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Batalha de Talavera

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Batalha de Talavera
Parte da Guerra Peninsular

Gravação de 1813 que representa a batalha de Talavera
Data 28 de julho de 1809
Local Talavera de la Reina, Espanha
Coordenadas 39° 58' N 4° 50' E
Desfecho Vitória tática anglo-espanhola
Vitória estratégica francesa
Beligerantes
Espanha Espanha
Reino Unido Reino Unido
França Império Francês
Comandantes
Arthur Wellesley
Gregorio de la Cuesta
José Bonaparte
Jean-Baptiste Jourdan
Claude Victor-Perrin
Forças
Exército aliado
• 34 993 espanhóis[1]
30 canhões
• 20 641 britânicos[2]
30 canhões
Exército Imperial
• 46 138[3]
80 canhões
Baixas
1 200 espanhóis
6 268 britânicos[4]
7 389 mortos[4]

A Batalha de Talavera teve lugar nas imediações de Talavera de la Reina (Toledo, Espanha) em 28 de julho de 1809 e colocou frente a frente os exércitos aliados (Reino Unido e Espanha) contra os exércitos napoleônicos do Império Francês.

Uma vez expulso o exército de Soult de Portugal, Wellesley (futuro duque de Wellington) acolhe o pedido da Junta de Defesa espanhola para colaborar na luta contra as tropas napoleônicas, concretamente para ajudar a vencer ao exército do marechal Victor, concentrado na cidade de Mérida.

A reunião de Wellesley com o General Cuesta para estabelecer um plano comum de ação não sai como ambos desejavam, já que entre eles surgem numerosas disputas e desacordos na forma de levar a cabo os movimentos.

Movimentos prévios

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Entretanto, Victor muda seus homens até Talavera, onde o rei José Bonaparte, no comando da maior parte do exército de Madrid se dirige em seu auxílio e a quem se une também o general Sebastiani que observava os movimentos do espanhol Venegas por La Mancha.

Enfim, Wellesley e Cuesta conseguem alcançar um mínimo acordo e em 20 de julho juntam seus exércitos em Oropesa, a uns 40 km a oeste de Talavera de la Reina.

Primeiros ataques

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No dia 27 de julho o exército aliado estava posicionado alguns quilômetros a oeste do rio Alberche. As tropas francesas a mando de Victor, sem esperar a chegada de José Bonaparte e Sebastiani, atravessaram o rio Alberche ao meio-dia desse mesmo dia 27 de julho, pilhando desprevenida a uma brigada inglesa com quem se encontrava o próprio Wellesley, em posição avançada de observação. Ele esteve a ponto de ser feito prisioneiro, salvando-se no último momento ao poder montar a um cavalo e fugir a galope atrás de suas linhas.

Em preparação ao ataque iminente, o exército aliado toma posições entre o Tejo e a Colina de Medellín, situando-se essa noite os espanhóis à direita junto à cidade de Talavera, formando três linhas e tornando-se na parte mais forte da linha defensiva e os ingleses à esquerda, ocupando a colina e situando no centro das linhas um refúgio artilheiro.

Justo em frente da colina de Medellín está a colina do Cascajal, que logo se converterá no centro da posição francesa e separando ambas, está um amplo vale de mais de um km de largura com um pequeno riacho, chamado arroio da Portiña.

Encorajado por esse primeiro ataque e sem se importar com o avançado da noite, às 22h Victor lança a divisão Ruffin ao ataque contra as posições da Colina de Medellín. O assalto pelas encostas íngremes foi feito com baioneta calada contra a defesa dirigida por Hill, dominando a posição e expulsando os ingleses da altura. Refeitas as linhas inglesas, contra-atacam de novo o morro, reconquistando-o dos franceses.

Começa o combate

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Por parte francesa, o rei José Bonaparte e o general Jourdan preferiam esperar a chegada dos reforços solicitados a Soult, que se encontra no caminho desde Salamanca, mas instados pelo general Victor, começaram o ataque. O assalto de surpresa dos franceses se iniciou de madrugada sobre as posições inglesas situadas no Morro de Medellín, que suportou os ataques tendo reforçado o seu flanco esquerdo com cavalaria espanhola do Duque de Alburquerque e a 5.ª divisão espanhola de Bassecourt.

Visto o escasso êxito do ataque, José Bonaparte se reúne com Victor, Sebastiani e Jourdan para decidir se retira-se ou continua. Depois de uma longa deliberação e de saber que Soult não chegaria a Plasencia até o início de agosto e que além disso Venegas avançava até Toledo e Aranjuez com o exército de La Mancha, optaram por seguir o critério de Victor e continuar a batalha.

Enquanto isso, Wellesley aproveita esse descanso para reforçar suas posições e pedir ao general Cuesta quatro peças de artilharia de maior calibre que as suas para substituir algumas perdidas na refrega anterior.

Até o meio-dia Jourdan ordenou bombardear o morro com os canhões que estavam na colina próxima de Cascajal, mas o pequeno tamanho destes conseguiu fazer pouco dano nas fileiras inglesas. É então que ordena o ataque simultâneo da infantaria francesa contra as posições defendidas pelos britânicos. Depois de uma exaustiva luta, sustentado fundamentalmente pelo 45.º Regimento de Infantaria sob William Guard,[5] sobre as 17 horas o exército francês é repelido de suas posições deixando para trás numerosas baixas (7 mil no lado francês, mais de 5 mil no inglês e 1 200 no espanhol).

Durante o resto da tarde, e ante a tranquilidade da situação, o exército aliado se dedica a restabelecer suas linhas e preparar-se para passar a noite e continuar a batalha no dia seguinte. Ao amanhecer de 29 de julho, os aliados observam surpresos que o exército francês se retirou deixando os aliados sozinhos no campo de batalha.

Apesar da vitória e não ouvindo a opinião de Cuesta de atacar os franceses relegados agora em Cazalegas, Wellesley, em vista da iminente chegada de Soult com seu exército e temeroso de ver-se cortado de sua base de operações em Portugal, decide uma rápida retirada pela Extremadura até a fronteira, encarregando as tropas espanholas da proteção de sua retaguarda e deixando abandonada a cidade em 4 de agosto.

Em 8 de agosto, o exército de Soult se encontraria com o espanhol, que cobria a retaguarda de Wellesley, na batalha de Puente del Arzobispo. Pelos méritos da batalha, Wellesley receberia os títulos de Visconde de Wellington e Visconde de Talavera da Rainha. Por sua parte, a Junta Central de Defesa concedeu a Cuesta a Grã-cruz de Carlos III.

Referências

  1. Gates, p. 490-491.
  2. Gates, p. 490-491, Oman, p. 646.
  3. Gates, p. 492, Oman, p. 648.
  4. a b Napier, p. 218.
  5. Pela resistência que ofereceu, o 45.° recebeu o mote de «Viejos Tercos» (The Old Stubborns) de parte da tropa.

Ligações externas

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  • Chandler, David (1979). Dictionary of the Napoleonic Wars. New York: Macmillan. ISBN 0-02-523670-9 
  • Field, Andrew (2006). Talavera: Wellington's First Victory in Spain. Barnsley: Pen & Sword Military. ISBN 1-84415-268-5 
  • Fortescue, John William (1912). A History of The British Army. Vol VI 1807–1809: Vol. VII. London: MacMillan & Co., Ltd [1]
  • Gates, David (2001). The Spanish Ulcer: A History of the Peninsular War. Cambridge, MA: Da Capo Press. ISBN 0-306-81083-2 
  • Glover, Michael (1974). The Peninsular War 1807–1814. Hamden, CT: Archon. ISBN 0-208-01426-8 
  • Gurwood, Lt. Col. (1837). The Dispatches of the Field Marshal the Duke of Wellington during the various campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, The Low Countries, and France, from 1799 to 1818. London: [s.n.] 
  • Holmes, Richard. (2003). Wellington: The Iron Duke, HarperCollins: New Ed edition
  • Leslie, John H. (1908). 'Some Remarks concerning the Royal Artillery at the Battle of Talavera', Journal of the Royal Artillery, Vol. XXXIV, No. 11 February 1908.
  • Oman, Charles (1993) [1913]. Wellington's Army 1809–1814. London: Oxford Press. ISBN 0-947898-41-7 
  • Oman, Charles (1903). A History of the peninsular war: Volume II. Oxford: Clarendon Press 
  • Oman, Charles (1908). A History of the peninsular war: Volume III. Oxford: Clarendon Press 
  • Napier, William (1873). History of the war in the Peninsula and the south of France, from the year 1807 to the year 1814 (1873). New York: D. & J. Sadlier 
  • Zimmermann, Dick. (1983). "The Battle of Talavera". Wargamer's Digest magazine, July 1983.
  • Weller, Jac (1969). Wellington in the Peninsula, 1808–1814. London: Nicholas Vane