais estimaram que cerca de 40 quenianos foram mortos,[4] enquanto cerca de 50 soldados mortos podiam ser vistos nos vídeos de propaganda da Al-Shabaab do ataque;[5] A própria Al-Shabaab afirmou ter matado 51 soldados,[1] embora mais tarde tenha aumentado esse número para mais de 67.[5]

Referências

  1. a b c d e Harun Maruf (29 de janeiro de 2017). «Analysis: With one attack, al-Shabaab targets three elections». Daily Maverick 
  2. a b c d e f g h i j Fred Mukinda (5 de fevereiro de 2018). «KDF commander recounts Shabaab attack». Daily Nation 
  3. a b c d e f g h i Nyambega Gisesa (30 de janeiro de 2017). «Kenya: Gallant Soldiers Fought to Their Last Breath to Repulse Attackers». AllAfrica.com 
  4. a b c d e f g h i j Jason Burke (27 de janeiro de 2017). «Witnesses say dozens killed in al-Shabaab attack on Kenyan troops». The Guardian 
  5. a b c d e f g h i Caleb Weiss (31 de janeiro de 2017). «Shabaab details deadly raid on Kenyan military base in Somalia». Long War Journal 
  6. a b c d Anzalone (2018), p. 13.
  7. a b Abdikarim Hussein (1 de fevereiro de 2017). «KDF survivor reveals more DISTURBING details of the Kulbiyow attack». tuko 
  8. a b c d e Harun Maruf (27 de janeiro de 2017). «Al-Shabab Captures Somali Military Base». Voice of America 
  9. a b c d Moses Michira (29 de janeiro de 2017). «Kulbiyow camp battle left 68 patriots dead». The Standard (Kenya) 
  10. a b «Al-Shabab claims to have killed dozens of Kenyan troops». Al Jazeera. 27 de janeiro de 2017 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Battle of Kulbiyow».