Casa da Botica (ou Casa da Ponte)
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A Casa da Botica, originalmente conhecida como Casa da Ponte é um conjunto de edifícios situado no lugar do Monte, freguesia de Carvalhosa, concelho Paços de Ferreira, Douro Litoral. A construção mais antiga sobrevivente é uma casa rural datada de 1701 e o Pórtico brasonado ao estilo barroco construido na primeira metade do séc. XVIII.
O nome deriva do facto de durante parte do seculo XIX ter funcionado num dos seus edifícios uma Farmácia comunitária, que em português da época se designava por Botica.
Situada ao longo do Caminho do Porto (atual EN209) que liga a Rotunda do Freixo (Porto) a Lustosa (Lousada), através dos concelhos de Gondomar, Valongo, Paredes atravessando Paços de Ferreira e encaixando em Lousada na EN106 que une Guimarães a Entre os Rios (Penafiel). O trafego desta via leva à construção no reinado D. João V da Ponte Joanina[1] a cerca de 100 metros e que origina o primeiro nome de Casa da Ponte.
Por volta de 1930 a construção da nova ponte sobre o Rio Carvalhosa capaz de melhor receber o transito automóvel relega a Ponte Joanina para travessia de quem seguia apeado e modifica o traçado do Caminho do Porto que deixa de acompanhar o rio, cortando os terrenos lameiros da Casa a meio.
Origem
[editar | editar código-fonte]Terá sido construída pela família Brandão, a propriedade englobava quase todos os terrenos em seu redor, notavelmente férteis pela proximidade ao Rio Carvalhosa.
Pórtico brasonado
[editar | editar código-fonte]O elemento arquitetónico mais reconhecível desde o exterior é o pórtico de entrada brasonado, construído ao estilo Barroco na primeira metade do sec. XVIII pensa-se que sob desenho do Mestre Manuel Fernandes da Silva[2], com extensa obra religiosa e civil Entre Douro e Minho. Terá sido encomendado por um dos vários prelados que saíram da família Brandão, numa época em que o Termo de Ferreira estava integrado na Diocese de Braga (até 1882 quando passou para a do Porto). O Pórtico é simétrico, construído integralmente em granito, é suportado por quatro pilastras principais, desenvolve um arco abatido encimado por um frontão quebrado (aberto) com o brasão no tímpano sobre a chave do arco (decorada com uma borla). No topo monta ainda uma cruz ao centro e jarrões coroando as colunas interiores.
O Brasão é de natureza eclesiástica, identificável através do chapéu de aba encimando um elmo de perfil e ladeado por 12 borlas (simbologia de nível vigário, prior ou abade). O escudo é de fantasia esquartelado (dividido em quatro) com símbolos das famílias Teixeira, Barros (invertido), Correia e Brandão (com apenas 3 das que deveriam ser 5 velas)[3].
Ao contrário de hoje a entrada para o pátio e terrenos interiores da Casa fazia-se através deste Pórtico com portão de madeira.
Evolução da Casa ao longo dos séculos
[editar | editar código-fonte]Sucessivas heranças, divisões e vendas diminuíram a sua dimensão e deram eventualmente origem à construção no Lugar do Monte de um conjunto relevante de “casas ricas” de lavoura atualmente quase todas em ruinas, cuja construção é arquitetonicamente posterior à da Botica, provavelmente do meio do sec. XIX até inícios do séc. XX.
Chega ao século XX, duzentos anos após a primeira construção, já sem atividade de farmácia e entregue a caseiros agrícolas. É difícil estabelecer a configuração da quinta em tempos anteriores a estes por ausência de testemunho ou registo escritos.
Sabe-se que a partir de 1942/43 até aos anos 60 passa a ser cultivada (mas não habitada) na qualidade de caseiro, por Armindo Martins[4], natural de Codessos, veterano do Regimento de Artilharia nº6 do Corpo Expedicionário Português destacado a servir na Primeira Guerra Mundial, com especial destaque na Batalha de La Lys (7–29 de abril de 1918), que havia casado na década de 20 com Elvira Alves de Sousa natural de Carvalhosa.
A configuração dos terrenos nessa epoca extendia-se até à proximidade da Capela de S. Gonçalo (Eiriz), onde uma mina de água abastecia "as cales" (aqueduto aberto) que percorriam os terrenos da propriedade até chegar a um grande tanque de irrigação já nos terremos internos da Casa. Ainda hoje a rua que confrontava com esse terreno se designa por da Rua das Cales. De nota também que a cale terminava num tanque que através do efeito sifão permitia atravessar de forma subterrânea a atual Rua de Aldozinde antes de chegar à Casa.
Por volta de 1975 encontravam-se as edificações na quase ruína, restando intacto o pórtico pela robustez da construção.
Referências
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- ↑ «Armindo Martins - Soldado - Regimento de Artilharia nº6». ahm-exercito.defesa.gov.pt. Consultado em 10 de abril de 2024
- ↑ Rocha, Manuel Joaquim Moreira da (1996). «Manuel Fernandes da Silva mestre e arquitecto de Braga : 1693-1751». http://aleph.letras.up.pt/F?func=find-b&find_code=SYS&request=000054880. Consultado em 10 de abril de 2024
- ↑ GESAutarquia. «Casa da Botica». Portal da Freguesia V3 - Website. Consultado em 10 de abril de 2024
- ↑ «Portais - Brasões - Aldrabas - Tranquetas - Taramelas - Batentes - Caravelhos - etc...: Casa da Botica ou Casa da Ponte - Paços de Ferreira». Portais - Brasões - Aldrabas - Tranquetas - Taramelas - Batentes - Caravelhos - etc... 13 de março de 2010. Consultado em 10 de abril de 2024