Binaural
Binaural - literalmente significa "possuindo ou sendo relacionado às duas orelhas".
A audição binaural, juntamente com a filtragem de frequências, permite aos animais determinar a direção da origem dos sons [1]. É uma técnica de gravação e reprodução sonora bastante interessante, pois, com apenas dois microfones, é possível criar o efeito de som ambiente. Para a gravação são colocados dois microfones acoplados à cabeça de um manequim ("dummy head"). Os microfones devem ser colocados na posição das orelhas.
Um detalhe importante é que o efeito não é perceptível quando reproduzido em alto-falantes. Para percebê-lo claramente, é necessário ouvi-lo por meio de fones de ouvido. As gravações binaurais são feitas especificamente para serem ouvidas através de fones de ouvido. Isso porque, ao ouvir o som pelas caixas de som, a orelha esquerda e direita podem ouvir o som proveniente de ambos os alto-falantes. Diferentemente, ao ouvir o som por meio de fones de ouvido, o som do fone esquerdo é audível apenas para o ouvido esquerdo, enquanto o som do fone direito é audível apenas para o ouvido direito. Assim, uma vez que em uma mídia binaural a fonte de som é gravada por dois microfones separados que são colocados a uma distância comparável a de duas orelhas e não são misturados, a percepção do áudio se torna completamente diferente do usual.[2] Em síntese, ouvir um áudio binaural por meio de fones de ouvido simula a audição real pela qual as pessoas ouvem sons ao vivo. Dessa forma, o ouvinte tem a impressão de estar próximo ao vocalista e consegue também ter uma noção da fonte sonora; se o vocalista se distancia, o som parece estar mais longe, se ele se aproxima, o som parece estar mais perto. Se ele se aproxima mais do lado direito (do gravador), o áudio pode ser melhor percebido pelo ouvido direito, enquanto o som lado oposto se distância - e vice-versa com o lado esquerdo.[3]
A banda Pink Floyd tem um álbum gravado com essa técnica, The Final Cut, bem como a banda Pearl Jam, que gravou um álbum utilizando esta técnica e o batizou com o próprio nome da técnica, Binaural.
O podcast França e o Labirinto, produzido por Alexandre Ottoni e Deive Pazos e com o protagonista Nelson França dublado por Selton Mello, tem como grande destaque técnico o uso do áudio binaural, que visa uma maior imersão dos ouvintes no audiodrama, segundo seus produtores, transpondo as angústias e desafios enfrentados pelo protagonista aos ouvintes.[4]
Arquivos de áudio
[editar | editar código-fonte]Arquivos de áudio com exemplos do efeito binaural:
Som ambiente: |
Música: |
Referências
- ↑ Azevedo, Milena Manoel; Vaucher, Ana Valéria de Almeida; Duarte, Mariana Teixeira; Biaggio, Eliara Pinto Vieira; Costa, Maristela Julio (dezembro de 2013). «Interferência binaural no processo de seleção e adaptação de próteses auditivas: revisão sistemática». Revista CEFAC (6): 1672–1678. ISSN 1516-1846. doi:10.1590/S1516-18462013000600031. Consultado em 10 de setembro de 2024
- ↑ Binaural.com (April 1998) 'Binaural for beginners'. Retrieved 20 January 2016. The Verge; retrieved 20 January 2016.
- ↑ Lalwani, Mona (12 February 2015). ' Surrounded by sound: how 3D audio hacks your brain. A century-old audio technology is making a comeback thanks to VR', theverge.com, 12 February 2015.
- ↑ «Crítica: Podcast noir, 'França e o Labirinto' mostra como o som pode ser torturante». Folha de S.Paulo. 25 de setembro de 2023. Consultado em 20 de outubro de 2023
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Tecmundo - Áudio binaural: efeito 3D em fones de ouvido estéreo. Página visitada em 10 de Maio de 2014.
- Binaural Air Waves - highest fidelity binaural recording in the world. Página visitada em 10 de Maio de 2014. (em inglês)
- Nouvoson Radio France - Enregistrements au format Binaural ou MultiCanal (5.1) réalisés par Radio France. Página visitada em 10 de Maio de 2014. (em francês)