Cancer (género)
Cancer (género) | |||||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||
Platycarcinus H. Milne-Edwards, 1834 |
Cancer é um género de caranguejos marinhos da família Cancridae. Inclui 8 espécies não extintas, e 3 extintas. Inclui os típicos caranguejos da zona litoral europeia, vulgarmente conhecidos como sapateira (Cancer pagurus), a sapateira-boreal (Cancer borealis) e a Sapateira-da-rocha-do-Pacífico Cancer productus). Pensa-se que tenha evoluído de géneros relacionados no Oceano Pacífico durante o Mioceno.
Descrição
[editar | editar código-fonte]As espécies colocadas no género Cancer caraterizam-se pela presença de um único sulco posterolateral (na extremidade da carapaça, em direção à parte de trás do corpo), sulcos anterolaterais com fissuras profundas (na extermidade da carapaça, em direção à frente do corpo), e uma curta extensão proeminente da carapaça entre os olhos.[1] As suas tenazes são geralmente curtas, com quilhas granulosas ou lisas, em vez de espinhosas.[1] A carapaça é tipicamente oval, sendo 58%–66% mais larga que comprida e olhos seprados a uma distância de 22%–29% do comprimento da carapaça.[1]
Espécies
[editar | editar código-fonte]O género Cancer, tal como é definido hoje em dia, contém 8 espécies não extintas:[2][3]
- Cancer bellianus Johnson, 1861 – Sapateira-dentada[4]
- Cancer borealis Stimpson, 1859 – sapateira-boreal[4]
- Cancer irroratus Say, 1817 – Sapateira-da-rocha-do-Atlântico [4]
- Cancer johngarthi Carvacho, 1989
- Cancer pagurus Linnaeus, 1758 – sapateira
- Cancer plebejus Poeppig, 1836
- Cancer porteri Rathbun, 1930
- Cancer productus J. W. Randall, 1840 – Sapateira-da-rocha-do-Pacífico[4]
Inclui ainda três espécies fósseis:[1]
- Cancer fissus Rathbun, 1908 – Plioceno, Califórnia
- Cancer fujinaensis Sakumoto, Karasawa & Takayasu, 1992 – Mioceno, Japão
- Cancer parvidens Collins & Fraaye, 1991 – Mioceno, Países Baixos
Como a sua delimitação genérica se baseia nas características dorsais da carapaça, Schweitzer e Feldmann (2000) foram incapazes de confirmar a colocação do Cancer tomowoi no género, já que apenas se conhecem partes do esterno e das patas.[1] Outras espécies até há pouco incluídas no género Cancer têm sido transferidas para outros géneros, como o género Glebocarcinus, Metacarcinus e Romaleon.[2]
História taxonómica
[editar | editar código-fonte]Quando a nomenclatura zoológica foi pela primeira vez padronizada por Carolus Linnaeus em 1758 na décima edição do Systema Naturae, o género Cancer incluía quase todos os crustáceos, incluindo todos os caranguejos.[3][5] O género desajeitado proposto por Lineu foi rapidamente dividido em outras unidades mais coerentes, ficando o género Cancer restringido, na altura, a um grupo de caranguejos verdadeiros no estudo de 1820 de Pierre André Latreille, Histoire naturelle, générale et particulière des Crustacés et des Insectes ("História natural, geral e particular dos Crustáceos e dos Insetos").[3] Latreille considerou C. pagurus como sendo a espécie tipo em 1817.[2]
Em 1975, J. Dale Nations dividiu o género Cancer em quatro subgéneros: Cancer (Cancer), Cancer (Glebocarcinus), Cancer (Metacarcinus) e Cancer (Romaleon).[3][6] Cada um destes subgéneros são considerados atualmente como géneros separados, tal como o género Platepistoma, proposto por Mary J. Rathbun e reapreciado como válido em 1991.[3] Desde então, outros géneros têm sido descritos para acomodar espécies previamente incluídas no género.
História evolutiva
[editar | editar código-fonte]Os mais antigos fósseis que podem ser identificados como pertencendo ao géneroCancer são os de C. fujinaensis do Mioceno japonês.[1] Pensa-se que o género terá, então, evoluído no Oceano Pacífico setentrional, talvez ainda durante o Mioceno, e ter-se-á disseminado por esse oceano até ao Oceano Atlântico durante o Plioceno ou o Pleistoceno, tendo atravessado o equador e os antigos estreitos do Panamá.[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g Carrie E. Schweitzer & Rodney M. Feldmann (2000). «Re-evaluation of the Cancridae Latreille, 1802 (Decapoda: Brachyura) including three new genera and three new species». Contributions to Zoology. 69 (4): 223–250 Também disponível como PDF.
- ↑ a b c P. K. L. Ng, D. Guinot & P. J. F. Davie (2008). «Systema Brachyurorum: Part I. An annotated checklist of extant Brachyuran crabs of the world» (PDF). Raffles Bulletin of Zoology. 17: 1–286
- ↑ a b c d e Frederick R. Schram & Peter K. L. Ng (2012). «What is Cancer?». Journal of Crustacean Biology. 32 (4): 665–672. doi:10.1163/193724012X640650
- ↑ a b c d
(PDF) http://www.fc.up.pt/pessoas/ptsantos/lista_fao_especies.pdf. Consultado em 25 de janeiro de 2015 Em falta ou vazio
|título=
(ajuda) - ↑ Geoff Boxshall (2007). Z.-Q. Zhang & W. A. Shear, ed. «Linnaeus Tercentenary: Progress in Invertebrate Taxonomy» (PDF excerpt). Zootaxa. 1668: 313–325
|capítulo=
ignorado (ajuda) - ↑ J. Dale Nations (1975). «The genus Cancer (Crustacea: Bachyura): systematics, biogeography, and fossil record» (PDF). Natural History Museum of Los Angeles County Science Bulletin. 23: 1–104