Bento de Queiroz Pereira Pinto Serpe e Melo
Bento de Queiroz Pereira Pinto Serpe e Melo | |
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Brigadeiro de Ordenanças na Guerra Peninsular | |
Retrato-miniatura de Bento de Queiroz Pereira Pinto, óleo sobre marfim, datado de 1816, atribuído a José de Almeida Furtado | |
Nascimento | 08 de setembro de 1772 |
Favaios, Portugal | |
Morte | 17 de maio de 1816 (43 anos) |
Avidagos, Portugal | |
Sepultado em | Avidagos, capela da quinta do Carvalhal |
Cônjuge | D. Leonor Vaz Guedes Pereira Pinto, filha do 5.º Morgado do Arco (Vila Real) |
Pai | José Pereira Pinto de Queiroz Sarmento Guedes, morgado de Santo António de Favaios, Capitão-mor de Favaios |
Mãe | D. Ana Bernardina Pereira Pinto Serpe e Melo, herdeira dos morgadios de São Nicolau de Alcongosta e de Lourosa |
Título(s) |
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Ocupação | Fidalgo, Militar |
Filho(s) | Miguel Pereira Pinto de Queiroz Serpe e Melo Sampaio, Capitão-mor de Favaios e Alijó |
Filha(s) | Maria do Carmo Pinto de Queiroz Serpe e Melo
Francisca Emília Pinto de Queiroz Serpe e Melo |
Bento de Queiroz Pereira Pinto Serpe e Melo (Favaios, 8 de setembro de 1772[1] - Avidagos, 17 de maio de 1816[2]), foi um fidalgo e militar português, brigadeiro de ordenanças na guerra peninsular.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Era filho de José Pereira Pinto de Queiroz Sarmento Guedes (1738 - c. 1799), morgado de Santo António de Favaios, Capitão-mor de Favaios desde 30 de outubro de 1770 até à data de seu falecimento,[3] com sua prima D. Ana Bernardina Pereira Pinto Serpe e Melo (1744 - 1805), herdeira por sua mãe do morgadio de São Nicolau de Alcongosta, no Fundão, e por seu pai herdeira do morgadio de Lourosa, que incluía as casas e quintas de Lourosa, Covelo e Cruzeiro, todas situadas em Viseu e seu termo.[4][5][6]
D. Ana Bernardina usava o sobrenome Melo por várias linhas de ascendência, sendo a primogénita a da sua bisavó,[7] D. Jacinta de Melo, filha herdeira de Fernão de Melo Soares, moço fidalgo da Casa Real em 1648[8] e chefe da varonia dos Melo, em Portugal.[9][10] E era também a representante da linha primogénita da família Vaz Guedes Pereira Pinto (ou seja, a família do renomado humanista do século XVI, Frei Diogo de Murça, e dos morgados do Arco, em Vila Real, fundado no ano de 1636 por um sobrinho-neto de Frei Diogo), por ser neta de Nicolau Pereira Pinto da Fonseca,[11] morgado de Alcongosta,[12] moço-fidalgo da Casa Real em 08.05.1696,[13][14] e filho mais velho do 3.º morgado do Arco, no qual não sucederia, por ter falecido ainda em vida de seu pai.[7]
Bento de Queiroz foi o primogénito de 4 irmãos e 3 irmãs (entre as quais se destacou Maria Vitória Serpe e Melo, casada em segundas núpcias com o dirigente político e militar luso-brasileiro Francisco de Albuquerque Melo),[15] pelo que veio a ser herdeiro e senhor dos morgadios de Favaios, Alcongosta e Lourosa.[16]
Tal como seu pai, foi Fidalgo da casa real[17] e seguiu a carreira militar.
Além de Capitão-mor de Favaios e Alijó, foi brigadeiro de ordenanças a partir de 1809,[18] participando ativamente no recrutamento e comando de tropas para defesa contra a segunda e a terceira invasão francesa de Portugal.
Foi também, como grande proprietário em Favaios, Avidagos, Viseu e Fundão, personalidade bem conhecida e influente na política local dessas regiões.
A sua memória seria recordada em obra literária, logo após a sua inesperada morte, através de uma elegia de 15 páginas, da autoria do escritor e poeta Francisco José Cabral,[20] publicada em Lisboa no ano de 1816, sob o título "Elegia à morte de Bento de Queiroz Pereira Pinto Serpe e Mello".[20][21]
A elegia começa com um soneto:
Em um carro tirado por ArpiasDivaga a Morte sobre a Terra e mares
Fervem-lhe em torno trágicos azares
Torvas Esfinges, lívidas, sombrias:
(...)
Debaixo de seus pés, Queiroz baqueia;
Em hora triste, em hora malfadada,
Da vida se lhe rompe a frágil teia.
E desenvolve-se assim:
IIPor lei, de que nenhum mortal se esquiva
Finalizou Queiroz;que perda ingente!
A torva, carrancuda Libitina
Guerra declara a tudo o que é vivente
III
Em feia estância, em erma penedia
Entre a Esposa e o Irmão, que ali concorre,
Com Deus no coração, com Deus nos lábios,
Olhando para o Ceo, suspira e morre
IV
Que é d'elle? aonde está? não posso achá-lo
Já é cinza na fria sepultura;
Em fumo se tornou uma existência,
que merecia ter perpétua dura.
V
Este bom cidadão, bom pai e esposo
Que suspiros do peito nos arranca!
Mirrou-se aquella mão, que dadivoza,
A todos foi clemente, a todos franca.
E a elegia prossegue, neste tom, até a última quadra, de número 46.
O autor do "Portugal Antigo e Moderno", renomado dicionário corográfico de Pinho Leal, comentando-a no ano de 1886, considerou tratar-se de "bonitos versos... qualquer dos nossos poetas se ufanaria, assignando-os".[21]
Bento de Queiroz Pereira Pinto faleceu na sua quinta do Carvalhal, em Avidagos, sendo sepultado na respectiva capela.[2][23]
Casamento e descendência
[editar | editar código-fonte]Casou-se em Vila Real, na freguesia de São Pedro, em 12 de fevereiro de 1797,[25] com sua prima, D. Leonor Vaz Guedes Pereira Pinto, filha de Miguel António Vaz Guedes Pereira Pinto, Fidalgo da Casa Real, 5.º senhor do Morgado do Arco, em Vila Real, e dos Morgados de S. Miguel e de Montebelo, no Fundão,[26] e de Francisca Margarida Leocádia Pereira Pinto de Magalhães.
(A sua mulher era irmã de Luís Vaz Pereira Pinto Guedes, 2.º Visconde de Montalegre, destacado comandante militar na guerra peninsular e depois partidário de D. Miguel I na guerra civil portuguesa, e de José Vaz Pereira Pinto Guedes, 1.º visconde de Vila Garcia).[27]
Do seu casamento, teve a seguinte geração:
- Maria do Carmo Pinto de Queiroz Serpe e Melo, nascida em Favaios, em 20 de setembro de 1798,[28] que faleceu solteira, sem geração.
- Francisca Emília Pereira Pinto de Queiroz Serpe e Mello (Favaios, 26 de outubro de 1800 - Viseu, São João de Lourosa, 16 de setembro de 1866),[29][30] que casou em Favaios, em 22 de maio de 1845, com o juiz desembargador da casa da suplicação e comissário dos exércitos miguelistas, antes e durante o período da guerra civil portuguesa,[31] Gaspar Homem Pinto Pizarro Pimental de Almeida Carvalhaes, Fidalgo da Casa Real (e irmão do 1.º Barão de Ribeira de Sabrosa, Rodrigo Pinto Pizarro Pimentel, Presidente do Conselho de Ministros de Portugal); sem geração.[32]
- Miguel Pereira Pinto de Queiroz Serpe e Melo Sampaio S. Nicolau (Favaios, 28 de agosto de 1804[33] - Viseu, São João de Lourosa,14 de julho de 1867), Moço fidalgo da casa real,[34] último Morgado de Santo António de Favaios, de São Nicolau de Alcongosta e de Lourosa,[16] Capitão-mor de Favaios em 26 de abril de 1831,[3][35] que casou em Vila Real, em 8 de setembro de 1824,[36] com sua prima coirmã, D. Augusta Cândida Emília Vaz Guedes de Ataíde Malafaia (Fundão, bp. 22 de outubro de 1800 - Matosinhos, 23 de setembro de 1873),[37][38] filha de Francisco Vaz Guedes Pereira Pinto, 6.º Morgado do Arco, em Vila Real e de sua mulher, D. Ana Joaquina de Ataíde Azevedo e Brito Malafaia, herdeira das honras de Barbosa e de Ataíde.[32] (D. Augusta Cândida Emília era irmã do último senhor da honra de Barbosa, D. Miguel Vaz Guedes de Ataíde Azevedo e Brito Malafaia).[39] Deste casamento houve geração, 3 filhas e 6 filhos, cuja linha primogénita de descendência seguiria os apelidos Queiroz de Ataíde Pinto Mascarenhas.[40]
Referências
- ↑ «PT-ADVRL-PRQ-PALJ07-001-007_m0001.tiff - Livro de registo de baptismos - Arquivo Distrital de Vila Real - DigitArq». digitarq.advrl.arquivos.pt. p. 0034. Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ a b «PT-ADVIS-PRQ-PVIS24-003-0004_m0001.tif - Óbitos - Arquivo Distrital de Viseu - DigitArq». digitarq.advis.arquivos.pt. p. 0145. Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ a b «Ordenanças de Favaios (Trás-os-Montes)». www.arqnet.pt. Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ Trigueiros, João (5 de setembro de 2010). «Heráldica e Genealogia: Casa do Morgado de São Nicolau - Fonseca, Oliveira e Proença (Séc. XVIII) - Alcongosta, Fundão.». Heráldica e Genealogia. 9. Consultado em 25 de junho de 2023.
(morgada de São Nicolau)... D. Ana Bernardina... nasceu em Viseu, onde foi senhora da Casa do Cruzeiro, assim como do morgado da Quinta da Lourosa e do Covelo...
- ↑ Pinho Leal, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de (1873). Portugal antigo e moderno : diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal ...Volume 12. Getty Research Institute. Lisboa: Lisboa : Mattos Moreira & companhia. p. 1552.
[Viseu. Edifícios brasonados particulares] 2.º - Casa e quinta do Cruzeiro, dos Serpes Mellos
- ↑ «Viseu: antiga e nobilíssima cidade de Portugal, Viseu. - Biblioteca Nacional Digital». purl.pt. Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu. Dezembro de 1931. pp. 4–5. Consultado em 10 de novembro de 2024.
[No] Fontêlo ... nota-se à esquerda um portão brasonado (Serpes e Melo) encimada por uma cruz de granito, vasada e rendilhada, que dá o nome à Casa: é a Casa do Cruzeiro.
- ↑ a b Manuel José da Costa Felgueiras Gaio (1940). «Biblioteca Nacional Digital. Nobiliário de Famílias de Portugal, Tomo 23, § 10». purl.pt. p. 52. Consultado em 23 de setembro de 2023.
Nicolau Pereira Pinto... casou com D. Josefa de Mello, filha herdeira de Lourenço de Mello Sampaio, filho 2.º da casa de Espinhosa e de sua mulher D. Jacinta de Mello, filha herdeira de Fernão de Mello Soares... morreu em vida de seu pai e por isso perdeu o morgado do Arco, que passou para seu irmão...sua filha herdeira casou com Filipe Serpe... [sendo pais de] D. Ana Bernardina de Mello, casada com José PInto de Queiroz, capitão-mor de Favaios
- ↑ «Manuel Abranches de Soveral - Mello e Souza». www.soveral.info. III. 1.1(V). Consultado em 23 de setembro de 2023
- ↑ «Anuário da Nobreza de Portugal - 1985 - III. Tomo II». www.biblioteca-genealogica-lisboa.org. 1985. pp. 1041 – 1042. Consultado em 23 de setembro de 2023.
D. Jacinta de Mello... filha herdeira de Fernão de Mello Soares... chefe da varonia dos de Mello em Portugal
- ↑ Manuel José da Costa Felgueiras Gaio (1939). «Biblioteca Nacional Digital. Nobiliário de Famílias de Portugal. Tomo 18. § 29». purl.pt. p. 153. Consultado em 23 de setembro de 2023
- ↑ «Paróquia de Alcongosta. Livro de registos mistos - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq PT-ADLSB-PRQ-PFND03-004-M2_m0021_derivada». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 26 de novembro de 2023.
'Nicolao, filho legítimo de Miguel Perª Pinto e de D. Catherina...nasceo em os treze dias do mes de outubro de [mil] seicentos oitenta hum
- ↑ Anuário da Nobreza, op. cit., p. 1041 ("Nicolau Pereira Pinto da Fonseca, morgado de Alcongosta. filho primogénito de Miguel Pereira Pinto do Lago, morgado do Arco, em Vila Real")
- ↑ «Nicolau Pereira Pinto da Fonseca. Alvará. Moço Fidalgo. - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 23 de setembro de 2023
- ↑ «Nicolau Pereira Pinto da Fonseca. Alvará. Fidalgo Escudeiro acrescentado a Fidalgo Cavaleiro. (9 de maio de 1696) - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 24 de setembro de 2023
- ↑ «PT-ADLSB-PRQ-PLSB48-002-C2_m0151.TIF - Livro de registo de casamentos. Paróquia de São Nicolau, Lisboa. - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 26 de fevereiro de 2024.
Em 19 de Julho de 1806, no Oratório particular do Exmº Marquês de Penalva [casamento de] Francisco de Albuquerque e Melo, nascido em Viseu, filho de Manuel Caetano de Albuquerque e Melo e Ana Angélica de Mesquita, com Maria Vitória Pereira Serpe de Sousa e Melo, viúva de António Tavares Lopes de Melo e Abreu Feio... sendo testemunhas o Marquês de Penalva...
- ↑ a b Torres, João Carlos Feo Cardozo de Castello Branco e; Mesquita, Manuel de Castro Pereira de (1838). Resenha das familias titulares do Reino de Portugal acompanhada das noticias biographicas de alguns individuos das mesmas familias. Lisboa: Imp. nacional. pp. 294 – 295
- ↑ Teixeira, Júlio A. (1990). Fidalgos e Morgados de Vila Real e seu Termo. Lisboa: J. A. Telles da Sylva. p. 319
- ↑ «Monumentos. Casa de Santo António de Favaios». www.monumentos.gov.pt. Consultado em 25 de junho de 2023.
1809 - durante as invasões francesas, Bento Pereira Pinto Serpe de Sousa e Mello foi Brigadeiro de Ordenanças
- ↑ «Monumentos. Casa solar de Santo António de Favaios. Descrição complementar.». www.monumentos.gov.pt. Consultado em 25 de junho de 2023
- ↑ a b Silva, Inocêncio Francisco da (1859). «Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Diccionario Bibliographico Portuguez (Tomo 02: Letras C-Fr)». digital.bbm.usp.br. Lisboa : Imprensa Nacional. p. 402. Consultado em 26 de junho de 2023.
Francisco José Cabral... natural da Província de Traz-os-montes... Elegia à morte de Bento de Queiroz Pereira Pinto Serpe e Mello, Lisboa, 1816, 8.º de 15 pag.
- ↑ a b Pinho Leal, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de; Ferreira, Pedro Augusto (1873). Portugal antigo e moderno : diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias...Décimo Primeiro Volume. Getty Research Institute. [S.l.]: Lisboa : Mattos Moreira & companhia. pp. 1349, 1351 – 1352
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- ↑ Valente, Vasco Pulido (2018). O Fundo da Gaveta. Lisboa: D. Quixote. Edição do Kindle. pp. 276–277. Consultado em 28 de fevereiro de 2024.
[entre] os primeiros títulos dados em recompensa de serviços políticos e militares, mas sobretudo militares, [em 1823] José Pinto Guedes, visconde de Vila Garcia, Luís Pinto Guedes visconde de Montalegre...
- ↑ «PT-ADVRL-PRQ-PALJ07-001-087_m0001.tiff - Livro de registo de baptismos - Arquivo Distrital de Vila Real - DigitArq». digitarq.advrl.arquivos.pt. m0118.tif. Consultado em 25 de junho de 2023
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- ↑ Trigueiros, João (5 de setembro de 2010). «Heráldica e Genealogia: Casa do Morgado de São Nicolau - Fonseca, Oliveira e Proença (Séc. XVIII) - Alcongosta, Fundão.». Heráldica e Genealogia. 12. Consultado em 25 de junho de 2023