Catedral de Sal
Catedral de Sal | |
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Tipo | museu, Mineração de sal, cave church |
Inauguração | 1995 (29 anos) |
Página oficial (Website) | |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localização | Zipaquirá - Colômbia |
A Catedral de Sal é uma catedral construída no interior das minas de sal de Zipaquirá, na Savana de Bogotá, na Colômbia. Este santuário católico, que faz memória do Via Crucis de Jesus Cristo, é um dos mais célebres do país.
A importância da Catedral radica no seu valor como patrimônio cultural, religioso e ambiental.[1]
A igreja subterrânea faz parte do complexo cultural "Parque do Sal",[2] espaço cultural temático dedicado à mineração, a geologia e os recursos naturais.
Situação
[editar | editar código-fonte]A Catedral de Sal encontra-se na cidade de Zipaquirá, povoação do Departamento de Cundinamarca, a 49 km a norte do Distrito Capital de Bogotá e a uma altitude de 2652 m. Por ferrovia, a Catedral dista cerca de 48 km da cidade de Bogotá; o percurso é realizado pelo Comboio Turístico da Savana. A povoação não é somente célebre pela exploração de sal, mas também por um dos achados de restos humanos mais antigos da Colômbia no sítio arqueológico de El Abra.[3]
O Parque do Sal
[editar | editar código-fonte]A Catedral faz parte do complexo temático O Parque do Sal, o qual tem uma área de 32 ha e constitui uma reserva natural que contrasta com uma das atividades de exploração dos recursos que mais altera os ecossistemas: a mineração. O Parque, em união com a Catedral de Sal, é objetivo do turismo nacional e internacional e interessa em particular ao ecoturismo, ao turismo religioso e aos amadores das ciências geológicas.
Os locais mais importantes do Parque do Sal são:
- A praça em onde se encontra a cruz (de 4,20 m de altura) no qual se denomina "El Eje Sacro" ("O Eixo Sacro").
- O Domo Salino
- A Mina
- O "Museu da Salmoura", construído nos tanques já em desuso. É um dos lugares mais importantes do Parque do Sal depois da Catedral. No mesmo, o visitante adquire uma ideia pedagógica do processo da exploração da sal, os estudos geológicos e a história, construção e engenharia da Catedral de Sal.
- A barragem
- A área de florestas
- A "Catedral de Sal", igreja subterrânea em onde se encontra além do santuário religioso, o Auditório.
As salinas de Zipaquirá
[editar | editar código-fonte]A antiguidade das salinas de Zipaquirá foram referenciadas por Alexander von Humboldt (1769 - 1859) na visita que este fez ao lugar em 1801.[4]
Os estudos praticados no lugar por arqueólogos e geólogos, encontraram que a exploração das minas ocorria já desde o século V e que corresponde a uma das principais atividades econômicas[5] e ao desenvolvimento da cultura muísca no Altiplano Cundiboyacense.[6]
Formação geológica
[editar | editar código-fonte]Os depósitos de sal das Montanhas de Zipaquirá têm uma datação de 200 milhões de anos, erguidos no Cenozoico tardio, faz 30 milhões de anos e concentrados no lugar onde hoje se encontram. Sob pressão e calor, o sal desloca-se de maneira similar aos glaciares, pelo qual se perde o rasto da estratificação e se cria uma massa homogênea de sal.
A acumulação dos depósitos de sal formaram montanhas acima do nível do altiplano, o que facilitou a escavação de túneis para a sua extração. Evidências de antigas explorações das jazidas datam de tempos prévios à chegada dos espanhóis durante o século XVI.
As minas já tinham tradição de santuário religioso dos mineiros antes da construção da Catedral em 1954, a qual foi dedicada a Nossa Senhora do Rosário, que na religiosidade católica é a Padroeira dos Mineiros.
História da Catedral
[editar | editar código-fonte]A catedral antiga
[editar | editar código-fonte]A Catedral inicial tinha três naves grandes com colunas improvisadas dominadas por uma grande cruz iluminada. Com o passo dos anos essa primeira Catedral voltou-se insegura e foi fechada em 1990. Em Dezembro de 1995 foi inaugurada a atual Catedral.[7]
A construção da catedral antiga começou a 7 de Outubro de 1950 e foi inaugurada a 15 de Agosto de 1954 nas antigas galerias cavadas pelos muiscas dois séculos antes. Em 1932, Luis Ángel Arango teve a ideia de construir uma capela subterrânea levado pela devoção que os operários demonstravam antes de iniciar a sua jornada de trabalho. Estes enfeitavam os socavões com imagens religiosas dos seus santos aos que pediam bênçãos e proteção.
A mina possuía então quatro níveis de escavação, cada um de eles com um comprimento de 80 m . A Catedral Salina estava situada no segundo nível da montanha.
A Basílica tinha um comprimento de 120 m, uma superfície habitável de 5.500 m² e uma altura de 22 m . No seu interior podia albergar 8.000 pessoas.
Ao fundo da basílica localizava-se uma grande cruz de madeira, iluminada desde a sua base e que projetava sobre o teto uma sombra que simbolizava a um Cristo com os braços abertos.
Na nave direita encontravam-se o coro e as estações do Via Crucis decoradas com grandes números romanos dourados. No fundo desta nave situava-se a capela da Virgem do Rosário, em cujo altar lavrado na rocha estava a imagem da Virgem, moldada por Daniel Rodríguez Moreno. A imagem, que tem uma dimensão de 70 cm de altura, foi transladada para a nova Catedral.
A nave esquerda possuía uma gruta que simbolizava o nascimento de Jesus; este espaço conduzia ao Batistério que era representado por uma cascata, símbolo do batizo de Jesus Cristo.
A antiga Catedral foi fechada em 1990 devido à falta de segurança para os visitantes e a falhas estruturais da mesma.
A catedral nova
[editar | editar código-fonte]A Catedral atual foi começada em 1991, 60 m por baixo da Catedral antiga. O "Instituto de Fomento Industrial", a "Concessão Salinas" e a "Sociedade de Arquitetos" abriram o concurso de arquitetura para a nova Catedral de Sal de Zipaquirá em substituição da antiga.
O projeto do arquiteto Roswell Garavito Pearl,[8] que ganhou o concurso, compreendeu câmbios estruturais no túnel de ingresso, a cúpula e a sacristia. O desenho compreende as seguintes três seções principais:
- O Via Crucis: A porta de ingresso conduz ao túnel, ao longo do qual se encontram as estações do Via Crucis, que consistem em pequenos altares talhados em rocha de sal. O túnel conduz para a Cúpula.
- A Cúpula, a rampa de descida e as varandas: Chega-se então à rampa da descida principal. A seção intermédia parte desde a Cúpula, desde a qual se pode observar a cruz em baixo-relevo. Desde aí se pode descer para as varandas sobre as câmaras, o coro e as escadas do labirinto do Nártex.
- As naves da Catedral: O trecho final conduz ao centro da Catedral em onde se dividem as estruturas espaçais da mesma. Estas estruturas estão intercomunicadas por uma fenda que simboliza o nascimento e morte de Cristo. Na nave central está a cruz de 16 m, o altar-mor e o comungatório que separa o santuário da Assembleia; na profundeza da nave encontra-se "A Criação do Homem", homenagem a Michelangelo, obra talhada em mármore do escultor Carlos Enrique Rodríguez Arango. Quatro imensas colunas cilíndricas simbolizam os quatro evangelistas e estas estão atravessadas por uma fenda que simboliza a Natividade.
A nova catedral foi inaugurada em Dezembro de 1995.
Curiosidades
[editar | editar código-fonte]Em 2007 mediante um concurso para escolher as 7 Maravilhas da Colômbia; a Catedral de Sal obteve a maior votação; tornando-a na Maravilha No.1 da Colômbia, embora também foi proposta entre as Sete Maravilhas do Mundo Moderno.
Outras construções de sal
[editar | editar código-fonte]A Catedral de Sal de Zipaquirá, embora seja única como santuário religioso e cultural, não é a única experiência de utilização de uma mina como espaço alternativo. Outra experiência similar pode encontrar-se no Museu de obras de sal de Wieliczka, na Polônia, o maior museu de sal da Europa,[9] construído numa mina de sal de 700 anos de antiguidade, a 15 km a sul de Cracóvia (Polônia).
Referências
- ↑ Corporação Autônoma Regional de Cundinamarca CAR. Catedral de sal de Zipaquirá entre as sete maravilhas da Colômbia. [1]
- ↑ «Parque do Sal»
- ↑ Correal, Gonzalo; Thomas van der Hammen e J.C. Lerman 1970: "Artefactos líticos de abrigos en El Abra, Colombia"; Revista Colombiana de Antropologia 14: 9-46.
- ↑ " Memoria razonada de las salinas de Zipaquirá", Alexander von Humboldt, Ed. Epígrafe, com o apoio de Colciencias, referenciado por Fundación Editorial Epígrafe, Colômbia, 2003
- ↑ LANGEBAEK, Carl H. 1987 Mercados, povoamento e integração étnica entre os muiscas —século XVI. Banco da República, Bogotá
- ↑ Cardale de Schrimpff, Marianne, Breve informe sobre unas excavaciones arqueológicas realizadas en las salinas de Zipaquirá, Cundinamarca Em: Boletim Museu do Ouro, Banco da República, Colômbia, No. 1, Janeiro-Abril de 1978, p. 39-41
- ↑ Informação subministrada pela Catedral de Sal, Coordenação Comercial, Zipaquirá, Colômbia
- ↑ «História do Parque do Sal, Em: Catedral de Sal, Zipaquirá, Colômbia.»
- ↑ «Cracow Salt-Works Museum Wieliczka, Museu de obras de sal, Wieliczka, Cracóvia, Polônia»
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- CARDALE de Schrimpff, Marianne, Breve informe sobre unas excavaciones arqueológicas realizadas en las salinas de Zipaquirá, Cundinamarca, En: Boletín Museo del Oro, Banco de la República, Colômbia, No. 1, Janeiro-Abril de 1978, p. 39-41
- GUISLETTI, Louis V. Los Mwiskas. Una gran civilización precolombina. Tomo II, MEN, Biblioteca de autores colombianos, Bogotá, 1954.
- HUMBOLDT, Alexander von, "Memoria razonada de las salinas de Zipaquirá", 1801. Ed.Fundación Editorial Epígrafe, Colômbia, 2003.
- LANGEBAEK, Carl H., Mercados, poblamiento e integración étnica entre los muiscas —siglo XVI. Banco de la República, Bogotá, 1987.