Catamita
Na Grécia Antiga e na Roma Antiga um catamita (em latim: catamitus) era um amante homossexual passivo que mantinha uma relação de pederastia, e às vezes de afeto, com um homem.
A palavra deriva do latim catamitus, que provém do etrusco "catmite", a partir de "Gadymedes", uma corruptela da palavra grega Ganimedes, (em grego: Γανυμήδης; romaniz.: Ganymédēs, de γάνος, transl. ganos, 'brilho' + μήδεα, transl. médea, ambiguamente, 'astuto' ou 'genitália'), nome do belo jovem príncipe troiano da Mitologia grega raptado por Zeus para ser seu companheiro e copeiro no Olimpo.
Na sociedade da época, o termo 'catamita' era usado de forma carinhosa para se referir a homens de aparência bela e jovial envolvidos em relações com homens, mas as vezes usado como um insulto quando aplicado a um homem adulto, revelando uma tentativa de desqualificação por meio de sua sexualidade, que se intensificou após a ascensão do cristianismo, ainda hoje, expressões homofóbicas são utilizadas para atacar alguém com base em sua orientação sexual, atribuindo um significado negativo a algo que faz parte da diversidade humana. Essa visão estreita desconsidera as diferenças individuais e desrespeita a pluralidade da sexualidade.
Na verdade um catamita não era um prostituto pois um catamita não fazia sexo oral, considerado degradante para os grpórnoio que não implica que não fizessem, enquanto os pórnoi (prostitutos) nos cabarés não tinham julgamentos para saciar e satisfazer qualquer fantasia sexual. Para maiores considerações consultar outras entradas correspondentes aqui na Wikipédia, quais sejam os verbetes Homossexualidade na Grécia Antiga e Homossexualidade na Roma Antiga.
Em sua acepção moderna catamito significa um homem efeminado.[1]
Referências na Literatura
[editar | editar código-fonte]- No Diálogo Górgias de Platão, Sócrates usa o termo catamita em uma conversa com Cálicles contrastando apetites e contentamento.
- A palavra aparece amplamente, mas não necessariamente com frequência, na literatura latina da antiguidade, de Plauto a Ausônio. Às vezes é sinônimo de puer delicatus, "menino delicado". Cícero usou o termo como um insulto, e Plauto em Os Menecmos, usa a palavra na seguinte passagem:
- Você nunca viu um afresco na parede, onde parece que a águia raptou Catamitus ou Vênus em Adônis?
- Posteriormente Apuleio usou o termo na mesma acepção de Plauto e, pela era cristã o uso do termo já estava generalizado na literatura, tanto por pagãos quanto pelos Pais da Igreja. A palavra se tornou um termo geral para um menino preparado para fins sexuais. Assim aparece em Meditações de Marco Aurélio.
- Lactâncio, conselheiro do Imperador Constantino, no Cristianismo primitivo, escreve em Divinae instituitiones (Instituições Divinas):
...pois que outro significado tem o fato de que a imagem do catamita e a efígie da águia estão [esculpidos] diante dos pés de Júpiter e com ele são adorados [em incensos e libações], senão que a memória de seu crime nefasto [i.e., pederastia] e estupro [i.e., pedofilia] permanece lembrado para todo o sempre?
- As muitas referências a catamitas na literatura erótica do apogeu muçulmano indicam que, por volta dos séculos X e XI, eles constituíam uma forma de requinte sexual nas classes altas do Islã. O livro Jardim dos Perfumes, de Shaykh Nefzawi, dedica um capítulo aos catamitas.
- Francisco de Quevedo dedicou um soneto a uma linda dama, atiradora, que matou uma águia (Ganimedes, no mito):
¿Castigas en la águila el delito/ De los zelos de Juno vengadora, Porque en velocidad alta y sonora Llevó a Jove robado el Catamito?/
Castigas na águia o delito/ Dos zelos de Juno vingadora/ Porque em velocidade alta e sonora/ Levou a Jove roubado o Catamito?
- O "Dicionário da Língua Castelhana", publicado pela Real Academia Espanhola em 1729, definiu catamito como: “O paciente no pecado da sodomia".
- C. S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, amigo e colega de J. R. R. Tolkien, em sua autobiografia parcial "Surprised by Joy: The Shape of My Early Life" ("Cativado pela alegria: a forma da minha infância", sem tradução para o português), de 1955, descreve os papéis sociais existentes quando de sua estadia no internato do Malvern College, em Malvern, no condado de Worcestershire, observando que a pedofilia não era seriamente desaprovada nesse tipo de instituição educacional pública e muitos adolescentes perambulavam pela campina que cercava a escola com o casaco desabotoado mesmo no inverno, volúpicos e lascívos.
Tart é um garotinho bonito e de aparência afeminada que atua como um catamita para um ou mais de seus colegas mais velhos. Os Tarts tinham uma função importante a desempenhar na construção da escola (o que foi anunciado para ser considerado) uma preparação para a vida pública. Eles não eram como escravos, pois seus favores eram (quase sempre) solicitados e não obrigados. Nem eram exatamente como prostitutas, pois a ligação íntima permanecia, freqüentemente, num relacionamento estável e, longe de ser meramente sensual, era uma relação altamente sentimentalizada. Nem eram pagos (em dinheiro vivo, quero dizer) por seus serviços; embora, é claro, tivessem toda a bajulação, influência não oficial, favores e privilégios que as amantes dos grandes sempre desfrutaram na sociedade adulta. Disso sei bem, pois um de meus amigos dividia seu estudo com um Tart; e exceto que às vezes ele era expulso do escritório quando um dos amantes do Tart entrava (e isso, afinal, era apenas algo natural), ele não tinha nada do que reclamar.[2]"