Cassis tuberosa
Cassis tuberosa Búzio | |||||||||||||||||||||
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Vista inferior da concha de C. tuberosa; ilustração retirada de George W. Tryon, Jr.; Manual of Conchology, Structural and Systematic: With Illustrations of the Species (1885). Vol. VII; Cassidae - Plate 2; figure 51.
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Estado de conservação | |||||||||||||||||||||
Quase ameaçada | |||||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||
Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758)[1] | |||||||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||||
Buccinum tuberosum Linnaeus, 1758 Cassis (Cassis) tuberosa (Linnaeus, 1758) Buccinum striatum Gmelin, 1791 Cassis triquetra Rigacci, 1866 Cassis triangularis Coulon, 1936 (WoRMS)[1] |
Cassis tuberosa (nomeada, em inglêsː king helmet ou Caribbean helmet;[3][4][5] em alemãoː Königshelm;[4] em portuguêsː elmo-do-rei (POR),[6] búzio, búzio-totó ou buzo (BRA);[7][8][9] também denominada atapu, guatapi, itapu, uatapu, vapuaçu, vatapu, em língua indígena)[10] é uma espécie de molusco gastrópode marinho predador pertencente à família Cassidae. Foi classificada por Carolus Linnaeus em 1758; descrita como Buccinum tuberosum em sua obra Systema Naturae.[1] É nativa do oeste do oceano Atlântico; da Carolina do Norte e Flórida (EUA) às Bermudas, mar do Caribe, incluindo costa leste da Colômbia, Venezuela, Suriname, no norte da América do Sul, e pela costa nordeste e sudeste brasileira, do Maranhão até o sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro; também nos arquipélagos de Abrolhos e Cabo Verde, na costa oeste da África.[2][11] Está listada no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, como espécie quase ameaçada[12] devido à beleza de sua concha, sendo uma das mais exploradas para o comércio de souvenirs.[13]
Descrição da concha
[editar | editar código-fonte]Conchas de 15[3] a 30 centímetros[5] (Rios cita entre 10 a pouco menos de 25 centímetros),[2] pesadas e sólidas, com superfície dotada de escultura reticulada e fina, com projeções salientes e bem nodulosas em sua área mais larga; de coloração castanho-clara e com manchas mais escuras e avermelhadas em forma de lua crescente, ou com sua superfície de coloração creme-arenácea. Espiral baixa. Escudo parietal triangular e brilhante, quando a concha é vista por baixo, grande e bem definido, dotado de uma visível área manchada de coloração castanho-escura, apresentando inúmeras ranhuras, geralmente mais claras. Lábio externo espesso e liso, com projeções internas semelhantes a dentes. Varizes de seu crescimento dotadas de 7 a 8 faixas castanho-escuras. Canal sifonal curto, formando uma dobra sifonal.[3][7][14][15][16][17] Opérculo do comprimento da sua abertura estreita.[2]
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Fotografia da vista lateral da concha de C. tuberosa, mostrando sua superfície reticulada.
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Fotografia da vista inferior da concha de C. tuberosa, mostrando sua abertura.
Habitat e uso
[editar | editar código-fonte]Cassis tuberosa ocorre em águas rasas da zona nerítica, entre 1[2] a 27;[14] usualmente até 10 metros de profundidade e em substrato arenoso, com algas, ou em recifes, sendo utilizada pelo Homem como alimento;[2] mas também com sua concha usada para a confecção de camafeus artísticos.[10] É uma espécie predadora de equinodermos da classe Echinoidea, como ouriços-do-mar e bolachas-da-praia.[13] A palavra búzio é uma corruptela de buzina; Eurico Santos cita, em sua obra Moluscos do Brasil, que preparam a concha deste molusco praticando um furo na região de sua protoconcha para soprá-lo, produzindo um som de estridência rouquenha e que se ouve bem de longe;[8] podendo também dar-lhes, a esta espécie, a denominação de atapu[18] (na página 113 é possível observar a ilustração de um pescador, de chapéu, assoprando uma destas conchas).[19] Outra espécieː Voluta ebraea Linnaeus, 1758, também recebe a denominação, em língua indígena, no Brasil, de atapu, guatapi ou itapu.[20] Nas religiões de matriz africana do Brasil, a espécie Cassis tuberosa é utilizada como ornamento durante o jogo de búzios com conchas de Cypraeidae (Monetaria moneta, Monetaria annulus e Monetaria caputserpentis) e também na ornamentação do altar de Oxumarê.[21][22]
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Cassis tuberosa em seu habitat (Tamandaré, PE, Brasil), no Flickr, por JL Feitosa.
- Seis vistas da concha de Cassis tuberosa (Rio Grande do Norte, Brasil), no Flickr, por Gabriel Paladino Ibáñez.
- Duas vistas da concha de Cassis tuberosa (Brasil), no Flickr, por Pei-Jan Wang.
- Vista inferior da concha de Cassis tuberosa, no Flickr, por Shadowshador.
- Vista lateral da concha de Cassis tuberosa, no Flickr, por MHN - Fribourg.
- Vista frontal da concha de Cassis tuberosa, no Flickr, por MHN - Fribourg.
- Vista lateral da concha de Cassis tuberosa, no Flickr, por MHN - Fribourg.
- Cassis tuberosa Ecologia e Conservação - Google Sites (Wayback Machine)
Referências
- ↑ a b c d «Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2019
- ↑ a b c d e f RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 85. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2
- ↑ a b c ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 110. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0
- ↑ a b «Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758) vernacular» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 23 de dezembro de 2022
- ↑ a b «Cassis (Cassis) tuberosa» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021
- ↑ Ferreira, Franclim F. (2002–2004). «Conchas». FEUP. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 7 de outubro de 2020
- ↑ a b BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 23. 182 páginas
- ↑ a b SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 96-97. 144 páginas
- ↑ HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 536. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X
- ↑ a b FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 296-297. 1838 páginas
- ↑ «Cassis tuberosa». Conquiliologistas do Brasil. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2019
- ↑ Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (PDF). Volume 1. Brasília: ICMBio/MMA. p. 467. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 12 de dezembro de 2019
- ↑ a b Dias, Thelma Lúcia Pereira; Mota, Ellori Laíse Silva; Duarte, Rafaela Cristina de Souza; Alves, Rômulo Romeu da Nóbrega. «What do we know about Cassis tuberosa (Mollusca: Cassidae), a heavily exploited marine gastropod?» (em inglês). Ethnobiology and Conservation. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2019
- ↑ a b «Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758) king helmet» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2019
- ↑ WYE, Kenneth R. (1989). The Mitchell Beazley Pocket Guide to Shells of the World (em inglês). London: Mitchell Beazley Publishers. p. 73. 192 páginas. ISBN 0-85533-738-9
- ↑ LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 158-159. 256 páginas. ISBN 84-282-0308-3
- ↑ Monique (14 de julho de 2017). «The seashell's ripples» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2019.
The softness and texture of shells are surprising. This is a Cassis tuberosa or "King Helmet" or "Cassie Roi" collected in the Bahamas.
- ↑ SANTOS, Eurico (Op. cit., p.92.).
- ↑ SANTOS, Eurico (Op. cit., p.113.).
- ↑ BOFFI, Alexandre Valente (Op. cit., p.27.).
- ↑ Léo Neto, Nivaldo A.; Voeks, Robert; Dias, Thelma; Alves, Rômulo (março de 2012). «Mollusks of Candomblé: Symbolic and ritualistic importance» (em inglês). ResearchGate. 1 páginas. Consultado em 4 de fevereiro de 2020.
Mollusks used in Candomble temples, including uses, symbolism, and liturgy.
- ↑ Léo Neto, Nivaldo A.; Voeks, Robert; Dias, Thelma; Alves, Rômulo (março de 2012). «Mollusks of Candomblé: Symbolic and ritualistic importance» (em inglês). ResearchGate. 1 páginas. Consultado em 4 de fevereiro de 2020.
The species of búzios found in the visited terreiros. From left to right: Erosaria caputserpentis, Monetaria moneta and M. annulus. The fourth shell (M. annulus) is sanded, leaving the columella exposed.