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Busto de Ferdinando Marcos

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O busto de Ferdinand Marcos junto com a Autoestrada Aspiras-Palispis em Tuba, Benguet, Filipinas, foi um monumento de betão de 30 metros do antigo Presidente das Filipinas, ditador,[1] e cleptocrata[2] Ferdinando Marcos. O monumento foi alvo de controvérsia pois a sua construção desalojou residentes Ibaloi indígenas na área pouco povoada, e os residentes Ibaloi foram alegadamente forçados a vender a sua terra ancestral por preços muito baixos. O monumento foi destruído em dezembro de 2002, com o Novo Exército Popular, o braço armado do Partido Comunista das Filipinas, tomando crédito pela sua destruição.[3][4]

O busto oco[5] media 30 metros de altura e era feito de betão.[6][7]

Em 1978, a construção do busto começou junto com a Autoestrada Aspirar-Palispis, então chamada Austoestrada Marcos. O busto foi construído pela Autoridade do Turismo das Filipinas e era suposto ser a peça central do Parque Marcos de 300 hectares que iria incluir um campo de golfe, clube de desporto, centro de convenções e hotel. O busto foi posicionado perto do pico da Montanha Shontoug que podia ser visto por motoristas com destino a Baguio tão longe quanto a 3 quilómetros do monumento. O escultor Anselmo B. Dayag que construiu a Águia do Norte (Agoo, La Union) e a Cabeça do Leão (Kennon Road, Baguio) foi escolhida para fazer o design e esculpir o busto. Dayag morreu antes de completar o busto, tal como outro escultor que foi contratado pela família de Dayag para continuar o projeto. Antes da morte do escultor, andaimes revestidos com madeira compensada foram reportadamente erguidos para deliberadamente esconder a construção do busto. Um tufão mais tarde levou os andaimes, expondo o busto.[6][7][8][9]

Deslocação dos Ibaloi

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Os Ibaloi na área afetado supostamente foram desalojados devido à construção do busto, tendo sido forçados a vender as suas terras por preços muito baixos.[10] O busto foi completado por volta de 1980.[6][7][8][9]

Depois da Revolução do Poder Popular de 1986, o povo Ibaloi mataram um porco e um carabão e derramaram o sangue dos animais no busto para fazer um "exorcismo" e mais tarde abriram um processo para recuperar o seu terreno.[6]

Em 2001, a Autoridade de Turismo das Filipinas processou os Ibaloi que tinham reocupado as suas terras ancestrais, alegando direitos sobre o Parque Marcos. O Tribunal Supremo manteve os direitos dos Ibaloi sobre a terra numa decisão lançada em 2007.[10]

O busto foi bombardeado em 1989 por rebeldes esquerdistas, que foram capazes de rebentar um buraco na orelha esquerda do busto.[6][9]

O busto foi destruído usando dinamite antes de amanhecer a 29 de dezembro de 2002, por suspeitos de caçadores de tesouros que pensavam que o busto continha partes do suposto tesouro Yamashita. O Governador de Benguet Raul Mencio Molintas disse que a polícia aprendeu que uma carrinha Toyota FX branca esteve na área antes do incidente. Pensava-se inicialmente que o Novo Exército Popular estava por detrás do monumento.[6][7] Comando Chadli Molintas do grupo rebelde alegou responsabilidade pelo incidente numa publicação na imprensa um dia mais tarde. Os comunistas disseram que a mera existência do busto "é zombaria de justiça e uma traição da vontade das pessoas. ... Deixem as ruínas ser um lembrete feio de que os Marcoses ainda não pagaram pelos seus crimes."[9][3]

Alguns críticos de Marcos criticaram a destruição do monumento. O arcebispo Oscar Cruz de Lingayen-Dagupan disse que os autores do crime "nunca deviam ter destruído o monumento ao mal deste país", descrevendo o busto como "um monumento ao mal, avisando as pessoas para nunca se tornaram no que este homem foi".[3]

A localização do busto tem sido local de protestos contra a família Marcos. Antes do busto ser erguido, protestos foram realizados a opor-se à apropriação de terras ancestrais Ibaloi sob a ditadura de Marcos.[11]

Em 2016, protestantes juntaram-se para denunciar a ditadura da família Marcos durante a lei marcial e a candidatura de Bongbong Marcos para vice presidente.[12] Em 202, a Aliança dos Povos da Cordilheira e a Campanha Contra a Volta dos Marcoses e Lei Marcial revelou faixas com as palavras "Marcos Nenhum Herói", "O Norte Resiste", e "Não a Duterte Marcos 2022"[11] em referência à candidatura de Bongbong Marcos para a presidência das Filipinas.

Perceção pública

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O busto foi sujeito de controvérsia e foi visto como auto-glorificação, especialmente por críticos da administração Marcos. Os Ibalois desalojados viam-no como um símbolo da sua desconfiança pelas autoridades governamentais visto que a construção do busto os desalojou. Insurgentes comunistas também criticaram a construção do busto, e muitos grupos planearam destruir o busto.[6]

Reabilitação

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Em 2003, o prefeito de Baguio Ramon Labo Jr. fez uma oferta à família Marcos para restaurar o busto. Imelda Marcos, a viúva de Ferdinando Marcos, tratou a oferta como um gesto generoso, mas afirmou que qualquer ação para arranjar o monumento deveria ser "uma decisão coletiva dos Marcoses e os seus apoiantes". Bongbong Marcos (que seria mais tarde o 17º presidente das Filipinas), disse que a família não sentia necessidade de arranjar o busto apesar da oferta.[7]

  1. Bonner, William; Bonner, Raymond (1987). Waltzing with a Dictator: The Marcoses and the Making of American Policy (em inglês). [S.l.]: Times Books. ISBN 978-0-8129-1326-2 
  2. Chaikin, David; Sharman, J. C. (2009), Chaikin, David; Sharman, J. C., eds., «The Marcos Kleptocracy», ISBN 978-0-230-62245-6, New York: Palgrave Macmillan US, Corruption and Money Laundering: A Symbiotic Relationship (em inglês), pp. 153–186, doi:10.1057/9780230622456_7 
  3. a b c «Archbishop decries Marcos bust bombing, Communists take credit». UCA News. 31 de dezembro de 2002. Consultado em 30 de julho de 2024 
  4. Dumlao, Artemio (30 de dezembro de 2002). «Marcos bust blasted». The Philippine Star. Consultado em 30 de julho de 2024 
  5. «Philippines blast wrecks Marcos bust». BBC News. 29 de dezembro de 2002. Consultado em 30 de julho de 2024 
  6. a b c d e f g Dumlao, Artemio (30 de dezembro de 2002). «Marcos bust blasted». The Philippine Star. Pugo, La Union. Consultado em 30 de julho de 2024 
  7. a b c d e Arzadon, Cristina (18 de janeiro de 2003). «Marcos family not keen on busted bust's repair». Philippine Daily Inquirer. Laoag. Consultado em 30 de julho de 2024 – via Google News 
  8. a b Cabreza, Vincent (20 de setembro de 2011). «Rebuilding a monument for 'Marcos the Man,' not the late dictator». Philippine Daily Inquirer. Consultado em 30 de julho de 2024 
  9. a b c d Cimatu, Frank; Santos-Doctor, Joya (1 de janeiro de 2003). «Philippines' 'Ozymandias' still haunts». Philippine Daily Inquirer. Consultado em 30 de julho de 2024 
  10. a b Quitasol, Kimberlie (21 de setembro de 2016). «Ibaloy's fight to reclaim Marcos Park recalled». Philippine Daily Inquirer (em inglês). Consultado em 30 de julho de 2024 
  11. a b de Vera, Sherwin (20 de novembro de 2021). «'The North resists': Groups recall 'true legacy' of Marcos at defaced bust in Benguet». Rappler (em inglês). Consultado em 30 de julho de 2024 
  12. Bagni, Delia; Godinez, Noel (16 de abril de 2016). «CARMMA hounds Bongbong's Baguio campaign». Northern Dispatch. Consultado em 22 de fevereiro de 2022