Bombardeio de Mogador
Bombardeio de Mogador | |||
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Parte da Guerra Franco-Marroquina | |||
The attack of Mogador by the French fleet, de Sarkis Diranian | |||
Data | 15 a 17 de agosto de 1844 | ||
Local | Mogador (atual Essaouira), Marrocos | ||
Desfecho | Vitória francesa | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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O Bombardeio de Mogador travada em agosto de 1844, quando as forças da Marinha Francesa sob o comando do Príncipe de Joinville atacaram a cidade marroquina de Mogador (atual Essaouira), e a ilha à frente da cidade, a ilha de Mogador. A campanha fez parte da Guerra Franco-Marroquina.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]O bombardeio foi uma consequência da aliança de Marrocos com Abd el-Kader da Argélia, contra a França. Após vários incidentes na fronteira entre a Argélia e Marrocos, e a recusa de Marrocos em abandonar o seu apoio à Argélia.[1]
O bombardeio de Mogador foi precedido pelo Bombardeio de Tânger pela mesma frota em 6 de Agosto de 1844, e a Batalha de Isly pelo Marechal Bugeaud em 14 de Agosto de 1844.
Mogador era um porto importante, o primeiro porto marítimo de Marrocos, com relações consistentes com a Europa. Tinha cerca de 15.000 habitantes, dos quais 4.000 eram Judeus e 50 comerciantes Cristãos.[2][3]
Bombardeamento
[editar | editar código-fonte]A frota Francesa era composta por 15 navios, incluindo 3 navios de linha (Suffren, Jemmapes e Triton), 3 fragatas (Belle Poule, Groenland e Asmodée), 4 brigues (Argus, Volage, Rubis e Cassard), 3 corvetas (Pluton, Cassendi e Vedette), 2 avisos (Phare e Pandour). A frota incluía uma grande proporção de remos e a vapor, mas a maior parte do poder de fogo vinha dos navios tradicionais de linha.[1]
Mogador foi defendido por 40 canhões no norte da "Scala da la Kasbah", 24 canhões na zona portuária de Scala de la Marine. A ilha de Mogador, no entanto, foi defendida por 5 baterias, armadas com 6 a 70 bombardas Britânicos.
A frota Francesa chegou à Baía de Mogador em 11 de Agosto de 1844, mas o tempo estava tão mau que tiveram que esperar, quebrando as suas âncoras e incapazes de comunicar mesmo entre si.[3] Quando o tempo melhorou, a Marinha Francesa primeiro assumiu posições de tiro em 15 de Agosto.[3] Eles foram atacados pelas baterias Marroquinas ao assumir as suas posições. Após uma hora, as baterias Francesas responderam e as trocas de tiros duraram cerca de 3 horas.[3][4] As baterias da cidade foram silenciadas uma a uma, mas as baterias na ilha de Mogador permaneceram ativas, exigindo um desembarque para limpá-las.[4]
Ocupação da Ilha de Mogador
[editar | editar código-fonte]Os Franceses, que somavam 500 homens sob as ordens de Duquesne e Bouet, ocuparam a ilha de Mogador, que era pouco povoada e construída apenas com uma mesquita, uma prisão e alguns fortes.[2][3]
Todas as baterias e os 400 Marroquinos foram capturados na Mesquita da ilha após intensos combates, liderados por seu comandante Larbi Torrés. Os Franceses conseguiram libertar cerca de 50 a 60 prisioneiros de estado.[2] A força de desembarque Francesa teve 14 mortos e 64 feridos na ação.[3]
A cidade de Mogador foi ainda mais bombardeada a partir da ilha de Mogador, a apenas 1.5 km de distância. Ao todo, a cidade foi bombardeada durante 26 horas. Uma grande parte das casas foi destruída pelo bombardeio.
Entrando na cidade de Mogador
[editar | editar código-fonte]No dia 16 de Agosto, 600 soldados puderam entrar no porto e na cidade de Mogador, onde dispararam as armas, destruíram a pólvora, afundaram os navios no porto e demoliram as últimas defesas da cidade sem resistência.[3][4] No entanto, eles não seguiram para o centro da cidade, pois era considerado desnecessário.[3]
A cidade havia sido evacuada pelos seus habitantes.[4] As populações de Chiadma e Haha do campo aproveitaram a oportunidade para invadir a cidade e a saquearam por 40 dias.[4] O Príncipe de Joinville informou que a cidade estava sob fogo, que os Berberes haviam derrotado as tropas Imperiais e que haviam tomado posse da cidade.[3]
Em 17 de Agosto de 1844, o Príncipe de Joinville enviou o seguinte despacho ao Ministro da Marinha:
No dia 15 atacamos Mogador. Depois de ter-mos destruído a cidade e as suas baterias, tomamos posse da ilha e do porto. Setenta e oito homens, dos quais sete são oficiais, foram mortos e feridos. Estou ocupado em colocar uma guarnição na ilha e ordenei o bloqueio do porto.
– De Joinville despacho para o Ministro da Marinha, 17 de Agosto de 1844.[3]
Conclusão
[editar | editar código-fonte]Em 17 de Agosto, o Cônsul Britânico William Willshire foi evacuado em troca dos prisioneiros Marroquinos que foram feridos (o Cônsul Francês já havia partido um mês antes). O Cônsul Britânico e sua família foram imediatamente transferidos para o navio Warspite, que acompanhava a frota Francesa.[3]
No mesmo dia, o Véloce foi despachado pelo Marechal Bugeaud com os saudáveis prisioneiros Marroquinos, bem como com as bandeiras levadas dos Marroquinos, que foram hasteadas com grande cerimónia no Hôtel des Invalides em 2 de Setembro de 1844.
A guerra foi formalmente encerrada em 10 de Setembro de 1844, com a assinatura do Tratado de Tânger, no qual Marrocos concordou em prender e banir Abd el-Kader, reduzir o tamanho da sua guarnição em Ujda e estabelecer uma comissão para demarcar a fronteira. As forças Francesas foram evacuadas de Mogador em 16 de Setembro de 1844.[5]
A fronteira, que é essencialmente a fronteira moderna entre Marrocos e a Argélia, foi estabelecida no Tratado de Lalla Maghnia.
Após a assinatura do tratado, em 4 de Julho de 1845, o Véloce trouxe de volta os 123 prisioneiros Marroquinos.
O conflito aumentou as tensões entre a França e o Reino Unido, consideradas por alguns como estando à beira da guerra.[1]
Referências
- ↑ a b c Sondhaus, Lawrence (15 de junho de 2004). Navies in Modern World History. [S.l.]: Reaktion Books. p. 71ff. ISBN 978-1-86189-202-7. Consultado em 24 de agosto de 2010
- ↑ a b c Richardson, James (1 de fevereiro de 2007). Travels in Morocco (Complete). [S.l.]: Echo Library. p. 83. ISBN 978-1-4068-3889-3. Consultado em 24 de agosto de 2010
- ↑ a b c d e f g h i j k Paterson, Alexander. The Anglo American, Volume 3. [S.l.: s.n.] p. 520ff. Consultado em 24 de agosto de 2010
- ↑ a b c d e Houtsma, Martijn Theodoor (31 de dezembro de 1987). E.J. Brill's First Encyclopaedia of Islam, 1913-1936, Volume 9. [S.l.]: Brill. p. 550. ISBN 978-90-04-08265-6. Consultado em 24 de agosto de 2010
- ↑ Timothyor, Haydn Joseph (20 de maio de 2009). Dictionary of Dates, and Universal Reference, Relating to All Ages and Nations, Comprehending Every Remarkable Occurrence Ancient and Modern... [S.l.]: BiblioLife. p. 422. ISBN 978-1-110-28960-8. Consultado em 24 de agosto de 2010