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Cardinal (caravela)

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Cardinal
Cardinal (caravela)
Pintura de Charles Dixon ilustrando a abordagem do navio Queen à caravela Cardinal
   Bandeira da marinha que serviu
Período de serviço 12??-1225
Destino capturada por navios ingleses
Nome Desconhecido
Período de serviço 1225- ???
Características gerais
Deslocamento 15 a 21 toneis
Comprimento aprox. 20 m
Boca 5 a 8 m
Calado 2 a 4 m
Propulsão Vela
Velocidade 5-7 nós
Autonomia 65 milhas/dia
Tripulação 9-20

A Cardinal foi uma caravela portuguesa do início do século XIII, que foi capturada pela frota inglesa perto da costa da Gasconha em 1225. [1]

Em 1225, aquando o bloqueio inglês da costa da Gasconha, a frota inglesa impediu a saída de qualquer navio dos portos franceses. A caravela Cardinal, carregada de sebo e óleo e iniciando a viagem de regresso a Portugal, proveniente de Bordéus, foi interceptada pelo navio inglês Queen e foi capturada. A Cardinal foi posteriormente transferida para a frota inglesa e mudou de nome, nunca mais havendo registo do seu paradeiro nem da coga Queen.[2][1]

A 12 de Dezembro de 1225, Henrique III de Inglaterra emite uma carta a Richard Renger, mayor (presidente do município) de Londres sobre a captura da caravela Cardinal. Pretende-se dar uma compensação monetária a dois académicos portugueses que estudavam, na altura, na Universidade de Paris, visto que os seus familiares tinham enviado dinheiro e bens através da caravela no valor de 40 marcos ingleses.[3] [4]

Características

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Nada se sabe sobre as características físicas desta embarcação. No entanto, pode-se afirmar que a embarcação tratava-se de uma caravela (e não uma coga) pois possuía características de uma caravela do século XIII.[5]

As primeiras caravelas de que temos documentação aparecem em Itália como embarcações de serviço a navios de grande porte, em 1159.[6]Em Portugal são referidas em 1255, no foral de Vila Nova de Gaia.[7] No início do século XIII, o termo "caravela" estava associado a uma embarcação idêntica às embarcações muçulmanas algarvias e magrebinas, de dimensões reduzidas, com equipamento feito para anteder às condições da navegação no Atlântico. [5]Em relação à caravela do século XIII sabe-se, a partir do foral de Vila Nova de Gaia, que essas caravelas eram pequenas e de capacidade limitada. Durante esse período, o seu uso era muito limitado, servindo de barco de pesca e transporte de mercadorias em zonas costeiras e zonas fluviais. [8] Visto que o seu calado era curto e a boca bastante pequena indica a sua utilidade como um navio de uso ao longo das costas do Atlântico e do Mediterrâneo. No entanto, também é concebível que esses navios tenham sido empregados para o comércio.

Como muitos navios durante esse período foram semelhantes à caravela em tamanho e aparência, uma comparação provisória pode ser feita com outros navios em relação às proporções de tonelagem e quilha/viga. [9] Através dos registos datados de 1307 da área da Biscaia, são mencionadas pequenas caravelas com tripulações de nove homens cada. Essas taxas de tripulação representam navios de 18 a 20 tonéis portugueses .[10] Em 1901, Charles Dixon - um pintor marítimo britânico do final do século XIX e início do XX - pintou o confronto entre a coga inglesa Queen e a caravela Cardinal. No entanto, é importante salientar as grandes imprecisões da pintura. O navio português apresentado na pintura é uma coga, ao invés de uma caravela mediterrânica. A bandeira da popa é uma liberdade artística, visto que apresenta o distintivo pessoal do ministro da Marinha previsto para uso nos navios da Armada Portuguesa no final da monarquia. Também a vela do mastro apresenta o brasão de armas português em uso após o século XV.[11][12][13]

Referências

  1. a b Michel, François Xavier (1867). Histoire du commerce et de la navigation à Bordeaux, principalement sous l'administration anglaise (em francês). [S.l.: s.n.] 
  2. Matth, Paris. Hist. Major, ed. 1640 - p.833,1,5,ann. 1252
  3. Nicolas, Sir Nicholas Harris (1847). A History of the Royal Navy: To 1327 (em inglês). [S.l.]: R. Bentley 
  4. Nicolas, Sir Nicholas Harris (1847). A History of the Royal Navy: From the Earliest Times to the Wars of the French Revolution (em inglês). [S.l.]: R. Bentley 
  5. a b Vieira de Castro, Filipe (2012). Navios, Marinheiros e Arte de Navegar, 1500-1668. Lisboa: Academia de Marinha. ISBN 978-972-781-114-4 
  6. Furio Ciciliot, op. cit., p. 139-141.
  7. Martin Malcolm Elbl, “The Portuguese Caravel and European Shipbuilding: Phases of Development and Diversity” in Revista da Universidade de Coimbra (1985) 33, p. 546, citando Francisque Michel, "Histoire du commerce et de la navigacion à de Bordeaux." 2 Vols. Bordeaux: J. Delmas 1867-70, Vol. 1, p. 153.
  8. Elbl 1985, 545.
  9. d'Albertis 1892, 41; Elbl 1985, 549. Tradução deste autor.
  10. Azevedo 1934; Elbl 1985, 548.
  11. «Bandeiras Navais Portuguesas | www.ancruzeiros.pt». www.ancruzeiros.pt. Consultado em 30 de julho de 2020 
  12. «'The First Battle of Our First "Queen," 1225' Giclee Print - Charles Edward Dixon». art.com (em inglês). Consultado em 30 de julho de 2020 
  13. «Shipbuilding Treatises». nautarch.tamu.edu. Consultado em 30 de julho de 2020