Bertina Lopes
Bertina Lopes | |
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Nascimento | 11 de julho de 1924 Maputo |
Morte | 10 de fevereiro de 2012 Roma |
Cidadania | Moçambique, Itália |
Cônjuge | Virgílio de Lemos, Desconhecido |
Alma mater | |
Ocupação | pintora, escultora, professora |
Empregador(a) | Escola Preparatória General Machado |
Bertina Lopes (Maputo, 11 de julho de 1924 - Roma, 10 de fevereiro de 2012) [1] foi uma pintora e escultora italiana nascida em Moçambique. A arte de Lopes é caracterizada pela profunda sensibilidade africana com cores saturadas, composições corajosas de figuras semelhantes a máscaras e formas geométricas. [2] Lopes foi reconhecida por destacar "a crítica social e o fervor nacionalista que influenciaram outros artistas moçambicanos de seu tempo".
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Lopes nasceu em Maputo, Moçambique, a 11 de julho de 1924. Filha de mãe africana, cuja família era conhecida localmente, e de pai português, que trabalhava no campo.
Estudou em Maputo, mas após o segundo ano do ensino secundário, mudou-se para Lisboa para concluir o liceu, onde estudou pintura e desenhou com Lino António e Celestino Alves e se formou em pintura e escultura. [1] Nessa altura, conheceu artistas como Marcelino Vespeira, Carlos Botelho, Albertina Mantua, Costa Pinheiro, Júlio Pomar e Nuno de Sampayo.
Em 1943, Lopes voltou a Moçambique, onde se casou com o poeta Virgílio de Lemos, com quem teve filhos gémeos. [3] Durante nove anos, Lopes ensinou Desenho Artístico na Escola Técnica General Machado Girls. Lopes era reconhecida pelo seu método de ensino inovador, todavia por diversas vezes entrou em conflito com a direção da escola da altura.
Em 1955, o seu marido publicou um poema anticolonial e como resultado é levado a julgamento por profanação da bandeira portuguesa. Mais tarde, Lemos junta-se à Resistência Moçambicana (1954-61) e no âmbito das atividades deste grupo é preso por subversão. Todos estes eventos que aconteceram ao seu marido e que Lopes acompanhou acabaram por reforçar a sua simpatia pelas franjas mais fracas e oprimidas da população, algo que também ficou patente, por diversas vezes, na sua arte. [4]
Em 1956, Lopes pintou um mural chamado "Pavilhão da Evocação Histórica", que foi inaugurado por ocasião de uma visita oficial do presidente Craveiro Lopes a Maputo. Três anos depois, Lopes foi nomeada presidente do “Núcleo de Arte” de Maputo e vice-presidente da “Direcção” do “Núcleo de Arte”. Dada a sua proximidade com Virgilio Lemos e a eclosão da Guerra da Independência de Moçambique, Lopes foi forçada a deixar Moçambique em 1961. Lopes viveu por um curto período de tempo em Lisboa, mudando-se mais tarde para Roma.
Em 1964, casou-se com Francesco Confaloni, engenheiro de computação e amante de arte. Durante esses tempos, fez amizade com alguns dos protagonistas da cena artística italiana, como eram Marino Marini, Renato Guttuso, Carlo Levi e Antonio Scordia. Em 1965, Lopes adquire a nacionalidade italiana. [5] Em 1979, Lopes visitou Moçambique pela primeira vez desde a sua partida e, em 1982, a sua arte fez parte de uma grande exposição no Museu Nacional de Arte Moderna de Maputo. Em 1986, fez a sua primeira exposição retrospectiva no Palazzo Venezia, em Roma. Em 1993, recebe o título de Comendadora de Arte pelo Presidente da República de Portugal, Mario Soares, em Lisboa. Em 1995, Lopes foi vencedora do Prémio Gabriele D'Annunzio em Roma e em 2002, Lopes foi homenageada pelo presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi como reconhecimento das suas contribuições à arte.
A última aparição pública de Lopes foi na Bienal de Veneza em 2011 e em 2012, Lopes morre em Roma, aos 86 anos. O presidente de Moçambique, Armando Guebuza, descreveu Lopes como "uma mulher humilde, criativa, combativa e generosa, que sempre exigiu de si mesma que superasse suas realizações anteriores".[6]
Trabalhos
[editar | editar código-fonte]O trabalho artístico de Lopes teve diversas influências onde inclui a arte moçambicana e modernismo português. Entre 1946 e 1956, Lopes inspira-se na arte de pintores ocidentais, de artistas urbanos e graffiters sul-americanos. [1] Após a morte de Picasso em 1970, Lopes prestou-lhe homenagem com uma intensa pintura que simbolizava a repressão política na Espanha. [4] Lopes era próxima de grupos antifascistas e opunha-se ao conceito de "arte negra", tendo como fonte de inspiração a poesia de Noémia de Sousa, passando a incorporar temas sociais na sua obra. O trabalho de Lopes também foi profundamente influenciado pelos eventos políticos que afetaram Moçambique, em particular durante o período que se seguiu à independência e à guerra civil entre FRELIMO e RENAMO .
Prémios
[editar | editar código-fonte]1950 - Prémio de Pintura, Lourenço Marques (Moçambique) [1]
1953 - Medalha de Prata, Lourenço Marques (Moçambique)
1953 - Prémio Empresa Moderna, Lda., Lourenço Marques (Moçambique)
1958 - Primeiro Classificado (Maior Mérito Artistico), Beira (Moçambique)
1974 - Trullo D'Oro, Fasano di Puglia, Brindisi
1974 - La Mamma nell'arte, Comunidade de Santo Egídio, Roma
1975 - Prémio Internacional de Pintura, do Centro Internacional de Arte e Cultura Mediterrânea, Corfu (Grécia)
1978 - Leader d'arte. Campidoglio, Roma
1986 - Venere d'Argento, Erice, Trapani
1988 - Grande Prémio de Honra, União Europeia dos Críticos de Arte, Roma
1991 - Prémio Mundial Rachel Carson Memorial Foundation, Roma
1992 - La Plejade per l'Arte, Roma
1993 - Comendadora de Arte, nomeada por Mário Soares, Presidente da República de Portugal, Lisboa
1994 - Centro Francescano Internacional de Estudos para o Diálogo dos Povos (Centro Franciscano Internacional de Estudos para promoção do diálogo entre as pessoas), Assis
1995 - Prémio Gabriele D'Annunzio, Pescara
1996 - Prémio UNIPAX Messaggero della Pace, Roma
1998 - Prémio Internazionale Arte e Solidarietà nell'Arca, Florença
1998 - Prémio Internacional Frà Angelico, Roma
2002 - Placa de Prata pelo Presidente da República da Itália, Roma
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Nello Ponente, Bertina Lopes, Skema Centro de Arte e Cultura, Roma, 1978
- Enrico Crispolti, Viaggio di Bertina Lopes, Palácio Venezia, Roma, 1986
- Pino Nazio, Bertina Lopes: Il cerchio della vita, Museu Campano, Cápua, 2007
- Claudio Crescentini, Bertina Lopes: Tutto (o quase), Palombi Editori, Roma, 2013
- Claudio Crescentini, Bertina Lopes: Arte e Antagonismo, Erreciemme Edizioni, Roma, 2017
Ligações Externas
[editar | editar código-fonte]As Grandes Mulheres de África: Bertina Lopes - Arquivo RTP
Referências
- ↑ a b c d «:: Archivio Bertina Lopes ::». www.archiviobertinalopes.net
- ↑ Stanley, AAVV. «Monographs on African Artists». www.sil.si.edu
- ↑ «MHN: Bertina Lopes». www.mozambiquehistory.net
- ↑ a b «:: Archivio Bertina Lopes ::». www.archiviobertinalopes.net
- ↑ «Sotheby's»
- ↑ https://allafrica.com/stories/201202130118.html