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Ceifadim Gazi I

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Ceifadim Gazi I
Nascimento século XII
Mossul
Morte novembro de 1149
Mossul
Cidadania Zênguidas
Progenitores
Irmão(ã)(s) Noradine, Qutb ad-Din Mawdud
Título paxá
Religião Islamismo

Ceifadim Gazi I (em turco: Saif ad-Dîn Ghâzî; em árabe: سيف الدين غازي بن زنكي; romaniz.: Sayf ad-Dīn Gāzī ibn Zinkī; lit. a espada da religião, o conquistador filho de Zengui; m. novembro de 1149) foi emir de Moçul de 1146 a 1149, durante a época da Segunda Cruzada. Filho primogénito de Zengui, atabei de Alepo e Moçul, e irmão de Noradine, fazia parte da dinastia dos zênguidas.

Depois de conquistar a capital do Condado de Edessa em 1144, Zengui cercava a fortaleza de Calate Jabar a 15 de Setembro de 1146 quando foi assassinado por um escravo. As suas tropas dispersaram-se, mas dois dos seus filhos conseguiriam retomar o controlo e partilhar os territórios zênguidas de modo informal: Noradine intitulou-se emir de Alepo, enquanto que Ceifadim tornou-se emir de Moçul.[1]

Esta partilha teria utilidade para a luta dos muçulmanos contra os cruzados: como Moçul ficava na fronteira da Mesopotâmia, o emir desta cidade intervinha nos conflitos entre o califa abássida e o sultão seljúcida - Zengui tivera de partilhar a sua atenção entre o Iraque islâmico e a Síria ameaçada pelos cristãos. E uma vez que as relações entre os dois irmãos eram boas, ambos possuíam um aliado poderoso nas suas respectivas retaguardas,[2] com a fronteira entre os dois domínios no rio Cabur.

Territórios de Zengui aquando da sua morte (em verde), do Império Bizantino (em lilás) e dos estados cruzados (em rosa)

Em 1144 o sultão seljúcida Guiatadim Maçude tinha colocado o seu filho Alparslano como suserano de Zengui, mas o atabei dominava-o, obrigando-o inclusivamente a participar do cerco de Edessa. Com a morte de Zengui, Alparslano tentou recuperar o seu poder em detrimento de Ceifadim.

Dois conselheiros de Zengui tomaram o partido de Ceifadim: o chefe do divã (organismo de administração pública) Jemaladim Maomé e o emir Saladino Maomé Aliaguiciani. Aproveitando a inexperiência do jovem seljúcida, usaram manobras de diversão para ocultar a realidade de Alparslano e fornecer o tempo necessário a Ceifadim para tomar o controlo de Moçul. Quando Alparslano finalmente entrou nesta cidade, foi aprisionado na cidadela.[1]

Apesar de privilegiar a política do Iraque, Ceifadim participou na jiade contra os cruzados ao lado do seu irmão Noradine. Com a chegada da Segunda Cruzada, ambos prepararam-se para o ataque a Alepo, Moçul e Edessa. No entanto, os ocidentais decidiram cercar Damasco. Moimadim Unur, o atabei desta cidade, pediu ajuda aos zênguidas mas, receoso também que estes tentassem tomar a cidade, recusou a sua entrada em Damasco, usando apenas a sua presença no campo para intimidar os cruzados à retirada.[1]

Ceifadim Gazi I morreu em Novembro de 1149, sendo sucedido pelos seus irmãos Noradine e Cobadim Maudude, que se fez reconhecer atabei de Moçul. Noradine tomou Sinjar e preparava-se para atacar o irmão quando os veteranos do seu exército se recusaram a combater em uma guerra fratricida, que enfraqueceria os muçulmanos face aos cruzados, e obrigaram os dois zênguidas a acordar uma paz.[1]

Referências e notas

  1. a b c d Grousset, René. Histoire des croisades et du royaume franc de Jérusalem. Vol. II. 1131-1187 L'équilibre. 1935 (reimpr. 2006). Paris: Perrin. pp. 193–194, 258–259, 266 
  2. Maalouf, Amin (1983). Les croisades vues par les arabes. [S.l.]: J’ai lu. pp. 193–194, 258–259, 266. ISBN 978-2-290-11916-7