Casablanca
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Cidade | ||
Apelido(s) | Casa | |
Gentílico | bedawa | |
Localização | ||
Localização de Casablanca no Marrocos | ||
Coordenadas | 33° 34′ 30″ N, 7° 36′ 05″ O | |
País | Marrocos | |
Região | Casablanca-Settat | |
Província | Casablanca | |
História | ||
Fundação | Século VII | |
Fundador | Berberes | |
Administração | ||
Prefeito | Mohammed Sajid (PAM) | |
Características geográficas | ||
Área total | 384 km² | |
• Metropóle | 1615 km² | |
População total (2022) [1] | 3 840 000 hab. | |
Densidade | 10 000 hab./km² | |
Altitude | 58 m | |
Código postal | 20 000, 20 200, 20 300, 20 400, 20 500, 20 600. | |
Sítio | www.casablanca.ma |
Casablanca, Casabranca ou Casa Branca[nota 1] (em árabe: الدار البيضاء; romaniz.: ad-Dār al-Bayḍā’, que significa Casa Branca em português) é a maior cidade de Marrocos, na costa atlântica do país, e uma das maiores do Norte de África. A população estimada em 2022 era de 3,84 milhões habitantes (densidade: 10 000 hab./km²).[1] É o maior porto e o maior centro industrial e comercial de Marrocos.
A cidade possui uma praça principal, da qual irradiam diversas avenidas. Na generalidade, os edifícios constituem uma versão francesa da arquitectura árabe-andaluza, brancos com linhas simples, sendo de especial interesse a área da Praça das Nações Unidas, onde se localizam as maiores infraestruturas.
Foi muito destruída pelo sismo de 1755. Nessa época instalaram-se na cidade muitos mercadores espanhóis passando Casa Branca a ser conhecida como Casablanca. Foi ocupada em 1907 pelos franceses que promoveram o seu desenvolvimento.
Durante a Segunda Guerra Mundial, em Janeiro de 1943, foi o palco de uma conferência entre o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill.
História
[editar | editar código-fonte]Antes do Protetorado Francês
[editar | editar código-fonte]A área que hoje Casablanca ocupa foi colonizada pelos berberes, por volta do século X a.C.[5] Foi utilizada como porto pelos fenícios e depois pelos romanos.[6] Um pequeno reino independente, na zona com o nome de Anfa, surgiu na zona em resposta aos árabes muçulmanos, e continuou a existir até à sua conquista pelos Almorávidas em 1068.
Durante o século XIV, sob os Merínidas, a cidade aumentou em importância como porto e, no início do século XV, tornou-se novamente independente. Surgiu como um porto seguro para os piratas, o que conduziu a ataques por parte dos portugueses, que a nomeavam Anafé[7], e que destruíram a cidade em 1468, sob o comando do Infante Dom Fernando, irmão de El-Rei Dom Afonso V[8].
Em 1515, D. Manuel pretendeu conquistar a cidade, após edificar uma fortaleza em Mamora. A fortaleza chegou a ser iniciada, mas o Desastre de Mamora colocou fim a este intento, assim como à projetada conquista de Anafé.[9]
O núcleo urbano foi reconstruído pelo sultão de Marrocos a partir de 1757, após a destruição causada pelo terramoto de 1755.
Anfa é hoje o nome um bairro a oeste no centro da cidade. A cidade e a medina de Casablanca como hoje existe foram fundadas em 1770 pelo sultão Maomé ibne Abedalá (1756-1790), neto de Mulei Ismail. A cidade tinha o nome de Dar el Beida (que significa "Casa Branca" em árabe) e Casa Blanca em castelhano.
No século XIX Casablanca tornou-se um dos principais fornecedores de lã para a indústria têxtil, então em expansão na Grã-Bretanha, e beneficiou do aumento do tráfego marítimo (os britânicos, em contrapartida, começaram a importar a agora famosa bebida nacional do Marrocos, o chá pólvora). Por volta de 1860 tinha cerca de 5 000 habitantes. A população cresceu para cerca de 10 000 no final da década de 1880.[10] Casablanca manteve uma dimensão do porto algo modesta, com a população a atingir cerca de 12 000 poucos anos após a conquista francesa e a chegada de colonos franceses, inicialmente administradores dentro de um sultanato soberano, em 1906. Até 1921 deu-se o grande aumento para 110 000 habitantes[10] em grande parte através do desenvolvimento de bairros de lata.
Protectorado Francês
[editar | editar código-fonte]Em Junho de 1907 os franceses tentaram construir uma linha de trem, próxima ao porto, que passava por um cemitério. Os habitantes da cidade atacaram os trabalhadores franceses, e seguiram-se violentos tumultos. Chegaram tropas francesas para restaurar a ordem pública e tomaram conta da cidade. Foi o início de um real processo de colonização, embora o controle francês de Casablanca só fosse formalizado em 1910. Foi especialmente durante o mandato do governador Hubert Lyautey que Casablanca se tornou o grande centro económico marroquino e o maior porto de África.
O filme Casablanca, de 1942, mostra o estatuto colonial da cidade naquela época, como centro de luta de poder entre as potências inimigas europeias, sem qualquer referência à população local, e com um vasto naipe de personagens cosmopolitas (americanos, franceses, alemães, checos e outros).
Após a independência
[editar | editar código-fonte]Marrocos obteve a independência de França em 2 de Março de 1956.
Em 16 de Maio de 2003, 33 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas quando a cidade foi atingida por múltiplos ataques suicidas executados por marroquinos possivelmente ligados à al-Qaida.
Economia
[editar | editar código-fonte]Casablanca possui um dos maiores portos artificiais do mundo, sendo um local importante de negócios e comércio.
As principais indústrias são a pesqueira, a vidreira, a de mobiliário, a de materiais de construção e a do tabaco. Existem várias áreas de comércio, onde são vendidos vários tipos de produtos, nomeadamente o artesanato.
Ensino superior
[editar | editar código-fonte]Geografia
[editar | editar código-fonte]Demografia
[editar | editar código-fonte]Clima
[editar | editar código-fonte]Casablanca tem um clima Temperado Mediterrâneo(Csa na Classificação Climática de Köppen-Geiger), com verões secos, e invernos chuvosos, típico do Norte da África. A corrente fria das Canárias tem um efeito moderador sobre cidades no litoral atlântico do Marrocos, o que faz com que Casablanca tenha um clima mais ameno do que outras cidades do mesmo tipo climático no país, dando-lhe padrões quase idênticos aos de Los Angeles na Califórnia. A cidade tem uma média de 72 dias de relativa precipitação, o que equivale a 412 mm por ano. As altas e baixas temperaturas recordes são respectivamente 40,5 °C e -2,7 °C. Em 30 de Novembro de 2010, foi registrada a maior queda de precipitação em apenas um dia, de 178 mm.
Médias meteorológicas para Casablanca | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Média alta °C (°F) | 17.1 (63) |
18.8 (66) |
19.7 (67) |
21.3 (70) |
22.2 (72) |
24.4 (76) |
26.2 (79) |
26.7 (80) |
25.5 (78) |
22.1 (72) |
19.8 (68) |
19.7 (67) |
21,95 (72) |
Média diária °C (°F) | 12.15 (54) |
14.65 (58) |
15.85 (61) |
16.95 (63) |
19.1 (66) |
21.5 (71) |
23.15 (74) |
23.95 (75) |
22.4 (72) |
18.6 (65) |
15.65 (60) |
15.3 (60) |
18,27 (65) |
Média baixa °C (°F) | 7.2 (45) |
10.5 (51) |
12.0 (54) |
12.6 (55) |
16.0 (61) |
18.6 (65) |
20.1 (68) |
21.2 (70) |
19.3 (67) |
15.1 (59) |
11.5 (53) |
10.9 (52) |
14,58 (58) |
Precipitação cm (polegadas) | 4.01 (1.6) |
0.0 (0) |
0.0 (0) |
4.37 (1.7) |
1.44 (0.6) |
0.0 (0) |
0.0 (0) |
0.07 (0) |
0.97 (0.4) |
6.74 (2.7) |
1.82 (0.7) |
10.57 (4.2) |
30 (11,8)
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Média dia precipitação | 6 | 0 | 0 | 12 | 5 | 0 | 0 | 2 | 4 | 5 | 8 | 12 | 54 |
Fonte: World Meteorological Organization (UN)[11] |
Urbanismo
[editar | editar código-fonte]Infra-estruturas de transporte
[editar | editar código-fonte]Casablanca está dotada de uma via rápida urbana de 22 km que serve a cidade segundo um eixo este-oeste, bem como de uma auto-estrada que a contorna (a Périphérique de Casablanca, ou A5) com 33,5 km e que liga a três eixos rodoviários principais de Marrocos: as auto-estradas A3 (Casablanca-Rabat), A6 (Casablanca-El Jadida) e a A7 (Casablanca-Marraquexe). A cidade é o nó rodoviário mais importante de Marrocos.
Casablanca é igualmente servida por um aeroporto, que é o mais importante em volume de passageiros não apenas do país mas de toda a região do Maghreb, o Aeroporto Internacional Mohammed V, a cerca de 30 km do centro da cidade. Trata-se de um verdadeiro hub para a linha aérea nacional, a Royal Air Maroc, com três terminais capacitados para 16,4 milhões de passageiros/ano, servido por 45 companhias aéreas e ligado a 70 destinos internacionais. O aeroporto serviu mais de 6,2 milhões de passageiros em 2008. Conta igualmente com dois terminais de carga com capacidade para 150 000 ton/ano.
Casablanca é servida pelo Al Bidaoui, uma rede ferroviária com oito estações.
O plano de mobilidade urbano, terminado em 2006, previa, no quadro do projecto Casa 2010, o desenvolvimento de uma rede de transporte colectivo de metropolitano com duas linhas (o Metropolitano de Casablanca), três linhas de elétrico (bonde) e uma nova linha férrea. Esta última poderá vir a ser construída em 2011.
O porto de Casablanca detém 54% do tráfego portuário marroquino e é o quarto mais movimentado de toda a África. Cada ano movimenta mais de 20 milhões de toneladas de mercadorias e 500 000 contentores.
A cidade de Casablanca dispõe de duas estações ferroviárias principais: a Casa-Port e a Casa-Voyageurs que são utilizadas por mais de 8 milhões de passageiros por ano.
Turismo
[editar | editar código-fonte]Casablanca é a terceira maior cidade turística de Marrocos,[12] sendo principalmente uma cidade de negócios por ser a capital económica do país. Mesmo sendo menos visitada que Marraquexe e Agadir, a cidade ambiciona prolongar a estadia dos visitantes que em média é de dois dias.
Lugares a visitar
[editar | editar código-fonte]- Parque da Liga Árabe e Parque Yasmina;
- Museu da Villa des Arts;
- Bairro dos Habbous (الحبوس) ou Nova Medina com lojas de artesanato;
- Praça Mohammed V: em redor da praça desenvolve-se a wilaya de Casablanca com o campanário de inspiração toscana e o Palácio da Justiça de inspiração árabe-andaluza e uma grande fonte ;
- A grande Mesquita Hassan II, construída entre 1986 e 1993. Célebre pelo grande minarete de 200 m, e, depois das mesquitas de Meca e de Medina, a terceira maior do mundo;
- A antiga Catedral do Sagrado Coração de Casablanca;
- A antiga medina (Bab Marrakech);
- As numerosas fachadas « Art déco », em especial ao longo da avenida Mohammed V, boulevard 11 janvier, etc.;
- O mercado central;
- A estrada marginal e as praias (Aïn Diab);
- O marabout de Sidi Abderrahman;
- Derb Ghallef: uma grande feira da ladra, uma espécie de mercado que lembra as histórias de Ali Baba, ao ar livre;
- Twin Center Casablanca : duas torres gémeas de 28 pisos com 115 m de altura e com um centro comercial de 130 lojas em 3 pisos, em pleno Maarif, o bairro comercial de Casablanca;
- Megarama:, complexo de cinemas;
- Festival du Boulevard des jeunes musiciens: festival anual de música realizado em Casablanca;
- Festival de Casablanca: festival anual organizado pelo município;
- Museu Judaico de Casablanca: o único museu judaico no mundo árabe.
Relações internacionais
[editar | editar código-fonte]Cidades irmãs
[editar | editar código-fonte]- Argel, Argélia
- Ba'qubah, Iraque
- Bordéus, França (1988)
- Bruxelas, Bélgica
- Cabul, Afeganistão
- Cádis, Espanha
- Chicago, Estados Unidos (1982)[13]
- Dubai, Emirados Árabes Unidos
- Faro, Portugal
- Genebra, Suíça
- Izmir, Turquia (1999)
- Jacarta, Indonésia[14]
- Jeddah, Arábia Saudita
- Khaf, Irã
- Kuala Lumpur, Malásia[15]
- Montreal, Canadá
- Nova Déli, Índia
- Nova Iorque, Estados Unidos
- Orã, Argélia
- Ramadi, Iraque
- São Petersburgo, Rússia
- Sfax, Tunísia
- Tânger, Marrocos
- Tóquio, Japão
- Torbat Jam, Irã
- Xangai, China (1986)[16]
- Rio de Janeiro, Brasil (2010)[17]
- Manaus, Brasil
Cidades parceiras
[editar | editar código-fonte]Notas
- ↑ Em Topónimos e Gentílicos, o professor e linguista Ivo Xavier Fernandes defende o uso da forma vernácula Casabranca em português.[2].
Rebelo Gonçalves, no Vocabulário da Língua Portuguesa defende Casabranca dizendo que é o nome correto da cidade de Marrocos, "forma vern[ácula] que pretere o espanholismo Casablanca.[3]
No Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, José Pedro Machado defende também Casabranca e Casa Branca, explicando que a localidade "[e]stá situada no local da ant[iga] Anfã ou Anafé que os Portugueses destruíram no séc[ulo] XV. As ruínas serviram depois de abrigo a beduínos e de aguada a navios. Havia lá uma casa caiada que dominava as ruínas; os marinheiros port[ugueses] utilizavam-na como baliza de navegação, pelo que deram ao local o nome de Casa Branca que depois os Espanhóis aceitaram e adaptaram em Casablanca."[4]
Referências
- ↑ a b «Casablanca, Morocco Metro Area Population 1950-2022». www.macrotrends.net. Consultado em 29 de agosto de 2022
- ↑ Fernandes, I. Xavier (1941). Topónimos e Gentílicos. I. Porto: Editora Educação Nacional, Lda.
- ↑ Gonçalves, F. Rebelo (1966). Vocabulário da Língua Portuguesa. Coimbra: Coimbra Editora. p. 223
- ↑ Machado, José Pedro (1993) [1984]. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Primeiro Volume A—D 2.ª ed. Lisboa: Horizonte / Confluência. p. 364. ISBN 972-24-0843-7
- ↑ «Casablanca» (em inglês). Jewish Virtual Library. Consultado em 8 de outubro de 2009
- ↑ Kjeilen, Tore. «LexicOrient» (em inglês). Consultado em 8 de outubro de 2009
- ↑ Serrão, Joel. «Anafé». Dicionário de História de Portugal. 1. Porto: Livraria Figueirinhas e Iniciativas Editoriais. p. 145. 3500 páginas
- ↑ Conquista da cidade de Casablanca, Veratais, , 18 de novembro de 2022, in Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.
- ↑ Fernando Pessanha (5 de dezembro de 2019), «A conquista e destruição de Anafé (Casablanca) pelo Infante D. Fernando (1468) – Considerações sobre uma pouco conhecida operação anfíbia», Revista de história da sociedade e da cultura, ISSN 1645-2259, 19: 116, doi:10.14195/1645-2259_19_4, Wikidata Q110931219
- ↑ a b Pennel, CR: Morocco from Empire to Independence, Oneworld, Oxford, 2003, p 121
- ↑ «World Weather Information Service - Casablanca». worldweather.wmo.int (em inglês). Consultado em 5 de outubro de 2009
- ↑ «Jeune Afrique:Ville de passage» (em francês). Consultado em 7 de outubro de 2009
- ↑ «Jumelage Casablanca-Chicago». Bladi.net (em francês). 25 de março de 2005. Consultado em 25 de junho de 2020
- ↑ Rakhmat, Muhammad (25 de junho de 2020). «Morocco: Indonesia's Long-Time Best Friend». thediplomat.com (em inglês). Consultado em 25 de junho de 2020
- ↑ «Kuala Lumpur fact file». Asian-Pacific City Summit. Consultado em 21 de julho de 2008
- ↑ «Vers la concrétisation de l'accord de jumelage entre Shanghai et Casablanca». french.peopledaily.com.cn (em francês). 18 de novembro de 2003. Consultado em 25 de junho de 2020
- ↑ Agência de Notícias Brasil - Árabe (ANBA). «Rio e Casablanca são cidades irmãs». Consultado em 8 de setembro de 2010